Two Pieces escrita por Olavih


Capítulo 6
Apenas pagando uma promessa


Notas iniciais do capítulo

Heeey pessoas!! De boa? Como foi a semana? Espero que bem. Aqui está mais um capítulo, agradeço a todos que comentaram, realmente me animou muito. Vou respondê-los assim que der ok? Não estou tendo muuiito tempo ultimamente :/. Mas até semana q vem eles estão respondidos. Afinal, são só dois kkk. Beijoos e aproveitem o capítulo.



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Pelas brechas da cortina, a luz do sol brilha dentro do quarto anunciando a chegada de um novo dia. Infelizmente, meus olhos não estavam acostumados a isso ainda.

–Merda! – exclamei ao abrir os olhos e ficar cega. Minha cabeça latejava e meus braços estavam doloridos. Culpa da Joyce. Ah se eu pego essa garota hoje, pensei. Suspirei ainda com raiva e abri os olhos novamente, devagar. Vasculhei o quarto a procura de Geovanna, mas ela não estava lá. Estranho. Eu não a vi voltar da festa e ela já está fora da cama? Muito estranho.

Levantei e resolvi ir até o banheiro, fazer as higienes pessoais. Afinal, que escolha tenho eu se não levantar? Olhei pro celular, procurando pelas horas. Era apenas 09h30min da manhã. Apenas isso e eu já estava acordada. Bufei em reprovação. Entrei no banheiro e tomei um banho relaxante.

Quando saí, vesti a roupa, arrumei meu cabelo e segui para a cantina. Nessa hora, geralmente ela estava cheia. Assim que estava no corredor já podia ouvir as vozes das pessoas soando altas de dentro da cantina. Abri as portas e alguns olhares voltaram para mim, mas logo voltam a suas conversas. Apenas peguei meu café da manhã e segui para minha mesa.

–Ah Fael, muito obrigada por ontem. Não sei o que faria sem você. – disse Joyce acariciando o braço do loiro. Ele estava com uma expressão boba e eles pareciam estar em uma intimidade nojenta.

–Argh, eu ia dizer bom dia, porém não creio que tenha começado bom. – disse me sentando ao lado de Juliano que fuzilava Joyce descaradamente.

–Você não viu nada. – ele sibilou. Por um momento, me lembrei de Joyce falando sobre Juliano. Então, constatei que todo aquele mel deveria ser para provocar ciúmes em Juliano. Bem, aparentemente, havia conseguido.

–Onde está Geovanna? – perguntei reparando que ela não estava lá.

–Ela tomou café rapidamente e desapareceu. Achei que fosse te acordar.

–Ela não estava no quarto quando acordei. – declarei. Fui tomada por um pouco de preocupação que logo desapareceu. Dei de ombros. – deve estar na biblioteca.

–Provavelmente. – concordou Juliano, sem tirar os olhos de Joyce. Ela fingia não reparar enquanto comia com uma mão e acariciava os cabelos de Rafael com a outra.

–Então, qual a nossa tarefa hoje capitã? – perguntou Rafael dirigindo-se a mim.

–Descansar. Não é ótimo?

–Sério? – ele parecia surpreso. Acenei afirmativamente. – maravilha!

–Então Fael, já que não vai fazer nada hoje, gostaria de ver um filme comigo? – Juliano engasgou ao ouvir o convite de Joyce e eu contive uma risada. Sério que aquilo era real?

–Achei que nós íamos ver filme juntos.

–Você nem se importou quando eu desmaiei. – retrucou Joyce. – Fael sim. Ele precisa de uma recompensa.

–Bem, eu teria se você estivesse perto de mim, e não servindo de dona desse cachorrinho aí. – Juliano não se poupou em conter o amargo em sua voz.

–E EU CANSEI DE SER A SUA CACHORRINHA. PORRA JULIANO, QUANDO VOCÊ VAI PERCEBER QUE EU TE AMO? – Joyce gritou e a cantina inteira ficou em silêncio. O clima de tensão espalhou pela sala. Olhei para Rafael que estava espantado. Juliano estava até branco. Ele ficou com a boca entreaberta encarando o rosto vermelho de Joyce. Se por ruborização ou por raiva eu não soube dizer.

