Two Pieces escrita por Olavih


Capítulo 3
Welcome to the hell


Notas iniciais do capítulo

Heeey, desculpa a demora ta?? Mas a escola não quer dar um tempo, e ultimamente eu ando tão dramática que se eu fosse escrever é bem capaz de sair lágrimas no computador de vocês. Muito muito muito obrigada a todas que comentaram, é realmente importante pra mim isso tá?? E aí ta mais um, fiquem a vontade pra comentar a opinião de vocês tá? Criticas são bem vindas ^^



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Capítulo 2 – Welcome to hell

Porque as horas passam mais rápido quando você não quer que elas passem? Em um momento era 7 da manhã e no outro aqui estou eu esperando o Sr. Delinquente. Acho que eu nunca tive tanta vontade de matar alguém como estou tendo agora. Não, espera, estou mentindo: 7° ano eu queria matar a professora de inglês por me deixar com nota baixa. E no 8° quando uma aluna rasgou meu fichário. Ah! E teve também aquela vez que eu... O importante é que eu estou com vontade de matar a diretora e o delinquente do enteado dela. Droga, porque eu? Na boa, isso não é justo!

Estava encarando a entrada, os olhos concentrados e sendo o centro do meu ódio, quando escuto passos correndo vindo do corredor.

–Achei que estivesse atrasada, mas pelo visto me enganei. – disse Geovanna, com os cabelos um pouco bagunçados, olhos com uma expressão travessa e um sorriso malicioso brotando de seus lábios.

–Demorou por quê? – pergunto ainda séria.

–Credo, parece que viu uma assombração criatura. Anime-se, isso vai ser divertido. – disse ela agitada.

–Hum, até parece. Espere aí, você está... – ia dizer, mas sou interrompida por ela.

–Ah, lá estão eles. – diz ela aliviada. Hum, aí tem. Aposto que é mais uma de suas aventuras. Ninguém merece. Depois quando vir chorando porque ele não a quis como namorada, não vale reclamar. Olho para frente, onde ela está apontando e avisto um carro vindo. Ele se aproxima lentamente até parar perto de nós. Dele desce dois seres: um garoto de cabelos loiros, que está de óculos escuros, uma blusa cinza de manga comprida, calça jeans e fone de ouvido. Ele era alto, com porte militar, e o cabelo estava bagunçado dando aquele ar de organizadamente desleixado. Atrás dele, desceu um garoto bem mais baixo que o loiro, de cabelos castanhos escuros cortados em social, também estava de óculos escuros e fone de ouvido. Tinha uma barba por fazer e vestia blusa branca e calças jeans e um tênis. Os dois desceram ambos com mochilas nas costas e vieram até nós com um ar de superioridade intimidador. A menos que eu não fosse a Kamilla.

–Onde está a Elisa Andrade, diretora disso? – pergunta o loiro, com uma voz rouca e sexy. Não podia deixar de notar que ele era gato, porém logo afastei esse pensamento quando o ouvi se referir a minha casa como disso.

–Isso é um colégio, lar de muitos, refúgio de todos aqui. E a diretora desse colégio já deve estar vindo. – disse com a sobrancelha arqueada e expressão desafiadora.

–Certo, maternal, eu não sei quem é você, mas se puder me levar pra minha madrasta, eu agradeço. – disse ele novamente mostrando superioridade. Sentia meu sangue ferver, a raiva já estampada em meus olhos. Inclino-me um pouco mais para frente, a voz demonstrando um pouco mais de raiva agora.

–Escute aqui você, seu mauricinho, eu não sou do maternal e não, não posso te levar até sua madrasta, pois não sei onde ela está. E se soubesse também não ajudaria.

–Ui, a baixinha acha que é gente. – aquilo foi o ápice. Anotação para todos que pretendem me conhecer: nunca. Me. Chame. De. Baixinha. NUNCA. Não importa se eu sou não sabe como isso é irritante.

Já estava prestes a pular em seu pescoço e lhe dar uns bons tapas, até que escuto uma voz que me faz voltar a mim.

–Ah, vejo que já se conheceram. Perdoe a demora, eu tive que... – antes de ela continuar a interrompo.

–Por favor, senhora Andrade, por favor. Eu limpo o banheiro masculino toda semana até o semestre acabar e no meu horário livre. Duas vezes por semana. Todos os dias até. Só não me deixa ficar com esse brutamonte. – imploro quase me jogando aos pés da Elisa. Ela apenas revira os olhos e fala em tom firme.

–Achei que estávamos conversadas, Kamilla. Esse é seu castigo, assim como o dele. – disse ela. O loiro-metidão olha pra ela e para nós sem entender nem uma palavra.

