Two Pieces escrita por Olavih


Capítulo 23
Uma noiva ideal de quadrilha


Notas iniciais do capítulo

AH MEU DEUS!! Não chora, não chora, não chora... Aaaaahhhhh :'(, gente como assim esse já é o último?? Não posso acreditar, simplesmente :(. Mas aqui estou, como prometido no dia do meu aniversário, então parabéns pra mim *-*. Bem, eu queria agradecer a todas vocês que acompanharam a história e me perdoe se desapontei, não era minha intensão. Vou fazer um capítulo de agradecimentos, pq são muuitos kk. Mas enfim, aqui tá o capítulo e espero que vocês gostem!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/410760/chapter/23

Um ano depois

Kamilla passou a mão pelos cabelos, ajeitou o vestido feio, respirou fundo e praguejou em pensamento novamente. Estava se tornando um ritual já, fazer tudo àquilo na ordem apenas por nervosismo. Novamente ela xingou Rafael por ele a ter metido nessa. Mas foi você quem aceitou a aposta, lembrou uma voz em sua cabeça. Cale a boca, não me importo se o erro foi meu! Ele vai pagar. A falta de paciência naquele ser era grande. Mesmo assim ao pensar em Rafael suas pernas tremeram. Já havia se passado um ano desde aquela loucura toda e mesmo assim ela ainda sentia os mesmos velhos sentimentos que lhe pertenciam no momento em que se apaixonou por ele. Apesar de não gostar de velhos sentimentos, Kamilla nunca estivera tão feliz com aqueles.

As coisas não haviam mudado muito. Marcelo e Geovanna ainda estavam juntos, assim como Kamilla e Rafael, porém havia algum tempo que Juliano e Joyce haviam deixado de ser um casal. Kamilla e Rafael também haviam deixado de ser um casal quando fizeram seis meses de namoro. Porém nenhum dos seus amigos os aguentou separados e arrumaram uma armadilha pra que eles voltassem a ser namorados novamente. A separação não durou nem mesmo duas semanas e lá estava Kamilla nos braços de Rafael; braços que ela desconfiava terem sido feitos exatamente para ela. E Rafael pode beijá-la o tanto que quisesse. E secretamente, ele também achava que aqueles lábios somente combinariam com os dele.

Elisa ainda estava casada com Gabriel. Estava prestes a pedir o divórcio quando o encontrou em um quarto de hotel chorando desesperado e pedindo por socorro. Ela nunca o vira daquele jeito e eles tiveram uma longa e franca conversa. Depois daquele episódio ele se mudara de vez para Goiás transferindo seus negócios para o estado do centro oeste e comprara uma casa para ele, sua esposa e seu filho, que duas semanas depois o perdoara por tudo que ele havia feito.

E assim como Jesus mesmo disse: não perdoa sete e sim setenta vezes sete, Elisa também recebeu seu perdão. Kamilla apareceu três semanas depois em sua sala, abraçara a diretora e a chamara de mãe. Claro que Kamilla teve de ser convencida por Rafael, Geovanna e até mesmo Joyce a perdoar sua mãe de sangue e ela só aceitara, pois pensara bem se valeria a pena ficar no colégio de uma pessoa que ela nunca perdoaria. Ao constatar que não, ela correu até a diretoria e chorando abraçou e acabou com a agonia de ambos os corações.

Kamilla estava absorta pensando nos acontecimentos dos últimos meses. Ela quase não estava tendo tempo de ver o namorado, pelo tanto que estava estudando e ele ultimamente havia reclamado de carência quando ligava para ela. Mas é que simplesmente ela não achava tempo para ele. O estudo a estava sufocando juntamente com o medo e tudo que ela queria era passar no vestibular para cursar seu sonho: direito. Sempre pensou que queria ser policial, mas recentemente havia descoberto que queria mesmo era ser advogada.

Portanto, ela havia virado uma Geovanna 2. Às vezes até Geovanna ria dela, por conta de sua paranoia de vestibular. Anos atrás Kamilla sempre criticara Geovanna por ser tão nerd e agora quem era a nerd era ela própria; nunca se pensou ver nessa situação. Por outro lado, tudo que havia vivido desde que Rafael entrara em sua vida era totalmente irreal. Mesmo assim, ela não podia reclamar. Ganhou amigos, namorado e até mesmo uma mãe! Havia sorte maior que essa?

Estava exatamente fazendo seu ritual quando alguém apareceu abrindo a porta da sala com uma expectativa grande.

