–Isabella está grávida…

Essas palavras ecoavam na mente da morena, não, ela com certeza não havia escutado direito. Seu coração se recusava a acreditar. Mas, sua mente gritava o quanto havia sido idiota em acreditar que Jacob a amava, que um dia ele deixaria Isabella para poder ficar com ela.

Sentiu as lágrimas escorrerem por sua face, marcando por onde passavam. A dor era sufocante. Tudo parecia não fazer nenhum sentido. Tudo parecia contribuir para que o seu sofrimento aumentasse.

Quando finalmente suas pernas criaram forças suficientes para se mexerem, correu, como se sua vida dependesse disso. Como se correndo seu sofrimento fosse acabar.

Como seus olhos estavam embaçados, não conseguiu ver a ex-amiga andando em sua direção, e acabou se esbarrando na mesma, que foi jogada ao chão e por lá mesmo ficou.

–Olhe por onde anda. - reclamou Rachel, mas isso não surtiu efeito na garota que continuava a correr. A amiga, ainda no chão olhava indignada para a morena, que nem ao menos havia lhe olhado para perguntar se estava bem.

Quando seus pés conseguiram finalmente alcançar o batente da porta de seu quarto, seu refúgio, a garota pode desabar no chão, pois sabia que não teria forças suficientes de atravessar dois metros para alcançar a sua cama. E encolhida no chão pode chorar por tudo que não havia chorado anteriormente, pode chorar por todo o sofrimento que o destino havia lhe pregado, desde que viera para essa cidade. Desde rever Isabella, até seu pai enlouquecendo.

A vida não havia lhe dado tempo suficiente para se recuperar, não havia dado tempo para que suas feridas cicatrizassem, deixando que os acontecimentos viessem em uma enxurrada, um atrás do outro.

Rachel, quando finalmente se levantou do chão, ainda irritada, por a garota não ter lhe dado a atenção que ela achava merecida, foi em direção ao escritório, onde achou seu pai e seu irmão conversando baixo.

Jacob ainda esperava pelo conselho de seu pai, que não veio, o próprio estava muito confuso, quando Rachel entrou no escritório.

–O que aconteceu com a Renesmee? – Perguntou a irmã irritada, ela poderia ter feito tudo o que fez, mas gostava da morena, de verdade, e estava preocupada.

–O que tem ela? – Perguntou Jacob preocupado, passando as mãos nos cabelos.

–Ela saiu daqui chorando. - explicou a irmã, se sentando em uma das cadeiras, esperando por uma explicação.

–Mas ela não estava aqui. - respondeu Billy, franzindo o cenho para a filha.

Jacob olhou para o pai, e logo para a irmã, fez o mesmo movimento até sentir sua cabeça rodar, e pode finalmente entender.

Ela havia ouvido tudo ou, pelo menos, a última parte.

Seth entrou no quarto da garota sem cerimônia, e a encontrou chorando, de uma forma desesperada, em posição fetal no chão, próxima a porta. Parecia que todo seu sofrimento havia se juntado e que, justo naquele momento, resolvera sair de dentro da garota.

–Nessie. - ele a chamou.

Ela pensou em ignorar, e gritar algo como “Saia daqui”, mas tudo o que conseguiu foi urrar de dor.

–Nessie. - ele chamou, mais uma vez, preocupado, mas dessa vez chegou mais perto e pode ver o rosto da morena com mais clareza.

–Seth. - ela falou com os olhos ainda fechados, e tremeu assim que o vento gelado entrou pela porta da sacada, que se encontrava aberta.

O moreno a pegou no colo, e logo a levou para a cama, onde a cobriu.

Fechou a porta do quarto e da sacada, e logo voltou para a cama.

A garota ainda soluçava quando Seth a abraçou, finalmente, fazendo com que pelo menos um pouco, muito pouco, de sua dor diminuísse.

