Onze escrita por Manuela Besaury


Capítulo 7
Capítulo 7 - Promete?




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Eu não sei, Alana, se algumas dessas lembranças ainda passam pela sua cabeça, mas existe um dia que eu nunca vou esquecer. Nunca. Por quê? Não sei, mas eu sei que de certa forma foi especial, porque foi quase a última vez.

Era aniversário de uma amiga sua e uma amiga minha, que comemorariam juntas no mesmo lugar. Dia 3 de dezembro, último dia de aula e as férias de verão estavam prestes a começar. Enquanto eu me arrumava, em frente ao computador, eu me lembrava da briga que tivemos naquela manhã e estava com raiva. Eu seria forte no aniversário das meninas e não iria conversar com você, não iria atrás de você. Mas eu queria que você viesse atrás de mim, tipo aquele sentimento de esperança que a gente guarda mesmo sem querer, sabe?

Cheguei com o meu melhor amigo no lugar e você ainda não estava lá. Eu e ele cumprimentamos todo mundo e sentamos, ficamos conversando, trocando ideias, e eu com um nó na garganta, esperando o momento que você entraria por aquela porta e acabaria comigo, como você sempre faz. E então você chegou, andando um pouco a frente da sua melhor amiga, deu um beijo no rosto do meu amigo e passou direto por mim. Eu respirei fundo, dizendo pra mim mesma:

- Não chora, não chora, não chora! Você não quer mais ela.

Há, não consigo me convencer desse pensamento nem hoje em dia, quem dirá naquela época. Mas eu continuei firme, não chorei, ignorei a situação e continuei conversando com o meu amigo como se aquilo não tivesse sido nada. Nós trocamos de cadeira e nos sentamos bem longe de você. Sempre eu e ele, conversando na nossa bolha, ele tentando me manter distraída, não me deixando pensar em você, porque ele sabia que no fundo eu estava desesperada, mas, ah, o destino, Alana. Ele gosta de brincar comigo e com você.

Ele sempre vai me colocar na sua frente.

E foi o que ele fez naquele momento. Houve uma pequena confusão, que nós não entendemos direito, mas tivemos que trocar de mesa. Então todos se levantaram, migrando para a outra que estava apenas alguns passos afastada e aquela multidão perdida tentando sentar perto dos seus amigos se jogou entre a mesa, meu amigo e eu e o único lugar que nos encontramos foi na sua frente. Eu sentei exatamente de frente pra você, que mal me olhava. Comecei a ficar incomodada, ouvir a sua voz, olhar os seus gestos e as suas piadinhas tão comuns, e eu ali totalmente ignorada. Fora do seu mundo, da sua vida.

Eu te olhei, você me olhou. Desviou os olhos e eu abaixei minha cabeça. Não tinha mais volta a partir daquele momento, eu sabia que teria que te ter de volta. Fiquei enrolando até que puxei meu amigo para fora da mesa, em um canto, e comecei a conversar com ele. Falar pra ele dos meus sentimentos por você, de tudo que se passava na minha cabeça, desde a primeira vez que nos beijamos até aquele momento. Dessa raiva e desse amor que eu sentia ao mesmo tempo. Dessa dependência que eu tinha de você. Desse vício. Desse vicio que eu tenho até hoje, Alana!

O telefone dele tocou, era uma amiga minha. E a primeira coisa que ele fez ao atender o telefone foi pedir para que ela falasse comigo, ele me passou o telefone e no meio do barulho, eu só pude escutar uma frase:

- Vai falar com ela, se você ama ela, porra!

E ah, como eu amava. Amava, amava, amava. Amava? Amava. Então eu cheguei em você, meio sem jeito. Você estava conversando com a sua melhor amiga e eu te puxei pra outro lugar, um pouco mais afastado dela. Você estava de braços cruzados, desviando meu olhar, e eu sei que não disse muita coisa, porque naquela vez, você se rendeu fácil demais.

Você sorriu pra mim, você me abraçou. E então era isso, eu e você de novo. Nós. E eu não te larguei nem por um segundo aquela noite. Eu tentei dar e ser o meu melhor pra você. Porque eu não queria imaginar que algum dia eu poderia estar sem você. Eu morreria, entende? Como estou morrendo agora, aos poucos, sufocando.

Como eu iria voltar com o meu amigo, quando o pai dele chegou tive que me despedir de você. A gente se abraçou, você me beijou muitas vezes não me deixando ir. E eu não queria sair nunca dos seus braços. E antes de entrar no carro dele, olhei bem nos seus olhos e diz:

- Promete que vamos nos ver nas férias?

- Sim, sim! – E me abraçou mais, desviando seus olhos do meu. Você não tinha entendido meu desespero.

- Promete? – Repeti, fazendo você olhar pra mim.

- Prometo.

E eu sorri, então você me deu um selinho e eu virei as costas, dolorosamente, entrando no carro do pai do meu amigo. E foi por isso que eu me apaixonei por você.


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