Reckless - Divergente escrita por Morgana Le Faye, Andiie


Capítulo 32
Manifestos


Notas iniciais do capítulo

Heeey, esse cap foi feito com muito carinho e atenção. Espero ter feito jus a todas as facções, e por favor me digam se gostaram dos manifestos. Espero vocês lá em baixo.



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Continuo a esmo nos corredores. Um deles me chamou a atenção. O piso branco com o símbolo preto. Havia uma porta dupla aberta com uma placa “Biblioteca”.

Talvez seja minha parte erudita dizendo, mas eu entrei na sala. Não era tão grande como a que tínhamos na Erudição, era uma sala media, com sete prateleiras de livros e quatro mesas com quatro cadeiras cada. Estava completamente vazia e eu ouvia o eco dos meus passos no piso.

Caminhei entre as mesas e notei que havia um livro aberto em cima de uma delas. Suas paginas eram amareladas.

Puxei uma das cadeiras próximas e peguei o livro. Sua borda estava arrebentada o que significava que aquele livro tinha muita idade.

Li o titulo. “Historia das Facções: Franqueza”. Sorri comigo mesma; aqui continha o manifesto da Franqueza, que era particularmente o mais sincero; o que eu mais gostava.

FRANQUEZA: O HONESTO
Manifesto

A desonestidade é desnecessária. A desonestidade é temporária. A desonestidade faz o mal ser possível.

Como as coisas são agora, mentiras impregnam a sociedade, famílias, e até a vida interna do indivíduo. Um grupo mente para outro grupo, pais mentem para as crianças, crianças mentem para os pais, amigos mentem para amigos, indivíduos mentem para si mesmos. Desonestidade se tornou algo integral ao modo que nos relacionamos e nós raramente nos encontramos em relacionamentos autênticos com outros. Nossos segredos sombrios permanecem escondidos. Mesmo que sejam nossos segredos sombrios que causem conflitos. Quando somos desonestos com as pessoas ao nosso redor, começamos a nos odiar por mentir; quando somos desonestos com nós mesmos, nós nunca mais seremos capazes de corrigir os defeitos que encontramos dentro de nós, os defeitos que desesperadamente escondemos de nossos amados, os defeitos que nos fazem mentir.

O que se tornou claro, é que as mentiras são apenas uma solução temporária para problemas permanentes. Mentir para poupar os sentimentos de outra pessoa, mesmo quando a verdade pudesse ajuda-la a melhorar, a prejudica permanentemente. Mentir para proteger a si mesmo dura apenas até a verdade aparecer. Como um animal selvagem, a verdade é poderosa demais para ser mantida aprisionada. Esses são exemplos que claramente vemos em nossas vidas, mesmo que falhemos em entender que eles não apenas se aplicam a nós e nossos vizinhos, ou nós e nossos amigos.

O que é a sociedade a não ser uma rede de relações de um indivíduo para com o outro? E o que é conflito, que não o segredo sombrio de uma pessoa colidindo com o de outra? Desonestidade é um véu que repele uma pessoa da outra. Desonestidade permite que o mal persista, escondida daqueles que lutariam contra ela.

Desonestidade leva à suspeita. Suspeita leva ao conflito. Honestidade leva à paz.

Nós temos uma visão de um mundo honesto. Nesse mundo, pais não mentem para suas crianças, e crianças não mentem para seus pais; amigos não mentem para outros; cônjuges não mentem um para outro. Quando nos perguntam sobre nossas opiniões somos livres a responder sem considerar outras respostas. Quando entramos numa conversa, não temos que analisar suas intenções, por que elas são transparentes. Não temos suspeita, e ninguém suspeita de nós. E mais que tudo – sim, mais que tudo – nós somos livres para expor nossos segredos sombrios por que sabemos os segredos de nossos vizinhos, de nossos amigos, de nossos cônjuges, de nossas crianças, de nossos pais, e de nossos inimigos.

Nós sabemos que enquanto somos falhos de uma forma única, não somos únicos, especiais porque somos falhos. Portanto, podemos ser autênticos. Não temos suspeitas. Estamos em paz com aqueles ao nosso redor.

A Verdade nos faz transparentes. A Verdade nos torna fortes. A Verdade nos une.

Criaremos nossas crianças para dizerem a verdade. Faremos isso encorajando elas a dizer o que se passa em suas mentes, a todo o momento. Para as crianças, palavras não ditas é o mesmo que mentir.

Seremos honestos com nossas crianças mesmo que isso envolva o sentimento delas. A única razão por qual as pessoas não suportam a honestidade atualmente é porque elas não foram criadas ouvindo as verdades sobre si mesmas, e não suportam essa ideia. Se as crianças forem criadas para ouvir tanto elogios quanto críticas verdadeiras, elas não serão frágeis a se esconder do exame de seus iguais. Uma vida de verdade nos torna fortes.