—Está na hora! — era Julia, uma menina de oito anos que havia chegado há poucos dias. Kamilla sorriu, tanto por alívio quanto por gentileza e saiu com seu vestido para fora da sala. Caminhou de mãos dadas a aquela pequena órfã que tinha o sorriso mais contagiante que ela conhecera e elas saíram do colégio, caminhando em direção a onde estavam todos. Ela soltou-se de Julia e pegou na mão de Geovanna que seria sua mãe no teatro esse ano. Ambas entraram já dizendo suas falas ensaiadas.

Geovanna fez questão de escolher a peça com muita precisão. Quando ficou sabendo sobre a aposta do casal ela, assim que se recuperou da gargalhada correu para o computador e achou a peça mais tradicional que conseguiu. Sim, ela também estava na lista de amaldiçoadas pela Kamilla. Mas não ligava. Apenas não perderia essa oportunidade para zoar com a amiga. E foi assim, com um suspiro teatral que se começou a peça.

—Mas mãe, onde é que está o noivo? — perguntou Kamilla, caprichando em seu sotaque caipira e mexendo em uma mecha de seu cabelo. Geovanna olhou para o lado assustada.

—Aposto que fugiu. — disse como o script. E continuou. — também, “ocê” foi beijar o primeiro que “ocê” encontrou. Por acaso não sabe que “home” a gente nem chega perto?

—Ah mãe, mas ele era tão garboso! — Kamilla pronunciou parecendo envergonhada. Não foi difícil encenar. Realmente estava envergonhada por pagar um mico tão grande.

—Num interessa! Agora ele nem apareceu no “póprio” casamento. O que adiantou tanta “garbozisse”? — Juliano, que era o padre falou no momento certo.

—Carma gente, ele logo vem!

—Olha Antônia, eu tenho certeza que ele vai chegar. Eu nunca me engano. — disse Rodrigo, que naquele momento era o Santo Antônio.

Ao longe, se viu Rafael, com uma roupa toda rasgada sendo trazido com dificuldade por Marcelo e Caio o pai da noiva e o delegado, respectivamente. Ao chegar, Rafael sorriu amarelo para Kamilla, que secretamente o ameaçou com o olhar, mas ao falar sua voz era doce.

—Oh meu querido, pruquê ocê demorou tantu? — Rafael quase não conseguia segurar a risada.

—Hum... Er...

—“Tava” fugino. Fugino pruquê é um sem-vergonha. Mas eu e o delegado — Marcelo bateu nas costas de Caio. — pegamos ele de volta.

—Fugino? Seu sem vergonha...

—Que isso minha rosa, eu “tava” era pegando isso pra você. — e estendeu uma flor a ela, que se derreteu de amores.

—Oia mãe, ele foi muito cavaleiro. — ela sorriu para ele, falando de costas para a mãe.

—Então, vamo casa esse povo? Num é que eu esteja “dispensano” uma filha de “coroner”, mas eu tenho outros “cumprumiçu”. — disse o Padre. Todos se arrumaram em seus devidos lugares e o padre começou.

—Toinha, ocê aceita o Zezé como seu legítimo esposo?

—“Craro” que sim. — ela disse suspirando.

—E ocê Zezé? Aceita essa moça “bunita” como sua legítima esposa?

—Fazer o que né? — ele deu de ombros.

—Nesse caso, eu vos “decraro” marido e mulher. Ocê já pode beijar a noiva. — Rafael se virou para Kamilla com um sorriso malandro e encostou seus lábios no dela, momentaneamente. Quando eles se viraram para o povo, Kamilla gritou.

—Então que comece a festa! — e se deu início à quadrilha. Todos os casais se formaram, arrumando-se atrás de Kamilla e Rafael, que dirigiriam a quadrilha. Esta por sua vez, estava olhando para Rafael como se quisesse estrangulá-lo.

—Eu odeio você! — ela disse e ele sorriu cínico.

—Oh meu amor, que doce você! É a moça mais “bunita” desse “casório”. — ele disse em seu sotaque caipira e deu-lhe um beijo no rosto. Apesar da careta dela, ela sorriu no fim. — Além do mais, isso foi pra você aprender que não se aposta com o gostosão aqui! — ele sorriu vitorioso. Kamilla cerrou seus olhos, mas sem nenhuma resposta em mente apenas olhou para frente. Elisa estava ao microfone e iniciou a quadrilha.

Fazia anos que Kamilla não participava de uma quadrilha. Desde que seu pai morrera, pra ser mais exata. Ela participava mais para agradar o velho, mas mesmo assim, no fundo ela gostava daquela agitação e dança sincronizada. Os passos ali eram como em sua infância, com algumas modificações talvez, mas nada muito diferente. Ela se sentiu novamente com sete anos, quando foi noivinha de uma quadrilha. Naquela época, não tinha teatros de casamentos ridículos, mas ela amou ser a noivinha. Ainda se lembra de como se sentiu quando chorou de vergonha na frente de um monte de gente e seu pai foi lhe socorrer.

