No domingo, Kate acordou alegre e esperou Annie acordar. Aprontaram-se, e agasalharam-se e foram se encontrar com Lanie e sua filha Millena, da mesma idade de Annie. Lanie era sua amiga de infância, um pouco mais velha que Kate, e ambas eram médicas. Só que Lanie já exercia a medicina. Ela trabalhava como obstetra no mesmo hospital onde Kate fazia residência e era casada com o detetive Javier Esposito, da 12ª Delegacia de Nova York.

Elas foram ao cinema assistir a um desenho animado e depois levar as meninas para um parque de diversão que se localizava dentro de um shopping, abrigado do clima frio do inverno de Nova York.

— E ai, quais são as novidades, girl? Eu tenho andado tão ocupada ultimamente, tantas pacientes que não estou nem tendo tempo de ir para a lanchonete com você para tomar o nosso famoso café com creme, amiga. Mas, me atualize... Vai...Diz ai... Como é que anda esse coração? Não tem nenhum médico bonitão dando sopa lá no hospital? Qualquer coisa, eu já te disse, tem uns detetives bem interessantes lá na 12ª DP. Se você quiser eu peço para o meu Javier arranjar um detetive bem bacana para você. – falou Lanie sempre divertida. – Mas voltando a falar dos médicos do hospital, eu não sei se já te falei, mas eu já percebi que o Castle tem uma queda por você... Você nunca notou? Menina.... O jeito que ele olha para você é de arrepiar.... Kate, você nunca notou mesmo?

— Pois é, eu nem te conto.

— Ah, vai contar sim. – Sorriram as duas. – Vai, Kate, desembucha, e me conte tudo sua danadinha.

— Pois é, já que você tocou nesse assunto de coração.... Eu estou apaixonada...

— Sim, Kate, mas não para de falar. Continua, minha linda. Continua e para de fazer suspense.

— Se você não me interromper eu continuo. – Kate sorriu. – Como eu estava te dizendo, eu estou apaixonada pelo homem mais bonito do planeta. Ele é inteligente, charmoso, educado, cavalheiro. Mas o pior é que além de chefe da minha equipe de residentes, ele também é o dono e o diretor do hospital, amiga. – Kate falou com os olhos assustados.

— Kate, eu estou com vontade de te matar. Eu aqui toda preocupada querendo te arranjar um namorado lá na 12ª DP e até te disse que o Castle estava de olho em você e você guardando um segredo desse tamanho? Só matando! Quer dizer que voce está apaixonada por ele? Ih, que coisa chata, né, amiga? – Lanie ironizou com a amiga. – Kate, você ficou maluca? Como é que você me conta uma coisa dessas, ou seja, está apaixonada e faz uma cara de assustada só porque ele é, dois pontos, primeiro: bonito, inteligente, cavalheiro, etc, etc, etc. segundo: o seu chefe de residência; terceiro: o diretor do hospital e quarto: o dono do hospital. Kate, faça-me o favor, até agora eu não vi nenhum problema para você fazer esta cara de tragédia, amiga. Helooooo!!!

— Lanie, você não está entendendo. Eu estou com medo do relacionamento mudar de patamar.

— Ainda não entendi, Kate. Desenhe ai para ver se eu compreendo. – Sorriu.

— Ele é viúvo e tem uma filha de quatro anos...

Lanie interrompeu a amiga e disse – Então a coisa é melhor do que eu estava pensando. Continue.

— Pois é. Nós já sabemos que temos filhas, ele sabe que a Annie não tem pai, etc, etc, etc. e daí ele programou para nós levarmos nossas filhas para assistir a um filme no próximo domingo. Primeiro vamos almoçar para elas se conhecerem e perderem a timidez e depois é que vamos ao cinema.

— Sim. Ainda não compreendi onde é que está o problema, Kate. Você está vendo problema onde eu só consigo identificar solução. – Lanie sorriu abertamente se divertindo da cara assustada de Kate.

— Ah, Lanie, para você tudo parece fácil. Você é casada com o Espo. Vê as coisas de forma diferente. Eu nunca namorei depois que a Annie nasceu, entendeu? Eu sempre evitei para não confundir a cabecinha dela com um ‘tio’ nova cada mês.

