Two Pieces escrita por Olavih


Capítulo 21
A dor muda as pessoas.


Notas iniciais do capítulo

Heey pessoas olha eu aqui!! Então, volti mais cedo pq eu quero que o último capítulo seja postado no meu aniversário, então este será postado hoje, o próximo na quarta desta semana e o epílogo na quarta do meu aniversário haha. Mas eu não estou tão feliz. Vou ficar com saudade de vocês e dessa fic. Enfim, não vou começar com o chororó agora. Err, eu sei que esse capítulo era pra ser o grande revelador, mas não vai ser. Não muito. Ele é narrado pelo Rafael. Só pra deixar vocês mais curiosos sobre a história que Elisa tem pra contar pra Milla. Aproveitem o capítulo e vocês são maravilhosos, eu amei as reviews, obrigada. Me animou pakas. Este capítulo vai ser dedicado a Giuly Mba que mandou uma review maravilhosa e até me inspirou em uma parte do capítulo. Bem, sem mais demora boa leitura.



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Meio dia. Marcelo estava prestes a chegar e eu já estava terminando meu momento “empregada”. Como eu já disse antes, não temos empregada. Portanto, enquanto Marcelo arrumou um emprego eu fiquei com a função “dona de casa”. Tenho que dizer que eu fico ridículo segurando uma vassoura? Acho que não né. Marcelo até zombou de mim, trazendo um uniforme de EMPREGADA. Depois sai com uns dentes a menos e ainda fica reclamando.

Hoje levantei cedo e coloquei o som no mais alto escutando um bocado de músicas enquanto dava um geral na casa. Cômodos, chão e até os móveis entraram na dança e por incrível que pareça eu fui até rápido. Já havia limpado o chão e os cômodos quando Marcelo entrou pela porta trazendo duas marmitas como almoço. Apesar de ricos, acho que nenhum de nós nos importou com marmitas. E a do restaurante da esquina era a melhor. Ele olhou para mim divertido e colocou a comida na mesa.

—E aí, aproveitou o dia cinderela? — ele zombou e se sentou.

—Muito. Só faltam os móveis agora.

—Uau, está se tornando uma ótima empregada. — ele riu e eu lhe dei uma tapa na cabeça.

—Larga de ser idiota. — repliquei e busquei duas colheres. Cada um de nós pegaram nossos “pratos” e começamos a comer. O almoço foi bastante silencioso, cada um bem distraído com seus próprios pensamentos. Os meus se encontravam em Kamilla. E a maior parte do tempo tem estado assim. Apenas ela reina agora em minha cabeça e a todo o momento eu fico com medo de perdê-la de novo. A todo o momento eu penso que ela precisa de mim, que está chorando e precisando de consolo. Eu começo a ficar louco e sem ver já me pego ligando para ela.

Claro que eu tento me controlar, mas cada vez que penso nos detalhes que formam a Kamilla, a Kamilla que eu gosto eu começo a pensar em nossos momentos juntos, nossas conversas e a saudade apertam no peito. Foi assim quando estávamos separados e agora não mudou. A diferença é que agora eu me controlo, pois sei que ela está bem e sem perigo nenhum. Que nada vai machuca-la e que eu posso acabar com quem se atrever a feri-la.

Quando terminamos deixamos as colheres na pia e fomos para a televisão. Alguns comentários surgiram sobre os esportes e até brincadeiras e provocações um com o time do outro, nada muito interessante. Por fim Marcelo anunciou que precisava voltar ao trabalho. Ele se arrumou e foi. E eu me deitei no sofá com uma preguiça enorme de voltar a trabalhar. Somente quando criei coragem que alguém bateu a porta.

Levantei lentamente depois da terceira batida que parecia urgente. Não fazia ideia de quem era, mas abri só por causa da aparente urgência. E quase tive um infarto ao ver quem era.

—Pai?

—Posso entrar? Precisamos conversar! — ele perguntou/afirmou com sua velha expressão de Gabriel Andrade. Aquela expressão de “sem interesse” que agora sua voz contradizia.

—Claro. — dei espaço e ele entrou na casa.

—Confesso que esperava sutiãs em todos os lugares, garrafas de bebidas e uma bagunça total. Mas toda essa organização me pegou de surpresa.

—Teria encontrado uma bagunça total se viesse aqui semana passada, menos a parte do sutiã. Mas agora eu comecei a arrumar a casa.

—E desde quando você sabe arrumar casa?

—Desde sempre. — respondi me sentando em um sofá e ele se sentando em outro. — agora, por favor, seja você mesmo e vá direto ao ponto. O que você quer? — ele ficou em silêncio por um tempo.

—Quero que volte para casa. Quero que largue seu casinho...

—Ela não é um caso. — interrompi. — é minha namorada. Mas você deve estar surpreso com isso não é? Sempre pensou que tudo que eu tenho vem do seu bolso.

—Voltar para a faculdade e arrumar um emprego de verdade. Se casar com alguém que tenha família. Estou aceitando até uma pobre agora. Só pra você ver que eu mudei. — ele continuou como se eu não tivesse falado.

—Uau pai estou impressionado com sua mudança. Acho que deve ser assim que vamos conseguir mudar o mundo. — disse com bastante ironia. Ele respirou fundo.

—Eu estou falando sério Rafael.

—E eu também. Não vou largar Kamilla apenas porque você quer.

—Mas você tem que ir.

—Por quê?

