Estudar no colégio McKinley não era fácil. McKinley High School era um lugar onde tudo que você se sentia era julgado. Onde os atletas de futebol americano comandavam tudo e tinham o direito de empurrarem qualquer "perdedor" contra armários e joga-lós em lixeiras no estacionamento do colégio. Blaine Anderson nunca achou isso certo. Mas não havia nada que ele podia fazer para mudar a hierarquia de McKinley, principalmente pelo fato de que ele fazia parte do Glee club. Perdedores do Glee club não tinham nenhum direito de falar ou fazer nada. Porque era assim que as coisas funcionavam. E de novo, não existia nada que ele podia fazer para mudar isso.

Blaine estava descendo os corredores no primeiro dia de aula de seu último ano naquele inferno quando ele viu um garoto novo. Isso era uma grande novidade para McKinley High School, já que nunca havia alunos novos pois todos sabiam da rígida hierarquia que funcionava lá.

"Wow. Ele é fofo." Foi a primeira coisa que Blaine pensou quando viu Kurt Hummel (Todos já sabiam seu nome. Porque era assim que as coisas funcionavam.Sempre) parado em seu armário -provavelmente verificando a sua nova grade de horários- mas imediatamente afastou o pensamento para longe de sua cabeça. "Duh. Você nem conhece ele, Blaine. Pare de ser tão ridículo." Blaine disse para si mesmo.

Mesmo o dia estando super quente, Kurt vestia mangas compridas,jeans apertados,botas pretas e luvas brancas. Impecável.

Blaine pensou seriamente em conversar com o garoto, saber mais sobre ele... Mas ele não queria sofrer mais do que já sofria naquele colégio. E fazendo amizade com o garoto novo era uma sentença de morte em McKinley. Então ele decidiu se virar em seus calcanhares e andar para bem longe. Blaine não sabia que ele tinha acabado de ver o amor de sua vida pela primeira vez.

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Kurt colocou seus novos livros em seu novo armário de sua nova escola, checou sua nova grade de horários e fechou o armário.

"Novo colégio,Nova vida." Kurt pensou. Mas no fundo, ele sabia que havia coisas que nunca poderiam ser mudadas sobre ele. Como o fato de que Kurt era gay ou o fato de que ele se cortava.

O dia estava quente e Kurt estava quase suando mas ele não podia de jeito nenhum levantar suas mangas compridas por causa de novos cortes da noite passada. As pessoas geralmente não entendem o motivo das pessoas que fazem isso fazerem. Todos acham que fazem para chamar atenção mas é muito pelo contrário, aqueles que se auto-mutilam tem um grande motivo ou um pequeno motivo com grandes significados, assim como Kurt. E se alguém descobrisse esse segredo dele, iam deixa-ló sozinho na hora, porque coisas boas não acontecem com Kurt. Ele preferiu não arriscar.

Kurt olhou ao seu redor. No fim do corredor, tinha um garoto olhando fixamente para ele. Kurt quase entrou em pânico. Geralmente quando as pessoas olhavam para Kurt era porque 1)Estavam julgando ele; 2)Planejando machuca-ló. Ele também pensou que o garoto poderia ser gay também, mas de novo, Kurt não queria arriscar. Ele só queria ter um ano normal, sozinho com suas cicatrizes e lâminas.

Mas Kurt Hummel deveria ter sabido que seu último ano estava longe de ser normal.

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Era sua terceira aula do dia. Kurt estava correndo pelos corredores pois percebeu que estava atrasado para sua próxima aula. Então ele sentiu algo e foi puxado contra armários. Seu pior pesadelo: um jogador do time de futebol americano estava segurando uma raspadinha e olhando para ele com olhos frios.

"Você é a nova bicha, huh?" Ele falou, chegando mais perto de Kurt.

Bicha. Kurt tinha sido chamado disso a não muito tempo. Era praticamente seu nome em seu colégio anterior.

"Eu sou K-Kurt Hummel." Kurt quase gaguejou. Ele estava muito assustado.