Ela já estava decidida. Pensou que quando fosse falar com Jacob, ele apresentasse alguma solução, mas não, ele havia “esfregado” em sua cara – mesmo sem saber – que ela havia falhado, mais uma vez. Novamente não conseguiu ficar com o mocinho.

Parecia que o destino estava lhe pregando uma peça. Não, uma não, mas uma sequência delas, e isso não a deixava bem, muito pelo contrário, a despedaçava aos poucos. Se ao menos fosse forte o suficiente para suportar tudo isso sozinha, se ao menos tivesse seu pai em boas condições ao seu lado, talvez não sofreria tanto, mas não, justo as pessoas que mais amava no mundo, seu pai e sua irmã, estavam morrendo aos poucos.

Quando olhou para o Seth que, agora, a olhava atentamente, pode finalmente suspirar firme, e não deixou de pensar que estava apaixonada pelo Black errado.

Tendo dois Blacks ao seu lado, escolheu justo o que estava fora de seu alcance, o insensível, que não se importava com o que ela sentia, nem como se sentia, querendo apenas seu bem-estar próprio, e não o dela. Enquanto isso, o outro estava ao seu lado em todos os seus momentos, desde os melhores até os piores, suportando seus momentos de alegria, até os seus momentos de desespero total.

Mas não, ela tinha que ter escolhido o errado. Justo o que era comprometido, ela tinha que ter escolhidoo namorado dela.

Seth afagava as costas da morena em silêncio, respeitando seu momento, respeitando sua dor, algo que não seria possível se fosse Jacob em seu lugar.

E enquanto isso a morena pensava em como seria se tivesse se apaixonado por Seth, e não por Jacob. Se estaria nesse momento sofrendo tanto, ou se sofreria apenas por seu pai e por Samantha. Seria um sofrimento menor, um sofrimento menos agonizante, pois saberia que não estaria sozinha, sabia que sempre que olhasse ao seu lado teria um porto seguro, teria a quem recorrer. Apesar de já saber que poderia correr para os braços de Seth, não seria a mesma coisa se ele fosse seu namorado, porque Seth até poderia ser seu amigo, mas ele tinha a vida dele, não poderia acabar com a vida dele desta forma.

A garota, ainda chorando, começou a se imaginar namorando Seth, e ela precisava tirar a dúvida cruel que martelava sua mente. Não faria como Jacob fez, ela tiraria essa dúvida, e seria agora. Por esse motivo a garota levantou o rosto, ficando na mesma altura que o rosto de Seth, que a olhava, como se pudesse enxergar sua alma.

Ele podia sentir a respiração da morena batendo em seu rosto, ela pode ver o rosto dele levemente vermelho.

–Nessie. - ele sussurrou.

Mas, a garota apenas se aproximou mais, podia sentir o hálito dele em seu rosto, era delirante. Por um momento, pensou que quando beijasse ele, seria nojento, como se estivesse beijando um irmão. Isso era apenas mais um ponto que martelava em sua mente.

Quando finalmente os lábios se encostaram, ela pode sentir a maciez dele.

Não, não era como se estivesse beijando um irmão, era diferente de qualquer outro, era muito diferente do beijo de Jacob.

Sentiu um arrepio quando a língua dele se enroscou na sua, e logo levou as mãos até a sua nuca, puxando-o mais para perto.

–Nessie. - ele sussurrou em seus lábios, mas a garota apenas aprofundou o beijo. Parecia ser viciante. -Nessie. - ele falou mais uma vez, mas, dessa vez, ele a afastou, fazendo-a suspirar firme e sentir seu rosto corar, e logo enfiou o rosto no pescoço do moreno, impedindo dele ver o que se passava em seus olhos. – Eu não posso fazer isso, não com você desse jeito.

Ela apenas balançou a cabeça, mas não disse nada, sabia que ele estava se referindo ao modo de sofrer por outro.

Ele fez menção de levantar, mas ela logo enlaçou seu pescoço.

–Não me deixe. - ela resmungou, com os olhos se enchendo de lágrimas novamente.

