Ice Prince Passion escrita por Annie ONeal


Capítulo 20
O Princípio do Fim


Notas iniciais do capítulo

Então, estamos no penúltimo capítulo já! Esse ficou grande porque né, era pra ser ultimo, aí fui indo, indo... Enfim, ficou o que ficou. Esspero que vocês gostem...

Yell's POV



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Eu estava me sentindo enjoado. Estava feliz por Allen e tudo o mais, mas... A expressão fria dele, a quase certeza de ir embora... Era egoísmo da minha parte querer meu brinquedo de volta? Ele não era só isso, e ele sabia. Ou não. Eu nunca disse nada. Era minha culpa.

Eu que tinha lutado tanto para ter ele na palma da mão e curvado à minha vontade, e agora era o contrário. Eu estava nas mãos dele. Era exatamente por isso que eu evitava tanto as emoções. Elas só machucam. Agora ele ia embora e como eu ia ficar? Sozinho. De novo. Pelo menos eu tinha meus pais de volta. Cortesia dele, diga-se de passagem.

Eu decidi não ir ao jantar, algo que meu pai não gostou muito, mas que mamãe fez a cabeça dele para deixar pra lá. Eu sentira falta dessa mãe compreensiva. Fiquei perambulando no jardim da frente, onde eu o tinha conhecido. Parecia que fazia tanto tempo, mas tinha sido apenas a meses atrás.

Pedi aos guardas que me deixassem sozinho, eu queria curtir a melancolia um pouco. Também por que eu não aceitava outro guarda que não fosse Allen. Ele fazia falta, droga.

Observei o céu escuro e a neve branca caindo ao meu redor. Eu estava desolado, tentava me agarrar às lembranças que tinha dele, mas... Eu nunca fui uma pessoa nostálgica. Uma lembrança nunca vai ser melhor que a realidade. Senti os olhos umedecerem de novo e irritado, limpei as lágrimas com a maga da camisa antes que caíssem.

- Ah, mas que fofura, o principezinho gelado tem sentimentos? – Uma voz carregada de sarcasmo soou atrás de mim. Me virei dando de cara com aquele guarda gigante, que eu nunca lembrava o nome, mas que parecia não esquecer de mim.

- O que você quer? – Perguntei seco, notando que ele tinha uma espada de lamina fina na mão e eu estava desarmado e sozinho.

- Está triste porque perdeu o guarda pessoal? Seu cachorrinho fugiu da coleira? – Ele ia se aproximando devagar e eu ia recuando.

- Não se aproxime mais. – Exigi, tentando manter minha voz firme.

- Ou o que? Você não tem pra onde correr, floco de neve. – Ele ergueu a espada apontando para meu rosto. – Salvou aquele ratinho do fogo da morte e agora ele é um maldito príncipe. Você tem noção do que fez? Se ele pegar o trono o casamento já era e nós vamos entrar em guerra quando ele contar o que aconteceu aqui. – Engoli em seco por que no fim das contas, ele estava certo. – E nós vamos perder. Por que seu querido papai não investe nada no exército. Velho idiota acha que pode conseguir tudo na base da diplomacia e dos truques, mas dessa vez nem você como o puto de luxo para o Allen vai salvar. Ah, espera. Isso você já é né?

Senti o rosto corar e a raiva borbulhar dentro de mim. Mas não há muito que se possa fazer quando se tem uma espada apontada para você. O olhei com ira, mas não disse nada.

- Por que você acha que ele queria casar você com a enjoadinha ao invés de lutar feito homem? Por que na sua irmã ele tinha fé, ele não prometeu ela pra ninguém por que sabia que ela ia dar conta. Mas você...? É só um príncipe mimado e patético que precisou de um casamento pra salvar o reino.

Ok, eu já estava me sentindo mal, não precisava disso. Senti os olhos arderem, mas segurei firma a máscara fria da indiferença. Ele se aproximou mais e encostou a ponta da espada no meu rosto. Estava afiada como o demônio e sem nem ele fazer força eu já senti um fio de sangue descer minha bochecha.

- Largue essa espada imediatamente, Manfred. – Disse uma voz atrás dele, e juro, nunca fiquei tão feliz de escutar aquela voz esganiçada na vida.

A montanha de músculos se virou para Alyss, afastando assim a espada do meu rosto. Alyss estava parada bem atrás dele, com um vestido cor de rosa bufante e mangas até o cotovelo, combinando. A expressão de raiva tão diferente nela, estava quase cômico.

- Ah, alteza. Veio salvar seu príncipe? Por favor, não se meta, isso é um assunto meu e dele.

- Vocês não tem assunto nenhum. Agora, afaste-se dele.

- Está fazendo eu perder a paciência, princesa. – Ele apontou a espada para ela, e eu senti um frio na barriga. Mas antes que eu pudesse abrir a boca, Alyss ergueu uma das mãos enluvadas e fechou o punho e simples assim, a lâmina de gelo derreteu, a água gelada caindo aos pés de Manfred.

Ele parecia furioso e enfiou a mão no cinto em busca de outra arma, mas Alyss segurava uma bola de fogo nas mãos que eu sequer vira de onde tinha vindo.

- Ah, não se atreva.

Mas é claro que ele se atreveu sim. Devia achar que, por ser uma garota, uma princesa mimada, ela estava blefando. Só que ela não estava. Mal ele tinha puxado uma faca com lâmina de metal dessa vez, a bola de fogo explodiu em seu peito e ele voou para trás gritando em agonia.