"Seja bem-vindo, Bicha." Falando isso, o jogador jogou a raspadinha gelada em Kurt. A próxima coisa que Kurt conseguiu se lembrar, ele estava tremendo e seus olhos estavam pegando fogo. "Eu sou Karofsky e não se atreva a entrar em meu caminho." Então, Karofsky deixou Kurt sozinho no corredor deserto.

Kurt imediatamente começou a procurar pelo banheiro. Ele precisava cortar.

"Doí tanto." Sua mente continuava falando. Mesmo sabendo que cortar ia doer mais ainda, Kurt precisava. Tinha se tornado um vício ao longo dos anos. E vícios não são fáceis de parar.

Porque quando você se odeia, quando todo mundo te odeia e você sente como um ninguém sem valor, a dor da lâmina em sua pele é boa. É boa porque você acredita que você a merece.

Então ele achou o banheiro masculino rapidamente e correu para dentro. -esquecendo de trancar a porta- Kurt abriu sua mochila para achar quatro novas lâminas de gilete. Ele escolheu uma, colocou seu braço debaixo da pia e cortou. Ele cortou o mais profundo que conseguiu. Até que Kurt se sentiu tonto, suas pernas começaram a tremer e tudo ficou preto.

Kurt era um garoto quebrado e danificado. Ele precisava de alguém que precisava e queria ele. Porque seu problema era que ele sempre precisava de alguém mas todos terminavam deixando ele sozinho assim que descobrissem seus segredos mais escuros e profundos. Porque ninguém precisava dele.

Ele estava acostumado a ser deixado sozinho e odiado por todo mundo ao seu redor. Ele não esperou ser salvo e mudado por alguém e nem esperou se apaixonar por esse alguém em tão pouco tempo. Mas qualquer coisa era possível. Qualquer coisa.

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Kurt estava deitado no chão frio e duro do banheiro com olhos fechados e uma dor horrível em seus pulsos quando ele sentiu algo em suas bochechas. De repente, Kurt abriu seus olhos para ver o mesmo garoto que estava olhando para ele nos corredores antes das aulas começarem.

"QUEM É VOCÊ?" Kurt quase gritou, cobrindo seus pulsos sangrando com suas mangas compridas e esperando que o garoto não tinha visto suas cicatrizes. Ele se levantou e achou sua lâmina e sua mochila ao lado da pia.

"M-meu nome é Blaine Anderson" O garoto disse se levantando também e olhando para Kurt enquanto ele fechava o bolso de fora de sua mochila. "E-eu te achei desmaiado aqui e fiquei meio preocupado. Desculpa. Você é o aluno novo, certo?"

Kurt achou que ele não tinha ouvido direito. Alguém que nem conhecia ele estava preocupado? "Blaine deve estar brincando." Pensou Kurt

"Ah." Foi tudo que ele disse, ainda encarando Blaine. "Obrigado. Meu nome é Kurt. Kurt Hummel e sim, eu sou novo aqui e eu não tenho comido muito hoje e me senti mal..." Ele achou que Blaine provavelmente estava achando que ele era problemático ou doente e estava apenas esperando ele se afastar com nojo ou medo de Kurt. Mas Blaine apenas ficou lá,olhando para ele.

"Ah sim, Você quer que eu te pague o almoço ou algo assim...?" Blaine perguntou.

Ali que estava. As pessoas sempre achavam que Kurt precisava de ajuda. Na verdade, ele precisava. Mas ele não admitiria isso. Principalmente para um estranho total.

"N-não! Não." Ele ficou nervoso e rapidamente correu para fora do banheiro,deixando Blaine sozinho. "Eu tenho que ir."

"Não faça amigos, Kurt. Não faça." Os montros em sua cabeça continuavam dizendo para ele. "Eles vão se aproximar,descobrir seus segredos e te deixar sozinho e quebrado. Apenas isole a si mesmo e você irá passar por esse ano."

Mas as coisas não aconteciam como Kurt planejava.