–Venha Fael, vamos os deixar conversarem sobre isso. – e então nós levantamos de nossos lugares.

Seguimos o corredor e fomos até a sala normal. Lá, havia televisão, computadores, jogos e sofás. Quase não havia alunos ali e nós nos acomodamos no sofá, ele em um e eu em outro.

–E a quadrilha? – perguntou ele, depois de um tempo.

–O que tem ela?

–Como são as quadrilhas?

–Normais. Com pessoas vestido um bando de roupas feias e pintando a cara como um bando de idiotas. – eu odiava quadrilha. Era uma tradição idiota.

–Uau. Fico sensibilizado com sua fragilidade. – disse ele e eu ri.

–Obrigada, obrigada! – fingi uma referência, o que é um pouco difícil quando se está deitada.

–Mas nós não temos que organizá-la?

–Infelizmente. – afirmei.

–Então, quando começamos? – ele diz com uma careta, a voz ironizando uma animação.

–Acho que segunda Elisa manda o carro nos levar a umas lojas de decoração. – respondi pensando.

–Vai ser um saco. – Rafael comentou e eu apenas acenei. – quem vai ser a noiva?

–Que noiva?

–Ué, toda quadrilha tem uma noiva certo? E um casamento onde o noivo não quer casar.

–Está certo. Provavelmente Geovanna.

–E porque não você? – ele perguntou e eu ri.

–Não sou delicada o suficiente pra isso. Além do mais, odeio aparecer. E odeio quadrilhas.

–E o resto da população mundial. – acrescentou Rafael com um meio sorriso.

–É possível. – concordo.

–Ainda acho que você tinha que ser a noiva. – diz ele, franzindo a sobrancelha. Provavelmente me visualizando de noiva. Permiti-me pensar a mesma coisa, por alguns segundos. O vestido geralmente rasgado e branco sobre meu corpo, o dente pintado de preto, conforme a tradição do colégio (que todas as noivas têm que ter o dente da frente pintado de preto), falando as palavras erradas ensaiadas por semanas.

Definitivamente não.

...

–Alguém alguma vez já disse que você é cabeça dura? – perguntou Rafael olhando para mim com uma sobrancelha arqueada. Sorrio sabendo que já vencera a discussão.

–Só metade da população mundial. – respondi. Rafael estava sentado a alguns centímetros de mim, na grama verde do jardim do colégio, subitamente interessado no seu sorvete enquanto eu comia o meu descontraidamente. O motivo de nossa discussão era sobre uma antiga nota de dez reais que tinha. Rafael insistia em dizer que a nota era da cor laranja com azul e uma bola vermelha, enquanto eu batia o pé fervorosamente de que era amarela com azul e uma bola verde. – e você também é muito teimoso.

–Só porque estou certo – ele enfatizou a última palavra com um sorriso metido. Revirei meus olhos e tomei mais um pouco do sorvete. O sabor era de morango com pedaços de morango. Estava delicioso.

–E ainda é metido. – murmurei e coloquei outra colherada na boa. Ele se virou para mim com um brilho divertido no olhar.

–Quer apostar? – rapidamente meu olhar imitou o brilho dele. Amo apostas. Elas tornam as coisas muito mais... Divertidas.

–O quê? – pergunto um sorriso se formando.

–Hum – ele pensou por um tempo. Depois, estralou os dedos e sorrio. – já sei. Se você perder, vai ter que ser a noiva na quadrilha do ano que vem.

–E se eu ganhar?

–Vou à quadrilha de tutu rosa.

–Jure! - ele se levantou.

–Juro solenemente ir de tutu para a quadrilha do colégio caminho da esperança se Kamilla estiver certa. Sua vez. – levantei também.

–Juro solenemente ser a noiva da quadrilha do colégio caminho da esperança se Rafael estiver certo. – ele sorriu e eu também. Nesse momento, Geovanna passou por nós apressada.

–Ei Geo, espera. – disse eu. Ela olhou para trás, por uma fração de segundos, e pude ver que seu rosto estava vermelho, lágrimas caiam de seus olhos. Franzi o cenho e olhei para Rafael. Ele também estava tão confuso quanto eu.