—Não tenha medo. — ele sorriu seguro. — eu estou aqui. Vou te proteger. Por que você não dança apenas para mim? — ele perguntou. Enxugou uma lágrima de seu rosto e lhe beijou no rosto antes de manda-la de volta para a roda onde ela dançou a quadrilha inteira sorrindo apenas para agradar o pai. E no fim acabou se divertindo.

Quando a quadrilha acabou Kamilla descobriu que ainda gostava de dança-la. Ela ria como uma criança e Rafael sorriu feliz em ver a namorada com outra expressão no rosto a não ser a de “eu vou te matar”. Eles saíram da quadrilha com ela em suas costas e quando chegou ao salão ele a soltou no chão que lhe deu um beijo discreto.

—E aí, doeu?

—Não. — ela se pendurou em seu pescoço, dando-lhe um beijo na bochecha. — mas não faça isso comigo nunca mais. — ele sorriu para ela.

—Vem eu to morrendo de fome. — Geovanna apareceu estragando o momento romance e puxando sua irmã de coração para o balcão da cozinha.

—Joana, dois pastéis...

—Quatro. — interrompeu Rafael.

—Seis. — acrescentou Marcelo. Elas riram.

—Certo! Seis pastéis de frango com catupiry e quatro latas de refrigerante, por favor. — ela pediu e Joana, a encarregada de pegar a comida piscou para ela antes de pegar o pedido. Assim que saíram sentaram-se a mesa matando a fome em um instante. Embora fosse difícil comer perto de Rafael fazendo tantas piadas, eles conseguiram em um recorde incrível. Apenas quando estavam cheios que resolveram aproveitar as brincadeiras que ali tinham.

Foram primeiro na dos peixes, aos quais os garotos ficaram fazendo graça com umas crianças que ali estavam.

—Então cara, qual delas é a sua namorada? — perguntou Rafael a um garoto que parecia ter seis anos, com olhos castanhos e cabelos cor de mel.

—Nenhuma. — respondeu o menino.

—Mas tem alguma que você gosta né? — Marcelo questionou e o garoto afirmou em silêncio.

—É aquela ali. — respondeu o menino envergonhado. Enquanto isso, as meninas estavam distraídas tentando pescar algo no “lago” junto com outras três pequenas que riam de suas palhaçadas. O garoto apontou para uma menina de cabelos ruivos, com sardas e com uma janelinha no sorriso. Os garotos sorriram.

—Então é o seguinte, você vai chegar nela e vai a chamar pra dançar. — o menino abaixou a cabeça envergonhado. Rafael reprimiu uma risada.

—Exatamente. Vai falar que ela está muito bonita e vai dar um beijo no rosto dela. — Marcelo riu também.

—Mas eu não posso. — o garoto respondeu com o rosto queimando de vergonha. — e se ela não gostar de mim?

—Mas você não vai forçar a barra agora. Vai apenas dançar com ela. Dizer o quanto ela tá bonita e lhe dar um beijo. Tu é muito novo pra namoro, vai só encantar a moça. Daqui alguns anos tu beija ela. — Rafael cutucou o garoto que foi correndo chamar a menina pra dançar. Rafael e Marcelo se cumprimentaram batendo as mãos no momento exato que Kamilla e Geovanna chegaram. Elas franziram o cenho.

—O que vocês aprontaram? — Geovanna cruzou os braços.

—Damos uns conselhos amorosos...

—Que está na hora de segui-los. – completou Rafael. — quer dançar?

—Não, obrigada!

—Ah, mas você vai. — Rafael avançou em direção de Kamilla pegando-a e a lançando por sobre seu ombro até chegar ao salão onde uma música agitada tocava. Kamilla debatia-se e esmurrava o namorado, mas ele parecia nem sentir. Assim que chegaram, ela foi obrigada a dançar com ele. Não que ela não gostasse. Era o tipo de música preferida de Kamilla. Agitada, porém se dançava muito perto.

Rafael sempre foi um ótimo dançarino e com o tempo Kamilla também se tornou uma. Eles dançaram sentindo a nostalgia que uma dança provoca: aquela doce sensação que ao mesmo tempo era ardente. Kamilla encostou sua cabeça no peito do seu homem, e este beijou seu pescoço e colocou sua cabeça em seus cabelos já desarrumados. Eles dançaram aquela música totalmente à vontade e por um momento, Kamilla se esqueceu de tudo.