A vida adulta será definida como um tempo em que cada membro da sociedade será capaz de lidar com os piores segredos uns dos outros, e como qualquer outra pessoa, cada membro será submetido à Revelação Completa, em que cada parte de sua vida será exposta aos seus companheiros. Eles, também, verão cada segredo da vida dos outros membros. Dessa forma lidaremos com os segredos uns dos outros. Dessa forma seremos unidos.”

Ao terminar de ler ouvi passos atrás de mim e me virei rapidamente, fechando o livro.

Noah estava parado na porta, me olhando com seus olhos de avelã.

– Neelie disse que você provavelmente estaria aqui... – ele comentou.

– Você a viu hoje? – pergunto vendo ele se aproximar.

– Sim, ela deixou um bilhete com um mapa de onde ficava a casa dela aqui na Franqueza. Eu ia lhe mostrar quando acordássemos, mas quando acordei você não estava lá... Então fui até Neelie e ela disse que talvez você pudesse ter achado biblioteca. Ela sempre está certa? – ele pergunta erguendo uma sobrancelha e indo para meu lado

– Desculpa, eu achei que poderia achar ela sozinha... – me desculpo quando percebo que ele realmente ficou preocupado pelo modo como ele coloca suas mãos em meu rosto antes de me beijar.

Sempre parece que é a primeira vez que o beijo. O formigamento. O frio e as borboletas na barriga... Suas mãos acariciam minha bochecha após o beijo. Seus olhos nos meus.

– Tudo bem, mas antes de fugir deixe um bilhete. – ele diz passando o braço pelos meus ombros. Seus olhos se direcionam para o livro. – O que você estava lendo?

– O manifesto da Franqueza. – digo e ele ergue uma sobrancelha.

– Essa coisa horrível? Prefiro o da Amizade. – ele diz e olha para cima, como se tentasse lembrar-se de algo. – O Filho diz a sua Mãe: “Mãe, hoje eu briguei com meu amigo.” Sua Mãe diz: “Por que você brigou com seu amigo?” “Porque ele quis algo de mim, e eu não dei pra ele.” “Por que você não deu pra ele?” “Porque é meu.” “Meu filho, agora você tem seu objeto, mas você não tem seu amigo. Qual você preferia ter?” “Meu amigo” “Então dê livremente, confiando que também te darão o que precisa.” – ele recitou a primeira parte do manifesto da Amizade, que é dividido em quatro partes; quatro historias e exemplos.

– Confiança? – pergunto receosa.

– Sim. – ele continua. - A Filha diz a seu Pai: “Pai, hoje eu briguei com meu amigo.”

– Essa eu lembro. – interrompo-o. – Seu Pai diz: “Por que você brigou com seu amigo?” “Porque ele me e eu estava nervosa.”

– “Por que você estava nervosa?” - ele continua e sorri para mim, como se pedisse para eu continuar.

– “Porque ele mentiu sobre mim.” – continuo mas ele me interrompe.

– Eu aprendi “Porque eu estava machucada pelas suas palavras “ – ele diz como uma criança.

– E eu aprendi “porque ele mentiu sobre mim” – cruzo os braços – Por favor Noah, o significado é o mesmo. – ele assente e continua.

– “Minha filha, as palavras do seu amigo mudaram quem você é?” “Não” “Então não fique nervosa. A opinião dos outros não podem te fazer mal.” Sabe qual é esse? – ele pergunta.

– Perdão?- arrisco. Eu realmente não me lembrava de qual era. Seus dedos mechem na mesa, desenhando uma arvore. O símbolo da Amizade.

– Autossuficiência. – ele responde. – O Perdão é esse: O Marido diz a sua Esposa: “Esposa, hoje eu briguei com meu inimigo.” Sua Esposa diz: “Por que você brigou com seu inimigo?” “Porque eu o odeio.” “Meu marido, por que você o odeia?” “Porque ele errou comigo.” “O erro é passado. Você deve deixa-lo permanecer lá.”

– Meu preferido é o da bondade – digo quando ele acaba. - A Mulher diz a seu Marido: “Marido, hoje eu briguei com minha inimiga.” Seu Marido diz: “Por que você brigou com sua inimiga?” “Porque eu falei palavras cruéis a ela.” “Minha mulher, por que você falou palavras cruéis a ela?” “Porque eu acreditava serem verdades.” “Então você não deve mais ter pensamentos cruéis. Eles levam a palavras cruéis, e machucam você o tanto quanto eles machucam seu alvo.”

– O meu preferido é o ultimo. – ele diz.

– Mas não eram só quatro? – pergunto, agora é a minha vez de levantar uma sobrancelha. Ele sorri.

– Ahn Ruthless... Há coisas sobre a minha facção que são secretas. – ele diz. – Havia uma quinta historia no manifesto, mas foi retirada. Amor. – ele olha nos meus olhos enquanto recita. - O homem diz para a mulher “Mulher, hoje eu briguei com meu inimigo.” Ela diz: “Por que você brigou com seu inimigo?” “Porque eles estavam prestes a te machucar.” “Homem, por que você me defendeu?” “Porque eu te amo” – ele me da um selinho e sinto-o sorrir contra meus lábios.