–Desculpa, tem alguma coisa que eu tenho que entender aqui? – pergunta ele confuso.

–Ah sim Rafael, eu explico daqui a pouco. Assim que fizermos as devidas apresentações. – ela diz lançando um olhar severo para mim e para ele. Ambos abaixamos a cabeça. – Meninas, este é Rafael Andrade e Marcelo Rodrigues. Meninos, essas são Kamilla Campos e Geovanna Mendes. – disse ela apontando para cada um de nós, apresentando-nos. Eu apenas aceno com a cabeça para ambos e eles repetem o gesto. Geovanna estende a mão e a aperta de ambos os garotos, fazendo sua voz meiga.

–Prazer rapazes.

–Prazer é todo meu. – diz o loiro com um sorriso malicioso. E ainda por cima é safado, penso. Mas é claro que ele é, todo mauricinho é galinha. – vejo que alguém aqui tem educação. – ele diz essa última parte olhando para mim.

–Sim, claro que tem. Olha eu aqui. – digo sorrindo “docemente” de volta. Ele dá uma gargalhada irônica.

–Estava me referindo a esta linda moça a minha frente.

Abro minha boca para rebater, mas a diretora interrompe tudo.

–Muito bem, vou mandar levar a mala de vocês lá pra cima e explicar como vai ser o sistema. E com sorte e fé, vocês ainda estarão vivos até o final da semana. – explicou ela. – vai ser o seguinte: Kamilla e Rafael ficarão juntos cuidando de tarefas que mais tarde eu passo para vocês. Enquanto isso, Geovanna ficará responsável por vigiar Marcelo. Serão duas semanas e como estamos chegando à semana das festas juninas, vocês ajudarão a realizar o evento. – disse ela e então esperou um tempo antes de continuar. – Acompanhe-me, vocês meninos ficarão na instituição para que não haja possibilidade de fugirem. Aqui é praticamente impossível fugir. – difícil. Aqui é muito difícil de fugir. Mas impossível? Não, está longe disso. Sorri com esse pensamento. Meus colegas e eu saíamos direto daqueles portões e aproveitávamos a noite sem problema, voltando facilmente durante a madrugada. Elisa fez um sinal e todos a seguimos.

Ficamos alguns minutos mostrando o colégio para os meninos e então partimos para a sala da diretora. Lá ela entrega uma folha para cada um com as instruções do que iríamos fazer. Era enorme: tinha desde limpar o banheiro, até ajudar as crianças menores em sua lição de casa. Tudo, exatamente tudo que era feito por humanos aqui estava em nossa lista. Teríamos que limpar o chão, lavar as janelas, limpar a capa dos livros da biblioteca, limpar a piscina, a quadra e as salas de aula, além de ajudar as crianças e o pior de tudo: organizar a festa junina. Isso não pode estar acontecendo

–Quer que eu salve o mundo também? – pergunto para a diretora apontando para a folha.

–Não Kamilla, por enquanto não. – diz ela com o tom de ironia.

–Certo, quando precisar avisa.

–Eu irei. – ela continuou e agora até sorriu. Não é possível isso.

–Isso é injusto. – protestou Rafael, e em pelo menos uma coisa eu tive que concordar com ele.

–Eu discordo. – contradiz Elisa. – vocês se meteram em encrenca, vocês se viram. Agora, Kamilla e Geovanna, vocês serão dispensadas de suas atividades normais à tarde para ajudar os meninos na primeira tarefa deles. Geovanna e Marcelo, vocês ficarão com a cozinha e Rafael e Kamilla a piscina. Estamos entendidos?

–Sim, mada. – disse Rafael.

–Não tem outro jeito. – resmungo.

–Certo, já podem ir. Se quiserem trocar de roupa meninos...

–Acho que não será necessário Elisa. Obrigado. – se pronunciou o outro, Marcelo. Somos dispensados e cada um segue pra sua função.

Caminhamos em silêncio com ele atrás de mim até a piscina. Caminho em direção à sala de manutenção para pegar as coisas necessárias para limpá-la.

–Tá, e como fazemos isso? – questiona o fardo. Explico para ele tudo que precisamos fazer e ele fica boquiaberto. – como sabe disso?

–Não é a primeira vez que eu limpo piscina. – caminho até ele e lhe entrego o equipamento. Traçamos um limite imaginário e cada um começa a limpar sua parte. Como os equipamentos eram duplicados, não precisamos revezar.

–Então Mila... – Rafael começa, mas eu o interrompo.

–Meu nome é Kamilla.

–É só um apelido.