–É melhor eu ir atrás dela. – ele concordou com um aceno. Geovanna já havia desaparecido, então presumi que ela tinha ido pro quarto. Corri até lá e abri a porta rapidamente. Ela estava jogada na cama, chorando compulsivamente.

–Ah amiga! O que foi? – disse em aproximando dela e a tomando em meus braços. Vê-la chorar era de cortar o coração. Era difícil e eu quase nunca sabia como lidar com aquilo. Ela me abraçou forte, soluçando contra minha camiseta. Só depois de meia hora de choros e soluços foi que ela conseguiu balbuciar algumas palavras.

–Você tem que me prometer que não vai ficar brava. – disse ela, primeiramente, conseguindo controlar os soluços.

–Não vou prometer nada!

–Por favor, Milla. – implorou Geo.

–Não. Agora pode falar. – disse de forma rígida. Ela começou a chorar de novo, porém conseguiu falar enquanto as lágrimas caiam.

–Foi o Guilherme. – ao ouvir esse nome, meu coração se encheu de fúria. Guilherme é um patético babaca arrogante que acha que o mundo gira em torno dele. Geovanna arrastava um caminhão por ele e ele a menosprezava quase o tempo todo. Ela não parecia perceber, ou se o fizesse não se importava. Aquilo me matava. Quando eles começaram a namorar, pela primeira vez, eu havia avisado a ele, que se ele fizesse algo a minha amiga eu ia chutar bem no seu íntimo. Eles haviam terminado e Geovanna me prometeu que nunca mais voltaria com ele, mas acho que fui enganada.

–O que ele fez? – perguntei com a raiva controlada.

–Hoje de manhã, eu fui vê-lo como sempre faço antes de você acordar. Quando estava chegando a seu quarto, ouvi algo que não gostei. Ao entrar, ele estava na cama com outra. Eu fiquei enojada e quis bater nela, mas ele me segurou. Disse um monte de coisas para mim e me jogou para fora do quarto. – aquilo era demais para mim. Levantei com os olhos ardendo de raiva. Ele vai pagar caro. Muito, muito caro.

Ignorando os gritos de Geovanna saí do quarto e fui em direção à cantina. Ele não estava lá. Procurei na sala de recreação, de computador, em seu dormitório e seu companheiro disse que o viu com algumas garotas no jardim. Sem pensar duas vezes, avancei para lá, a boca seca de raiva. Meus punhos estavam cerrados, em um aperto tão forte que eu achei que fosse cortar a pele com as unhas grandes. Porém, nada daquilo importava. As palavras de Geovanna ainda ecoavam em minha cabeça: “disse um monte de coisas para mim e me jogou para fora do quarto”. Como ele pôde? Geovanna era a única pessoa que se importava com ele de verdade.

O achei, finalmente. Ele estava rodeado de quatro meninas que se derretiam enquanto ele contava mais uma de suas magníficas histórias. Ele estava de costas para mim, com a velha jaqueta preta, calças jeans e cabelo despenteado. Ainda irada aproximei e o cutuquei no ombro. As garotas me encararam com o rosto cheio de expressões de reprovação. “Quem ousa interromper O Guilherme?” pareciam dizer.

Assim que ele se virou, com um sorriso no rosto, teve a cara de pau de dizer:

–Millazinha, quanto tempo querida. O que você... – ele foi interrompido por um soco. Sim um soco! Eu tenho uma preguiça de garotas que dão tapas. Não servem para nada além de doer sua mão. O soco é mais prático e efetivo.

Ele voltou o rosto para o lugar e eu dei outro soco nele, dessa vez com o punho esquerdo. Atrás dele, as guilhermezetes, como eu costumava chama-las, gritaram de horror, porém nenhuma delas tentou me impedir. Pareciam entorpecidas de mais para isso. Meus olhos ainda estavam fixos no rosto de Guilherme. Quando ele voltou à posição inicial, os olhos arregalados e a boca sangrando levemente, eu segurei seus ombros.

