Clarity escrita por Mafê


Capítulo 6
Baby I, I Wanna Know What You Think When You're Alone


Notas iniciais do capítulo

Eu não tive os meus seis comentários, mas tive um favorito. YEP!
Capítulo todinho para Made In Mary, espero que goste!
Nota: Eu decidi dar mais opções pra vocês. Para eu postar um capítulo, agora preciso de UMA dessas alternativas abaixo:
*8 comentários no último capítulo postado;
*4 comentários "inspirados" (grandes)
*Uma recomendação
*Um favorito
Sua escolha!



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Every time I look inside your eyes

You Make me wanna die”

–Make Me Wanna Die, The Pretty Reckless.

–Coma. – ordenou um homem de vestes totalmente pretas e uma cara carrancuda, que havia acabado que entrar em nosso “quarto”; devia ser hora do jantar, ou talvez café da manhã. Aqui não existem janelas, então é difícil saber que horas são ou há quanto tempo estamos aqui.

–Não. – respondi seca; fazia muito tempo que não bebíamos nem um mísero gole de água. – Não vou comer.

–Ou você come, ou ela morre. – ele disse, calmamente, como se fosse a coisa mais normal do mundo puxar uma garota e apontar o gatilho de ferro para sua cabeça. Sinead, mesmo pressionada contra a arma, me dizia com a cabeça que já tinha um plano.

Conseguia enxergar sua mão indo em direção à arma por trás, onde nosso carrasco não veria. Mas eu não podia arriscar a vida dela; se mais guardas escutassem os tiros viriam atrás de nós e poderiam mata-la. Mesmo sabendo que a comida continha um veneno ou uma espécie de soro da verdade só pelo cheiro, eu enfiei uma garfada na boca.

Escutei o guarda rir baixo e logo em seguida o som de tiro. Rapidamente me levantei e vi a perna de Sinead sangrando enquanto a menina gritava. A perna; pensei. Pelo menos ela ainda está viva.

–Isso – começou a explicar-se o guarda – É para aprenderem a não contrariar as ordens do chefe. – e retirou-se, nos deixando ali, junto a uma poça de sangue que deixava o corpo de Sinead.

–Si... Si, olha pra mim; não pensa na sua perna. Se concentra em focar a minha imagem, e eu cuido do resto. – disse, e ela assentiu, tentando focalizar meu rosto. Olhei bem em seus olhos e peguei um pouco de água na pia.

Juntei minhas mãos em concha, mas sabia que não seria o suficiente. Então olhei para trás e vi o prato em que havia comido. Ainda estava cheio, mas joguei a comida num canto embaixo do colchão em que dormíamos e enchi o prato; sorte minha que era um daqueles fundos, e coube bastante.

Tentei me lembrar de minhas aulas de primeiros-socorros que tive na escola, quando era pequena, mas com tanta fome, sede, cansaço e claustrofobia foi difícil pensar; mesmo assim, uma imagem persistente me veio à cabeça. Nela, o instrutor – um bombeiro muito bem apessoado- rasgava uma blusa que ele havia trazido como exemplo e junto com dois gravetos de madeira improvisava uma tala, após limpar o ferimento.

Arranquei então a manga da minha blusa: serviria perfeitamente. Levei a água até Sinead e comecei a desinfeccionar. Ela, que não havia tirado os olhos de mim desde que pedi, os fechou e grunhiu de dor. Eu quis parar no mesmo instante ao ver que ela estava sofrendo, mas pensei em quão maior seria o sofrimento dela se o machucado infeccionasse mais.

–Si, vou te contar um sonho estranho que eu tive, está bem? – ela balançou a cabeça confirmando. Quando eu estava com doente, minha mãe sempre lia uma história para mim; pensei que a tática poderia funcionar aqui, para tirar minha atenção de seus pequenos gritos e dela da dor.

Ainda limpando o machucado, continuei:

–Tive esse sonho há algumas noites; para mim, na verdade, é mais um pesadelo. Por favor, não ri da minha cara! – falei para ela, sabendo já qual seria sua reação.

–Já tô rindo por que já sei de quem se trata. – ela resmungou, esboçando um pequeno sorriso.