–Você não tem intimidade para me chamar pelo apelido, e, além disso: odeio apelidos. – continuo limpando, torcendo pra ele calar a boca. Torci em vão.

–Então, Kamilla, qual a sua história trágica?

–Como assim?

–Todo órfão tem uma história trágica. Seus pais morreram de acidente, matados, te abandonaram o que? – pergunta ele, concentrado. O observo, pensando se deveria responder sua pergunta. Ele olha pra mim, depois de alguns segundos de silêncio e nossos olhares se encontram, permitindo que eu possa analisar melhor seu rosto. Ele tinha olhos azuis como o céu limpo, em dias quentes. Eram olhos penetrantes, lindos até e que pareciam que conseguiam ler até a minha alma. O rosto era liso, sem manchas de espinhas ou qualquer outra coisa que possa causar defeito em um rosto. Apesar disso, seu rosto apresentava uma agressividade, característica de pessoas do gênero masculino. Além dos olhos, o nariz era fino, achatando-se apenas na ponta, a boca fina também, rosada. Os cabelos loiros eram lisos e bastante bagunçados que dava um ar desleixado e sexy. Pisquei várias vezes e quebrei o transe entre nós.

–Meu pai morreu quando eu tinha 6 anos.

–E sua mãe? – ele perguntou.

–Minha mãe me deixou quando eu tinha 1 ano e meio. Ela cansou de mim. – ri fraco. Ele, porém permaneceu sério.

–Sinto muito. – disse baixo.

–Não, tá tudo bem. Eu não me importo com ela, mesmo. Não faço igual a todas as meninas que se enchem de esperança pensando que havia um motivo maior para ela me deixar. Aceito a rejeição, e se quis me deixar então foi melhor assim. – digo simplesmente. Era verdade, eu não queria ter uma mãe. Meu pai havia sido uma mãe maravilhosa.

–Entendo. – disse ele. Penso um pouco e me dou conta de uma coisa.

–E a sua mãe? Já que Elisa é sua madrasta. – ele continua olhando para a piscina e quando responde, posso notar que ele tenta esconder a dor em sua voz e parecer natural.

–Ela morreu. Quando eu tinha 14 anos. – disse ele e resolvo não falar mais nada. Passam-se uns minutos em silêncio até que ele resolve voltar a falar.

–Então, o que você fez pra receber de castigo esse ser maravilhoso a sua frente? – ele pergunta se exibindo.

–Engraçado... – olho para os lados, fingindo procurar alguém. – achei que eu estava cuidando de você. – sorri “docemente” e ele me fulminou com o olhar. – vamos apenas terminar isso está bem? Não quero que dure mais que o necessário. – disse voltando minha atenção para a piscina pronta pra ignorar qualquer coisa que viesse dele.

–--

Com a piscina limpa, seguimos direto pra cantina. Meu estômago estava prestes a engolir o fígado então achamos melhor ir comer. A cantina estava vazia há esta hora. A maioria das pessoas provavelmente estava ocupada em seus trabalhos extras que todos temos. Chegamos lá, provavelmente eram três da tarde. Já fui direto para a cozinha, afinal aquela era minha casa.

–Tiaaaaaa. – gritei assim que atravessei a porta.

–O que houve meu anjo? – perguntou Caroline, uma mulher simpática que sempre acolhe meu estômago faminto com um monte de comidas maravilhosas. Era uma mulher de uns 45 anos, cabelos louros meio grisalhos, um pouco acima do peso e, apesar de sua idade, ela tinha um sorriso de menina, sempre doce e inocente.

–To com fome. – digo fazendo bico. Atrás de mim o brutamonte revira os olhos.

–É uma exagerada isso sim. Alimente essa menina antes que ela saia matando alguém. – disse ele sorrindo para mim. – ah, e a propósito, meu nome é Rafael Andrade. – disse ele estendo a mão para Caroline e beijando-a. – mas pode me chamar de Rafa.

–Sou Caroline, Rafael. – disse ela tentando parecer durona, mas suas bochechas a denunciaram. – agora venham filhotes, vou prepara algo para comerem.

Depois que nós comemos, a diretora nos avisou que eu seria dispensada do meu castigo por conta de uma palestra de drogas e que era importantíssima. Até parece.

–Bem, então nos vemos amanhã. - disse Rafael com um meio sorriso.

–Sim, até amanhã. - disse enquanto ele virava de costas. - Rafael. - chamei e ele virou, encarando-me. - seja bem vindo ao inferno. - disse e ele se afastou com uma risada.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?? Beem, o capítulo ficou grande né? Não se esqueçam, próximo capítulo POV Rafael tá?? Beijos beijos e até o próximo.