Reckless - Divergente escrita por Morgana Le Faye, Andiie


Capítulo 2
Audácia


Notas iniciais do capítulo

Heey ^^ Minha primeira fic de Divergente.Espero que gostem ^^



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Estou sentada no chão, com as costas na parede fria do trem. A meu lado, em pé, meu pai esta apoiado. Seus cabelos escuros estão bagunçados e seus olhos azuis frios estão direcionados para minha mãe, ele usa roupas pretas, como o resto de nós, e consigo ver perfeitamente o começo da tatuagem em seu peito. O símbolo da Erudição. Ver aquilo me deu calafrios. Decidir me concentrar em minha irmã, com seus cabelos repicados na altura do ombro, escuros como os meus e de nosso pai. Seus olhos eram azuis frios como os dele. Ela tinha as feições serias como ele, mas era mais bonita que eu em meus treze anos. Enquanto eu parecia com minha mãe, tirando pelos cabelos loiros, mas tinha os mesmo olhos azuis amendoados.

Abaixo meu olhar para o chão que esta tremendo nos trilhos. Os integrantes da Audácia estão fazendo muito barulho, como sempre. Não me incomodo com o barulho, ele me completa. Sou da Audácia... Sei disso, mas também não faço parte deles. Ouço os gritos dos com dezesseis sessarem, sei que eles estão nas portas vendo o Eixo se aproximar, mas eu apenas olho para meus cabelos longos e escuros com as pontas repicadas e roxas.

– Vamos? – diz minha irmã, pulando do trem. Alguns outros a seguem, eu decido ir por uma porta diferente. Sinto o ar pelos meus cabelos os levando para trás, pulo, sentindo meu casaco preto voar para trás como uma asa, amo essa sensação. Ser livre, voar. Mas a liberdade é perigosa.

Quando meus pés alcançam o chão corro um pouco para amenizar o impacto, estou tão acostumada com isso, mas ultimamente cada vez que eu pulo em sinto como se fosse a ultima vez. Hoje eu não tenho certeza se voltarei para a sede.

Ajeito meu casaco, está muito frio hoje. Vejo minha irmã correndo junto com os outros, decido ser a ultima, apenas olhando a multidão preta se mover rápida e alegre. Corro atrás junto com poucas pessoas. Flashes do meu teste reaparecem em minha mente. Minha mão tocando a faca, eu matando o cachorro, eu mentindo... Eu esperava que o resultado fosse a Audácia, e foi, mas não apenas a Audácia.

Quando chegamos ao vigésimo andar nem percebo por meus pensamentos estarem tão distantes. Vejo de longe Uriah e ele sorri para mim. Somos bons amigos, os nascidos da Audácia costumam andar juntos pelos corredores da escola. Fazer oque, somos populares.

O lugar é organizado em círculos concêntricos; no circulo externo, ficam as pessoas de dezesseis anos de cada facção. Organizamos–nos em ordem alfabética, e eu me coloco entre duas garotas, uma da Audácia, Marlene, uma boa amiga, mesmo não tendo muito contato, ela esteve comigo quando eu fiz minha primeira e única tatuagem, uma frase de um livro que achei do meu pai. Ela esta escondida, escrita em meus quadris. A outra ao meu lado pertence a Erudição, seu cabelo esta preso em um coque mal arrumado e ela usa óculos. Seus olhos são muito escuros e sua pele é morena, ela usa um vestido solto azul.

As pessoas se arrumam no salão. A cada minuto, a garota à minha esquerda parece tremer mais. Entendo a menina da Erudição, ela esta nervosa, todos nós estamos, mas tento me acalmar. Lembro-me de quanto conversei com meu pai sobre minha escolha, sobre oque eu deveria escolher. Encontrei seu olhar e ele sorriu para mim e as suas palavras vieram á minha mente

“Quando fazemos uma escolha, qualquer escolha, estamos dizendo sim para um lado e dizendo não para o outro. Então, algum sofrimento sempre vai haver.”

As imagens do meu teste vieram á minha cabeça, a mulher da abnegação, seu nome tinha algo com Prior, sussurrando “Não deve contar para ninguém que é Divergente.” Como se eu soubesse oque isso significa.

A responsabilidade de conduzir a cerimônia muda a cada ano, e nesse ano a responsabilidade é da Abnegação. Marcus fará o discurso de abertura e lerá os nomes em ordem inversa ao alfabeto. Antes de meus pais sentarem, eles ficam na minha frente. Minha irmã me abraça.

– Estou te esperando. Hoje de madrugada a gente pula no abismo juntas – ela sussurra em meu ouvido. Retribuo seu abraço, não tenho coragem de dizer para ela que talvez eu não esteja na sede da Audácia esta noite.

Minha mãe se aproxima de mim, sua postura prepotente faz com que ela aparente ser forte, oque ela é. Ela sorri enquanto beija minha testa e me abraça.

– Vejo você logo. – ela diz sem nenhuma duvida.

Meu pai é o ultimo. Ele sabe. Eu sei que ele sabe. Ele não consegue mentir muito bem. Ele olha para mim e novamente não sei oque escolher. Ele me abraça forte. Respiro contra sua camiseta tentando guardar seu cheiro de desodorante masculino.

– Vicky , lembre–se. A coragem não é a ausência de medo, mas a certeza de que há algo mais importante que o medo e filha, não aceite conselhos de alguém que conheça dez mil palavras. Aceite de alguém que viveu dez mil vezes cada letra que escreveu.

