Sonhos E Delírios De Uma Mente Insana escrita por Capitã Sparrow


Capítulo 9
Feliz Natal!


Notas iniciais do capítulo

Olá meus pudins lindos e deliciosos o/ Como vcs estão?? Animados para o natal? *O*
Eu fiz esse capítulo como se fosse um especial de natal, espero que gostem >< huhuhu
Ficou meio sinistro, eu sei, mas quero mostrar a natureza de certos personagens à vcs ~~ hehehe Desculpem qualquer erro! Estou morrendo de sono então algo pode ter passado despercebido >< Me avisem se avistarem algo ;)
Boa leitura e meu muito obrigada a vcs que comentam!!



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Victor sorriu.

Tannia, uma das filhas do primeiro vampiro, estava rendida aos seus pés. Sua pele pálida sob a luz do luar a fazia parecer uma boneca de porcelana estendida no chão, nua e sem vida. Seus cabelos dourados estavam encharcados de sangue, assim como seu pescoço fino enfeitado com dois pequenos furos feitos pelo irmão de sangue.

Sentiu-se mais forte e poderoso, agora tinha o sangue de dois irmãos correndo em suas veias. Olhou para a tola vampira estirada a sua frente, caíra sob seus encantos sem pestanejar, parecia ansiar pela visita da morte. O vento balançou suavemente a cortina, fazendo com que o tecido transparente cobrisse o corpo, como um fantasma chorando as lágrimas de luto sobre a boneca loira. Victor passou a mão arrumando seus cabelos um tanto bagunçados e tirou um lenço do bolso, limpando o sangue que restara em seus lábios.

Agora restavam apenas cinco filhos de Caim, ele e seus irmãos de sangue puro que almejavam o poder uns dos outros. Mael, uns dos mais antigos vampiros havia sido morto por Yisra’el, o maior inimigo de Victor, há poucos meses. Moira tentava competir com o poder dos dois, mas não tinha capacidade para isso, era a mais jovem entre todos. Cedrik vivia sozinho em algum lugar ao norte da África, vivia recluso por não ter controle sobre seus instintos e Kilian queria apenas sangue e diversão. Victor não se importava com os dois últimos, deixaria que seus irmãos vivessem da maneira que desejavam, mas visitaria a irmã caçula muito em breve.

Ajoelhou-se e segurou a mão da irmã com delicadeza, levou-a aos lábios e a beijou suavemente.

— Adeus, minha irmã.

Abotoou a camisa branca e colocou as mãos no bolso da calça. Começou a assoviar uma antiga música celta e, sem olhar para trás, partiu.

***

Faltavam vinte minutos para o Natal. Vanessa estava ansiosa para a visita tão esperada do bom velhinho, queria saber se ganharia o leão de pelúcia que tanto pedira. A garotinha de dez anos usava seu vestido azul favorito e seus cachinhos castanhos estavam presos por uma fita de cetim da mesma cor. Seus pequenos olhos faiscavam a cada prato colocado à mesa por sua mãe, Carina.

Vivian, com seus quatorze anos, deixara de acreditar em Papai Noel, mas também estava ansiosa para descobrir seu ganharia o tão desejado violão. Usava a usual calça jeans rasgada, que não trocava por nada, mesmo com as insistências da mãe, e uma camisa xadrez de flanela. Estava entediada no sofá esperando pela ceia enquanto assistia a algum filme bobo de natal.

A mãe das duas corria contra o tempo, para preparar tudo antes da meia-noite. Vestia um avental colorido, feito pela sua filha mais velha há muitos anos, sobre o vestido branco de renda. O cabelo preto estava preso num coque, revelando os brincos de pérola que acabara de ganhar de natal. Enquanto colocava os pratos à mesa, sorria e cantarolava músicas natalinas com seu marido, Rodrigo. O homem que aparentava ter seus quarenta e poucos anos, usava uma camisa azul e calça preta social. Parecia ter vindo direto do trabalho, mas não demonstrava seu cansaço enquanto brincava com a pequena.

Tudo estava pronto e faltavam apenas cinco minutos para a meia noite quando a campainha soou, deixando todos curiosos com quem seria àquela hora, menos a pequena Vanessa, que julgava ser o Papai Noel, querendo entrar pela porta já que não tinham chaminé.

Rodrigo deixou-as na copa e foi atender a porta. Abriu-a e se deparou com nada. Na rua só se via as casas vizinhas iluminadas com as luzes coloridas e diversos ritmos tocando alto, como se competissem entre si. Julgou ter sido alguma criança travessa e empurrou a porta, mas antes que pudesse fechá-la totalmente algo o impediu. Uma grande força parecia empurrá-la dentro e Rodrigo acabou cedendo, sem entender o que estava acontecendo.

***

Victor estava sedento. Tannia havia acabado com suas forças e seu sangue não o satisfizera. Caminhou entre as ruas enfeitadas da classe média de Curitiba e ficou imaginando qual seria o gosto do sangue paranaense nos dias atuais. Já conhecia todos os sabores do Brasil, mas alguns lugares pareciam mudar com o tempo, assim como o sabor de seus habitantes. Assim como alguns têm grande conhecimento sobre vinho, Victor tinha sobre sangue.

Passou por diversas casas, mas a que mais chamou sua atenção foi uma amarela, com um pequeno jardim enfeitado com alguns copos de leite. Victor odiava essa flor, talvez por isso que escolhera a casa que transbordava de enfeites natalinos. Bateu à porta, mas quando ouviu os passos se aproximando se escondeu na sombra de um dos pilares na varanda da casa. Queria brincar com sua presa.

