As Estrelas Da Esperança escrita por Vaskevicius


Capítulo 44
Capitulo 44 - Incompleta Sinfonia da Alma




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Com a manhã, a posterior música que ainda ecoava no fundo da mente de cada um dos sobreviventes e em cada sombra que ainda restara em um contorcionismo obscuro pela falida tentativa de sobrevivência, se esvaia aos poucos lentamente, Athena sabia a origem dessa canção sinistra assim como sabia que o final dela seria apenas o real começo de tudo.

Conforme o astro Rei se erguia no céu, naquele dia ameno, os insetos e animais ao redor pareciam se retirar em silêncio como se prestassem uma homenagem às almas daqueles que ali lutaram e haviam perdido suas vidas, os sons das rochas sendo movidas dos lugares, dos escombros sendo retirados, do reparo aos templos e outras regiões danificadas do Santuário de Athena eram praticamente as únicas coisas a serem ouvidas.

Uma mulher, jovem, de cabelos vermelhos soltos, andava por toda a área do Santuário onde haviam cavaleiros, passava e entrava nos pequenos grupos de diálogos e gentilmente conversava com cada um deles, Athena havia pedido uma reunião no Coliseu, lugar onde poderia comportar a todos e que poderia ser vista e ouvida com a devida atenção.

Até que todos fossem informados, deixassem seus postos de trabalho e se reunissem no Coliseu, demorou cerca de duas horas, agora alguns cavaleiros conversavam entre si, se perguntavam sobre o que aconteceria agora, poucos eram os que estavam a par de todos os recentes acontecimentos. Poucos minutos após a chegada dos últimos cavaleiros ao alto, onde havia uma espécie de cabine com uma varanda, de onde todos tinham perfeita visão, era possível ver alguns cavaleiros de Ouro se acomodando próximos à beirada e aos poucos o silencio foi tomando conta do ambiente, havia um pouco de tensão no ar, quando os vagarosos passos do receptáculo de Athena chega, ela se aproximava com uma face indecifrável, um pouco séria, mas muito serena e reconfortante apesar de aparentar aos olhos mais atentos, certa preocupação, ela então com seu fiel báculo à mão o bate duas vezes no chão, com a mão esquerda, que estava livre, se apoia na beirada do pequeno camarote de pedra no coliseu, observa rapidamente seus cavaleiros, uma última deglutição antes de iniciar seu pequeno discurso.

— Olá Cavaleiros! – Nesse momento, absolutamente todos os presentes se ajoelharam curvando-se diante de sua deusa. – Nesse momento creio que já seja do conhecimento de todo que estamos novamente em tempos de guerra, Hades há algum tempo retornara em seu puro receptáculo mas devido à algumas circunstâncias, ele não possuía o real poder de um Deus. – Stephanie abaixara os olhos – Seu poder provavelmente era próximo de ser nulo até há poucos momentos atrás, então o Santuário não foi capaz de localizá-lo e evitar essa guerra.... Eu não fui capaz... – As últimas palavras saíram mais baixas e abafadas, Elys, agora trajando sua armadura dourada, se aproxima e toca o ombro de Stephanie que a olha com certa ternura mas logo retoma a feição séria e se volta novamente ao aglomerado de cavaleiros. – Sei que algumas situações devem ser explicadas, e por isso vim pessoalmente, para poder trazer a informação que temos e compartilhar com vocês meus cavaleiros.

Castelo de Heinstein - Alemanha

Com a chegada da manhã, a luz do sol bate nas rochas escuras das paredes do castelo, adentram as janelas através dos vitrais compridos e coloridos, aparentemente a única parte que realmente mostravam cores naquele lugar. Nas proximidades não havia nem sinal de vida de nenhuma espécie exceto alguns vegetais, algumas árvores que conseguiam manter um pouco de vida, arbustos cheio de espinhos se esforçavam para manter o pouco verde de suas folhas, a terra quase infértil começava a se rachar como em um deserto, nem com muita atenção era possível ouvir algum som de animal ou outra criatura vivente ao longe, apenas uma medonha floresta circundava as dependências do castelo negro, mas uma energia nefasta emanava dela, como se mesmo com a aparência ainda verde da vegetação, a vida não estivesse ali presente, mas sim o completo oposto.

No subsolo do lugar, no grande salão onde a sinfonia havia sido tocada, agora havia o silencia, que não duraria por muito tempo mais.

Esplêndido! – Exclamou o garoto se levantando e ficando ao lado do piano. – Essa pequena demonstração não foi exatamente como planejei, mas é o suficiente, por agora.