Ele fez de proposito. Mencionou a Audácia e a Erudição. Fez a duvida voltar á mim. Eles se afastam e eu me sento. As pernas tremendo, mas a aparência dura e confiante.

Pareço ser da Audácia.

Pareço ser da Erudição.

Pareço ser Divergente.

Marcus fica em pé no pódio entre a Erudição e o Destemor e aclara a garganta no microfone.

– Bem–vindos, – ele diz. – Bem–vindos à Cerimônia de Escolha. Bem–vindos ao dia em que nós honramos a filosofia democrática dos nossos ancestrais, que nos fala que todo homem tem o direito de escolher seu próprio caminho no mundo. Nossos dependentes estão agora com dezesseis anos. Eles estão no precipício da vida adulta e eles agora são capazes de decidirem que tipo de pessoas eles serão. Há décadas, nossos antepassados perceberam que a culpa por um mundo em guerra não poderia ser atribuída à ideologia política, à crença religiosa, à raça ou ao nacionalismo. Eles concluíram, no entanto, que a culpa estava na personalidade humana, na inclinação humana para o mal, seja qual for a sua forma. Dividiram-se em facções que procuravam erradicar essas qualidades que acreditavam ser responsáveis pela desordem no mundo.

Meus olhos foram na direção dos potes no centro da sala. O que eu acreditava? Eu não sei, eu não sei, eu não sei.

– Os que culpavam a agressividade formaram a Amizade

Os da Amizade trocaram sorrisos. Eles estavam vestidos confortavelmente, em vermelho ou amarelo. Cada vez que eu os vejo, eles parecem, amáveis, carinhosos, livres. Mas se juntar a eles nunca foi uma opção para mim.

– Os que culpavam a ignorância se tornaram a Erudição

Um tremor passa pelo meu corpo, os membros da Erudição ajeitam seus óculos e roupas e suas posturas. Aquilo parece atraente, parece seguro.

– Os que culpavam a duplicidade fundaram a Franqueza. Os que culpavam o egoísmo geraram a Abnegação

– Caretas – murmuro.

– E os que culpavam a covardia se juntaram à Audácia

Eu culpo a covardia. Eu sou da Audácia.

– Trabalhando juntas, as cinco facções têm vivido em paz há anos, cada uma contribuindo com um diferente setor da sociedade. A Abnegação supriu nossa demanda por líderes altruístas no governo; a Franqueza providenciou líderes confiáveis e seguros no setor judiciário; a Erudição nos forneceu professores e pesquisadores inteligentes; a Amizade nos deu conselheiros e zeladores compreensivos; e a Audácia se encarrega de nossa proteção contra ameaças tanto internas quanto externas. Mas o alcance de cada facção não se limita a essas áreas. Oferecemos uns aos outros muito mais do que pode ser expresso em palavras. Em nossas facções, encontramos sentido, encontramos propósito, encontramos vida. Longe delas, não sobreviveríamos.

O silêncio que segue suas palavras é mais forte do que outros silêncios. É mais pesado do que nossos piores medos, maior inclusive do que o nosso medo da morte: ser sem facção.

– Portanto, esse dia marca uma ocasião feliz—o dia no qual nós recebemos nossos novos iniciados, que vão trabalhar conosco em busca de uma sociedade melhor e um mundo melhor. – Marcus continua

Uma rodada de aplausos. Bato palmas como os outros. Um por um, cada garoto de dezesseis anos de idade dar um passo fora de linha e caminha para o centro da sala. A primeira garota chamada decide por Amizade, a mesma facção da qual ela veio. Eu assisto o sangue dela cair sobre a terra e ela fica atrás das cadeiras sozinha.

A sala está em constante movimento, um novo nome e uma nova pessoa escolhendo, uma nova faca e uma nova escolha,

– James Tucker – Marcus diz.

James Tucker é da Audácia, ele nunca pareceu ser realmente da Audácia. Ele confirma isso ao tropeçar no caminho. Levanta os braços e recupera o equilíbrio antes que caia no chão. Seu rosto está vermelho e caminha mais rápido para o centro da sala. Quando chega lá olha do pote da Audácia para o pote da Erudição , a chama laranja que aumenta mais e mais a cada momento e a agua tranquila e limpa.

Marcus oferece a faca para ele. Ele respira profundamente e, enquanto ele exala, aceita a faca. Então, ele arrasta a faca através da palma da mão como um idiota e coloca o braço para o lado. O sangue dele cai sobre a agua e ele é o primeiro de nós a trocar de facção. A primeira transferência de facção.

Choque. A Audácia começa a murmurar e olho para sua família, conheço sua irmã, ela faz parte da minha roda de amigos. Seus olhos estão perplexos. Ele é um traidor. Falta uma semana e meia para o dia de visita, mas eles não vão, porque ele os deixou.

Isso faz com que eu pense novamente sobre minha escolha. Quando Marcus chama por meu nome.

–Victoria Ruthless

Olho ao redor, os membros de preto, meus amigos sorriem para mim, minha família também. Caminho em passos decididos até o centro. Paro em rente ao pote da Audácia. As chamas brilham sobre meus olhos. Olho de relance para a agua da Erudição... Agua, Fogo, tão diferentes.

Marcus me oferece a faca. Eu olho dentro dos olhos dele—eles são de um azul escuro, uma cor estranha—e eu pego. Ele assente e eu me dirijo para os potes. Fecho os olhos enquanto passo a faca pela minha palma e a sinto arder. Nada demais. Paro entre o pote da Audácia e o da Erudição. Qual escolher?


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Notas finais do capítulo

Respondam nos comentarios qual vocês acham que ela deve escolher.