–Não vou. - prometeu voltando a deitar, e logo a abraçou novamente.

–Isso é uma promessa? – Ela perguntou.

–Claro. - ele afirmou, isso a fez relaxar um pouco, sabia que Seth nunca quebraria uma promessa. Mas, antes de se entregar a escuridão, tocou os lábios, e, a garota, não pode deixar de sorrir.

O céu já estava escuro, quando, Jacob, resolveu tomar alguma atitude. O escritório, agora escuro, parecia sombrio com Jacob segurando um copo de uísque. A única coisa que iluminava o escritório eram os relâmpagos, que caíam soltos do lado de fora, junto com a chuva densa.

Mas, a única coisa mais alta que a chuva, eram os pensamentos do moreno, que gritavam a todo o custo o quão idiota esteve sendo em todo esse tempo.

Quando teve coragem suficiente, saiu do escritório, com o copo ainda em mãos, mas, não foi para o quarto da garota naquele momento, e sim, para o seu.

Ficou andando de um lado para o outro, diversas vezes, ensaiando tudo o que deveria falar para Renesmee. Pensando no que deveria fazer e dizer para reconquistar a garota, que teimava em se desvencilhar dele.

Quando o moreno criou coragem de ir até o quarto da morena, o horário já era avançado, mas não poderia desistir, era agora ou nunca.

Mas, tudo que o moreno não esperava, era encontrar seu irmão caçula acariciando os cabelos de Nessie, enquanto ela dormia deitada em seu peito.

–O que você faz aqui, Seth? – sussurrou asperamente.

O irmão tirou Nessie com cuidado de seu peito e saiu do quarto puxando Jacob, não queria que Nessie acordasse.

–EU, é quem pergunto, o que você faz aqui, Jacob? Não acha que já a fez sofrer o suficiente por uma vida?

–Por quê? O que eu fiz? – perguntou cinicamente.

–Ah, me poupe, Jacob, todos sabemos que você não vale nada, todos nós sabemos que você iludiu Renesmee, a fez sofrer, dizendo que ficaria com ela, e agora Isabella aparece grávida! – esbravejou o mais novo. – Não acha que ela precisa de um tempo?

–Ela já teve um tempo, Seth.

–Não, você não entendeu. Ela precisa de um tempo de VOCÊ, Jacob.

–Você não sabe de nada, é apenas um garoto.

–Ela também é apenas uma garota, Jacob. E você não se lembrou disso quando a fez sofrer. - gritou.

–Não seja ridículo, Seth, não se meta na minha vida. - disse revirando os olhos, e se segurando para não socar o irmão.

–A partir do momento que Renesmee está inclusa nas bagunças da sua vida, sim eu me meto na sua nela.

Jacob ia rebater, mas a porta do quarto da morena rangeu se abrindo, isso o fez se distrair. A garota saiu do quarto com o rosto sonolento e confuso.

–O que está acontecendo aqui? – perguntou, olhando de um para o outro, irritada. – Vocês tem noção de que tem pessoas dormindo nessa casa? Tem noção de que horas são para estarem gritando? – a garota os olhava esperando por uma resposta.

–Me desculpe, Nessie. - disse Seth se aproximando dela e a abraçando. – Não queria te acordar.

–Renesmee, posso falar com você um instante? – indaga o moreno.

–Pode ser – respondeu olhando o mais velho, que tinha um olhar suplicante.

–Nessie, depois de tudo que ele te fez passar você ainda vai falar com ele?

A morena nada respondeu, e não pretendia.

Quando o moreno percebeu que a garota não tinha a intenção de lhe responder, se retirou do corredor, não acreditando que a garota falaria com seu irmão, não depois de tudo que ele havia aprontado com ela.

O mais velho e a garota entraram no quarto para conversarem, mas, antes que Jacob pudesse começar a falar, Renesmee entrou em seu closet e saiu de lá, segundos depois, com uma enorme mala, e a jogou na cama. O moreno a olhou confuso, sem entender o que ela faria.