–Por que você me conhece tão bem? – falei para mim mesma. Continuei: - No pesadelo, Ian e eu estávamos morando na mesma casa, e a noite ele me deu o típico beijo de boa noite e disse que me amava. – ri debochadamente da ponta de esperança que nascia no fundo do meu coração toda vez que me lembrava daquela cena. – No dia seguinte, tive o mais sonhado dia de noiva e claro, acompanhado daquela dor toda.

Após desinfeccionar o machucado e estancar o sangramento, comecei a improvisar a tala; quero dizer, improvisar a tala improvisada. A tala com gravetos já era improvisada, mas tive que colocar meus grampos que prendiam minha trança como se fossem gravetos e os amarrei bem forte à minha manga, imobilizando o pé de minha prima.

–Dei a típica atrasada da noiva para causar suspense e entrei na igreja. Mas quando comecei a andar, vi que para os outros, eu não estava ali. Havia uma noiva à minha frente e Ian sorria para ela...

–Eu escutei um chiado de ciúmes? – perguntou Sinead, erguendo uma sobrancelha.

–Sim – revelei, fazendo-a erguer as duas e fazer um "o" com a boca. –Você sabe que eu gosto dele, isso já não é mais segredo, imagino.

–Gostar é pouco... – murmurou Si, mas resolvi mudar o rumo da conversa, não queria chorar ali.

–Voltando ao sonho, eu corria para chegar ao altar mais rápido do que ela, mas parecia que o corredor sempre se alongava e a outra sempre estava à frente. Então um homem apareceu, e disse que era um mensageiro dos céus. Disse também que eu havia morrido junto de minha mãe no parto e que meu pai morrera no incêndio. Ele completou dizendo que o Dan e os Kabra tinham formado uma aliança na Busca às 39 Pistas e que ninguém se lembrava de mim, que eu fora esquecida, que não adiantava eu tentar correr do destino que ele sempre nos alcançava.

Eu levantei a cabeça e vi que Si ria, ria alegre e abertamente.

–Estou ficando maluca? – perguntei com sinceridade.

–Você tem medo...

–Como? – questionei incrédula.

–Você tem medo de Ian amar outra pessoa como ele diz que ama você. Você tem medo de passar despercebida, sem que ninguém se quer se importe ou se incomode quando você se for. Seu sonho se resume em duas palavras.

–Quais? – perguntei, revirando os olhos; pensei tanto naquilo que acho que acabei descartando a possibilidade de ser tão simples.

–Ciúmes e medo, é claro. – e então começou a cantarolar: - Amy tem ciúmes do Ian, Amy tem ciúmes do I... – ela sorria, mas seu rosto ficou serio de repente. Foi tão rápido que me assustou.

–Si? – chamei. – Si, o que foi?

–Escuta. – então escutei: tiros.

Era um barulho ensurdecedor, que aumentava mais e mais. Os tiros eram acompanhados de passos, por mais incrível que pareça um helicóptero e gritos.

–O prédio foi invadido. – foi tudo o que se tornou audível de minha frase, por que instantes depois a porta explodia e um Ian chamuscado aparecia junto a Dan, que estava em um estado desagradável. Sua blusa estava rasgada na barriga (lê-se tanquinho) e a bermuda estava com um lado maior que o outro. Seu rosto estava respingado de sangue e seu braço estava com um corte profundo.

–AMY! – gritou Ian, e se atiraria em cima de mim se Dan não tivesse o feito antes.

–Você a tem todos os dias que eu sei Kabra. Deixa eu só abraçar a minha irmã e ela é toda sua. – depois ele sussurrou no meu ouvido, mas acho que Dan não sabe sussurrar, porque aposto que todos ouviram: - Não deixe esse moleque delinquente inglês e xexelento machucar você, viu Amy? Eu sei que você é forte por dentro e por fora.

–Você também, Dan. – sussurrei de volta, no mesmo tom. Dan me deixou e foi falar com Sinead, que estava deitada num colchão no canto do quarto.

–Ele me chamou de xexelento? – perguntou um Ian incrédulo e risonho.

–Foi o que eu escutei. – eu ri, e ele riu junto, mas ficou sério enquanto olhava nos meus olhos.

