Reckless - Divergente escrita por Morgana Le Faye, Andiie


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Hey, primeiro: Desculpe, eu me confundi feio. Eu postei o cap 23 antes do 22 .-. sorry ://
Segundo. Nesse cap tem uma referencia á uma fic sobre Divergente tb: Winter Flower
Espero que gostem ^^



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Naquela noite fico na estufa com Neelie. Ela esta quieta. Esta diferente. Nós duas estamos em silencio. Ouvindo a respiração uma da outra.

- Agora, me ensina a te entender?- pergunto de repente. Ela me olha confusa. – Por que quando você teve a oportunidade de ficar segura, você ficou olhando pra atrás, com cara de arrependida, como se não quisesse fazer aquilo de verdade. E agora que estamos aqui você esta olhando para a porta, pra fora, pros outros, como se estivesse ali por obrigação ou perdendo algo importante.

Ela se vira para mim. Eu posso ver sua mente trabalhando em dar uma resposta boa o suficiente.

- Eu penso demais, e sempre faço o que acho certo, parece que penso, penso, penso quando menos precisa, e quando tem que pensar, faço por impulso, e só vejo o que fiz, quando não tem como voltar a trás e dessa vez não foi diferente. Pensei milhões de vezes antes de fazer, e ainda assim fiz errado.

- Tudo vai ficar bem. Quando tudo se acalmar nós vamos voltar para a sede da Erudição e ele vai estar lá. – digo, mas sei que não é verdade. As coisas não irão “se acalmar”. Só voltarei para a sede depois que Jeanine for morta.

Ela precisou de pouquíssimas palavras para demonstrar. O sorriso dela já admitia tudo. Ela queria acreditar. Realmente queria. Ela sorriu para mim e percebi que havia pequenas coisas pelo o que lutar. Ela é uma delas. Eu daria minha vida se algo acontecer á Neelie.

Vejo uma sombra loira passar pelas janelas da estufa. Eu e Neelie ficamos em silencio vendo Beatrice Prior se afastar pelas arvores. Escutei a voz de Marcus. Ela estava espionando. Ele falava algo sobre “ter uma informação que a Erudição quer.” Ou seja, nada que eu não saiba.

Ela me lembra de Hayley Manson, uma menina que trocou de facção. Era da Abnegação e foi para a Audácia. Por algum motivo muitos se esqueceram dela depois de seu desaparecimento repentino. *

Volto-me para Neelie. Ela da de ombros e se senta nas raízes da arvore; onde Johanna estava sentada.

- Como você esta se sentindo? Quanto ao Andrew? – pergunto. Ela sorri tristemente.

- Você sabe, sempre tem aquela pessoa que terá seu coração para sempre. – Sem querer penso em Noah... Um dia ele gostou de mim... Será que sou assim para ele também? “aquela pessoa que terá seu coração para sempre”. Pergunto-me se D sente sua falta. Se ele se pergunta o que aconteceu com a gente quando acordou naquele dia.

- E você... Sente falta dele? – pergunto. Acho que a palavra “Amar” é forte demais.

- Sim. Estou com saudade, mas também estou com fome e sono, então deve ser normal...  – ela assente olhando para baixo.

-Por que você é assim, tão irônica? – digo sentando-me ao seu lado. As raízes fazem doer minha ferida, mas não ligo mais.

- Como não consigo ser má, aprendi a ser irônica. Uso o bom-humor pra disfarçar o que me machuca. – Ela sorri para mim e parece verdadeiro. Acho que passar tempo demais entre pessoas que sabem reconhecer a mentira fez dela uma boa mentirosa. Preciso aprender com ela.  – Não faço ideia de quando aconteceu, mas quando percebi já estava assim... Achando que precisava dele para tudo.

Ficamos um tempo em silencio. Pessoas que amam demais se cegam no amor a ponto de achar errada a atitude da outra pessoa de não sentir o mesmo sentimento por ela. Elas criam uma ilusão de que aquela pessoa deveria amá-la do mesmo jeito que ela a ama, mas não será assim.

Olho para a janela. O escuro começa a me dar medo pelas grandes arvores.

- Acho melhor irmos dormir... Amanhã eu tenho que ficar na cozinha, e você? – pergunto. A Amizade designou trabalhos para todos.

- Lavanderia. – ela diz se levantando e dando a mão para eu me levantar. – Você anda usando a pomada que a enfermeira mandou? Você sabe que ela acelera as células e isso vai ajudar você...

