My Doctor escrita por Sofia Travassos


Capítulo 1
Sonhando e se irritando


Notas iniciais do capítulo

Ahhh, foi mal, não consigo parar de pensar em fazer uma nova fic, só que de Doctor Who, e tomara que essa fique, pelo menos, boa... Tá.Tomara que gostem.Now, allons-y!



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Aconteceu quando eu tinha treze anos, no ano de 2011. Eu me balançava sozinha no parquinho. Estava deserto. Eu ia sozinha naquele parque desde muito tempo atrás. Pais no trabalho, irmão no colégio, gato dormindo... Era geralmente assim que eu passava as minhas tardes de quinta-feira. As quintas-feiras sem graça em Hove, no sul da Inglaterra. Um bom lugar para viver.

Então, um homem estranho, vestindo um terno azul e um cabelo engraçado sentou no balanço ao meu lado. Ele parecia triste.

–O que houve, senhor? – perguntei num tom inocente. Eu sabia que não deveria falar com estranhos, mas parecia que eu precisava falar com esse.

Ele olhou para mim e deu um sorrisinho.

–Não é nada – ele disse, olhando-me de um jeito que doía até em mim.

–Você parece triste – insisti.

–É porque eu realmente estou – ele respondeu simplesmente – Mas não é nada com que precise se preocupar – e voltou a encarar o chão.

–Você não devia estar... - falei chutando uma pedra no chão - A tristeza não deveria atingir uma pessoa.

Ele riu baixinho pelo nariz.

–Você pode estar certa...

–E também, qualquer que seja o motivo para você estar triste - continuei - você pode olhar para o seu lado bom, porque tudo tem um, mesmo que tenha sido um desastre.

–Palavras sábias, as suas... - ele disse, balançando a cabeça.

–Shakespeare disse alguma coisa parecida em uma de suas peças...

–Shakespeare... - ele murmurou - Um bom homem...

O silêncio predominou por alguns segundos.

–Qual é o seu nome? – perguntei. Eu sentia que precisava animá-lo.

Ele virou a cabeça para mim novamente. Ele hesitou, e, por fim, disse:

–John Smith. E você?

–Johanna. Johanna Cooper.

–Foi um prazer conhecê-la, Johanna Cooper, mas eu preciso ir – ele disse, sorrindo e se levantou. Antes de ir, olhou para mim, ainda sorrindo – E obrigado.

–Pelo quê?

Ele sorriu mais abertamente e ignorou a minha pergunta. Achei meio rude por um segundo, mas compreendi logo depois que John Smith tinha me agradecido por animá-lo. Ele era diferente. Tinha olhos velhos, pelo que eu observei. Não velhos no sentido de idosos, mas realmente velhos, como se tivessem visto e passado por muita coisa.

Ele andou até o fim da rua e olhou para uma cabine azul, parecida com as de telefone, porém maior, e possuía uma placa acima da porta, com os dizeres: “CABINE POLICIAL”. Estranho, nunca tinha visto uma daquelas... Ele estendeu a mão e tocou a parede de madeira com uma cara ainda triste.

Então, o estranho aconteceu. Ele entrou na cabine como se vivesse lá dentro e permaneceu lá por alguns minutos. Até que uma ventania começou e escutei um barulho esquisito. A areia do parquinho começou a voar, atingindo meus olhos. Cobri o rosto com as mãos. Assim que o barulho parou, descobri os olhos e olhei em direção a cabine. Ou onde ela ficava. Não tinha mais cabine, ela tinha sumido. Assim como o homem estranho.

________

Acordo em um pulo. Foi só um sonho. Não, aconteceu de verdade, eu estava apenas lembrando do dia mais esquisito da minha vida.

Olho para a janela. Está de manhã, consigo escutar o barulho de uma rua num típico sábado de manhã.

Levanto o corpo, sentando. Olho no relógio enquanto bocejo. Nove horas. Argh, daqui à uma hora, tenho que levar Brian na casa do amigo dele, em Brighton... Ele tem quinze anos agora, poderia muito bem ir sozinho... Mas ele não dirige ainda, e é por isso que eu tenho que levá-lo. Palhaçada.