Aporta se abriu revelando um homem alto de cabelos grisalhos.

“Primeiro será o papai.” Victor entreabriu os lábios revelando as presas pontiagudas. Quando o homem começou a empurrar a porta, Victor agiu. Colocou uma das mãos sobre a madeira, impedindo que a mesma se fechasse.

Percebeu que a porta cedeu, revelando sua presa paralisada à sua frente.

— Sinta-se a vontade para correr. — disse tranquilamente fitando os olhos arregalados do humano. — Ou não. — completou movendo-se rapidamente em direção ao pescoço de sua primeira vítima.

Rodrigo não conseguiu acompanhar o vampiro, quando se deu conta estava sendo atacado. Não entendia o que estava acontecendo. Seria mesmo um vampiro? Aquela criatura que sua filha mais velha tinha paixão e colecionava filmes e livros a respeito? Uma dor lancinante atravessou todo seu corpo quando sentiu os dentes se fincando em seu pescoço. Tentou gritar, mas sua voz não o obedecia. Sentiu seu corpo amolecer e sua visão ficar embaçada. Pensava em suas três meninas, precisava resistir e lutar por elas.

— Não... Chegue perto del... — foi tudo que conseguiu dizer antes de cair no chão, desfalecido.

Victor lambeu os lábios. De fato tinha sido delicioso o sangue que acabara de experimentar, mas não estava satisfeito. Queria mais e mais. Não pararia até provar todos da casa.

— Pa-pai?

A voz tremula da garotinha tirou Victor do transe. Seus olhos estavam arregalados e ela estava prestes a chorar.

— Creio que seu pai não pode mais te ouvir, pequena. — Antes que ele se aproximasse dela, a mesma correu gritando alto e chorando de volta para os braços da mãe.

Victor deixou que ela fosse e seguiu pelo mesmo caminho, passando pelos quartos até alcançar a copa, se deparando com a mãe que tentava acalmar a menininha, sem parecer entender o que a mesma tentava dizer entre soluços. As palavras “monstro machucou papai” foram facilmente compreendidas, e Victor tentou traduzir:

— Creio que ela quis dizer que eu matei o pai dela.

A mãe segurou a filha com força ao ver o sangue na gola da camisa do estranho que invadira sua casa. Precisava pedir ajuda, precisava salvar suas filhas.

— Corram! — Carina gritou assustada, jogando a filha para perto da irmã mais velha. Ela pegou a faca de cortar carne que estava sobre a mesa e apontou na direção do vampiro que pareceu abrir um sorriso satisfeito.

— Tudo bem, vamos brincar um pouco. — sussurrou indo em direção a ela.

***

Rodrigo acordou alguns minutos depois, com uma enorme dor de cabeça. Sentiu seu corpo formigar e muitas náuseas no estomago, estava muito fraco. Apoiou-se na parede, tentando se colocar em pé. Sua memória atingiu-o como um soco na cara e o desespero tomou conta de seu corpo, dando-lhe um pouco de forças para andar até a copa da casa. Encontrou a mesa suja, a toalha e a comida se espalhavam pelo chão. A louça que Carina guardava com tanto cuidado estava toda espatifada, assim como duas cadeiras. Sentiu um pedaço de vidro atravessar seu sapato, cortando seu pé esquerdo. A dor ardida o fez cair de joelhos, sentindo lágrimas quentes escorrendo pela sua face anêmica. Os pensamentos voavam em sua cabeça, tinha medo do que poderia encontrar. O silêncio o sufocava e o deixava sem ar. Antes que pudesse se levantar, olhou para o lado e encontrou a esposa sob a mesa. Seus olhos estavam abertos e pareciam suplicar por ajuda, apesar de não terem mais vida. Suas roupas estavam sujas e parecia haver um grande corte em seu pescoço, que estava encharcado de sangue. Viu a faca de carne perto de si e a pegou levantando com fúria e sentindo as lágrimas caírem mais e mais.

— Eu vou te matar, seu maldito!

Gritou sem obter resposta. Deu mais dois passos e viu suas duas meninas atrás do sofá, as pequenas estavam mortas. Estavam de mãos dadas e tinham o mesmo corte no pescoço que a mãe. O homem continuou a gritar histericamente, sentindo uma dor forte atravessar seu coração. Queria que fosse tudo um pesadelo, queria estar morto ao invés delas. Alisou o cabelo das filhas chorando amargamente e desmaiou novamente.

Um barulho familiar começou longe e se aproximava com rapidez. Sirenes. O homem caído no chão nem percebera o que estava acontecendo. A faca em sua mão gritava "assassino!".

Sobre a mesa havia um pequeno bilhete manchado de sangue. Duas palavras escritas com muito esmero chamavam a atenção, eram letras muito bonitas que nenhum computador seria capaz de imitar. Estava escrito “Feliz Natal”.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que todo mundo vai odiar o Victor mais ainda, mas eu precisava mostrar pra vcs que ele realmente é um vampiro sem dó nem piedade. Para ele os humanos não passam de comida... Eu não queria que ele fosse tão mau pra falar a verdade, mas ele é ;-; Fazer o que, é a vida...
Ah! E pra vcs entenderem os cortes nas gargantas, foi pq Victor fez um cenário para incriminar o Rodrigo ;-; Malvadão, to ligada rss Comentem o que acharam e me digam quem vcs querem ver no próximo cap: Camila ou Selene o/
Bjinhooos :3