Se Eu Não Te Falar Agora... escrita por Quel Machado


Capítulo 17
Bento e Malu ficam juntos


Notas iniciais do capítulo

Pra lavar a alma de todas as Benlus flopadas por aquele final ridículo...



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Casa de Bento (noite)

A casa está vazia; Amora já tinha ido embora com as suas malas. A porta se abre e Bento entra seguido de Malu. O florista parece muito abatido.

Malu: Pronto, está entregue! Fica bem! Eu preciso ir…

Bento segura o braço de Malu.

Bento: Não vai, por favor! Fica comigo só mais um pouco…

Malu: Mas eu pensei que você já estivesse um pouco melhor. Você veio calado o caminho todo… acho que você está precisando mesmo é de um bom banho e uma boa cama!

Bento: É que eu vim tentando digerir tudo o que me aconteceu hoje. Via cenas passando na minha cabeça o tempo todo. Cenas da Amora mentindo pra mim, das brigas com o Wilson… Eu realmente não queria ficar sozinho agora.

Malu suspira e senta no sofá. Bento senta na mesinha de centro encarando o chão. Malu o olha penalizada, mas não tem coragem de dizer nada. Depois de alguns minutos de silêncio, ele começa.

Bento: Eu não sei se eu vou ter mais forças pra me levantar de mais essa rasteira que a vida me deu… Da primeira vez, que eu pensei que era teu irmão, eu fiquei pra morrer. Dilacerado por dentro. Agora eu descubro que a única pessoa que me despertou o mais profundo desprezo nessa vida, é o meu pai. Eu já não sei se tem algo de verdadeiro na minha vida mais.

Malu: Você, Bento, você é verdadeiro! E você é um homem bom, cheio de amor… Eu tenho certeza que você vai encontrar aí dentro a chave para enxergar o seu pai do jeito que tem que ser. Vocês vão se entender.

Bento volta a chorar.

Bento: Homem bom, Malu? Eu sou um idiota, isso sim! Vivi a minha vida inteira em pé-de-guerra com o meu pai biológico e caí feito um patinho nas mentiras da Amora. Estraguei a minha vida e as minhas relações com as pessoas que eu mais amava por causa dela. Eu preferi acreditar nela ao invés de confiar em você e na Giane, como eu fui cego! Eu jamais vou me perdoar…

Malu segura o rosto de Bento com as duas mãos e o olha profundamente nos olhos.

Malu: Ei, ei! Você vai se levantar, sim, e você vai ser muito feliz! Você vai superar isso tudo porque eu vou te ajudar. Eu vou estar sempre do seu lado, sempre!

Num impulso, Bento agarra Malu e a beija com paixão. No início ela corresponde, mas após alguns instantes ela começa a resistir e tenta se afastar.

Bento fala entre os beijos.

Bento: Não pensa, Malu… Só sente!

E ele a agarra novamente em mais um beijo apaixonado. Depois de alguns segundos ela consegue falar com dificuldade entre um carinho e outro.

Malu: Mas… Bento… não… Você é casado!

Ele finalmente se afasta e a olha ofegante. Ele levanta a mão esquerda para mostrar a ausência da aliança.

Bento: No meu coração, eu já sou um homem livre… O meu casamento acabou no dia daquela cerimônia patética. Eu fui teimoso e insisti por pena, preocupação, vontade de ajudar… Mas isso acabou. Acabou no instante que eu descobri o que a Amora foi capaz de fazer pra conseguir esse casamento.

Malu: Mas ela ainda é a sua mulher, Bento!

Bento: Mas a mulher que eu quero está aqui na minha frente! E eu te quero faz tanto tempo, Malu… Só que antes eu tive que sufocar isso tudo aqui dentro; empurrar tudo lá pro fundo dos meus sentimentos porque era proibido, porque era errado. Mas agora não é mais, Malu, nunca foi!

Ela fica sem palavras, sem saber o que responder. Vendo a confusão, mas também o desejo nos olhos da ex-irmã, ele se arrisca em mais um beijo, para ela sentir a verdade em tudo o que ele está falando. A resistência finalmente acaba, e Malu se entregar aos beijos e aos carinhos do florista.

O clima esquenta e a paixão explode. Os dois vão caminhando e tropeçando aos beijos, abraços e agarramentos em direção à cama. Malu senta na beira da cama e olha para Bento ainda em pé. Ele se ajoelha em sua frente e desce lentamente o zíper do vestido preto nas costas. Ele puxa uma das alças do vestido para baixo e beija suavemente o ombro exposto. Ela sorri enquanto brinca com os cachos de cabelo dele que se derramam pelo pescoço do rapaz. Quando a parte de cima do vestido finalmente cai à altura da sua cintura, ela o a ajuda a tirar a camisa. Depois de mais um beijo intenso, Malu se move na cama em direção à cabeceira, jamais tirando os olhos do homem que a admirava intensamente. Ela se deita e espera Bento cobrir o seu corpo com o dele…

