Reckless - Divergente escrita por Morgana Le Faye, Andiie


Capítulo 4
Franqueza


Notas iniciais do capítulo

Bem... estou tentando postar diariamente. Estou amando escrever essa fic. Estou entrando tanto no mundo da Hel que estou sentindo os sentimentos dela. Então por favor reviews ^^ gosto de criticas, positivas ou negativas. Falando em criticas, quero agradecer á Anne Stark 62002/ pela critica construtiva.



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Paramos em frente à sede da Erudição. O edifício é imenso, ele é o prédio central. Os membros da facção estão em todo lugar. Eles olham para nós. Sinto olhares cravados em mim. Ser um membro da Audácia faz isso com você. Você chama atenção.

As portas estão abertas para nós, os iniciados. O hall é enorme, silencioso e cheira a páginas cobertas de poeira. O chão de madeira estala embaixo dos meus sapatos. Prateleiras se alinham nas paredes de cada lado, mas elas parecem ser mais para fins decorativos, porque computadores ocupam as mesas no centro da sala. Mas um grupo crianças sentadas no tapete e ao seu redor livros estão espalhados.

Uma menina, de aparentemente dez anos, esta concentrada. Um menino da mesma idade com cabelos cor de limão meche em seus cabelos castanhos claros, ele caçoa algo, mas não consigo escutar. Ela fecha bruscamente seu livro e o encara.

– 90% do oceano não foram explorados ainda e você me diz que sereias não existem? – o menino para e coloca a mão sobre o queixo.

– Interessante sua teoria, lhe desafio a me fazer mudar de ideia quanto às sereias. Apresente–me relatórios e pesquisas concretas. – ele diz e depois mostra a língua. – Nunca irá conseguir.

A menina se levanta e caminha até a estante de livros. Acho engraçado isso. Eles falam como se fossem adultos. As crianças da Audácia correm e brincam com armas de paintbal, quebram ossos, brincam de lutas. As daqui leem livros, fazem pesquisa e relatórios e dizem “Apresente–me” Não consigo conter uma risada quando paro ao lado dos outros iniciados.

Reparo que todos já estão aqui. Os membros foram para algum lugar, mas os iniciados, nascidos aqui ou não. Estão parados diante á um enorme retrato de Jeanine Matthews, a líder da Erudição, pelo oque eu soube a sabe–tudo foi eleita após um teste de QI realizado aqui, provando ser a mais inteligente. Quero nem imaginar qual foi o resultado.

É duas vezes mais alto do que eu e quatro vezes minha largura, e retrata uma mulher atraente com olhos cinza lacrimejantes e óculos. Abaixo do retrato, numa grande placa, lê–se: Conhecimento leva à prosperidade.

Olho para onde estão os computadores. Os membros ali sentados encaram a tela com olhares tensos, focados. Escutei passos de salto alto ecoando e olhei para frente, onde todos os outros iniciados estão olhando.

Jeanine Matthews estava sorrindo de maneira falsa, aquilo era claro. Ela usava um terninho azul escuro.

– Bem – Vindos á sede da Erudição, iniciados. – ela começa. – Bem, se estão aqui é por que buscam o conhecimento. Mas saibam, não serão todos a consegui–lo. Iremos falar sobre a prova depois. No momento espero que entendam uma coisa. Aqui, nessa facção, estão reunidas as melhores e maiores mentes. Seus professores são Eruditos. A maioria dos médicos e bibliotecários é erudita. Os lideres da nossa nação, Marcus e os outros abnegados pertenceram á Erudição. Saiba o quanto essa facção é importante. Modéstia a parte, talvez a mais importante de todas. Bem, deixarei vocês com um membro. Ele se encarregará de mostrar seus dormitórios e explicar qual será o teste para ser um erudito. – Após essas palavras ela se vai. Deixando–nos com uma mulher.

Ela não parece ser muito mais velha que eu. Possui cabelos lisos loiros com mechas mais escuras e olhos verdes. Seus olhos estão vermelhos, sinal de que estava chorando.