Pequenas gotas puras e límpidas como cristais tocavam o chão e a madeira negra que cobria o grande e majestoso instrumento incessantemente, naquele instante Pandora se levanta e começa a se afastar de sua Harpa movendo-se mais próxima à sua irmã, o garoto apenas a observava calado, agora com uma feição completamente diferente da de alegria que ele estava, Requim mostrava um rosto surpreso, olhos arregalados e manchados pelas lágrimas que escorriam por suas pálidas bochechas, a maquiagem preta de seus olhos se esvaiam um pouco mais a cata gota que escorria, mesmo querendo parar, enxugando as lágrimas em sua própria roupa com um leve desespero, seu corpo chorava sozinho. Hades habitado no inocente se aproxima com tamanha mansidão sacando um lenço de seu bolso, segura o rosto de Requim com a mão esquerda, imediatamente o choro cessa, com o lenço branco na outra mão ele seca suavemente as lágrimas e seu rosto vai aos poucos sendo limpo e voltando ao tom de sua pele e o batom em contraste, apenas.

— Essa é a purificação, minha irmã querida. – Falava Hades enquanto parecia focado em auxiliar sua irmã mais velha. – Todo aquele sofrimento, ódio, guerra, doença e todos os horrores que acabastes de presenciar, fora tudo purificado pelas mãos do ceifador, mas não se preocupe, agora todos estes seres, antes repugnantes, passarão a eternidade em mim! – Um largo sorriso abriu-se em seu rosto em sua última frase. – Eu os tornei perfeitos em todos os aspectos, eles são claramente puros agora, num mundo de paz e tranquilidade, um lugar admirável e receptível, mesmo para estas... coisas que são os humanos, que insistem em destruir tudo o que toca, agora eu tocarei e eles perecerão diante da perfeição! – Com os braços abertos e um sorriso beirando a insanidade, Hades começa a sentir um pouco de sua humanidade, uma terrível tontura o acometera o forçando levar as mãos à cabeça, Pandora rapidamente se prontifica a ajudá-lo, mas o tempo foi suficiente apenas para ela conseguir segurar em seus braços o corpo inconsciente de seu irmão, ajoelhada com ele nos braços e corpo recostado sobre suas pernas, Pandora fica assustada.

— Ele... Ele ainda não estava pronto para tal magnificência, e olha para cima procurando sua irmã, que logo aparece em seu campo de visão.

— O que houve com ele?! O que aconteceu?

— Nosso irmão possui um corpo e alma igualmente puros, mas seu corpo ainda não suporta o poder de sua alma milagrosa.

Requim se abaixa ficando lado a lado de sua irmã, a semelhança era surreal, mesmo tendo vidas completamente diferentes e permanecerem distantes por tanto tempo ainda assim olhar para ambas, uma ao lado da outra, era como contemplar uma deusa diante de um espelho mágico.

Santuário - Grécia

Todos ouviam atentamente cada palavra proferida pela Deusa defensora da Paz e da justiça na Terra, assim como todos seus seres viventes, mesmo que não saibam de sua existência, seu amor para com a humanidade é incondicional e infinito. Os cavaleiros já estavam de pé, cabeças erguidas e olhos fixos, todos por uma única causa ali.

Muitas vidas foram perdidas neste primeiro ataque, e isso só prova o quão despreparado estávamos, acima de tudo, eu estava mais despreparada que qualquer um de vocês. – Falava imponente frente à todos seus guerreiros. – Eu nunca poderia pedir nada de vocês, eu os amo, cada um de vocês tem um lugar em meu coração, e quando os perco, é como se uma parte de mim fosse perdida também, não peço que morram por mim, sou incapaz de se quer pensar em alto tão horrendo como isso. – Uma breve pausa surge, sua respiração se estabiliza. - Jamais pedi que lutassem por mim, mas preciso que lutem comigo, como um grande e único poderoso organismo vivo de combate às forças obscuras e profanas que ameaçam a preciosa vida da Terra!

Todos em uníssono gritam e clamam por Athena levantando seus braços, a moral havia sido restaurada, o Santuário estava de pé novamente, os sons voltaram, o cavaleiro dourado trajando a armadura da décima primeira casa zodiacal se aproxima e estende a mão aberta como um sinal, que todos logo entendem, e o silêncio retorna, então Athena o cumprimenta e ele a retribui já se afastando.