***

Casa de Bento (cedo de manhã)

Malu se veste em silêncio, prestando atenção em Bento, para não acordá-lo. Sente falta de uma das suas botas e não consegue encontrar em lugar nenhum. Ela finalmente se abaixa e enxerga o pé da bota embaixo da cama próximo ao lugar onde ele está deitado. Ela vai nas pontas dos pés até a cama e vê aflita o florista se virando da posição que estava para encará-la com o rosto pra cima. Mas ele não acorda, os olhos continuam fechados. Ela suspira e fica de quatro pra tentar alcançar o famigerado pé da bota que insistiu em se enfiar bem longe das suas outras peças de roupa. Com um certo esforço, ela consegue alcançar o sapato e solta uma risadinha de satisfação. Ela retorna à sua posição normal, triunfante com o pé da bota na mão, quando é puxada e se estatela novamente no colchão sendo instanteneamente envolvida pelo corpo de Bento em formato de conchinha.

Bento: Huuuuummm, onde você pensa que vai? Hoje eu não largo você de jeito nenhum…

Malu: Er… Bento, eu preciso ir! Eu tenho reunião com o meu orientador da pós…

Bento levanta a cabeça para olhar o relógio na cabeceira e volta à mesma posição de antes.

Bento: Mas tão cedo?! Olha que eu sou florista e acordo cedo… não dá pra ficar nem mais um pouquinho comigo?

Malu: Não dá, Bento… Sabe como são esses professores universitários, né?! Ainda mais da área de humanas. Ninguém bate muito bem. Eu realmente preciso ir. - ela diz se libertando dos braços do florista e sentando na cama pra colocar a bota.

Bento: Tá certo! Se você precisa ir, pode ir… Mas você volta, não é?! Você nem foi e eu já estou morrendo de saudades! - diz ele se aproximando de Malu e abrindo aquele sorriso lindo.

Malu parece desconfortável.

Malu: É… hum… não sei, Bento. Meu dia está muito cheio hoje, não sei se vai dar. Eu realmente não esperava dormir fora de casa hoje…

Ele percebe uma certa hesitação na moça e segura uma das suas mãos e a beija docemente.

Bento: Pelo menos almoça comigo? Eu estou te devendo uma refeição preparada em casa desde aquele dia em que a Amora foi atropelada… Se é que foi atropelada, né, eu nem sei mais!

Malu suspira e se levanta da cama resignada.

Malu: Tá bom, eu volto mais tarde pra gente almoçar. Mas agora eu realmente preciso ir, tchau! - ela sai sem se despedir direito.

Bento: Tchau… - ele a olha indo embora, extremamente confuso.

Malu sai da casa de Bento rapidamente e tentando ser o mais discreta possível. Ela corre em direção ao seu carro e tenta desesperadamente encontrar as chaves no meio da bagunça da sua bolsa.

Fabinho: Madrugando na Casa Verde, irmãzinha?!

Malu se assusta e dá um pulo. Ela se vira para ver o irmão a olhando com um sorrisinho cafajeste.

Malu: Fabinho! Você quase me mata de susto! - diz ela colocando a mão no coração.

Fabinho: Susto? Susto, Malu? Susto tomei eu, quando eu vi a minha irmã saindo de manhã cedinho da casa do Zé Florzinha com as roupas todas amassadas e com cara de quem fez coisa errada. Você passou a noite com o Bento, Malu?!

Malu: Shiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiuuuuuuuuu! - ela olha para os lados - Você quer que a vizinhança toda saiba? Já me basta o escândalo da vez que eu fiquei com o Érico.

Fabinho balança a cabeça em reprovação.

Fabinho: Que decepção! Malu Tereza de Calcutá dormindo com um homem casado…

Malu: Tá pensando que engana quem, Fabinho? Eu sei que você não se preocupa tanto assim com essas convenções sociais. Nunca vou esquecer o que você fez com a minha mãe pra ela confessar que armou pra separar os seus pais. E pra sua informação, o Bento se separou ontem da Amora.

Fabinho: Não me preocupo com essas coisas, mas eu me preocupo com você, sua cabeça dura! Eu já não te falei que o Bento sempre vai estar ligado à Amora e que ela nunca vai largar do pé dele? Tá pedindo pra levar outra rasteira da cocotinha, Malu?

Malu: Eu não tenho medo da Amora, não, Fabinho…

Fabinho: Pois devia ter. Eu sei, eu senti na pele! - ele diz esfregando os dedos na parte de trás da sua mão.

Malu: Eu sei, eu sei! Foi um erro, eu sei! Se arrependimento matasse, eu já estava morta e estirada aqui nesse chão. Por isso que eu quis sair de lá o mais rápido possível. - ela fala aflita.

Fabinho: Calma, Malu, calma! Vem comigo, a gente toma um café e conversa. Mas tira esse carro daqui antes que o povo veja e comece a fofocar...


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