“Piper era fascinada pelo céu. Leo era insone. Uma chuva de meteoros cairia à noite. Os dois escaparam de fininho para o telhado da escola para poder assistir a ela.

Estava frio e garoando, mas Leo não parecia sentir frio. Emprestou sua blusa para Piper se proteger. Ela achou aquilo extremamente gentil, mas não o verbalizou. Apenas corou ao agradecer. Desde a primeira vez que o viu, se sentia estranhamente atraída pelo garoto. Foi inevitável não se apaixonar. Ele nunca percebeu aquilo.

Talvez fosse culpa de seu andar distraído e desajeitado, de seu péssimo/inexistente senso de moda ou de suas piadas irritantes. Talvez fosse culpa de seu olhar selvagem ou de sua hiperatividade. Talvez fosse culpa da forma como ele a enxergava e entendia. Talvez fossem seus cachos castanho-escuros e de seu sorriso, que faziam mil borboletas voarem no estômago de Piper. Talvez fosse porque ele foi a primeira pessoa a conversar por durante mais que dez minutos com ela e não descartá-la.

Talvez fosse aquele beijo desajeitado no canto de sua boca que a fez congelar e quase se quebrar em mil pedaços. Mas não importava se Piper se quebraria: ela sabia que Leo estaria ali para repará-la.”

“–Ok. Chave Philips?

–Confere. –Piper sorriu, observando seu iPod quebrado ser aberto e as mãos ágeis de Leo arrumarem algo que ela não identificou..

–O parafuso que eu tirei?

–Confere.

–Bateria?

–Tá na minha mão. –Ela disse, entregando-a ao garoto.

–Beijo de agradecimento? –Ele lhe lançou um sorriso travesso.

Piper riu, dando um beijo na bochecha esquerda de Leo, que soltou um muxoxo de decepção.

–Poderia ter sido mais pra direita... –O garoto apontou para sua boca, fazendo com que ela risse.”

“–Que música é essa? –Leo perguntou, roubando um dos fones do iPod de Piper.

–Christina Perri, The Lonely. –Ela respondeu.

–Não é muito sombria? Não acredito que arrumei aquela falha no seu iPod pra isso! –Exclamou o garoto.

–É linda. –Piper murmurou, ignorando o comentário de Leo.

–Eu também sou, então ME dê atenção. –Ele a cutucou no ombro até que ela desligasse o aparelho. Piper deitou a cabeça em seu ombro, surpreendendo-o.

–Está feliz agora?

Leo não respondeu.”

“–Ei, Pipes. –Leo chamou, sussurrando. Piper se virou para trás para poder ver o rosto de seu namorado.

–Que foi?

–Eu estava pensando... fogueiras são românticas. –Ele piscou, fazendo-a rir baixo.

–São mesmo. Ei, Leo, aonde você quer chegar?

–Sabe, eu tenho um ótimo combustível pra uma guardado no meu dormitório.

–Hoje à noite? –Ela sugeriu.

–Hoje à noite. –Leo concordou.

Quando chegou nos campos atrás da escola, Piper viu ao longe uma fogueira e correu até lá. E lá estava Leo, com três calças em suas mãos.

–São do Hedge. –Explicou, dando de ombros e jogando a primeira na fogueira. A garota não pôde deixar de dar risada da cena.

–Também quero uma! –Ela choramingou, agarrando uma calça bege de moletom e a jogando no fogo. –Ai, ai... me sinto vingada.

–Graças a quem? Ao gênio Valdez aqui, Rainha da Beleza! –Seus olhos faiscaram e ele sorriu de forma que parecia um garotinho bagunceiro.”

“Piper e Leo haviam acabado de sair de uma entediante aula de Educação Física com o Treinador Hedge. O homem de 1,30m de altura pegava mais no pé deles do que no dos outros. Leo suspeitava que ele os odiasse.

–O Hedge merece outra lição. –Concluiu, uma faísca passando por seus olhos enquanto olhava para o rosto de Piper.

–Eu acho que você devia reprogramar o megafone dele para dizer “a vaca faz mu”. –Ela sugeriu e os dois sorriram de forma travessa.

–Na voz do Darth Vader. –Leo complementou.

–Somos geniais.”