Amizade Colorida escrita por Fran Carvalho


Capítulo 16
Sem chances


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez meu obrigada a Bia, que deu uma sugestão aqui ;)
E ah, aqui misturei muito as opiniões de Laura, Bibiana, Manu e Marjorie... Mas principalmente da Marjorie, confesso... Em uma entrevista que ela disse que perdoaria uma traição ;)
Fiquem com Laured =P



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P.O.V Laura

Rodrigo estava em casa com Bolivar em uma das pernas e Leonor em outra. Eu sorri. Ele era um pai maravilhoso. Não que isso fosse a única coisa que estivesse contando a seu favor, ele também era ótimo comigo. Na cama, como chefe da casa, como marido, como amante, como romântico que era. Eu o amava.

Minha decisão foi repentina. Sempre pensei que perdoaria uma traição, e não estava errada. Eu perdoaria mesmo. Mas com Rodrigo, a coisa era diferente. Ele não fez por deslize, ou coisa de momento, fez porque ele era assim. Pra ele, ter uma aventura amorosa era tão divertido quanto era pra eu ler um romance. Era a diversão dele.

Não sei se quero alguém assim na minha vida. Bom, pelo menos não para mim. Sei que o amo, que ele é maravilhoso. Mas viver sofrendo por uma pessoa que vai estar sempre me traindo constantemente não é pra mim. É torturante.

Foi pensando nisso que liguei pro Ed. Era noite, pouco mais de dez horas, ele devia estar lendo antes de dormir ou jogando seu tempo fora em algum lugar. A primeira opção era a cara dele, a segunda era a cara do meu marido.

– Ei, melhor amigo – brinquei, logo de cara. Ao invés de rir, ele suspirou.

– Laura – sua voz era triste – Pensei que não fosse me ligar mais. Já fazem três dias.

– Não faz drama, Edgar – enruguei a testa, estranhando o comportamento dele – Eu estava tirando um tempo pra pensar.

– Em quê? – ele mudou o tom de voz.

– Em mim, finalmente – sorri.

Mesmo sem vê-lo, imaginei ele sorrindo. Seus olhos devem ter brilhado.

– Nunca fiquei tão feliz por algo que disse, Laurinha – ele disse – Então, por que me ligou?

– Preciso de conselhos – dei de ombros.

– Estou ouvindo.

Mordi o lábio, respirei alguns segundos, pensei um pouco.

– Acha que eu seria sensata se pedisse divórcio agora?

Ele riu.

– Claro que sim, seria o primeiro momento de sensatez que tem desde que conheceu ele.

O choro saiu da minha garganta sufocado, eu caminhava com o telefone, já estava no quarto, com a porta fechada.

– Tenho medo, tenho tanto medo – confessei – Eu o amo, Edgar. Eu... sinto vontade de morrer cada vez que penso no que vi. Mas não queria perde-lo. Eu... não sei o que fazer.

Ele suspirou, e ficou em silêncio por uns segundos.

– Laura – ele fez a pausa como sempre fazia quando queria dar um conselho difícil de aceitar – Você está sofrendo. Eu vejo no seu rosto, na sua voz, no seu choro. Talvez você esteja preocupada com a mudança que isso vai trazer na sua vida, além do que pode trazer de incomodações e fofocas. Sei que o ama, mas precisa tomar uma decisão agora. Quer ficar com ele, fique, se isso for te fazer feliz. Mas sei que não vai, seu sofrimento está me afetando. Tome a decisão certa, Laura, eu sei que você tem força pra isso.

Ele estava certo, é claro, ele sempre estava. Mas havia muito coisa por aí. Uma parte minha queria ficar com ele e esquecer tudo. Outra queria correr para o Rio. Outra queria tomar qualquer coisa que me tirasse desse mundo. Mas havia Bolivar e Leonor. Eles precisavam de mim, mais que qualquer um. E também precisavam do pai.

– O que me sugere? – perguntei, sem ar.

– Venha pra cá, Laura – ele estava calmo e falava em pausa – Venha morar comigo, criaremos Bolivar, Leonor, Elias e Júlia, e Melissa – ele riu – Vamos ser uma família grande e feliz.

Eu tinha duas lágrimas em cada olho, e ri. Ele era bobo, mas a ideia dele não era ruim. Era bem boa, pra falar o bem da verdade. Ele era meu melhor amigo, mas aquela chama de paixão da adolescência, que eu sempre neguei por medo de perdê-lo de repente estava lá, gritando seu nome com uma feroz vontade de ter seu corpo dentro do meu.

– Eu não sei, Ed, não é uma decisão boa para as crianças. Rodrigo tem o trabalho dele, mesmo que eu saísse da vida dele, meus filhos não sairiam. Eles o amam.

Ele fez outra pausa.

– É, tem razão – ele disse – Eu me mudarei então, com Mel. Compro um apartamento aí e você vem morar comigo com as crianças. Você e Rodrigo podem ter uma relação amigável, como sempre foi, e ele continuaria a ser o pai das crianças.

Mordi o lábio, ansiosa. Pensar em mudar de vida tão radicalmente me dava arrepios. Sempre tive muito medo de mudanças. E essa, assim, tão de repente, me dava um nervoso gigante.

– Ed, eu preciso pensar em tudo, ok? – falei, finalmente – Prometo pensar em mim em primeiro lugar, mas preciso pensar neles. Eu te ligo amanhã, como sempre.

– Sempre? – ele riu – Três dias, Laura!

Revirei os olhos.

– Dramático – eu ri.

Ele desligou. Abri a porta e Leonor correu na minha direção, abraçando minhas pernas.

– Que foi, amor? – eu a peguei no colo, ela me beijou o rosto, sorrindo.

– Papai falou que vamos pra vovó hoje, ele quer, pra falar com tu.

Eu ri, do jeito dela falar. Desde que foi para a escolinha, Leni tenta falar como os colegas, usando o ‘tu’. É engraçadinho, a mistura que ela faz do nosso sotaque carioca com o sotaque daqui.

– Tchau, mãe – Bolívar veio também, e eu me agachei pra ele me abraçar.

Os três saíram e eu fiquei sozinha.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por estarem acompanhando e não esqueçam de darem sugestões ;)



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