— Serei eternamente grata à vocês que arriscam suas vidas por nossa preciosa Terra, mas eu não quero perder mais ninguém! – Sua voz era firme e confiante. – Inicialmente, as coisas não pareciam estar boas, mas a vitória está ao nosso favor, certamente conseguiremos passar por tudo que ainda está por vir e vencer cada batalha, eu tenho tarefas bem especificas para cada um de vocês, e se me auxiliarem, estaremos à um passo a vitória plena sobre Hades, os cavaleiros de ouro irão designar as tarefas de cada um de vocês conforme nosso plano de batalha, esse ataque foi o marco do início... Do verdadeiro início da guerra santa, mas felizmente, mesmo com toda a perda que tivemos, tenho certeza de uma coisa, o tempo também está a nosso favor e devemos aproveitar cada segundo antes da batalha que irá definir o futuro de tudo e de todos! – Ela então levanta seu báculo dourado que reflete a luz do sol junto ao seu cosmo ardente e cheio de mansidão e conforto cobrindo todo o santuário de uma só vez, logo ela se retira, quando mais ninguém podia vê-la, suas pernas falham por um instante, mas a amazona de Libra já estava ao seu lado servindo como um apoio.

— Você perdeu muito sangue e já usou muito do seu cosmos, não pode se esforçar tanto assim.

— Eles se esforçaram muito mais por mim, isso não é nada comparado ao sofrimento deles.

Elys apenas permanece em silêncio e com uma feição séria e pensativa.

— Se preciso, darei minha vida só para que não sofram.

— Isso não será necessário, não mesmo...

Santuário – Praia

Um homem encapuzado andava sobre a areia da praia grega rumo à um pequeno barco de vela feito de madeira, aparentemente antigo mas ainda assim conservado, uma grande caixa ele carregava nas costas, andando quase que furtivamente.

— Onde vai?! – Uma voz o questionara de cerca de70 metros de distância. Está pensando em sair sem ninguém perceber, bem neste momento? Se for, devo lembra-lo que o que carregas deverá ficar para trás.

— Não será necessário. – Respondeu o homem encapuzado. – É algo que somente eu posso fazer e logo voltarei, não se preocupe tanto, Aquário. – Ao se virar o cavaleiro dourado estava de pé nas pedras próximas à água da praia, mas ao seu redor tudo estava congelado. – Você certamente já viu o que aconteceu com alguns cavaleiros não viu? O que Leonardo fez...

— Aqueles que estão na enfermaria? – Questionava o cavaleiro de aquário. – Então você sabe o que aconteceu com eles.

— Tenho uma boa ideia do que seja, na minha luta contra o cavaleiro de Lagarto, ele mencionou algumas coisas bem intrigantes. – O homem se revelava tirando o manto que cobria sua cabeça, o cavaleiro de peixes continuava seu caminho colocando alguns sacos dentro do pequeno barco. – Lagarto era um homem bem... excêntrico, singular, eu nunca o achei digno de ser treinado por mim, ele não poderia lidar com o que eu tenho a oferecer, mas no final, bem no final, eu senti que só não poderia passar nada à ele, ele já era um cavaleiro de Athena, e um cavaleiro de elite, nos ajudando mesmo após tudo o que passou aqui e em sua cidade.

— Não demore, ou eu mesmo terei que trazê-lo de volta. – O cavaleiro vestindo a armadura dourada e gélida desaparece com a velocidade que se retirara, e Bruno empurrou o barco de madeira pela areia, que já se movia com o vento apagando seus rastros, pulando dentro da embarcação e se distanciando cada vez mais da terra.

Coliseu

Praticamente todo os cavaleiros já haviam sido designados para suas respectivas tarefas, dentre os que permaneciam aguardo estava o cavaleiro de Grou, ele parecia um pouco ansioso e impaciente, carregava consigo duas ferramentas douradas que ele as manuseava girando ambas entre os dedos só demonstrando que estava inquieto, logo ele sente que alguém se aproximava e se vira, o cavaleiro de Urso estava ao seu lado.

— O que será que vão fazer hein?

— Com meu mestre ausente, me resta seu legado, algo que somente eu posso fazer no Santuário agora, não é um segredo. - Grou se acalma um pouco mas abaixa a cabeça, certamente tinha sido afetado pelos acontecimentos da noite anterior.

— Ah sim! Você é um deles, certo? Um que mexe nas armaduras

O cavaleiro de prata esboça um sorriso – É, sou um dos que mexe nas armaduras.

— Que ótimo! – As palavras chamaram a atenção dos dois cavaleiros, Elys estava na frente deles. – Os dois estão se dando bem, se não me engano já se conheceram antes, não é? Bom... Isso facilita ainda mais, tenho uma missão especial para vocês dois.


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