–Nessie, o que está fazendo? – perguntou de olhos arregalados.

–Arrumando as malas, Jacob. - disse como se fosse óbvio, enquanto jogava as roupas, que estavam espalhadas, dentro da mala.

–Mas, por quê? – perguntou segurando seu pulso.

–Não se faça de idiota, Jacob. - disse puxando o pulso e terminando o que estava fazendo. – Acha que não sei que Isabella está grávida? – perguntou, evitando olhar para o moreno, pois seus olhos já estavam marejados.

E isso acabou confirmando as suspeitas do moreno.

Por um momento, ele ficou sem reação, não sabia que ela seria tão direta. Isso o pegou de guarda baixa, e tudo o que havia ensaiado em seu quarto, sumiu, assim que ela jogou tudo a quatro ventos.

A garota viu que não obteria respostas, e começou a socar as roupas na mala.

–Não é bem assim. - tentou contornar a situação.

A garota o olhou cética, e logo um sorriso duro saiu de seus lábios.

–Então me explique Jacob, adoraria vê-lo tentando. - ela falou com raiva, enquanto voltava a sua atenção para a mala, que logo ficou cheia. Então, pegou uma segunda, e continuou o que estava fazendo.

–Isabella está grávida…

–Não me diga. - a garota falou sarcástica.

–Você não está colaborando. - ele falou, se estressando.

–Em nenhum momento eu falei que colaboraria.

Ele a olhou surpreso mais uma vez, e suspirou firme, por um momento o quarto havia ficado quente de mais para os dois.

–Mas isso não interfere em nada. - ele falou tentando se aproximar, mas ela logo recuou, não aguentaria ficar firme com ele tão próximo.

–Você não entende. - ela sussurrou, enquanto olhava pra um ponto da janela.

–Então me explique. - ele pediu.

–Você é um idiota. - ela surtou.

–Não sabia que estávamos partindo para a agressividade.

–Você partiu primeiro, quando me machucou da forma mais dura que pode.

Ele a olhou, e tentou se aproximar mais uma vez, fazendo a garota se esgueirar, pela segunda vez.

–Não foi minha intenção. - ele disse arrependido.

–Claro, porque nunca é a intenção das pessoas me magoarem. - ela disse frágil.

–Mas não é assim.

–É assim sim, Jacob. Sempre foi, desde que eu era apenas um bebê! – gritou enquanto as lágrimas caíam por seu rosto. – As vezes eu me pergunto o que eu fiz de tão ruim. As vezes acho que seria melhor eu nem ao menos ter nascido, porque assim eu não sofreria com o abandono de minha mãe, não sofreria com a traição de Rachel, as suas ilusões comigo, meu pai e minha irmã morrendo, e eu aqui, me acabando aos poucos. - ela soluçava. Jacob fez menção de falar, mas ela continuou com seu desabafo. – Eu posso parecer forte e madura, mas se esquecem de que eu tenho apenas DEZOITO ANOS! Eu venho sendo forte a muito tempo, e isso está me desgastando aos poucos, cansei de ser forte, mas ainda é preciso, pelo meu pai e minha irmã, mas eu cansei de ser forte por você, cansei.

As lágrimas do moreno caíam sem previsão de volta.

–Não fala assim… Você prometeu que lutaria por nós.

–Nunca existiu nós Jacob, não quando só eu luto para que o “nós” exista.

–Sempre existiu nós Nessie- ele falou pegando em seu rosto- Não acabe com o pouco que nós temos, podemos passar por isso juntos.

–Eu cansei de ser apenas uma cachorrinha, fazendo o que todos mandam. Cansei de deixar a minha felicidade de lado, só por causa dos outros. Agora eu vou atrás do que é melhor para mim.

–O que é melhor para você sou eu- ele falou passando a mão no rosto, tentando a todo custo parar com as lágrimas.