O cheiro de carne humana queimada impregnou o lugar e ele ergueu as mãos devagar em sinal de rendição e seus olhos eram puro ódio.

– Guardas! – A voz aguda e esganiçada de Alyss atraiu quatro dos guardas reais que vieram correndo. – Ele! – Ela apontou para Manfred. – Estava ameaçando o príncipe com uma espada! Sinto cheiro de traição!

O guardas não tardaram em algemá-lo com as mesmas algumas mágicas de gelo que puseram em Allen. O mundo dá voltas, pensei. Manfred lançou um último olhar raivoso antes de desaparecer pela porta arrastado pelos outros guardas. Alyss veio até mim.

- Ai, meu lindo! Você está bem? – Ela tocou meu rosto, limpando o sangue com a luva de seda macia. As coisas que ele tinha dito ainda ressoavam em minha mente, ecos doídos de verdades que eu sempre me recusara a ver.

- Estou bem, obrigada. – Afastei delicadamente a mão dela de mim. Ela me olhou como se compreendesse minha dor. Suspirou.

- Viu como é difícil perder quem a gente ama? – Perguntou suavemente. Olhei para ela.

- O que está dizendo...? – Ela riu, sem nenhum traço de humor.

- Ou você achava que meus carinhos e alegria ao te ver eram puro fingimento? Não sou tão boa atriz, Yell. Doeu ver você ir. Mas se ele te faz feliz, quem sou eu para pedir que você fique? – Ela limpou uma lágrima. – Afinal ele é meu irmãozinho. Eu amo vocês dois. Quero que vocês sejam muito muito felizes.

- Não é assim, Alyss. Ele vai embora, vai voltar com você para a Guilda de Fogo. Ele vai me largar. E ele tem razão.

- Tenho certeza que ele não vai te deixar. E mesmo que ele volte comigo, nós nos víamos mesmo eu morando lá não é? Vocês também podem se ver. – Senti um enjoo. Não sei se conseguiria viver com Allen longe de mim, vendo-o duas vezes por ano. Queria ele ou por inteiro ou longe pra sempre. Ficar no meio termo só ia doer mais. Os ciúmes viriam, coisa que nuca senti com ela por que não me importava. Com ele seria bem diferente, ia dar briga. Agora entendia os surtos de ciúme de Alyss.

- Não é assim tão fácil. – Eu disse cheio de amargura.

- Mas também não é tão complicado. – Ela rebateu. Olhei pra ela. Os olhos âmbar cheios de carinho. Sempre ali, sempre de braços abertos, sempre com uma palavra e incentivo e carinho. Pensei que se as coisas fossem diferentes ela ia acabar dando uma ótima esposa e talvez eu nunca visse isso. Também pensei que se tudo fosse fácil como ela dizia ser, ela ia ser minha cunhada. Ri da ironia da situação e a puxei para um abraço.

- Se fosse tudo tão simples, não chamariam de vida não é...? Seria apenas um conto de fadas.

*¨*¨*¨*¨*¨*

Fui me deitar para dormir sozinho, agora que Allen tinha sido movido para uma suíte um tanto quanto longe da minha, apesar de ser no mesmo andar. Era ao lado dos aposentos do Rei de Fogo. Antes de dormir passei casualmente na frente e pude ver, pela porta entreaberta os três, o Rei, ele e Alyss, sentados juntos na cama, cercados por uma atmosfera de carinho e iluminados pelas velas douradas.

Eles conversavam baixo, certamente pondo o assunto dos últimos 18 anos em dia. Meio que me lembrava de como as coisas eram quando Lucy estava viva. Senti uma saudade de tempos assim. Corri para o meu quarto, tentando resistir ao impulso de ir dormir com meu pais.

Minha cama parecia grande demais agora, e eu sentia um frio sem o corpo de Allen perto do meu. No quarto escuro e silencioso me senti grato por estar sozinho, assim ninguém veria minhas lágrimas.

*¨*¨*¨*¨*¨*¨*

No dia seguinte, logo cedo pela manhã, fui chamado para uma reunião do Conselho. As duas Guildas com seus reis e Escolhidos e mais os membros do conselho. Meu pai parecia muito tranquilo e satisfeito, sem dúvida Allen não tinha comentado nada sobre os últimos acontecimentos ainda.

Allen anunciou formalmente que sim, aceitaria seu posto e declarava ser o príncipe perdido. Tentei não olhar para ele, mas meus olhos eram atraídos para ele de cinco em cinco minutos e eu desviava o olhar toda vez que nossos olhos se encontravam.

Após breves discussões sobre os reinos, Allen pediu licença para ter uma audiência privada comigo. Senti meu coração quase parar de ansiedade. O pedido foi concedido, a reunião continuaria enquanto ele me dizia o que quer que fosse, já que não éramos membros ativantes ali.

Mas a expressão séria no rosto dele me fez ter arrepios. Eu sentia que não ia ser uma conversa lá muito agradável. Deus sabia que, se eu estivesse no lugar dele, eu teria poucas e boas para dizer pra mim.


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Notas finais do capítulo

Prontos para a etapa final? Estou triste por estar acabando, super me apeguei a essa fic!

Quanto ao Manfred, eu sei que muitos estavam esperando algo bem mais horrivel como fim pra ele depois do que ele fez com o Allen mas cometer traição contra a coroa vai por ele um pouco mais abaixo de onde o Allen estava, ou seja tortura lá na masmorra também, e se pá pior.
Deixei explicado pq não pretendo escrever essa cena. Cap que vem vai ser só do casal, para terminar. Espero vcs!
o/