“Viajarei sob o caos e destruição pela falsa esperança de salvar uma nação.
Era sobre um homem e seu amigo a enfrentar a tempestade de suas vidas, abandonados em alto mar. Sozinhos e com o barco ficando cada vez mais pesado pela água que adentrava, eles tentavam manter as esperanças de conseguir sair vivos para encontrar auxílio ao seu povo.” – Lord

Os sons abafados de tiros assombravam Maya, enquanto limpava alguns talheres que os outros haviam sujado durante o café da manhã. Não dormira corretamente na noite anterior, devido aos pesadelos de que se afogava em um mar, e não avistava nada ao redor, senão o mar, além de temer tubarões – no sonho. A cada minuto que se passava, recordava-se do sonho, temendo até tocar na água. Meme percebeu a conturbação de Maya, interrogando-lhe o porquê de tal. Maya apenas disse que não dormira corretamente na noite anterior, e Meme calou-se, prosseguindo em seu trabalho.

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Thaty estava em seu quarto. Deitada, encarava os olhos do lobo que estava esculpido ao lado da porta. Os olhos do lobo brilhavam como âmbar à luz do sol. Todavia, Thaty não se impressionava por seus olhos, mas pelo seu formato. Ela esculpido e pintado em uma cor cinza, e, apesar de não haver algum detalhe que revelasse o sexo do lobo – pretendido pelo artista que o fez –, Thaty tinha certeza que seria um macho. Ela admirava cães machos ou algum animal que fosse de tal parentela. Nunca pensou em lobos como animais tão belos, mas ao observar a estátua, ficou impressionada com sua beleza em forma, tamanho, cor ou até mesmo apenas os pêlos – apesar de a escultura ser totalmente feita de gesso, sem apresentar pêlo algum. Ela apenas levantou-se cautelosamente, encabulada pela maneira que os olhos do lobo moviam-se nos momentos em que ela andava de um lado para o outro. Imaginava ser um robô, ou até seu próprio guardião, já que provavelmente seria um lobo. Apesar de não aparentar, foi a única que acreditou inicialmente em Robert e Saori. Andou calmamente até a figura curiosa do lobo, acariciou a cabeça, e logo chacoalhou sua própria.

- Estou ficando louca agora? – questionou-se, saindo do quarto e indo até a sala de reuniões.

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Robert andava de um lado para o outro em seu quarto, e Saori o observava. Ele estava com uma expressão preocupada no rosto, e segurava uma pedra, parecida com uma Safira em suas mãos. Ele virou-se para Saori, e antes mesmo que ela pudesse dizer algo, exclamou, nervosamente:

- Eu tenho certeza que era ela! Era ela, eu não tenho dúvidas! – disse, voltando a andar em círculos pelo único espaço vago que havia em seu quarto.

- Em meu quarto eu ouvi um rugido, mas não encontrei nada... Acho que a lua cheia de amanhã é a prevista por Salazar... – disse Saori, levantando-se.

- Mas... Eu sabia que era ela, mesmo que fosse apenas uma visão ou algo do tipo... Era o leopardo fêmea... Mas não ouvi sua voz, apenas senti que era fêmea e que era o animal. – disse Robert, sentando-se sobre sua cama e encarando a imagem que ficava acima da cabeceira de sua cama.

- Coisas estranhas aconteceram ultimamente... Mas não se preocupe, amanhã já é lua cheia... – respondeu Saori – Salazar aparecerá amanhã... Eu espero. – dizendo isto, saiu do quarto, deixando Robert só, que se levantou e sentiu o vento acariciar seu rosto, quando foi para a janela.

- Saphyra... Espero te conhecer em breve! – disse, fechando os olhos e ouvindo o farfalhar das árvores.

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O dia passou-se rápido, a noite chegou, revelando a tempestade que viria em alguns instantes. Robert apenas encarou o céu, tentando visualizar a lua, mesmo que em vão. Fechou sua janela, deitando-se em sua cama. Estava com ansiedade, e o suor escorria em sua espinha. Ele não saberia qual realmente seria o momento em que Salazar surgiria, e tentava acalmar-se, sem sucesso.

As horas passavam-se, e Robert rolava de um lado para o outro da cama, sem conseguir dormir. Levantou-se, já que percebeu que, ao menos naquela noite, não conseguiria dormir, visto que o relógio marcava 04h37min, e logo teria de se levantar. Foi ao closet de seu quarto, e logo ligou o chuveiro. Apesar de todos os quartos possuírem banheiras, o de Robert não possuía, visto que preferia chuveiros às banheiras. Logo se desvestiu e foi para debaixo do chuveiro. A água saía morna, e logo o vapor formou-se. Robert refletia sobre alguns dos sonhos mais estranhos que já sonhou, mas o que mais o incomodava era o que tivera, em plena noite anterior, com um leopardo das neves, que aparentava ser fêmea. O banho, apesar de ter sido rápido, aparentou terem durado horas, devido à mente acelerada de Robert. Ele saiu do closet, lançando em sua cama novamente. Seus olhos estavam pesados, e apesar de adormecer por poucos minutos, logo se acordou, com o despertador a tocar. Ele ergueu seus olhos. O sol já pairava sobre o céu, apesar de acabar de nascer. Robert levantou-se, abriu a janela e fixou o céu com um olhar pensativo.