–Jacob, você sabe o quanto sofri com o abandono de Isabella, essa criança não precisa passar pela mesma coisa- falou ela balançando a cabeça, tentando afastar as memórias triste.

–Não importa onde você for, eu vou atrás de você- ele falou firme.

–Eu não vou tirar dessa criança, a única pessoa que pode amá-la de verdade.

–Mas eu não sou nada sem você- ele suplicou, enquanto tentava a todo custo fazer a morena mudar de opinião.

–Você era muita coisa antes de me conhecer, e continuará sendo quando eu me for.

–Não diga isso amor.

–Jacob, você não entende… eu não consigo mais, não vou conseguir olhar para ela, e saber que está esperando um filho seu, não vou conseguir olhar para essa criança e ver que ela foi um dos fatores para o que está acontecendo agora.

–Não precisava ser assim.

–Nós dois sabíamos que isso nunca daria certo- ela afirmou, fazendo ele negar.

–Não seja ridícula, isso tinha tudo para dar certo.

–Me diga o porquê não deu então? Me diga- ela gritou furiosa.

–Eu amo você- ele apelou.

Essas palavras fizeram a garota andar uns bons passos para trás.

–Você não tem o direito de brincar comigo desse jeito- ela falou chorando.

–Mas eu nunca brinquei com você.

–Se você não brincou, por que estou sofrendo? Por que isso está doendo tanto? Por quê?- Ela pediu desesperada, mas ele não soube o que responder- Nem você sabe me dizer- ela falou fria.

Passou as mãos de uma forma grosseira, tentando, inutilmente, acabar com as lágrimas.

–Isso já deu o que tinha que dar- ela falou, enquanto pegava as malas.

Mas ele foi mais rápido, e logo a pegou, puxando grosseiramente, esse simples movimento fez com que seus lábios se chocassem.

Mas a garota não correspondeu ao beijo, ele tentou mais uma vez, mas a boca dela continuava imóvel e fechada.

Isso fez ele bufar e soltar sua nuca.

Ela podia ver a raiva nos olhos dele.

E, com um pesar, ele viu que nada que fizesse a faria mudar de ideia.

Com passos longos ele andou até a porta, a trancando logo em seguida.

–O que você está fazendo?- Perguntou ela desesperada, mas ele já havia andado até a sacada, a abrindo logo em seguida.

–Você não vai me deixar- ele falou melancólico.

–Eu não estou brincando, devolve essa chave- ela pediu calma, mas ele apenas riu.

–Acha mesmo que vou deixá-la ir embora? Me deixar? Como pôde achar isso?- Ele perguntou dessa vez gargalhando.

–Me dê essa chave Jacob- ela pediu, mais desesperada ainda.

–Me diga o porquê você está me deixando- ele disse com raiva.

–Você já sabe- a garota falou fria.

–Eu quero ouvir da sua boca Renesmee, anda, me diga, diga que não sou o suficiente, diga que prefere meu irmão em vez de mim- ele gritava.

–Não seja idiota- ela sussurrou.

Mas ele apenas negou com a cabeça.

–Você pode até me deixar, mas eu vou pular- ele disse enquanto adentrava mais a sacada.

–Não faça isso- ela pediu desesperada.

–Então fique comigo- ele disse sorrindo, mas não saiu da sacada.

–Eu não posso- ela sussurrou chorando.

–Você não está me dando escolha Renesmee- gritou com raiva.-Gostaria de ver você explicar para os meus pais, que eu pulei por sua culpa- disse enquanto se pendurava na balaústre.

–Eu não quero sofrer- ela disse.

–Não vou deixá-la sofrer querida- disse sorrindo.

A garota, ainda de olhos arregalados, chorou mais ainda.

Não queria esse peso em sua consciência. Não saberia explicar para Billy, e muito menos para Sarah que Jacob havia pulado, porque ela disse que iria embora. Como explicaria para o seu futuro irmão, que seu pai estava morto por sua culpa.

Sentiu o peito doer.

