Lado Negro escrita por Srta Cipriano


Capítulo 19
Bruxas




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Jennifer Campbell

Assim que terminei meu café da manhã – panquecas com calda de morango, meu favorito – ouvi uma buzina vinda do lado de fora. Sabia exatamente de quem se tratava, e sorri com isso. Limpei minha boca com um guardanapo e me levantei. Minha mãe, que estava a minha frente na mesa da cozinha tomando seu café, me olhou com as sobrancelhas erguidas. 

 – Quando vai me falar quem é o garoto? – dona Laura mais parecia estar dando uma ordem do que perguntando, ainda mais com aqueles olhos escuros e frios.

 – Não é nada oficial, então não importa – dei de ombros pegando minha mochila que estava em cima de uma das cadeiras. – Não posso me atrasar, então tchau.

 Eu já ia me virando, torcendo para que ela não viesse com um daqueles longos discursos sobre ter cuidado com os garotos, que eles só querem nos usar e depois jogar fora e blábláblá. Mas por incrível que pareça, ela apenas suspirou pesado e ficou em silêncio, mas eu podia sentir seus olhos sobre mim. Não me virei, segui para a rua onde lá estava Jason com sua Ferrari parada no meio-fio.

 Eu entrei me sentando no banco da frente, ele me deu um selinho e arrancou. Seguindo em direção ao colégio. Eu olhava as ruas e o movimento a nossa volta, as pessoas se transformavam em borrões por culpa da velocidade em que ele ia.

 – Você está bem? – perguntou sem tirar os olhos da estrada. – É que está sempre animada e hoje está tão quieta...

 – Agradeço a preocupação, mas estou ótima – sorri me virando no banco em sua direção. – Já perdoou Nathan por sabe-se lá o que?

 – Quem disse que estou bravo com ele? – vi que ele franziu a testa.

 – Percebi aquela vez que fui lá, vocês mal se falaram – disse relembrando. - Sou boa observadora.

 – Cada vez descubro mais sobre você – ele sorriu de canto. – Mas eu não estou bravo com ele, é só que quando ele faz besteira eu dou um tratamento do silêncio...

 – Jura? – eu ri, era estranho imaginar o Nate fazendo besteiras e Jason o reprimindo. – Você é a mamãe e ele o filho? – ergui uma sobrancelha.

 – Prefiro pensar em irmão mais velho e irmão mais novo – ele riu pelo canto da boca.  – Daqui a pouco ele vai enlouquecer comigo e se colocar nos eixos... Eu espero pelo menos.

 – E o que ele fez, posso saber?

 – Acho melhor não linda – ele se remexeu no assento. – E você e a Ally, são amigas a bastante tempo, né?

 – Sim – eu sorri ao lembrar-me daquela loirinha insuportável. – Mas ela é a mais madura, geralmente sou eu que me meto em encrencas...

 – Tem certeza disso? – ele murmurou, parecia estar insinuando algo, mas preferi deixar quieto, apenas me virei para frente.

 E o silêncio predominou novamente dentro daquele veículo. Eu tinha algumas preocupações em mente, quero dizer, eu estava confusa com algo que vem acontecendo, que é muito, mas muito estranho...

 – Jason, você acredita em coisas sobrenaturais? – perguntei automaticamente enquanto ele encaixava o carro em uma vaga do estacionamento do colégio.

 – Coisas sobrenaturais? – ele me olhou. – Tipo o que?

 – Sei lá, bruxas, demônios, vampiros... Essas coisas. – Expliquei esperando que ele não me achasse uma maluca.

 – Vampiros? Você não está assistindo muita tevê, não? – ele riu como se fosse uma piada, ótimo era o que eu menos queria. – Mas quem sabe demônios... Todos nós temos um dentro da gente. – Ele falou aquilo sério, quase pensei não estar debochando, mas logo riu novamente.

 – Idiota! – eu ri junto com ele. – Esquece o que eu perguntei – assim que eu vi Ally atravessando o estacionamento dei um selinho em Jason. – Tenho que ir.

 – Pego você na saída gata – ele piscou para mim enquanto eu saía e fechava a porta, logo corri até minha melhor amiga.

