Percebo o olhar do James em mim, mas se ele pensa que teremos algo, ele está muito enganado. Eu sou muito para ele, acredite.

Capítulo 2 - Familia.

As meninas foram embora a alguns minutos, deixando a lista sem fazer e uma enorme bagunça no meu quarto. Eu vou até meu violão em cima do guarda-roupa, mas é claro que eu não consigo pegar e tomo um grande susto quando vejo alguém abrindo a porta do meu quarto.

–Oi filha. -Meu pai entra no mesmo e fecha a porta.
–Oi, pega meu violão? -Perguntei.
–Claro. -Ele somente ergueu a mão e o pegou.

Mas que coisa. Ele me entregou o grande violão preto e se sentou em minha cama.

–Vai compor? -Ele perguntou.
–Não, só tocar. -Ele sorri e pede que eu me sente na cama e eu sinto que ele quer falar algo, então me sento.
–Filha, você sabe que eles são a sua família agora não é?- Ele pergunta parecendo bem preocupado.

Eu ainda não havia pensando nisso. Realmente, meu pai não para em casa, eu não tenho mãe e minha irmã mora fora. Sou como a Dorcas, só tenho minhas amigas como família. Eu nunca tive esse sentimento antes. Segurança. Porque? Nunca tive alguém para se preocupar comigo e ninguém com quem pudesse dividir as minhas surpresas do dia a dia. A minha casa sempre foi muito vazia e eu sempre fui muito diferente, não tenho essa coisa de família. Nunca parei para pensar como seria minha vida com alguém nela e convivendo comigo todo dia.

–Eu sei. -Admiti.
–Trate eles bem filha. Tudo bem?
–Eu vou pai. -Ele sorri.
–Tudo bem, fique ai e toque -Eu sorrio- me desculpe pelas ferias, eu prometo recompensa-la com algum presente. Tudo bem?
–Tá pai. -Deixei aparecer um sorriso.
–Te amo. -Ele beija minha testa e se levanta, ele espera uma resposta minha, eu suspiro e ele vai até a porta saindo.
–Pai. -Grito e ele olha- Também te amo.

Ele sorri, fecha a porta do quarto e sai. Eu ajusto o violão no colo e começo a tocar Mulher do Projota. Essa música é tão minha e linda. Eu sei que é em uma língua diferente e tudo mais, mas quando eu vi a tradução, fiquei tão apaixonada por ela. Por mais que a letra não combine comigo, ou com o que eu passo, mas é tão linda que eu viajo quando a ouço ou toco ela.

–Ela nem ligo pro patrão, deixou o veio na mão e foi para a rua espairecer, buscar uma solução -comecei a cantar- pros problemas que ela tinha, deu um giro na cidade, quando resolveu me ver, bateu no meu portão. Com lágrimas no rosto quase que sinto o gosto quando lembro dela assim...

Vejo Marlene aparecendo na varanda. Bem, a varada do meu quarto é colada na dela, então eu sempre posso ir para lá e ela vim para cá. Ela ama me ver cantar. Ela pulou a varanda e logo já estava no meu quarto, sentada no chão viajando na música junto comigo. Eu a olho e sorrio.

– Me abraçou apertado num gesto desesperado, saudade mútua ela se entregou para mim. E disse -Marlene começou a cantar comigo- que não tá bem, fez meu olho brilhar dizendo que tá foda em casa, que os problemas tão demais, capaz de se jogar no mundão, se noção nenhuma do que pensa ou faz e eu disse então meu bem, cê sabe que eu sempre te quis, que bom que veio me procurar, se quiser desabafar, fica a vontade com toda a essa saudade, nem vou te deixar falar...
–MARLENE! -Ouvimos a mãe da minha amiga a chamar. Ela sorri, me da um beijo na bochecha e logo já está de volta em seu quarto e eu, continuo a tocar.

James P.O.V

Que ótimo, vou ter que dividir o meu quarto com o cachorro. Depois de tomar banho e trocar de roupa, eu me deito na cama e começo a ouvir o som de um violão sendo tocado e uma voz doce a ser cantada. Faço um gesto de ''tá ouvindo?'' para o Sirius e ele afirma com a cabeça. A música tocada, há, eu conheço muito bem. Mulher do Projota. Logo em seguida uma segunda voz, só que mais grossa começa a cantar e o som fica mais alto, é quando eu percebo que é a Lily e provavelmente a Marlene cantando e minha tese estava certa, logo ouvimos alguém gritando o nome da morena e a música para e logo em seguida continua com somente a voz doce cantando.
''Mulher cê o que eu vou te dizer, seus problemas a gente tem que resolver, mas deixa para amanhã, deixa para amanhã, que hoje eu vou te fazer, mulher, cê o que eu vou te dizer, seus problemas a gente tem que resolver, mas deixar pra amanhã, que hoje eu vou te fazer...''
Mas ai ela para de cantar e depois de alguns segundos ela recomeça, com uma nova música, que eu não conheço. Eu olho para o Sirius, mas ele já adormeceu.