–Amy... Precisamos conversar. Em particular. – aquela ultima frase causou um frio na espinha de Amy que ela teve medo de ficar sozinha com Ian.

–Pois então fale. Tudo que você quiser me falar pode ser dito na frente do meu irmão. – eu falei, andando até Dan, que se levantou apoiando Sinead em seus braços e olhando interrogativo para Ian.

–Dan, - começou Ian. – Já que o ninja já tem a espada mortal, o detetive quer resolver o caso. Por favor. – pediu a Dan. Eu tinha uma leve impressão de que Dan era o ninja e Ian o detetive, mas meu raciocínio foi interrompido por Dan:

–O detetive está liberado. Mas se ele detonar o caso, não escapa do ninja.

Ian sorriu, passando a mão pela minha cintura e me guiando para fora. Descobri que estávamos numa mansão e que todos os guardas Vesper estavam mortos, o que resultou numa casa ensanguentada. Fomos até o jardim, onde o helicóptero estava pousado.

–Amy... Me desculpa, tá? Vamos começar no meu primeiro erro da semana. – Eu ri e ele começou a contar na mão – 1°: eu não tenho e nunca tive nada com a Drew. Só não desmenti e nem falei nada porque estava pensando no que você estaria pensando de mim; eu congelei. – ele gesticulou com as mãos, um pouco exagerado. – 2° desculpe por não ter estado lá quando você teve aquele segundo ataque, sei que foi culpa minha, Amy, e não...

–Ian. Cala a boca – e simplesmente o beijei, um beijo que ele correspondeu prontamente. Aquele beijo que sempre despertava sentimentos nela que nem Amy sabia que existiam, aquele maravilhoso beijo. Eles teriam ficado ali, congelados naquele momento, se não fosse pela falta de ar.

Nos separamos, ofegantes e vermelhos, e olhei para o chão, ainda nos braços de Ian sem saber o que falar, mas ele resolveu quebrar o gelo.

–Amy? – disse, puxando meu queixo e me forçando a olhar para ele. – Amy... – ele riu baixo – Eu só queria te dizer que eu te...

–PAROU A AGARRAÇÃO – berrou Sinead, vindo de dentro da casa apoiada em Dan. Ela olhou pra mim e sibilou: ele disse?

–Se não fosse por você! – gritei para ela. Fiz o maior bico que pude, e lhe lancei um olhar mortífero. – Inconveniência é a sua melhor qualidade, priminha.

–Bem, eu acho que é a sua, por que se não fosse por você na minha festa do pijama do ano passado...

–Muita coisa teria acontecido! Podiam ter cinco pessoas aqui! E, acredite em mim, eu não queria ter visto nada daquilo.

–Então tivesse ficado quieta no seu canto!

–Tivesse você ficado também agora! – falei já rindo. Nós duas simplesmente não conseguíamos brigar por mais de dois segundos. Ela me abraçou e sussurrou.

Então ele pode dizer a partir de qualquer momento; começando agora.

–Tomara – sussurrei de volta.

–Dan – chamou Ian – O detetive resolveu o caso e o ninja tem a espada mortal. Missão comprida – e fizeram um “highfive”.

–Seus idiotas... – murmurei finalmente entendendo o código, e dei um tapa no Ian e dois no Dan. E me virando para Ian:

–Você me chamou de caso?

–Você não entende, é que...

–É que nada, ué – simplificou Dan – Mas porque eu recebi dois tapas e o Cabra um?

–Um por mim e um pela Nat. Qualé, espada mortal? Não tinha um melhor, não?

–Concordo. Prefiro ser uma bolsa da Prada a uma espada mortal. – disse uma voz atrás de mim. Vi Nat e Hamilton chegando e fiz uma cara de interrogação. – Os homens disseram que eu não podia vir junto e as mulherzinhas ficaram lá e tive que pedir carona pro Hamilton. – então eu vi o olho de Hamilton brilhar quando se cruzou com o de Si; já que ela tinha me interrompido, merecia uma:

–Bem, a Si me disse que quer conversar com o Hamilton, então porque não os deixamos a sós? – disse brincalhona enquanto passava minhas mãos em torno de Ian e puxava os outros comigo deixando uma Sinead furiosa para trás e um agradecido Hamilton junto.