–Achei que eu tivesse dito que não era pra você machucar Geovanna. – disse aproximando meu rosto do seu. Podia ver o terror em seus olhos, tanto surpresos quando apavorados. – agora, serei obrigada a cumprir minha promessa. – e assim, chutei seu íntimo. Ele amoleceu sob meus braços e eu o joguei no chão. Fingi limpar minhas mãos e virei às costas, sentindo Geovanna vingada.

Estava a apenas dois passos quando ele se atreveu a falar:

–O que houve querida? Não aguentou ver que sua paixão não é lésbica como você? – podia sentir o veneno em cada palavra sua. Esse cara quer muito apanhar, pensei. Ele tá implorando. Então, por que não?

Ele mal estava de pé quando aterrissei em cima dele. Eu praticamente voei contra seu corpo e me joguei nele, socando sua cara. Dei o primeiro soco, ignorando a dor em meu pulso. As garotas ao meu redor gritaram histéricas e me espantei ao ver que Guilherme também era uma delas. Dei o segundo soco. Estava pronta para o terceiro quando senti fortes braços abraçarem minha cintura. Desesperada esperneei e distribui socos contra quem ousava me segurar. Pela força, imaginei ser Juliano, apesar de ele ser muito magro para ter tanta força.

–Me solta! – gritei. Mas os braços apenas me afastaram cada vez mais do canalha. Quando estávamos a uns cinco metros daquele ser, senti o aperto se afrouxar e a pessoa que me segurava me soltou no chão. Antes que pudesse correr de volta ao canalha, mãos grandes e incomumente gentis seguraram meus ombros e me giraram. Espantei ao ver que quem me segurava era Rafael.

–Se acalma. – foi tudo que ele disse. Minha respiração estava descontrolada, o coração disparado, as mãos tremiam. Meus olhos encontraram os de Rafael e eu sustentei o olhar. Ele transmitia um olhar de paz, tranquilidade e em instantes estava mais calma. Seu rosto estava a centímetros do meu de forma que eu podia sentir sua respiração fazendo cócegas em minha bochecha. O hálito cheirava a morango e leite condensado, o sabor do sorvete que estávamos comendo.

–Isso mesmo, leve esse monstro para longe de mim. Selvagem. – gritou o covarde. A raiva voltou rapidamente e eu quase me desvencilhei dos braços de Rafael, mas ele era rápido. Seguraram-me firme e sua voz sussurrou suave, ocultando certa irritação, em meus ouvidos.

–Apenas se acalme. – ele falou devagar. Pude sentir meu corpo se arrepiando ao sentir seus lábios perto dos meus ouvidos. Em outra ocasião, teria estranhado, porém eu não conseguia pensar com clareza naquele momento. Meu olhar estava fixo em Guilherme, que havia levantado, meu corpo rígido de fúria. Eu não podia me acalmar, não conseguia.

Porém, eu consegui me acalmar mais rápido do que achei que fosse. Rafael me apertou protetor contra seu corpo e eu passei meus braços em volta de sua cintura. Ainda estava tentando me acalmar quando ele falou:

–Se esse cara falar mais alguma coisa, eu mesmo vou bater nele. – aquilo me fez sorrir. Pelo menos eu não sou a única que deseja ferozmente bater nele. Rafael passou os braços em volta de mim, afagando minhas costas. Estava prestes a falar algo, quando a forma de Elisa surgiu a nosso lado, os olhos arregalados ao ver o rosto de Guilherme. Ela passou os olhos por todos que ali estavam e foi com uma surpresa que percebi Geovanna ao lado de Rafael, o rosto ainda enxado por causa das lágrimas. Parte da raiva voltou e Rafael pareceu sentir isso, pois seu abraço se tornou mais forte impedindo-me de sair dali, mesmo se desejasse. Estranhamente, eu não queria sair do seu abraço.

A voz da diretora saiu firme, mas com certo pesar ao falar:

–Guilherme Souza e Kamilla Campos, para a minha sala, agora.


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Notas finais do capítulo

E aí gostaram, não gostaram, amaram ou odiaram? Comentem e digam o que acharam ok? Beijoos e até semana q vem!!



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