Estando de saída, Maria andava em passos largos até o estacionamento. Horas antes seu terno fora manchado de café acidentalmente por uma cliente nervosa. Linda Parker reclamava do advogado que ainda não havia resolvido seu problema.

— Por que aquele incompetente ainda não apareceu? Acham que sou tola? Os olhos verdes estavam cheios de ódio e fúria. A loira pequenina andava de um lado para o outro no escritório. O belo vestido floral cor de rosa que parecia ganhar vida a cada movimento dela. Ela devia ter pouco mais de trinta anos.

— Creio que o senhor Roberts tenha uma explicação razoável para esta falta, agora se me da licença tenho um compromisso, mas vou resolver seu problema e logo entrarei em contato com você. Maria caminhou aliviada por ouvi silencio ao deixar o escritório de advocacia. Há seis anos quando seu pai a obrigou fazer a faculdade não fui tão ruim em vista de Linda Parker.

— Senhorita Ferreira? Ela foi parada na frente do elevador, longos dedos tocavam a pele nua do antebraço.

— Sim? Só então ela notou que aquele homem estava no escritório, ao lado de Linda. Como ela não pode notar aqueles músculos? Mesmo de terno, eles eram extremamente visíveis.

— Sou Jake Russel, primo da Linda. Creio que lhe devo desculpas. Como ele era alto! Tinha o rosto bonito e másculo. Os olhos eram verdes iguais ao de Linda. Uma mistura perfeita!

— Pelo o que? Ela sorriu ao perceber que ele a olhava confuso. Jake nunca viu um sorriso tão doce. No momento em que ela entrou no escritório vestindo um terno preto com um vestido alaranjado ajustado ao corpo ele soube que ela era diferente. Primeiro pela altura, ela devia ter um metro e setenta e quatro, ficava ainda mais alta com aqueles saltos. Depois os cabelos negros e longos que lhe batiam na cintura, que mulher deixaria os cabelos ficarem daquele tamanho? Os olhos amendoados e grandes, bem bonitos. A pele era morena, bronzeada naturalmente. O corpo que meio escondido tinha o perfeito formato violão. Ela só podia ser latina!

— Pelo comportamento de Linda, sei que ela é difícil, mas está nervosa com o divorcio que não se resolve. Maria agora estava séria. Os olhos brilhavam mais do que uma jóia.

Ele não conteve um sorriso de lado ao notar que ela tirara o terno e o vestido era decotado nos seios. Era como se ela fosse uma fogueira, quente, mesmo sem saber ela o incendiava.  Ela sorria como um anjo, ele queria saber mais da senhorita Ferreira.

— Não se preocupe, acabo de tomar providencias. Eu sou a nova advogada da senhora Parker. Se o senhor puder, quero que entregue este contato para ela. Diga que eu espero sua ligação. Ela entregou a Jake um pequeno cartão prateado, era o numero pessoal dela. Ele era tão bonito! Tinha o lábio sexy, bem desenhado. Quando sorriu para ela, Maria sentiu coisas estranhas. Como se o corpo estivesse em chamas. Ela sempre teve fama de ser segura e inalcançável. Os homens fugiam dela!

— Eu farei isso. Os dois entraram no elevador. Ele Pode sentir o perfume floral que ela usava ao se aproximar. — Foi um grande prazer conhecê-la senhorita Ferreira. Posso lhe fazer uma pergunta?

— Maria, me chame de Maria. Sim faça! Ele a fitava com mistério e sedução.

— Você não é americana, certo? Ela sorriu com doçura. Os olhos negros brilhavam.

— Não. Sou brasileira, de um estado chamado Rondônia, perto da Amazônia. Então ele acertara em cheio!  As brasileiras eram famosas no mundo inteiro pelo charme e simpatia. Pela paixão nos olhos. Agora ele entendia o ditado, quem tem uma brasileira sabe a sorte que tem!

— Brasil! Desculpe pela pergunta, mas é que você é diferente. O rosto forte parecia inexpressível.

— Acho que é por causa do meu sotaque e roupas, acertei? Ela sorria como uma menina se olhando no espelho do elevador.

— Em partes.

— Como assim Sr. Russel?

— Jake.

— Ok Jake, como assim?

— Seu cabelo natural e longo. Seus olhos grandes e amendoados. E o sorriso doce e caliente. Jake observou Maria corar e adorou isso. Ele sempre teve fama de conquistador.  Finalmente o elevador se abriu e Maria sentiu-se aliviada. Jake a deixava acuada, como nenhum homem jamais o fez.

— Foi um prazer conhecê-lo Jake, quem sabe um dia nós nus encontraremos de novo. Ela se virou e ouviu a porta do elevador fechar, antes que ele pudesse se pronunciar.

              Voltando ao presente, ela ligou o carro e foi para o pequeno apartamento. Foi uma sorte ela ter encontrado aquele imóvel em Miami. O lugar não era luxuoso, mas era bem espaçoso, tinha um terraço só para ela. Era aconchegante. Ela o adorava, mas parte disso era por que ficava em frente à praia. Olhar o mar a acalmava. Tirava lhe todo o estresse do trabalho odioso que fazia. Sua verdadeira paixão era cantar. Era ótima nisso, mas tendo nascido na família Ferreira, onde todos eram juízes ou advogados estragou tudo. João Cezar foi um pai exemplar, o melhor juiz do Brasil. Foi assassinado logo depois de Maria completar dezoito anos. Ela estava decidida a ser uma cantora, seguir com uma vida de artista, mas a morte foi um choque, e ela decidiu enterrar os sonhos para realizar o desejo do pai. Desde pequena, queria fazer aulas de piano e violão. O avô materno tocava violão e ensinou tudo pra ela. Dizia que a pequena Maria tinha uma voz de anjo e que faria sucesso.

                   Ela entrou no apartamento e foi direto para o banheiro tomar um banho, antes deixou o terno na centrífuga. Já passavam da meia-noite quando ela largou o notebook e foi dormir. Sonhou com Jake, com a forma que ele disse que ela era diferente. Desde que se mudou para Miami há quatro anos não tinha saído com ninguém interessante. Tinha um namorado em New York, mas terminou tudo antes de se mudar.