Chegando ao helicóptero, eu vi Ian olhar Nat e Dan com certa reprovação, então disse em seu ouvido:

–Se a gente pode, eles também podem – e depositei um beijo no canto de seus lábios. – mas eu quero falar com ela. NATALIE! VEM AQUI! – gritei, e quando ela olhou me soltei de Ian e fui andando com ela para dentro da casa.

–Eu não gostei do que os dois carinhas fizeram com a gente – falei depressa e ela pareceu não entender. – Criar códigos para falar de nós sem percebermos? Vamos fazer com eles também.

–Concordo. Mas vamos fazer um mais difícil para aqueles bobões não pegarem de primeira. Algo do tipo: Ian é a bolsa Prada e Dan o quebra-cabeça. Daí você fala tipo: A sua bolsa Prada ficou lá no meu quarto pra dizer que você e o Ian ficaram.

–O mesmo pra você – respondi piscando o olho. – Se tivermos brigadas com ele fala algo do tipo: esse quebra cabeça é difícil demais; eu tentei, mas não deu certo. A gente vê o resto tá?

–Combinado- ela piscou o olho e saímos rindo.

–O quê é tão engraçado? – perguntou Ian, me abraçando e me dando um beijo.

–Engraçado é que você não tem o direito de fazer isso – falei o afastando e Nat riu. – A propósito Nat, aquela bolsa Prada ocupa muito espaço! – nós duas rimos feito dementes e ela, que estava abraçando Dan, que a beijava na bochecha disse:

–Pois eu acho o seu quebra cabeça fantasticamente agradável.

Eu fiz um “o” com a boca e ri, mas os outros dois ficaram nos olhando com uma cara interrogativa.

–Porque eu não posso fazer isso? – perguntou Ian; eu fui lenta demais, e ele acabou me beijando de novo.

–Porque você não é nada meu.

–Claro que sou.

–Não é nada. O Dan pode beijar a Nat porque eles são namorados, a Si pode beijar o Hamilton porque eles são peguetes, mas...

–Não seja por isso. – ele olhou pra mim e disse: - Amy, você aceita namorar comigo?

–Não. -respondi, jogando com ele que fez uma cara de bundão. Natalie, sacando tudo riu e concordou.

–Não? – Ian perguntou.

–Não. Eu quero um pedido com direito a romance. O Dan pediu a Nat de joelhos; Eu sou mais velha, quero um pedido melhor.

–Não vai conseguir – sussurrou Nat para mim, me fazendo e fazendo Dan rir.

–Espera só. – Ian disse, com um sorriso malicioso nos lábios. – Dan, aquilo ainda está aí?

–Então era para isso que você queria? – Dan levantou uma sobrancelha – Sim, tá aí no compartimento. Tem o suficiente pra duas os três vezes o que você quer. – e depois murmurou para si mesmo: - Devia ter pensado nisso antes...

–Ei – chamou Nat – Eu amei o meu pedido.

–AMY! OLHA PRA CIMA! – gritou Sinead, que vinha correndo com Hamilton; o que quer que os dois tenham conversado foi bom pra ela; Si estava sorrindo.

Desviei meu olhar do novo casal Cahill e olhei para onde ela apontava. Uma fumaça branca saia do helicóptero formando primeiro: “AMY” e depois: “VOCÊ ACEITA SER MINHA NAMORADA?”.

Eu tive de rir daquela cena; eu nunca poderia ter imaginado ser pedida assim. Quando o helicóptero pousou, Ian saltou com um buquê de rosas vermelhas na mão. Mas eu odeio rosas vermelhas.

–Ah, não... – sussurrei para Sinead, que olhou para as rosas na mão de Ian e teve um ataque epicoplético de tanto rir; Nat, notando a situação, riu baixinho enquanto Ian chegava com as rosas.

–O que foi? – ele perguntou, parecendo confuso, mas eu não conseguia explicar; se eu falasse alguma coisa meu corpo poderia não resistir e beijar ele ali mesmo.

–Ian... – começou Nat retirando as rosas vermelhas da mão de seu confuso irmão – A Amy detesta rosas vermelhas.

–Mas porque, em nome de Luke Cahill, você não me falou isso, Daniel?