 Ela estava com uma cara nada boa, mas quando me viu sorriu e me abraçou, parecia contente em me ver. Aliás, quem não fica contente em ver Jennifer Campbell? Estou brincando, não sou tão modesta assim. Quando olhei para trás, vi o carro de Ally saindo do local, ele tinha ganhado vida? Pare de pensar besteiras garota! Alguém o estava dirigindo, óbvio.

 – Porque seu carro foi embora? – indaguei com uma sobrancelha erguida.

 – Ele é mágico – falou em tom de mistério e logo riu, hoje todo mundo parecia estar rindo por qualquer coisa. – Peter me trouxe, ele queria o meu carro emprestado. – Deu de ombros, mas por algum motivo ela parecia estar escondendo algo, porém resolvi não perguntar nada.

 – E como está você e o Nathan, em? – perguntei sorrindo.

 – Não tem eu e o Nathan – ela tentou disfarçar mas vi um sorrisinho se formando em seus lábios. Hmmm. Tem coisa aí. Dei uma cotovelada fraca de lado nela, desse assunto ela não me escapava e felizmente ela sabia bem disso. – Ok, vou te contar uma coisa, mas não surte! – insistiu e eu assenti. – Nos beijamos ontem.

 Arregalei os olhos e minha boca formou um “o” enquanto eu sorria maliciosamente, sim, tudo ao mesmo tempo. Infelizmente a porra do sinal bateu e não tive tempo de lhe perguntar nada. A espertinha se despediu rapidamente de mim e foi para sua aula do primeiro tempo. Eu devia ir para a minga também, mas tinha outra coisa para fazer, e ao invés de seguir reto no corredor dobrei a esquerda, vendo logo à frente as portas duplas de vidro que levavam a biblioteca mais antiga da cidade inteira e que estava nos domínios da Emerald College. Adentrei no local, a bibliotecária como sempre não se encontrava aqui nesse horário, devia estar na cantina tomando chá e comendo biscoitos. Eu acho que a Sra. Moore era a mulher mais velha que eu conhecia.

 Eu segui para o corredor de histórias antigas... Letra B... Francamente, eles não organizavam isso aqui não? Ou será que era comum bibliotecas terem livros de letra Z entre os B? Eu não faço ideia, não costumo frequentar esses lugares. Fui lendo os títulos, mas por enquanto nada do que eu procurava... Bufei e escorei as costas nas prateleiras. São muitas palavras juntas para uma pessoa só. Mas eu precisava entender o que estava acontecendo, na internet não tinha o que eu procurava (o que é um milagre, porque no Google a gente encontra respostas para tudo). Fechei meus olhos tentando pensar, quem sabe estivesse na letra F, ou W, ou V, ou então na prateleira de culinária. Eu não acharia o que eu procuro nunca dessa maneira.

Do nada um livro da prateleira a minha frente caiu no chão a minha frente, Me assustei com o barulho, mas me agachei e o peguei. Estranho. Era justo o que eu procurava.

Bruxas

Uma nova era

 Talvez fosse coincidência... Mas não sou do tipo de pessoa que acredita em coincidências. O objeto era de capa de couro marrom, tamanho médio, tinha as letras falhadas em dourado, mas nada complicado de não entender. Eu o abri no Sumário, as páginas eram marcadas pelo tempo, amareladas e com algumas manchas marrons. Olhei os títulos de cada capítulo, até achar um: Jovens bruxas. Segui para a página que dava quase na metade do livro grosso.

 Mas antes de começar a ler uma imagem no lado direito que ocupava a folha toda me chamou a atenção, era preta e branca onde continha uma mulher de em pé em um jardim, ela usava um vestido vitoriano, com aqueles corpetes que te deixam magríssima e com peitões, ou será que ela tinha tudo aquilo mesmo? Balancei a cabeça. Por isso que eu não vou a museus. A mulher tinha longos cabelos trançados para um lado. Acho que eram castanhos. Ela não me era estranha, me lembrava de alguém, isso com certeza... Só não me recordava agora. Em fim, resolvi ler logo, mas quando olhei para as letras do texto, estavam tudo em outra língua... Em latim. Droga, eu devia ter feito aquele curso de verão que minha mãe me arranjou.

 – Com licença – ouvi uma voz feminina e me assustei novamente. – Você não deveria estar na aula? 


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Notas finais do capítulo

Desculpem-me pela demora em postar, estive meio sem tempo... Beijos!



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