- Bom dia, Salazar, espero que tenha tido uma ótima viagem... – comentou, dando lugar para que um senhor, de cabelos esbranquiçados e cumpridos. Era baixo, apesar de aparentar ser mais alto do que deveria, em sua idade. O senhor entrou pela janela, sentou-se na cama de Robert e disse:

- Desculpe por não ter te deixado dormir esta noite, mas você não abria a janela... E estava frio lá fora! – resmungou, fazendo Robert revirar os olhos.

- Mudando de assunto... O nome dela é Saphyra mesmo? – perguntou-lhe Robert, encostando-se na parede que ficava ao lado da janela, que já havia sido fechada.

- Como saberei? Isto é entre você e a criatura, oras... Agora ouça: hoje, seja no horário que for, por mais importuno que, seja os espíritos dos animais se revelarão para vocês. Espero que não saia por aí dizendo isto, eles tem de ser pegos de surpresa... – disse Salazar – agora tenho de ir, não o verei por um bom tempo...

- E o que eu farei? – perguntou Robert, correndo até a janela, de onde Salazar havia pulado.

- Se vira nos 30, nunca assistiu Faustão? Sua fera lhe dirá... – disse, e à medida que as palavras eram ditas, a voz ficava mais distante, e Salazar desaparecia no ar, como que se tornasse vapor.

- Adeus, Salazar... – disse Robert, abrindo a porta do quarto e indo à sala de reuniões, que ficava próxima ao seu quarto, visto que era o primeiro do corredor que levava ao jardim.

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Maya já estava acordada, porém, não se levantara de sua cama. Encarava seriamente o aquário que ficava em seu quarto. Nesta noite, sonhara que se afogava em seu próprio aquário. Estava tendo sonhos estranhos, mas pelo que Saori a dissera no dia anterior, isso logo passaria.

~ POV Maya ~

Eu estava lá, inquieta na cozinha, e Saori veio me interrogar o porquê. Não agüentei e contei tudo, ela me disse que todos aparentemente estavam tendo sonhos estranhos... E que logo acabaria. Assim espero...

~ POV Maya ~

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Saori já estava na cozinha. Estava tomando um chá, e Meme a escutava falar sobre o que ocorrera na noite anterior – enquanto dormia. Saori estava apreensiva, e sentia como se estivesse com mais alguém por ali, mesmo que ninguém estivesse.

- Foi muito estranho... Ele disse que se chamava Shura... – explicou Saori, tomando mais um gole de chá.

- Então Salazar já passou por aqui... – continuou Meme.

Após alguns instantes, Robert abrira a porta, indo direto ao balão e enchendo um copo com café. Ele soprou o bafo e tomou um gole. Saori o encarou e logo Meme o interrogou:

- Salazar o visitou, Bob? – com uma expressão séria, levantou-se da cadeira que estava sentada e aproximou-se de Robert.

- Sim... Mas acho bom não contarem para os outros, foi o próprio Salazar que o disse... – respondeu Robert, tomando mais um gole do café.

- Ficarei calada. Mas Shura já veio até mim. – comentou Saori, e Robert a encarou surpreso.

- Shura? – perguntou.

- Sim. Meu leão... Chama-se Shura – respondeu Saori

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Thaty estava no campo, apesar de nenhum homem estar treinando. Não havia dormido naquela noite, e, apesar de ter passado a noite em claro, não estava com sono, pelo contrário, estava andando pelo campo, o circulando. Ela havia passado a noite em companhia especial: Salazar. Salazar havia passado a noite com ela, e seu gato a aquecera em alguns momentos que estava com frio. Salazar dissera para ela que, “apesar de se sentir sozinha, nunca estaria, tinha um lobo ao seu lado, acompanhando-a por aonde ia”.

Thaty andava de um lado para o outro, com uma expressão corajosa. Ela nunca se sentira tão bem na sua vida quanto se sentira na noite passada. Após alguns instantes, a porta se abriu, e Robert surgiu atrás dela. Robert aproximou-se, e Thaty apenas o observava. Ele, rapidamente, questionou:

- Gostou de Salazar?

- Sim... É gentil... – respondeu Thaty.

- Que bom... Agora entre, Thaty, precisa se alimentar. – explicou Robert, e ambos entraram na cozinha.