Despertei-me naquela manhã totalmente indisposta. A noite não foi uma das melhores para mim. Novamente aquela ferida em meu coração latejava e minha alma estava morta.

Olhei-me no espelho de meu quarto e a imagem que vi era de se assustar: péssima, fraca, olhos inchados pelo choro excessivo e sem vida. Porém nas últimas semanas era assim que me sentia.

Sem vontade alguma coloquei meu robe e desci para tentar tomar um café da manhã reforçado. Eu não comia, não queria ver ninguém e nem saia de casa. Só ficava trancada no meu quarto, deitada na cama, me dilacerando cada vez mais por um amor que jamais será correspondido.

Cheguei à cozinha vendo mamãe, papai e minha irmãzinha Sophie tomando café da manhã.

- Bom dia, minha filha – disse mamãe me dando um beijo na testa – Como você está?

- Bom dia, mãe. Estou tentando viver. – disse com a voz embargada

- Oh meu amorzinho. – mamãe disse abraçando-me. Era bom o abraço materno nessas horas, acalmava qualquer tristeza. – Agora, sente-se. Vou preparar algo reforçado para você – e foi para a cozinha.

- Filha, olhe para mim – disse papai pegando em minha mão. O olhei tristemente ferida – Bella, ninguém ama mais você neste mundo que não seja nós, a sua família. Mas você está péssima, fraca e vive trancada no quarto. Sinceramente está nos deixando preocupados. Eu te amo, minha princesa e não quero te ver sofrer – ouvi papai dizer essas palavras me fez ver que toda minha família sofria comigo. Abracei-o e mais lágrimas teimosas caiam de meus olhos.

- Obrigada papai. Eu também te amo – disse

Vi mamãe voltando da cozinha com uma bandeja, nela tinha panquecas com calda de chocolate, uma tijela do meu cereal favorito e um copo de suco de laranja. Minha barriga roncou de fome ao sentir o maravilhoso cheiro do meu café da manhã.

 - Pronto. Um café da manhã cheio de amor de mãe, energia, ferro e bastante reforçado. Agora trate de comer, mocinha – dizia mamãe.

- Obrigada mãe. Realmente estou precisando de um pouco disso tudo – disse

- De nada querida. Se quiser mais alguma coisa é só falar – disse mamãe

- É isso ai, irmãzinha. Quelo vuxê bem fotinha pla blincar muitão tumigu – Sophie dizia naquela vozinha perfeita, afinal ela só tinha 4 aninhos e era a irmãzinha mais fofa de todas.

- Vou tentar, pequena. Prometo – disse para ela.

Comecei a comer o meu café da manhã, passando sempre em minha mente aquele rosto tão misterioso, mas ao mesmo tempo lindo e me fazia ter sonhos lindos. Segurei para que não caíssem lágrimas, não queria que ninguém as visse. E continuei a comer.

{...}

Depois de tomar café, subi para tomar um banho. Precisava relaxar meus músculos um pouco.

Ao chegar no banheiro, tranquei a porta, tirei meu pijama, colocando o meu roupão e amarrei meu cabelo em um perfeito coque. Fui até o espelho ver como estava, havia melhorado um pouco. O café da manhã reforçado tinha resolvido em partes.

Liguei o chuveiro na temperatura morna, livrei-me do roupão logo em seguida e entrei em contato com a água. Senti que meus músculos tensos se aliviaram embaixo daquela água morninha. Mas meu coração nunca irá se aliviar, este não tem como.

Novamente lágrimas desciam por meu rosto. Fechei meus olhos e a sua linda imagem veio em minha mente como um filme. Aqueles olhos verdes penetrantes, seu sorriso torto, seus cabelos desalinhados voavam de acordo como vento e aquela voz rouca.

Abri os meus olhos e percebi que ele estava a todo o momento nos meus pensamentos. Eu o amo, mas é proibido.

Ensaboei o eu corpo, enxaguando-me logo em seguida e desliguei o chuveiro. Peguei a toalha, secando-me e depois colocando novamente o meu roupão. Saí do banheiro, indo para meu quarto.

Fechei a porta do meu quarto, trancando-a. Tirei meu roupão, vesti minha lingerie e depois a minha roupa. Pendurei o roupão atrás da porta e soltei os meus cabelos.

Sentei em minha cama e fiquei pensando em como tudo aconteceu de repente. Eu me apaixonei por aquele completo estranho perfeito, nem seu nome sabia e nem a sua idade.

Mais uma vez derramo lágrimas por causa dele. Quem é ele? De onde ele veio? E por que dessa paixão repentina por ele? São perguntas que nunca encontrei respostas. Chorei mais ainda, soluçava.

- Por quê?  - perguntei a mim mesma, com a voz chorosa – Por que não posso tê-lo comigo? Eu o amo, mas é um amor proibido, eu sei que é.

Deitei minha cabeça no travesseiro, fechando meus olhos, lágrimas persistem em cair manchando minha fronha, meu rosto e dando espaço a tristeza.

Meu coração estava sangrando, a ferida ainda latejava dentro do meu peito. Por que dói tanto amar? Por quê?