Little Spark Of Hope. escrita por Vick Pimentel


Capítulo 4
Capitulo 4.


Notas iniciais do capítulo

E ai povinho, tudoo bein? Então, demorei mas voltei e com um capitulo quentinho... Aé hoje é dia das prostitutas Parabéns Finnick, meu amor!!!

Música do capitulo>>> http://www.youtube.com/watch?v=9PGOcQZjESY



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Abro os olhos lentamente, e, desconfortável, me movo na cama de casal. Quando apalpo o outro lado, percebo que Peeta não esta mais aqui, mas sua parte ainda esta morna e seu cheiro ainda está no ambiente, fazendo-me sorrir involuntariamente.

Há quanto tempo não sorrio assim; sem motivos?

Talvez toda a minha vida.

Puxo o lençol branco até o pescoço e me enrolo nele para esconder a nudez que, para mim, ainda não é confortável, e escorro para fora da cama, indo até a janela que Peeta insiste em manter aberta, em seguida.

Quando vislumbro o céu percebo que o sol já está alto, e o quão tarde acordei, mas após a noite de ontem, o fato não me surpreende.

Algo roça em minha perna e chuto-o para longe. O velho e caquético Buttercup chia.

–Você não morre, não?- Encaro a criatura feiosa que parece imortal. Buttercup já não enxerga mais e se guia apenas pelo olfato aguçado. – Quantos anos você tem, dezoito? –Abaixo para lhe fazer um afago, porque sei que ela sente a falta dela, do cheiro dela, do carinho dela, tanto quanto eu. – Gatos podem viver tanto assim? Prim devia saber. Ela sempre sabia.

O horrendo gato, esfrega sua cabeça na minha mão como se me entendendo, entendendo o quão perdida fiquei sem ela. Sem Prim.

–Faz quinze anos... –Sento no chão embaixo da janela com um pouco de dificuldade por causa da barriga proeminente. – Hoje seria o aniversário dela. -lembro-me abruptamente.- Ela faria vinte e três. Prim seria uma mulher tão bonita, não é?

Buttercup mia e eu sorrio imaginando Prim nessa idade; uma mulher crescida e tão mais bonita do que eu, tanto por dentro quanto por fora, como ela sempre foi. Uma lagrima solitária escorre e antes mesmo que eu possa conte-la já estou soluçando compulsivamente. Um soluço grotesco atrás do outro.

A cada nova onda de soluços, me pergunto se essa choradeira toda é pela falta dela, ou por causa dos hormônios que tem acabado comigo esses oito meses. Quando forço meu choro a cessar, com medo de que faça mal a bebê, concluo que pelos dois motivos.

Arrasto meu corpo debilitado pela dor da saudade para um banho gelado com o intuito de apagar os resquícios da choradeira.

Visto a calça mais larga que consigo achar na minha parte do armário e calço as velhas botas de couro, mas meus pés estão tão inchados pela gravidez que quase não consigo fechar o cadarço. Na parte de Peeta, procuro uma blusa qualquer, porque a maioria das minhas já não me serve mais e as que servem se tornaram justas e desconfortáveis. Por ser verão, não visto a antiga jaqueta do meu pai.

Saio em disparada da Aldeia dos Vitoriosos, ainda com a boca cheia de pães de queijo, porque sei o lugar onde poderei me acalmar, lugar o qual sinto tanta falta já que Peeta não tem me deixado ir lá devido à gravidez. Sei que ele esta certo, mas hoje, no dia do aniversário dela, eu preciso de um tempo só para mim.

Passo pela padaria e ao longe avisto Delly entrar, ela cumprimenta Peeta e posso ler seus lábios ao perguntar por que ele demorou a abrir a padaria, Peeta fica sem graça, e mesmo estando longe, minhas bochechas queimam por saber o motivo, apresso o passo antes mesmo que ele responda, com medo de ser vista.

Sem a cerca fica muito mais fácil entrar na Campina, e mesmo dessa forma apenas crianças brincam nela, não paro para olhá-los e adentro a floresta, mas não consigo deixar de imaginar minha bebê brincando ali, correndo com os cabelinhos ao vento, sorrio como a mãe coruja que nunca pensei que fosse ser.

Subo a colina e seguro minha enorme barriga, como se isso de alguma forma diminuísse o peso que ela me proporciona ou a dificuldade que sinto. Quando alcanço a orla da pedra onde eu costumava me encontrar com Gale, minhas costas já doem como nunca.

No decorrer da tarde tantas coisas passam pela minha cabeça que ela lateja: Imagino Gale ao meu lado ironizando por causa do meu barrigão, mas o devaneio logo se vai, porque ele não esta aqui, porque ele não vai voltar, porque Gale jamais aceitaria isso.

Prim também invade meus pensamentos, e no dia de hoje já era de se esperar, mas parece que já não sou capaz de chorar, minhas lagrimas se esgotaram de manhã.

Quando o sol se põe e aquele laranja especial surge nos céus é em Peeta que penso, a essa hora ele deve estar fechando a padaria e voltando para casa com os pães de queijo, esperando me encontrar.

Volto para casa o mais rápido que minha barria me permite e tento ignorar os olhares o máximo que consigo. Subir os poucos degraus de entrada é tão absurdamente desgastante que quando abro a porta já estou arfando.

O cheiro dos pães de queijo denuncia que Peeta já chegou.

–Ai está você!- Peeta aparece no vão da porta da cozinha, com farinha da cabeça aos pés.

–Eu tinha ido... andar... Na floresta. – Admito. - Você sabe que dia é hoje, eu ia enlouquecer se ficasse aqui dentro o dia inteiro.