Tudo que sentia, via e ouvia era Rafael e aquilo servia para ambos. A felicidade atingira os dois e parecia que não encontrava motivos para ir embora. Os pés cruzavam o chão em passos sincronizados, mas já não eram eles que comandavam seu corpo e sim seu corpo que comandavam eles. Aquele pequeno órgão que fica bombeando sangue pelo corpo havia se transformado em um novo cérebro ao qual ele ditava os passos e dizia pra que lado ir e como ir. Os corações deles batiam a um só ritmo e eles puderam sentir uma nova paixão se aproximando, uma que parecia que ali ficaria para sempre, mesmo que o para sempre não existisse.

Rafael teve a ousadia de interromper aquela melancolia para sussurrar no ouvido de Kamilla, e ela tentou prestar atenção em suas palavras e não ao arrepio que percorreu seu corpo. “Um ano e eu ainda me arrepio com seu toque.”

—Vamos ali? — ela concordou, mesmo hesitando em interromper aquele momento perfeito. Ele pegou a mão dela e a levou para longe de todos, para o estacionamento onde estava sua moto.

—O que foi? — ela perguntou. Ele fez um sinal de pare, tirou o capacete de cima da moto e em baixo dele estava uma caixinha de veludo. Rafael entregou-a para sua namorada com grande expectativa. Esta soltou sua mão e abriu a caixa com cuidado e encanto.

Assim que abriu viu um colar. O colar com pingente de coração. Era pequeno, mas simplesmente lindo. Kamilla ficou sem ar.

—Feliz aniversário de um ano de namoro. — sussurrou Rafael. Kamilla então caiu à ficha. Eles estavam fazendo um ano de namoro, como ela pode esquecer? Que tipo de namorada insensível era essa que simplesmente se esquecia da data do próprio namoro?

—Ah meu Deus, Rafael! Eu esqueci, eu... Eu não comprei... Desculpe-me. — ela fechou os olhos de vergonha sentindo ódio de si mesma. Estava tão ocupada estudando e pensando em outras coisas que simplesmente não lhe ocorrera a mente que hoje era um dia especial.

—agora você carrega o meu coração no seu pescoço— ele disse, colocando o colar em seu pescoço. — Quem sabe logo, não será uma aliança no lugar? — beijou a parte nua de seu pescoço, sentindo os lábios formigar de prazer. — Kamilla sorriu com aquele pensamento se virando para ele, que se encostou à moto.

—Tecnicamente, não é um ano de namoro. Nós terminamos lembra?

—Eu não ligo. — ele riu, seguido por ela. — E, além do mais eu sei como pode compensar isso.

—Como? — um sorriso bobo prevaleceu no rosto de Kamilla.

—Dizendo que me ama. — ele deu um selinho a ela. — E me deixando cuidar de você. — outro selinho. — E cuidando de mim. — seguiu com o ritual. — E me amando. Cada dia. — por fim acabou dando um beijo, um beijo de verdade, como aquele quando foram encomendar caldos. Um beijo tranquilo, mas de tirar o fôlego, tornando aquele momento inesquecível.

—Eu te amo. — Kamilla lhe deu um selinho, fazendo como ele toda vez que pronunciava uma frase. — e deixo você cuidar de mim. E cuido de você. E vou te amar. Todos os dias.

—Eu também te amo. — e enquanto se beijaram de novo, os ouvidos de Kamilla captaram uma música que ela mesma tinha colocado na playlist. Abriu os olhos e interrompeu o beijo.

—Vem! Hora da minha surpresa. — enquanto subiam para onde tocava a música, ela explicou que havia descoberto uma música linda, uma música que era a cara deles. E que provavelmente foi a que ela mais amou. Uma música chamada two pieces.

Eu não posso dizer que eles viveram felizes para sempre, porque primeiro: não há como viver feliz o tempo todo; e segundo: não existe para sempre. Mas eu acredito que existem momentos que não importam sua duração, eles parecem eternos. Kamilla e Rafael viveram diversos momentos eternos, sejam no futuro ou até mesmo no passado. Momentos que mesmo se separassem eles ainda se lembrariam de e contariam para seus filhos e netos. Porém certa vez eu escutei uma frase inspiradora que dizia assim: “O importante meus caros, é que eles viveram”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ok, acho que agora eu estou mais recuperada kkk. Mentira, não to kk. Bem, é isso. Comentem o que acharam, se gostaram, se não gostaram, e marquem que já leram a história pra mim saber quem me acompanhou nessa jornada aí. O que vocês acharam da quadrilha? O capítulo teve erros? E o romance, ficou pouco? Enfim, esperando o comentário de vocês *-*. Não me decepcionem, eu vou considerar cada review como um presente de aniversário *-*, três beijos pra todos os divos que me leram *-*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Two Pieces" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.