— Kate, Kate, Kate. Você parece uma vovó falando. Que pensamento mais antigo. Querida, se você não tentar um relacionamento, não saberá se ele vai durar, deu para entender ou quer que eu desenhe?

— E o pior, a Annie me perguntou sobre o hospital, sobre o que eu faço lá e eu respondi de uma forma bem fácil para ela. Ela quis saber o nome do meu professor e do meu chefe e eu disse que eram uma pessoa só e ela quis saber se ele era bonito. Quando eu falei o nome dele e disse que ele era bonito, sabe o que ela me disse? “- Então ele podia ser meu papai. Minhas amiguinhas da escola têm papais e eu não tenho.”

— Você está vendo como são as coisas, a Annie resolveu as coisas da forma dela. Simples. Sem complicação. Ela não vê a dificuldade que você está vendo. Boa menina! Não é a toa que ela é minha afilhada. – Lanie não se aguentou e começou a rir e a própria Kate se juntou na risada.

— Só você, amiga para me fazer rir com um assunto tão delicado desse.

— Kate, viva o momento, viva uma coisa após a outra. Não atropele os fatos. Ele só te chamou para sair. Ele não te pediu para ir para a fazer um sexo selvagem ou para namorar ou para casar com você. – Lanie voltou a rir. – Ainda não, amiga... em qualquer uma destas três situações. - E riu mais ainda.

— Acho bom mesmo ele nunca tocar nestes assuntos, Lanie porque por mais que a terapia tenha me ajudado a restaurar a minha autoestima, eu decidi que nunca mais vou namorar até que a Annie esteja crescida o suficiente para entender que se um homem entrar na minha vida, ele não será o “papai dela”. Se namorar já está fora da minha atual realidade, casar então nem se fala, amiga.

— Kate, eu acho que você não está captando a bobagem que você acabou de dizer, querida.

— Lanie, eu vou repetir com outras palavras. Eu não vou ficar apresentando à minha Annie um homem novo a cada vez que um relacionamento der errado. Ela vai ficar confusa com tantos ‘tios’ ou ‘papais’ entrando na vida dela. Entendeu agora.

— É Kate. Você é quem sabe de sua vida. Só digo uma coisa, você só vai saber se um homem vai fazer parte de sua vida para sempre se você pelo menos tentar conhece-lo.

— Mas, para quebrar um pouco a seriedade do assunto, querida, você não falou sobre ‘sexo selvagem’ isso que dizer se o Richard chamar você para uma sessão hot, você vai aceitar? - e Lanie voltou a rir, quase gargalhando da cara assustada de Kate.

— Lanie, fale sério, amiga!

Neste momento o telefone celular de Lanie toca e ela atende. – Oi, amor. ... – É o Javi. – sussurrou para Kate. – Sim, amor, eu vou pra casa cedo... Também estou com saudades.... Também te amo.... Tá certo, você vai nos encher de beijos... Estou... Estou preparada e ansiosa para isso.... Te amo. – e desligou a ligação.

— Ai, como é bom amar e ser amada. Kate eu preciso que você sinta essa sensação, querida. Você tem tudo para sentir isso. E para isso você tem que parar de ter medo. – Lanie falou para Kate e a beijou na face. - Vamos nos divertir neste resto de tarde com nossas filhas, amigas, porque o meu Javi pediu para eu chegar cedo porque já está morrendo de saudades de mim e da princesinha dele.

O domingo foi ótimo. Kate colocou Annie para dormir cedo. Contou história e cantou para ela até que a garotinha se entregou ao sono. Em seguida, Kate também foi deitar, pois o dia seguinte teria um novo plantão de 24 horas. Na cama, ela tomou a decisão: iria desmarcar o passeio com o Dr. Castle. Não queria aproximação entre ele e sua filha, pois, do jeito que ele era sedutor, iria conquistar Annie no momento que ala batesse os olhos nele e não queria sua filhota sofrendo quando ele fosse embora. Sim, tinha quase certeza que o Dr. Castle queria apenas conquista-la para depois abandoná-la. Só que quem sofreria não seria só ela, seria também sua menininha de apenas três anos que estava carente de ‘um papai’. Por conta disso, teria que evita-lo de qualquer maneira, inclusive na lanchonete. Decidiu que só se falariam quando estivesse sob suas orientações nos plantões do hospital.