Estranho quando ele não me repreende e ao invés disso se aproxima para me abraçar.

–Você esta cheio de farinha. – murmuro empurrando-o para longe de mim. – Não nos toque neste estado. – Digo referindo-me a bebê.

Ele sorri e então jogo-me no sofá exaurida, pego o controle para ligar a TV...

–Hã, não liga isso não, você quer pães de queijo?- Ele parece estar nervoso, passa a mão pelos cabelos loiros enchendo-os de farinha e me puxa delicadamente pelo braço tentando me levar para a cozinha.

–Eu estou sem fome Peeta, e estou cansada, me deixa aqui. – Pego novamente o controle e ligo a TV.

Fico estática quando vejo, minha respiração falha e meu cérebro demora a acreditar no que meus olhos veem. Era esse o motivo dele não me repreender nem me deixar ligar a televisão: porque lá estou eu, andando pelo Doze, a câmera me focaliza quando paro para olhar para a padaria. “Um final feliz para os amantes desafortunados do Distrito Doze” diz Caesar e a raiva queima dentro de mim. As pessoas da Capital vão a loucura quando minha barriga é focalizada, e de repente há mais fotos e fotos de Peeta e de mim andando pelo distrito durante a semana, meu rosto ferve de ódio e acabo jogando o controle na tela da televisão que se espatifa em seguida.

Levanto do sofá e subo às escadas correndo. Tranco a porta antes que Peeta chegue à metade dos degraus, porque não quero que ele me veja nesse estado; chorando e gritando como a pessoa desorientada que sou. Minhas malditas lagrimas não se esgotaram coisa nenhuma.

–Katniss! – Peeta grita. – Katniss abra a porta!- Ele insiste por mais um tempo, dizendo que vai ficar tudo bem, mas eu parei de ouvir, porque não vai ficar tudo bem, porque eles nunca realmente nos darão privacidade.

Só paro de gritar quando já não tenho voz e minha garganta parece arranhada, como se Buttercup tivesse tentado escalá-la. Peeta está sentado no chão, na porta, do lado de fora.

Ele não foi embora.

Ele não me deixou nem mesmo agora.

E novamente, como de manha, me arrasto para o banheiro. Apoiada a pia encaro meu rosto vermelho e inchado no espelho, jogo água gelada no rosto, molhando também a blusa de Peeta, sinto-a colar ao meu corpo quente causando uma espécie de choque térmico.

Tento fazer com que minha aparência fique o mais normal possível depois de mais uma crise, para que Peeta não me veja nesse estado. A função de ser forte sempre foi minha e agora, de uma hora para outra é dele.

Respiro fundo tentando controlar alguns últimos soluços e abro a porta.

Encostado a porta, Peeta quase cai quando abro-a.

Ele se levanta num pulo e me encara, me analisa, e mentalmente sei que não consegui fazer com que minha aparência ficasse apresentável.

–Eu estou horrível, eu sei. – murmuro.

–Você nunca fica horrível. – Ele sorri torto e me abraça o mais apertado que minha barriga nos permite.

–Eu sinto muito por isso. –Digo por que é a verdade, me sinto patética por esse escândalo. – Hoje foi um dia difícil.

Ele me aperta mais e seus lábios roçam em meu pescoço, as mãos fazendo carinho nas minhas costas doloridas.

–Eu sei. – Ele é sempre tão compreensivo que a voz de Haymitch dizendo que não o mereço ecoa em minha cabeça. –É o aniversário dela, eu entendo.

–Mas eu já estou bem eu... –Arquejo.

Uma dor lacerante atinge meu baixo ventre me fazendo gemer, minhas pernas cedem e apenas o abraço de Peeta me mantém em pé. Minha mão trêmula vai automaticamente para debaixo da volumosa barriga de oito meses.

–O que foi?- Ele pergunta, seu corpo já enrijecendo pela tensão.

–Está doendo muit... Aaaah!- Arfo, quando meu baixo ventre lateja novamente. –Peeta, eu acho que é a bebê, faz alguma coisa!

Em desespero, Peeta me pega no colo com um pouco de dificuldade e me põe na cama.

–Você precisa ir para o hospital!- Ele quase grita abrindo o armário e procurando as roupas de bebê que Effie começara a me mandar assim que soube da gravidez por meio de Finn na noite do nosso pequeno jantar.

Mais uma onda de dor me atinge e eu grito. Como um tapa na cara, tomo consciência da periculosidade disso. A bebê. Pode estar acontecendo algo com a bebê.

–Não da tempo!- Grito para ele, agarrando minhas mãos ao lençol para abafar outro grito. – Chame a Hazelle, ela já teve muitos filhos, vai saber o que fazer e.... Aaah... Ligue para a minha mãe!

Algo escorre pelas minhas pernas e a cama se transforma numa poça. Eu nunca vi Prim e mamãe fazendo um parto inteiro, mas já mulheres chegarem a nossa casa gritando assim como eu, já vi suas pernas molhadas. Meu cérebro faz uma associação rápida. Prim gritando que a “bolsa” de uma mulher havia estourado e eu correndo para a floresta, fugindo para longe daquilo. A bolsa. A minha bolsa estourou. A dor me atinge novamente, interrompendo minha linha de raciocínio.

Só formulo um único pensamento em meio aos meus gritos e gemidos:

Dessa vez não há como fugir.

–A bebê vai nascer!- Grito para Peeta antes que mais uma rodada de dor excruciante me atinja.


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Notas finais do capítulo

Nossa eu fiz um drama nesse capitulo '-' E ai o que acharam? Mereço reviews? Até o próximo capituloo crianças *--*