– Olá, meu nome é Cara. – ela diz – Bem vindos á Erudição, há regras simples. Aqueles que, após rigorosos estudos, não atingirem um mínimo de inteligência requerida serão exilados da facção, para que possam se tornar úteis em outro lugar. Esse não é um ato de elitismo, mas sim um ato prático: Aqueles que não forem suficientemente inteligentes param se engajarem nos papéis a que foram designados – papéis que exigem uma capacidade mental considerável – serão mais bem aproveitados em trabalhos braçais, que em trabalhos para a facção. O trabalho braçal é importante para a sobrevivência da sociedade, portanto, é tão importante quanto o trabalho para a facção.

“A informação deve sempre estar acessível para todos os membros da facção, a todo o tempo. A contenção da informação é punível por prisão, e eventualmente, exílio. Cada questão que puder ser respondida deve ser respondida, ou ao menos deverá ser considerada. Processos de pensamento ilógico devem ser contestados quando surgirem. Respostas erradas devem ser corrigidas. Respostas corretas devem ser afirmadas. Se uma resposta para uma questão não for clara, deverá ser posta em debate. Todos os debates requerem evidência. Qualquer pensamento ou ideia controversa devem ser complementados com evidências, a fim de reduzir um conflito potencial.”

“A inteligência deve ser usada de forma benéfica, e não para detrimento da sociedade. Aqueles que utilizam a inteligência para ganho pessoal ou para detrimento de outros, não obtiveram uma compreensão correta quanto às responsabilidades de seu dom, e não são bem vindos em nossa facção.”

“Líderes não devem ser escolhidos baseado no carisma, popularidade, ou facilidade de comunicação, tudo que é enganoso e tem pouco a ver com a eficiência de um líder político. Um padrão objetivo deve ser usado a fim de determinar quem melhor se qualifica à função. Esse padrão consistirá em um teste de inteligência, administrado a todos os adultos quando o líder atual atingir 55 anos ou começar a apresentar uma demonstrável queda em sua liderança.”

“Sempre será afirmado que: Inteligência é um dom, não um direito. Ela não deverá ser utilizada como arma, mas como ferramenta de melhorias para os outros.”

Ao termino do monologo – que sinceramente não prestei muita atenção. – somos levados á um corredor. Mais para dentro da biblioteca, o chão muda de madeira para azulejos brancos, e as paredes brilham como o teto da sala dos testes de aptidão. O brilho salta das portas do elevador e eu mantenho os olhos semicerrados para poder enxergar.

Subimos alguns níveis no elevador grande o suficiente para vinte pessoas. Drezza está conversando com Caleb. O menino da Amizade esta conversando sobre os jornais com James. Ele fala sobre a noticia sobre a Abnegação. Vejo Caleb se virar.

– Aquilo é calunia. – ele diz. O elevador todo fica em silencio, então começam os murmúrios vindos dos nascidos da Erudição. “Ele esta chamando Jeanine de mentirosa?”. “Ele é burro? Se não é verdade, por que trocou de facção?”

– Prior. – Caro o chama. – Acho melhor tomar cuidado com oque diz aqui na sede. Não deves insultar nossa líder.

Caleb mantem o olhar duro. Fico ansiosa, espero ele deferir um golpe em Cara. Mas lembro–me. Aqui não é a Audácia. Aqui as coisas não são resolvidas na base do espancamento. Aposto que ele nunca deve ter batido em alguém, ou se machucado. Ele apenas abaixa a cabeça, como um cão. Isso que ele é. Um cão treinado pela Abnegação. E agora que ele esta sem os costumes dos abnegados ele se tornara um cão treinado da Erudição. Sei que isso não acontecerá comigo, ao menos espero que não aconteça.

Quando o elevador se abre somos direcionados a um corredor muito claro. Muita luz faz doer meus olhos. Bem, quando tinha sete anos e não consegui ler, a enfermeira da Audácia disse que eu precisava de óculos. Minha mãe nunca deixou, ela dizia “Óculos? Isso é coisa dos sabe–tudo da Erudição. Você não precisa de óculos”. Eu realmente cheguei a acreditar no que ela disse. Um ano depois, em uma brincadeira de paintbal, meu time perdeu por minha causa. Eu não consigo enxergar direito a distancia. Vejo tudo borrado se está longe. Não que minha mãe fosse ignorante. Ela não era. Era esperta. Mas presava a coragem.

