Neva Lá Fora escrita por Gwen Rosefield
Notas iniciais do capítulo
Eu fiz este pequeno capítulo apenas para dar um gosto de humor para a história. E claro, para abrir um caminho para outros personagens como Mayara. Terá vários outros deste jeito, é como se fosse uma curta do dia-a-dia! Beijos, leitores!
Mayara
O calor daquele quarto escuro estava me matando, a cada gota de suor que caía em meus ombros eu me arrependia amargamente de ter aceitado ficar em casa sozinha. E o que é pior, recebi um telefonema da mãe de Marilyn avisando que ela tinha desmaiado e estava no hospital. Minha angústia está fora do limite. Além disso, só tem tomate para comer nessa casa! Nessa casa desgraçada! EU NÃO SEI TEMPERAR TOMATE!
— Filha, cheguei! – A voz da salvação, glória!
— No quarto, mãe...
Ela acendeu as luzes. Eu estava parecendo um vampiro parindo. Imagina a cara que fiz quando ela acendeu as luzes.
— O que você está fazendo aqui enfurnada neste quarto escuro?
— Mãe, eu estou com fome.
— Você assistiu filme de vampiro novamente, filha?
— Desculpa! Eu não aguentei! Ele estava me chamando na escrivaninha do quarto!
— Eu te proibi! Justamente para evitar que você fique se achando uma predadora trancada num quarto. Olha o que aconteceu.
— Você trouxe alguma coisa para comer?
— Tem tomate na geladeira, tempere com sal e coma.
— Eu não sei.
— Como não?! É só colocar sua mão no sal, colocar no tomate e jogar limão em cima. Pronto!
— Mãe! Não! Eu não aguento este sofrimento!
— Não foi uma boa ideia te matricular no teatro, não é?
— Faça para mim. Por favor! – Cara de cachorro, ativar.
— Não vou fazer nada. Vá se trocar, vamos visitar Marilyn.
— Você ficou sabendo?
— Sim, me ligaram já que você estava sozinha em casa.
Eu me levantei para me trocar. Uma gorda saiu do armário, provavelmente veio de Nárnia, e começou a chorar.
— Você trancou sua irmã novamente no armário?!
— Ela estava chorando, mãe. Eu queria ficar sozinha.
— Ela deve estar morrendo de fome, sua irresponsável!
— Quando eu estou morrendo de fome ninguém se importa! Por que eu deveria me importar com ela?!
— Porque ela tem dois anos!
— Me desculpa se eu estava ocupada demais sofrendo de fome!
— Ela estava sofrendo de fome... Dentro de um armário.
— Ela deve ter ido a Nárnia. E foi expulsa, provavelmente. Será que gordos insuportáveis que ficam duas horas gritando no seu ouvido são permitidos lá?
— Não sei, será que são permitidos adolescentes de castigo?
— Com certeza sim, me mande para lá. Melhor que ficar nesse inferno.
Comecei a me trajar, enquanto minha mãe me dava sermões. Coisas como: “Se você falasse assim com os pais na minha época era um chinelo no meio da cara!” ou: “Se você chamar sua irmã de gorda novamente, gorda é como vai ficar sua cara depois de levar um baita de um tapa!”. E o melhor é que é apenas blefe. Ou não.
— Mãe, se já acabou de contar sua história da Idade Baixa, eu já acabei.
E foi assim que eu recebi a minha primeira chinelada do ano.
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