– Isso foi uma forma indireta de você dizer que me ama? – pergunto desconfiadamente brincando. Ele da de ombros.

– Não sei. – ele se levanta. – Talvez. – e sai, com seu andar lento e as mãos no bolso, me deixando lá sozinha.

Suspirei falsamente irritada. É bom ver que mesmo com tudo isso acontecendo, parte do antigo Noah restou; apesar de ter sido a parte mais irritante, que é a de não responder diretamente.

Levantei-me da cadeira, eu estava procurando um livro em especial. Na verdade, dois. Eu caminhava pela biblioteca à procura de livros. Tirava-os das estantes, um a um. Mas todos não passavam de truques baratos. Eram de uma tolice sem fim. Páginas e mais páginas de palavras que não diziam nada. Ou, se diziam, levavam tempo demais para dizê-lo, e quando o faziam você já estava cansado demais para que tivesse importância. Tentei livro após livro. Claro, entre todos aqueles livros tinha que haver um.

Após eu quase desistir eu achei. “Historia das Facções: Audácia”. Pelo menos um é melhor que nenhum.

AUDÁCIA: O CORAJOSO
Manifesto

ACREDITAMOS
que a covardia deve ser culpada pelas injustiças do mundo.
ACREDITAMOS
que a paz não se ganha fácil, que as vezes, é necessário lutar pela paz. Mas, mas que isso:
ACREDITAMOS
que justiça é mais importante que a paz.
ACREDITAMOS
na liberdade do medo, em negar ao medo o poder de influenciar nossas decisões.
ACREDITAMOS
nos atos simples de bravura, na coragem que leva uma pessoa a se levantar em defesa da outra.
ACREDITAMOS
em reconhecer o medo e o que o leva a nos governar.
ACREDITAMOS
em enfrentar o medo não importa o que isso custa do nosso conforto, nossa felicidade, ou até mesmo nossa sanidade.
ACREDITAMOS
em gritar por aqueles que só cochicham, em defender aqueles que não conseguem defender a si próprios.
ACREDITAMOS
não apenas em palavras ousadas, mas em ações ousadas para combinar com elas.
ACREDITAMOS
que a dor e a morte são melhores que covardia e inatividade, porque
ACREDITAMOS
em ação.

NÃO ACREDITAMOS
em viver vidas confortáveis.
NÃO ACREDITAMOS
que o silêncio seja útil.
NÃO ACREDITAMOS
em boas maneiras.
NÃO ACREDITAMOS
em limitar as riquezas da vida.
NÃO ACREDITAMOS
em cabeças vazias, bocas vazias, ou mãos vazias.
NÃO ACREDITAMOS
que aprender a violência máxima encoraja a violência desnecessária.
NÃO ACREDITAMOS
que devemos ser autorizados a ficar de braços cruzados.
NÃO ACREDITAMOS
que qualquer outra virtude seja mais importante que a bravura.

Ler o manifesto foi doloroso para mim. Aquele manifesto, que eu decorei e usei-o como se fosse minha própria alma. Eu era totalmente da Audácia, até escolher o contrario.

O pior é que eu não preciso se um livro para me lembrar do manifesto da Erudição. Eu simplesmente o decorei.

ERUDIÇÃO: O INTELIGENTE
Manifesto

Nos submetemos às seguintes afirmações como verdades:

“Ignorância” é definida não como estúpida, mas como falta de conhecimento.

Falta de conhecimento inevitavelmente leva à falta de entendimento.

Falta de entendimento leva à desconexão junto a pessoas com diferenças.

Desconexão junto a pessoas com diferenças leva ao conflito.

Conhecimento é a única solução lógica para o conflito.

Era o segundo mais simples de todos. O primeiro era o da Abnegação. Eu o considerava um poema bonito e melancólico quando eu o li pela primeira vez na escola. Pelo o que eu me lembre de era:

Eu serei minha ruína

Seu eu me tornar minha obsessão.

Eu esquecerei aqueles que amo

Se eu não servi-los.

Eu guerrearei com outros

Se me recusar a vê-los.

Portanto eu escolho me afastar

Da minha reflexão,

Confiar não em mim

Mas nos meus irmãos e irmãs,

Proteger sempre o próximo

Até que eu desapareça.

Alguns membros adicionam uma linha final: “E apenas Deus permanece.” Isso é escolha de cada membro, e não é obrigatório, pelo o que eu saiba.

É difícil pensar que não existe mais essa facção. Minhas mãos fecham em punhos em cima da mesa. Eu os vingarei. Eu ajudarei os sem-facções e os vingarei, todas as mortes, todos os lideres, todas as lagrimas e todos os assassinos inocentes.

Deixo o livro em cima da mesa e saio, voltando ao dormitório, voltando ao meu lar temporário, pois logo irei me juntar ao exercito de Evelyn.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse cap, apesar dele ter sido meio longo. Espero que 2014 seja otimo para todos nós, beijos, beijos.



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