Faz duas semanas desde que caí... Ninguém veio me procurar, o que me conforta muito. O garoto que me achou se chama Stefan, ele mora com a mãe e um gatinho de olhos dourados chamado Orion. Sei disso porque depois que desmaiei na floresta, acordei na casa dele, deitada em uma cama muito confortável. Alguém havia colocado minha asa no lugar, enfaixando-a.

–Stefan? -Perguntei ao entrar na cozinha. Eu já sentia-me à vontade.

–Bom dia Ivy. -Ele disse, dando aquele sorriso torto que eu tanto amava.

Antes que perguntem... Meu nome é Ivy. Sou um anjo legítimo. Sobrenome? Não tenho. Não posso ter, uma vez que não sei o que sou. Anjos só podem ter dois sobrenomes: Bloon e Clound.

Clound são anjos de asas negras como a escuridão, pele escura e olhos castanhos. Os Bloom possuem pele branca, asas alvas como a neve, olhos azuis ou verdes. Eu não sou nem Bloom nem Clound... Minha mãe era Clound, e meu pai era Bloom. Eu sou uma mutação, uma mistura de raças completamente diferentes. Minhas asas são negras, minha pele é branca, meus olhos e meus cabelos são castanhos... Não sou igual a ninguém.

–Dormiu bem? -Stefan me perguntou, tirando-me do transe.

–Ah sim. -Eu disse, sem sorrir. Desde que chegará ali não havia conseguido sorrir. Dei as costas para ele e abri a geladeira.

–Ivy...?

–Sim?-Virei-me para olha-lo. Olhar para aqueles lindos olhos verdes sem ficar hipnotizada era quase impossível.

–Sua asa está melhor?

–Está ficando...

–Então vai poder voltar para casa logo né?

Eu digo? Digo que nunca poderei voltar para casa? Digo que não sei voar? Será que sou um problema para ele?

.... (Continua)