- A me recuperar mais rápido. Eu sei, eu sei. Estou usando sim, mãe. – digo brincando. Ela odeia quando a interrompem. Juntas saímos da estufa e voltamos para nossos respectivos dormitórios.

Ao chegar não demorei muito para dormir.

Em meu sonho estava correndo. Sendo caçada.

Não enxergava por que estava muito escuro. Ouvia passos vindos atrás de mim, mas não me virava. Continuava correndo. Meus pulmões ardiam, mas eu não parei. Até que vi uma luz cinza em meio à escuridão. Corri o mais rápido que pude em sua direção.

Parei em frente á luz e percebi que na verdade se tratava do retrato de Jeanine. Ouvi a voz dela ecoando. Os olhos cinza me seguiam.

 – Você estaria melhor morta, traidora divergente. – minha boca estava seca.

O máximo que eu consegui responder foi “Eu sei” antes de acordar.

Sento-me na cama nervosamente e passo as mãos pelos meus cabelos. Coloca a mão em baixo do colchão e retiro a arma preta de lá.

Ela esta fria. O contato dela com a minha mão me faz sentir mais segura. Como se nada pudesse me acontecer. Levanto-me calmamente até o espelho com a ajuda das minhas muletas. Aponto a arma para ele.

Estou vestindo uma blusa longa vermelha da Amizade. Vejo meu curativo em minha coxa. Aponto a arma para meu reflexo. Apoio-me, tentando me deixar mais ereta e confiante possível. É assim que Jeanine me virá quando eu matar ela.

É assim que todos virão quando eu os matar. Todos os responsáveis pela matança na Abnegação. Todos.

Isso soa psicopata demais para mim e sem ao menos sentir largo a arma no chão. Ela faz um ruído estridente. A chuto para embaixo da cama e saio do quarto. No corredor em direção ao quarto de Noah.

Tento entrar em silencio, mas sua porta range alto o suficiente para acorda-lo. Ele me olha por um segundo.

- Sonhos ruins? – ele pergunta, depois se vira, dando espaço em sua cama. – Venha aqui.

Caminho até lá, mancando com a muleta. Sento-me na beirada da cama, deixando as muletas encostadas.

- Você está bem?- ele pergunta olhando para minha coxa.

- Sim. Só dói quando ando, falo e respiro.

- Deixa de ser melodramática. – ele diz me abraçando e deitando-me em sua cama. Rio junto com ele.

- O que você sonhou? – ele pergunta quando estamos deitados lado á lado de barrigas para cima.

- Nada demais... - digo olhando para baixo.

- Parece que você gosta de me acordar de madrugada. – ele diz rindo. – Agora você vai dormir.

Olho para ele desafiadoramente.

- Você não manda em mim. – digo cruzando os braços. Luto contra um bocejo, mas ele sai de todo jeito, fazendo com que Noah me olhe superiormente. Não sei o motivo que me fez vir até aqui. Talvez eu precise desabafar e ele é a pessoa mais próxima. Andar muito dói. – Eu... Não consigo dormir.

Ele suspira.

- Tudo bem. – ele diz cansado. – Se ajeite. – obedeço. Ele começa a passar a mão pelo meu cabelo. É bom e tenho que me controlar para não sorrir. – Feche seus olhos e pense em algo bom.

Minha mente vaga. Desde minha vida na Audácia até os de agora. Lembro-me de James. De nós com 14 anos. Lembro-me do meu primeiro dia na Erudição. De James me chamando de “Incrível Ruthless”. Das discussões sobre matérias do jornal no refeitório. Do dia da visita. James que ficou lá comigo enquanto todos estavam com suas famílias. Dias antes de eu estar na sede da Amizade, no elevador, com James fazendo o que ele faz de melhor, me irritar. Lembro-me da minha mãe. Não minha mãe desapontada por eu ter escolhido a Erudição, mas a mãe que sorriu quando eu pintei meu cabelo. A mãe que me ajudou quando quebrei a perna. Meu pai e seus livros. Ele me ensinando a pular do trem. Minha irmã.

Parece ter sido á séculos tudo isso. Fecho os olhos. O sono vem. Minha respiração começa a se normalizar.

Escuto algo. Tenho quase certeza que foi minha imaginação. A voz de Noah sussurrando.

– Não importa quanto o tempo passe, o seu efeito sobre mim não muda.


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