Amizade Colorida escrita por Fran Carvalho


Capítulo 9
Teatro ao ar livre


Notas iniciais do capítulo

O capítulo ficou horrível, em todo o caso, era o que eu queria contar



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P.O.V. Laura

Estranho. Jurei ter estado de novo em certa época da minha adolescência. Talvez fosse uma lembrança querendo que eu aprenda algo com ela.

Abri e fechei os olhos umas cinquenta vezes, ficando entre acordada e desmaiada. Quando finalmente comecei a perceber o que acontecia a minha volta, consegui sentir os lábios úmidos de Edgar nos meus. Não resisti. Meus braços ainda fracos envolveram-no em uma abraço e eu o beijei com força e desejo.

Alguém pigarreou atrás de nós. Catarina. Ah, droga.

Em segundos, empurrei Edgar de perto de mim, e ele caiu quase em cima dela. Me distanciei o máximo que pude, a raiva tomando conta dos poros.

– Calma, calma, Laurinha – ele tinha as duas mãos abertas em frente, como sinal de defesa – Só estava tentando te ressuscitar, foi você que me beijou!

Por dentro eu ri, mas por fora ainda tinha a mesma raiva. Devia estar com expressão psicopata.

– Eu devia espancar você, seu imbécil! – gritei, e todos em volta olharam para mim- Pensei que gostasse de mim, que me amasse! Por que e como engravidou essa aí?

Uma voz masculina em algum lugar por perto riu, descaradamente. Virei na direção da voz.

– Quer que explique os detalhes, lindinha? – era um cara surfista, de cabelo cumprido e loiro – Primeiro você coloca.

– Cala a boca – eu e Edgar gritamos ao mesmo tempo.

– Laura, ela não é nada pra mim, é só uma amiga – eu suspirei – Você é a garota que eu amo, sabe disso!

– Uma amiga? – fiz drama, gritando como uma maluca, as mãos fechadas em punho – Que espécie de amiga é essa, que ganha um espermatozoide de presente? – ri, ironicamente.

Ele revirou os olhos.

– Do mesmo tipo que você queria ser quando tentou me seduzir na sala da sua casa.

Golpe baixo. Mega baixo. Estávamos em público, dezenas de pessoas em volta, como ele teve coragem? Ainda por cima me comparando com aquela vadia?

Meu dedo indicador apontou para o rosto dele, estávamos perto agora. Meus olhos lacrimejaram, de raiva e vergonha.

– Então é isso, eu tinha razão – afirmei, agora usando minhas táticas de teatro para chantageá-lo – Não me quis porque não sou desejável, não sou boa o bastante, é isso? Não sou o tipo de garota que você gosta? Ou é por que você já tinha uma amiga com benefícios, e não precisava de mais uma?

O mesmo cara surfista riu de novo.

– Se ele é mesmo um homem, ia querer comer o maior número de amigas possíveis. Qualquer homem faria isso. Se estiver precisando, eu aceito você.

Olhei o cara com meu olhar assassino e ele deu três passos para trás, perdendo o sorriso.

– Sabe muito bem que não quis nada com você porque não queria que se tornasse esse tipo de mulher, Laura – ele implorava – Eu te amo, você sabe disso. Não quero que seja só mais uma amiga com benefícios, te quero como minha esposa.

Eu ri, na cara dele.

– Foi a coisa mais gay que já disse.

É óbvio que eu achava fofo o que ele dizia sobre mim. Mas estava me vingando. Se aquele povo todo ia me conhecer como uma vadia, ele ia ficar conhecido por gay também.

Ele deu um suspiro, se aproximando de mim.

– Eu amo você – ele sussurrava agora – Sei que às vezes sou um idiota, e talvez eu tenha sido por ter feito isso com Catarina, e talvez tenha sido por não ter transado com você.

– Ah, foi, com certeza – era uma mulher, de olhos vistos, uma homossexual.

– Mas eu não quero que você seja isso pra mim – ele me olhou, agora quase colados – Quero que seja minha namorada, Laura Assunção.

Me beijou com ardência, desejo e atrevimento, puxando-me para ele, corpo com corpo, colados em um só corpo e um só coração. Meu peito batucava forte, quase um samba. Ficamos ali por minutos, enquanto as pessoas em volta aplaudiam. Bando de curiosos sem vida pessoal.

Me abraçou então, escorando a cabeça no meu ombro. Podia jurar que ele queria se mostrar, mas podia ser coisa da minha cabeça.

– Laurinha, quer ser minha namorada?

Fiz que não, teimosa.

– Você tem um filho com outra mulher, Edgar – eu dei de ombros – Acho que o correto seria casar com ela.

– Sério, isso em que século você vive? – era Catarina quem falava agora – Meu filho vai nascer em oito meses, vou amamenta-lo e entregar ao pai – suspirou – Nunca mais vão me ver, promessa.

Bufei, indignada, como uma mulher podia pensar assim? Era o filho dela!

– Vamos, Laura, escute o que ela está dizendo, podemos ser felizes juntos. Você podia criar essa criança como se fosse sua, ou não, se não quiser. É sua escolha.

Pensei na possibilidade. Não era de todo ruim. Em todo o caso, meu teatro ainda não tinha acabado.

– Fale comigo em oito meses, quando ela estiver longe – virei as costas – Ou me esqueça, por mim tanto faz.

Ele gritou, quando eu já estava longe.

– E quanto ao show?

Suspirei, indignada, esse era outro golpe baixo. Virei a cabeça na direção dele.

– Me busque as sete – falei.


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Notas finais do capítulo

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