Levanto da cama preguiçosamente e vou ver meu estado na frente do espelho. Cabelos negros longos parecendo um ninho de ratos; olhos verdes preguiçosos... É, o normal.

Abro a porta do quarto e caminho através do corredor até o banheiro. Porta fechada. Escuto a voz cantarolante de Brian e reviro os olhos. Tenho vinte anos, moro com meus pais e tenho que aguentar um irmão irritante dezoito horas por dia, sete dias por semana. E meus pais reclamam que eu bufo à toa...

Bato na porta.

–Siiim? – escuto a vozinha de dentro do banheiro.

–Anda logo! – grito para sobrepor o som do chuveiro.

–O quê?! – ele grita.

–Anda logo! – grito mais alto.

–O QUÊ?!

Bato forte na porta cinco vezes. Viro e desço as escadas, para a sala de estar. Encontro minha mãe no mesmo estado que eu, olhando para cima, impaciente. Ela abaixa a cabeça na minha direção e eu ergo um dedo, apontando para o segundo andar. Ela acena a cabeça e eu arqueio as sobrancelhas, mentalmente dizendo: Eu sei. Ela sorri gentilmente e abre os braços. Eu ando até ela e a abraço.

Merlin, meu cachorro ridiculamente adorável, dá um latido fraquinho e o pego no colo, enchendo-o de beijos atrás da orelha. Seguro-o em frente ao meu rosto, encarando aqueles brilhantes olhos castanhos e ele lambe meu nariz, fazendo-me rir. Eu escolhi o nome, e coloquei Merlin porque sempre gostei da história da magia. E quem melhor para representá-la do que o maior mago de todos os tempos? E também porque não sou muito criativa. Merlin é um Westie de três anos. Uma bolinha de neve com pelos arrepiados, que ganhei por terminar a escola com êxito.

Vou até a cozinha e encontro meu pai fazendo o café. Ele é o melhor policial cozinheiro que eu já conheci. Aproximo-me dele e lhe dou um beijo na bochecha, colocando o braço sobre seus ombros e apoiando o queixo em um deles, espiando o trabalho caprichado que papai faz. Então, fico surpresa. Ovos com bacon. Clássico americano.

–Pai, você sabe que estamos na Inglaterra, certo? – pergunto com uma sobrancelha levantada.

Ele ri.

–Sim, Jo, eu sei.

Eu rio e me afasto, pronta para chutar aquela porta e expulsar o pentelho que chamo de irmão que continua lá dentro. Subo as escadas e paro no fim. Tive uma ideia melhor.

Caminho lentamente até a porta do banheiro e bati de leve.

–Brian? – perguntei num tom suave.

Ele desliga o chuveiro.

–O que é? – escuto sua voz abafada pela porta, mas noto um tom desconfiado.

–Eer, tem uma garota na porta – eu digo, pensando bastante – Ela diz que quer te ver.

–Quem é? – noto um quê de desespero em sua voz.

E agora?, penso.

–Ahn... Ah, uma garota bem bonita chamada... – hesito, então um nome vem à minha mente, não sei de onde – Claire.

Ouço Brian arquejar lá dentro e me posiciono no lado esquerdo da porta. De repente, a porta destranca e se abre, revelando um adolescente branquelo com uma toalha branca envolvida na cintura. Ele não me vê, e anda vagarosamente em direção à escada, nervoso com alguma garota, que por sorte existe, chamada Claire.

Agarro-o pelo pescoço e o “guio” até o seu quarto. Ele se desvencilha e olha para mim, incrédulo:

–Por. Quê?!

–Porque você merece – e aperto uma de suas bochechas.

“Mãe!”, chamo, “Vou tomar banho!”, e saltito até o banheiro, o que é estranho, porque nunca faço isso.


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Notas finais do capítulo

Entããããããããããão? Devo continuar? Façam as contas: 2011, 13 anos. ????, 20 anos. (A história acontece em 2017, BTW)



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