—Porque eu não aguento mais ficar sozinho está bem? — ele gritou. Seus olhos começaram a se encher de lágrimas e eu fiquei completamente assustado. Nunca o tinha visto assim e nunca imaginei que fosse. Sempre vi Gabriel como uma estátua que nunca mudava de humor por nada e vê-lo assim me deixou abalado. — eu não posso mais. Todos os dias eu chego a casa e é a mesma coisa. O silêncio está me deixando louco. Eu acho que estou entrando em depressão... — e parou de falar.

—Mas Gabriel, você procurou isso. Você afasta as pessoas de você.

—Como?

—Com seu jeito arrogante. Com sua ignorância. Sim, apesar de ser estudado, você é a pessoa mais ignorante que eu já vi. Não aceita os defeitos das pessoas e as abandona quando não lhe servem mais. Como fez com a minha mãe.

—Isso não é totalmente verdade. — ele afundou a cabeça entre as mãos. Naquele momento descobri que podia sentir pena do meu pai.

—Como assim?

—Foi ela quem se separou de mim.

—Por que você a traiu. — gritei. Ele suspirou e balançou a cabeça afirmando.

—Eu sei. E eu me arrependo a cada momento disso. Arrependo-me de tê-la deixado ir. Arrependo-me do modo como a tratei como eu te tratei. Eu não sabia da doença dela. — pelo visto ela enganou a todos, pensei. — e quando ela morreu... Eu fiquei sem chão, porque eu também me senti culpado. Eu nunca quis que ela morresse.

—Mas ela morreu. Não posso dizer que a culpa é toda sua, mas que você tem sua parcela.

—Eu sei. — ele sussurrou. — eu vim aqui hoje pra te pedir perdão. Perdão por nunca ter sido o seu pai. Por nunca ter tentado te compreender. Por não me importar com você, porque agora eu sei o quão ruim isso é. Eu não quero perder você Rafa. Eu não quero perder tudo que eu tenho. — ele suspirou. Suas palavras vinham com uma carga de dor. Ele parecia realmente arrependido.

—Porque mudou agora? — perguntei.

—A dor muda às pessoas. E ela me mudou.

—Mas não o suficiente. — repliquei. — ainda não aprendeu que Kamilla é uma moça de respeito. Ela é a mulher que eu amo.

—Mas não deveria.

—Por quê? — franzi o cenho e ele levantou a cabeça com os olhos mais frios agora.

—Porque ela é praticamente sua irmã. Ela é filha da Elisa Rafael.

Arregalei os olhos.

—Você só pode estar brincando.

—Não, não estou. Elisa me contou há muito tempo, quando pretendia fazer o colégio para órfãos. Me contou que tinha uma filha e quando Kamilla chegou no colégio ela revelou que era ela. Vocês não podem ficar juntos.

—Não sou filho da Elisa. Não somos irmãos.

—Mas pela lei...

—Que se dane a lei. — levantei e me virei de costas para ele. Kamilla vai ficar arrasada quando souber.

—E o que você vai querer com ela se ela vai para outro estado? — ele falou.

—O que quer dizer com isso? — virei-me para ele que tinha o olhar sereno.

—Nesse momento Kamilla deve estar sendo levada com sua nova família adotiva para outro estado.

—ADOTIVA? — minha raiva estava só aumentando. — Gabriel, o que você aprontou?

—Me chama de pa...

—CONTA AGORA! — exigi. Ele cerrou os punhos.

—Quando eu fiquei sabendo sobre a semana da adoção eu sabia que você não largaria da Kamilla tão fácil.Então, foi só pedir para alguém de lá de dentro pra preencher uma ficha por mim. Por uns míseros cinquenta reais, a pessoa fez algo proibido, apesar dele dizer que nem precisava ser pago, que fazia isso com prazer.

—Quem?

—Guilherme alguma-coisa. Não faço questão de lembrar nomes desnecessários. — ele deu de ombros. Claro que tinha que ser Guilherme, maldito. Vou me lembrar de dar uns socos naquele idiota. — enfim, o fato é que hoje é a semana da adoção e é provável que Kamilla já esteja sendo adotada nesse exato momento. — cerrei meus punhos. Como ele podia fazer isso com ela?

—Você pode até ter mudado Gabriel, mas para mim você continua sendo o mesmo. Podre por dentro. Eu não vou voltar. Principalmente depois dessa. Por que eu tenho medo. De me tornar alguém tão egoísta quanto você. — caminhei até a porta. — espero que aprenda que não é obrigando, comprando, que você terá quem você ama por perto. — abri a porta. — ou tenha um ótimo final solitário.

Indiquei com a mão e ele arregalou os olhos. Esperei até que ele caminhasse até a porta.

—Estarei no mesmo hotel de sempre se quiser falar comigo. — abaixei a cabeça, não querendo olhar em seus olhos.

—Não acho que será preciso. — ele saiu e eu fechei a porta. Apenas pra ir até o quarto e pegar meu celular. Três ligações perdidas de Kamilla. Meu coração parou. Liguei de volta e no terceiro toque ela atendeu. Sua voz estava embargada.

—Rafael, vem aqui. Eu preciso de você.


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Notas finais do capítulo

E aí gostaram? Acha que o Rafael deve perdoar o pai? E o que a Elisa falou que deixou a Milla tão abalada? Qual foi a parte que mais gostaram? Por favor comentem vou amar ver vocês nos comentários. Um beijão pra todos que leram *-*



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