Ela não aguentava mais andar sozinha, levando todos esses pesos, e não aguentaria com mais outro.

–Jacob, não precisa ser assim- ela disse se aproximando, mas ele apenas gargalhou.

Ela estava tremendo. E por um breve momento, se perguntou se era isso mesmo queria para seu futuro. Já podia até imaginar o futuro ao lado dele. Era um futuro triste e turbulento.

–Você é tão ingênua- ele falou sorrindo- Acha mesmo que vou dar a chave para você ir embora da minha vida e nunca mais voltar? Posso até dar a chave, mas primeiro você irá me ver morto- falou sombrio.

–Você desse jeito só me mostra o porquê eu quero ir embora.- ela disse chorando, enquanto apontava em sua direção.

Essas palavras foram como um balde de água fria, isso fez o sorriso presunçoso do moreno morrer na hora.

–Eu só estava tentando descontrair- ele falou com um sorriso murcho- Eu não iria pular.

Ela colocou a mão no peito. E olhou para ele revoltada.

–Um homem da sua idade não descontrai Jacob- dessa vez ela gritou com raiva.

Ele apenas ergueu as mãos, mas, como estavam suadas, a chave escorregou, caindo pela sacada a fora.

–O. Que. Foi. Isso. que. Acabou. de. Cair. da. Sua. Mão?- perguntou pausadamente, estava se controlando ao máximo para não o jogar pelo mesmo lugar que a chave fora.

Ele olhava para baixo com os olhos arregalados, mas não ousou dizer nada.

–Seu idiota- gritava enquanto avançava para cima dele, que desviou rapidamente.

Esse simples movimento em falso que ela deu, a fez ficar pendurada no balaústre da sacada.

–Jacob- gritou desesperada.

Ele logo correu em sua direção esticando a mão.

–Não me deixe cair- ela gritou desesperada.

–Não vou deixar- falou pegando em sua mão- Se bem que… se eu puxá-la você irá me deixar.

Então ele soltou a mão, esse simples movimento a fez cair no chão, em um perfeito “Bum”.

–Me perdoe Nessie- gritou. Mas a mesma não escutou, pois já estava morta.

Bom… Ela não morreu, e nem caiu, mas fora o que Jacob pensou, pelo tamanho de sua raiva. E esse foi o primeiro pensamento diabólico que ele havia tido.

–Seu idiota, seu bêbado- gritou, mas não se mexeu, diferente da pequena “visão de Jacob”

–Qual parte do “você não vai me deixar” você não entendeu?- Perguntou rindo.

–E qual parte do “Eu cansei, não quero mais fazer parte da sua vida” você não entendeu?- Perguntou dura.

Jacob balançou a cabeça e suspirou firme.

–A chave que caiu foi a da minha moto- ele falou tirando a pequena chave do bolso. E logo se aproximou da porta, colocando a pequena chave no lugar.- Eu só precisava ouvir da sua boca, que você não me queria mais, mas precisou eu fazer toda essa encenação para arrancar essas palavras de você- ele falou derrotado.

A garota abriu a boca, mas nada saiu. Balançou a cabeça, ele só poderia estar louco, o tanto que ela havia dito, que não queria mais. Não, não era isso que ela queria para ela.

–Eu poderia acabar com tudo, daquela forma clichê, dizendo “O problema não é você, sou eu” mas o problema é você, que não aceita minhas decisões- falou pegando as malas.

Jacob abriu a porta para ela poder sair

–Não foi eu que acabei… Foi você- ele falou.

–Em nenhum momento eu falei que você havia acabado, mas tanto você como eu já sabíamos, sempre foi Isabella.

Ele tocou sua mão levemente, e ela logo entendeu o recado.

Ele aproximou os lábios, em um selinho singelo, um selinho de adeus.

–Foi bom enquanto durou Jacob, mas “nós” nunca iria para frente. Precisou ter toda essa discussão, para você poder enxergar o que estava bem na sua frente.