–Eu não me lembrei, ué; mas não tem problema. – ele pegou as rosas de Nat, se ajoelhou e disse: - Pra você meu amor.

–Obrigada! – disse Natalie, dando um selinho no meu irmão.

–Como eu sei que você sabotou as minhas flores, Daniel, de qual flor você gosta, Amy?

–Gardênia – falei rindo. – Gardênias Brancas.

–Pode ter certeza que eu te dou um dia; Mas, enquanto isso não acontece, - e se ajoelhou como Dan havia feito instantes atrás. – Amy... Você aceita ser minha namorada?

Minha cabeça dizia que não, mas meu corpo dizia que sim. Por um lado, era insanidade aceitar namorar o cara que tentou me matar 27493615738 vezes. Por outro era o mais certo a se fazer, pois de uma coisa eu tenho certeza: eu amo o idiota do Ian.

–Sim. Sim, sim, sim, sim! – eu o puxei pela gola da camisa, o levantando e tasquei o maior beijão nele.

–Uhuul – Alguém gritou atrás de mim, mas eu não parei. – Finalmente assumiram esse chove não molha de vocês! – a necessidade de ar foi mais forte e me soltei de Ian, sorrindo; Quando me virei para o lado, vi Reagan e Ted saindo de um conversível vermelho. Mas tinha algo diferente naquela cena: Ted estava de mãos dadas com Reagan. Eu olhei para Sinead e apontei com a cabeça naquela direção. O queixo de minha prima ruiva caiu e ela disse bem alto:

–Eu tenho que tirar uma foto! Não acredito! Finalmente! – ela gritou dando pulinhos e batendo palmes de alegria. – Amy! AMY! Finalmente, menos um encalhado na família!

–Você não pode dizer nada! É encalhada! – gritei para ela, levantando minha mão que estava entrelaçada na de Ian e piscando o olho. Ela me olhou com uma cara de desafio, depois se virou e deu um beijão em Hamilton.

–Não sou não! – ela disse piscando o olho para mim.

–Bravo!

–Isso é uma espécie de competição? – perguntou Reagan e quando nós assentimos ela virou a cabeça e deu um beijão em Ted, depois se virou, aconchegou-se nos braços dele e disse: - Pois eu estou dentro.

Eu olhei na cara de cada um dos meninos, com a testa franzida e olhei para Sinead. Dei um sorrisinho e falei, em alto e bom som:

–Si! Código Vermelho. – e para todas as meninas: - Piscina agora. – e pisquei. Nós quase nunca usávamos o Código vermelho, era para “coisas de extrema importância” como dizia Sinead.

–Código vermelho? – Ian olhou para mim – O que isso quer dizer?

–Vai ter que descobrir sozinho! – disse depositando um selinho em seus lábios. – Mas agora não temos tempo para isso. Meninas, vocês, que são superiores aos homens em tudo, desde inteligência até beleza e entenderam o código, venham comigo. – me virando para Ted, acrescentei: - Ted me empresta seu carro, por favor?

–Não dá a chave! – gritou Ian atrás de mim e Ted assentiu não me entregando a chave. Então eu me virei para Ian dizendo:

–É assim? – levantei uma sobrancelha.

–É assim mesmo. – ele disse, chegando mais perto de mim e me segurando pela cintura - Agora me explica essa coisa de código e de piscina.

–Essa tática não funciona comigo - disse ao pé de seu ouvido. – Boa tentativa, playboy. Meninas entrem no carro; Como os homens são burros. – e revirei os olhos.

Todas entraram no carro e eu sentei no banco de motorista. A primeira coisa que eu fiz foi ligar o rádio bem alto para que eles não nos escutassem. Depois, puxei dois fios fazendo uma ligação direta com os fios. Levantei, ficando em pé no banco; buzinei com o pé e mandei um beijo pra Ian.

Acelerei em direção à mansão.

–Amy, isso foi genial! – riu-se Nat – Mas porque o Código Vermelho agora? E eu acho que está faltando alguém...

–Madison – disse. – É por causa dela essa reunião de emergência; ela é a única solteira! Vamos pra uma balada para vermos se ela arranja um gatinho.