Lily P.O.V

Parei de cantar ''mulher'' na metade e resolvi cantar Árvore Forca. Quem já leu A Esperança sabe do que eu estou falando. O que é? Lily é gostosa, mas também é cultura. É que eu consegui trazer um ritmo bem legal no violão para essa música.

–Você vem, você vem, para a árvore, onde eles enforcaram um homem que dizem matou três. Coisas estranhas aconteceram aqui, não mais estranho seria, se nos encontrássemos à meia-noite na árvore forca. Você vem, você vem, para a árvore, onde o homem morto clamou para que seu amor fugisse -Nessa parte eu sempre me arrepio- Coisas estranhas aconteceram aqui, não mais estranho seria, se nos encontrássemos à meia-noite na árvore forca. Você vem, você vem, para a árvore. - ouço uma batida na porta e grito, ''Entra'' e vejo o James entrando.
–Oi? -Perguntei.
–Oi, tava te ouvindo tocar, você é boa. -Sorri- Toca mais?
–Am, claro. -Fiquei meia desconfortável, por ter um desconhecido no meu quarto, mas agora eu convivo com ele, tenho que confiar. Recomeço o paragrafo da música.
–Você vem, você vem, para a árvore, onde eu mandei você fugir para nós dois ficarmos livres. Coisas estranhas aconteceram aqui, não mais estranho seria, se nos encontrássemos à meia-noite na árvore forca. Você vem, você vem para a árvore, usar um colar de corda, e ficar ao meu lado -essa parte é sinistra, eu me arrepiei e notei o James sorrindo, revirei os olhos -coisas estranhas aconteceram aqui, não mais estranho seria, se nos encontrássemos à meia-noite na árvore forca.

Terminei de tocar e ele aplaudiu, eu sorri.

–Essa música te dá arrepios não é? -Ele perguntou.
–É sim, mas ela é linda. -Fechei os olhos por um momento.
–De onde tirou ela? Ou você compôs? -Ele perguntou.
–A Esperança. O terceiro livro de Jogos Vorazes, quando a Katniss está nas...
–Não conta, não conta. -Ele grita e eu paro de falar- não tenho A Esperança ainda. -Eu sorri.
–Você ler Jogos Vorazes também? -Ele assenti- Que legal, eu tenho o terceiro, se quiser eu te empresto.
– É claro que quero. -Ele pareceu bem animado.

Eu sorrio e me levanto, abro a porta do meu guarda roupa e pego o box de THG e de lá tiro o terceiro livro da série.

–Cuidado ouviu? Se não eu corto essa parte de baixo sua antes de você descobrir para que ela serve. -O ameacei e me olhou surpreso.

O que foi James? Pensa que eu não conheço essa coisa que você tem entre as pernas? hahaha. Tadinho. Mas é claro que eu não falei isso para ele né? Por favor.

–Eu sei para que ele serve. -Ele sorri irônico.
–A é mesmo? -Ergo uma sobrancelha.
–É mesmo. -Ele tenta uma imitação da minha voz. Tenta, porque saiu uma bosta- É a chave para o paraíso. -Eu solto uma gargalhada.
–E eu tenho a entrada completa, sem a entrada a chave não tem tanta importância. -Eu sorrio quando vejo o sorriso dele se desmanchar, mas não demora muito e ele sorri marotamente de novo.
–Então, deixa eu destrancar seu paraíso? Eu faço maravilhas, acredite. -Eu arregalo os olhos.
–Meu paraíso já foi destrancado, James -foi a vez dele arregalar os olhos- agora saia daqui antes que eu te tome o livro, vai.

Eu o empurro para fora do quarto e ele gargalha. Eu fecho a porta e me jogo na cama. Ele logo abre a porta novamente.

–Boa noite ruivinha. -Ele provoca e manda beijo.
–Sai daqui James. -Eu grito e jogo uma almofada, mas ele fecha a porta antes que a mesma o acerte.

Eu sabia que ele ia fazer alguma gracinha. Mas se ele quer jogar, então vamos jogar.