Ela andou uns passos, e logo deu meia volta.

–Já ia me esquecendo- disse enquanto levantava as mãos- eu acabei de perceber que não sou egoísta Jacob, não ao ponto de lhe roubar dessa criança.

–Nosso destino é ficar um com o outro- disse antes que ela se virasse novamente.

–Se for para ser, será Jacob, mas por enquanto que não é, eu vou seguindo a minha vida.

Ele apenas balançou a cabeça, ainda se recusava a creditar que amava mais Isabella que Renesmee.

Ele viu ela partindo, e não entendeu, os sentimentos que sentia pelas duas, parecia ser tão iguais, e ao mesmo tempo tão diferente.

Mas era tarde, não, ele era fraco, fraco para lutar pelo aquilo que queria.

E Jacob pôde, finalmente, experimentar o amargo gosto do “Adeus”

Mas ele não podia ficar mal, não com a ida dela, pois, mesmo ele falando, ele nunca deixaria Isabella. Apesar de amar a garota, não, com Isabella era diferente, era uma coisa sólida, e não uma coisa líquida, passageira, que a qualquer momento poderia escapar de suas mãos, como era com Nessie. Deveria ser por isso que ele não conseguia sair debaixo do cobertor de Isabella.

Como Isabella era mais fácil, pois ele já sabia o que esperar, mas com Renesmee, era tudo completamente novo. E isso, o assustava.

A casa estava escura, isso impossibilitava da garota ir embora sem que ninguém acordasse. Por causa da sua coordenação motora, que não era a das melhores no claro, e piorava no escuro.

Quando chegou na sala, com muito sufoco, pode suspirar firme.

Colocou as mãos no rosto, e chorou, sua dor ainda era grande, mas era preciso.

Olhou para trás, para ver se ele correria, para fazer ela mudar de ideia. Mas a única coisa que conseguiu ver foi o corredor escuro.

Balançou a cabeça, não, ele não lutaria até o último minuto.

Suspirou mais uma vez, e limpou as lágrimas. Já havia passado da hora de recomeçar.

Ela sorriu.

Ela havia conseguido, iria atrás de seu sonho. Por Sam.

Seth olhava a chuva caindo na rua, e logo se assustou quando a porta bateu.

–Seth- chamou a garota com um pequeno sorriso.

Mas o amigo não a olhou, estava com medo de se virar, e ver a garota que amava, ao lado do irmão.

–Seth- ela chamou mais uma vez, tocando de leve em suas costas nuas.

Ele tragou mais um pouco do cigarro, e logo o jogou na chuva.

–Você sabe que não gosto quando fuma- ela falou sentando ao seu lado, nos degraus da escada.

Ele apenas fingiu que não ouviu, e continuou olhando a rua.

–O que está acontecendo?- Ela sussurrou.

Ele continuou quieto, e logo tirou o maço de cigarro novamente, de dentro do bolso.

Ela sabia que ele só fumava quando estava nervoso.

Ele colocou o cigarro na boca, e ascendeu o isqueiro, mas uma lufada de ar apagou a chama.

Ele a olhou pela primeira vez, desde que ela havia chegado, e logo se virou mais uma vez, e tentou ascender de novo o cigarro.

Mas dessa vez ela não assoprou, apenas tirou o cigarro de sua boca.

Ele suspirou firme e fechou os olhos. Não podia se descontrolar, não com ela, nunca.

–Me devolve- ele sussurrou, mas ainda parecia muito ameaçador.

–Fala comigo- ela falou puxando seu rosto- Qual é o problema?

–Você, você é o meu problema, não consigo mais dormir, estou passando noites em claro por que fico acordado pensando em você, não deveria ser assim.

Ela arregalou os olhos, e sentiu as mãos suarem, talvez não estivesse preparada para ouvir isso de seu melhor amigo.

–Seth- ela falou desesperada, mas não sabia o que falar. Poderia dizer que estava pensando muito nele, nesses últimos dias, mas não podia estragar a amizade.