Minha garganta se fecha ao pensar nela. Oque será que ela esta pensando agora da “Incrível Ruthless”?! Tento não pensar. Apenas olho para a placa ao lado esquerda da porta, onde se lê “Outras Facções”.

Mesmo não tendo escutado a explicação de Cara entendo que será um dormitório para os de facções diferentes e um para os da Erudição. Olhei para o quarto da porta, enquanto alguns iniciados passam por mim murmurando “com licença”.

O quarto é amplo. A parede é de um tom azul turquesa e o chão de azulejos brancos. Há cinco beliches encostados nas paredes: dois na direita, dois na parede da esquerda e um ao fundo. Separando cada, a uma cômoda branca. Aquela claridade toda faz meus olhos doerem. No centro á uma mesa grande e redonda com dez computadores.

A uma televisão encostada em uma das paredes. Ela esta ligada, violando o código de conduta que diz que todas as luzes devem ser desligadas se não usadas e depois da 00hrs, assim como os computadores.

Escolho o beliche ao fundo, Drezza já esta na parte de baixo. Ela tira coisas de dentro da sua roupa larga. Vejo–a colocar em cima da cômoda, fotos e maquiagem, assim como duas peças de roupa preta e branca. Olhei confusa enquanto me aproximo.

–Para que isso? Sabe que pode comprar aqui, certo? – pergunto olhando para a foto. Ela tinha aproximadamente dez anos. Seus cabelos eram mais claros, mas seus olhos continuavam verdes. Ao seu lado estava um bonito menino e ao lado dele uma menina. Ambos da mesma idade. Em baixo, em letras infantis estava escrito “Myra, Edward, Drezza. Melhores Amigos para Sempre.”. Ela percebeu que eu olhava. Ela sorriu.

– Eles foram meus melhores amigos. No dia do teste eu disse que estava pensando em mudar de facção. Eles disseram para eu ir com eles para a Audácia. – olho para seus rostos inocentes e reconheci. O olhar apaixonado da menina, e ao mesmo tempo triste, ao cortar sua mão e deixar seu sangue queimar nas brasas da Audácia. O olhar feroz e descontrolado do menino. Edward e Myra. Ela vai para o lado e bate na cama, esperando que eu me sentasse. Oque eu fiz, claro. – Como é lá?

– Não devo dizer, lembra? Facção antes do sangue. Não posso contar sobre a Audácia. Sou uma traidora agora, desculpe.

– Achei que para as pessoas da Audácia não existissem regras. – ela diz com um olhar distante.

– Eu era da Audácia. Agora sou da Erudição. Aqui existem regras. – ela me analisou e senti medo. As pessoas da Franqueza podem descobrir se você esta mentindo apenas por um olhar.

– Você não me parece ser da Erudição. Está mentindo. Sabe que a Audácia vive em você.

– Acho que não é uma boa franca. Sendo que não consegue diferenciar a verdade da mentira. –digo me levantando. Sei que oque ela disse era verdade, mas sou teimosa. Antes de subir para meu beliche, ouço–a dizer.

– Não fuja da verdade só porque ela te assusta. – parei no meio do caminho da escada. Abaixei os olhos até encontrar os seus. Verde no azul. Verdade na mentira.

– Quem é você para falar isso? Você mesma fugiu da verdade. Que eu sabia a Erudição não é a facção para os verdadeiros. – subi. Joguei–me na cama e fiquei olhando para o teto com luzes ecologicamente corretas.

Fechei os olhos e sua frase rodou em minha mente. A verdade não me assusta. Talvez. Não queria criar briga com ela, ela me parece ser uma pessoa legal, mas é tão geniosa quanto eu. Deveria pedir desculpas pela minha maneira rude, mas isso não é coisa que alguém da Audácia faça. Paro no meio do pensamento.

Não sou mais uma pessoa da Audácia. Não preciso agir como tal. Mas mesmo assim sinto que é muito cedo para pedir desculpas.


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