–Eu sei que nossa amizade está confusa, mas não é só comigo, sei que você também está confusa- ele falou pegando em seu rosto.

Sua respiração falhou, sabia que não era justo tentar aplacar sua dor em Seth. Não podia fazer isso com ele, não com ele, não com Seth.

–E..eu não po..posso- sussurrou, mas suas palavras não enganaram ninguém, muito menos ela.

Talvez ela merecesse ser feliz, talvez, mas, só talvez, essa felicidade significasse ficar longe de Jacob.

Mas ela só saberia se tentasse.

Ele continuou parado, olhando-a, podia sentir o hálito dela, mas não, ele não tomaria a iniciativa, não com ela nesse estado.

Mas tudo o que ela conseguia pensar, era em como os lábios dele, naquela noite, pareciam convidativos.

–Não é certo eu fazer isso com você- ele sussurrou, mas não se afastou.

–E se eu fizer? Ainda é errado?- ela também sussurrou, com um pequeno sorriso.

Ele gargalhou, mas dessa vez se afastou.

–Eu te amo demais, para estragar isso que temos- ele falou voltando a olhar a chuva.

Essas palavras fizeram ela sorrir, era um sorriso que só conseguia dar quando estava com Seth.

–Por que você tem que ser assim?- ela sussurrou se aconchegando em seus braços.

–Assim como?- Perguntou não entendendo.

–Tão irresistível- ela falou, sentindo o rosto vermelho.

Ele abriu um sorriso branco, e logo se virou para ela, aproximando seus rostos.

–Então eu sou irresistível?- Sussurrou roçando seus narizes.

–Muito- ela falou, já entregue, e logo fechou os olhos, esperando o beijo.

Ele sorriu mais ainda, quando a viu tão entregue para ele.

–Agora seria a hora de você me beijar- ela sussurrou, ainda com os olhos fechados.

Então ele se aproximou mais, lhe dando um selinho, e quando ia se afastar, a morena já havia segurado em sua nuca.

–Eu disse beijo- ela falou com um pequeno sorriso, beijando ele, pela segunda vez.

Quando finalmente se afastaram, a garota se levantou e apontou para as malas, perto da porta.

–Preciso ir para Nova York- ela falou com um pequeno sorriso- Será que seu apartamento está de pé? Não quero enfrentar o sofrimento lá em casa.

Ele, ainda com um sorriso no rosto, se levantou e pegou suas malas.

–Está esperando o que para fugirmos?- Ele perguntou brincalhão.

Ela gargalhou, se lembrando da pequena lembrança.

–Não podemos esquecer de comprar toddynho e miojo- ela falou, mostrando que não havia esquecido.

–E muito chocolate- completou ele. Ela acenou com os olhos brilhando. Os mesmos olhos da criança sapeca, que um dia fora.

Ele abriu mais ainda o sorriso, e pegou a chave dentro do bolso.

Pela primeira vez, em anos, sentiu suas costas leve, uma peso enorme havia saído. Ela agora se sentia viva, viva como nunca havia sentido.

–Vamos fugir- ele falou correndo pela chuva, com ela logo atrás dele. Agora iriam atrás de seus futuros.

Flash Back on

–Vamo fugi quando clecer?- Perguntou o garoto para a menina, que abriu um sorriso, mostrando as janelinhas.

–Vamo- a pequena falou rodando o vestido- pra bem, bem longe, conhecer o mundo inteirinho.

–E o que a gente vamo cume?- O menino ainda olhava a menia, esperando uma resposta.

A menina fechou os olhos claros, e logo abriu um grande sorriso.

–Toddynho e miojo- ela falou gargalhando, fazendo ele pular.

–E chocolate, um montão de chocolate- falou ele abrindo os braços.

–Seth e Nessie, venham almoçar- gritou Alice para as crianças, que ainda planejavam o futuro, um pouco longe, mas nem tanto.

The End