–Tá, essa baboseira toda tá me entediando. – disse Reagan, lá atrás; Sempre a mesma Reagan. – Eu quero música! E eu escolho dessa vez! Se vocês forem ficar escutando essa enrolação de Taylor Swift e Justin Bieber eu piro de vez!

Ela esticou o braço, mas não alcançou então teve de esticar o corpo inteiro deixando vários “ais” e “uis” para trás. Ela ficou mudando de estação na rádio até que parou em uma musica bem esquisita. You Make Me Wanna Die, de The Pretty Reckless.

Nunca fui muito fã de rock pesado, mas essa musica era (eu tenho que admitir) muito boa. Nunca tinha escutado antes, mas devia. Começamos a cantar feito loucas à medida que pegávamos a letra da música e aposto que se eu pudesse, largava o volante e pulava junto com elas, mas era muito cedo para morrer.

Quando estacionei o carro em frente de casa um pouco brutalmente, todas descemos e eu comecei a escutar risadas vindas de dentro da casa.

–Que diabos...? – fomos até a porta, mas não precisamos abrir, já que ela foi escancarada e Madison saiu – vestindo uma blusa masculina – correndo para o jardim. Logo em seguida veio um menino gritando algo do tipo “eu vou te pegar”. Eu com certeza já tinha visto esse garoto. Até a voz dele era familiar para mim, e aquilo foi me agoniando até que cheguei ao menino e dei um tapinha em seu ombro.

Quando ele se virou fez-se um click em minha cabeça e tudo se encaixou. Aqueles olhos cor de caramelo e os cabelos castanhos despertaram em mim uma lembrança.

–Kurt?

–Amy! Finalmente vocês chegaram! Eu estava tão preocupada, minha irmã saiu com Ted atrás de você e Sinead daí logo depois ele apareceu – Madison disse, apontando para Kurt. – Ele queria ver você, mas eu disse que só nos sonhos, porque você estava sendo feita de refém e... Ai Amy! Eu fiquei assustada! – ela me deu um abraço.

–Calma, Mad, está tudo bem. Eu e Si não sofremos tanto. Não foi nada confortável, mas acho que só queriam nos assustar. E... O que você está fazendo aqui, que mal lhe pergunte? – disse me virando para Kurt.

–Eu vim te visitar. Minha família se mudou para os Estados unidos faz pouco tempo e eu decidi vir ver você, mas como não estava Madison ficou comigo.

–Aposto que não foi só isso que ela fez com você – sussurrou Nat, pretendendo ser ouvida. Todos olharam para ela, os dois incrédulos e nós rindo. – Qual é Mad. Você está solteira e ele é o maior gatinho. Duvido que você não estaria interessada, porque se eu estivesse solteira, eu estaria.

–Mas o meu irmão não é corno, então você não está nem um pouco interessada. – eu disse olhando feio para ela.

–Amy, querida, cunhadinha, whatever. Você acha que eu trocaria o Dan por ele? – ela perguntou e eu arqueei uma sobrancelha – Com certeza não.

–Pare de desmerecer meu namorado!

–NAMORADO?! – gritamos juntas. Madison nunca mencionou um namorado, não pelo menos para mim.

–Ei, se minha irmã quiser ter um namorado ela tem. – disse Reagan – Porque vocês acham que ela não ficou com ninguém na sua festa Amy? Ai, como vocês são lerdas. – Reagan revirou os olhos.

–Mas porque você não contou? Eu achei que elas sabiam! – manifestou-se Kurt. – Porque você escondeu? – ele parecia magoado.

–Não escondi. – explicou-se Madison – Só que ninguém nunca perguntou e elas nunca falavam de namorados para eu mencionar. Mas isso não importa. – ela disse, dando um beijo nele – Porque os meninos não estão aqui?

–Código vermelho. – falei – Reunião na piscina, agora. – eu disse entrando na casa e sendo seguida por eles. – Você – apontei para Kurt – Fica aqui fora e espera o resto dos homens chegarem. Desculpa reunião feminina.

–Sem problemas. O Dan vem também né? Agora ele pode me explicar o que ele começou a falar na última vez que nos vimos... Ele falava sobre um Kabra...

–Ai Meu Deus! – murmurei – Ian... É o seguinte. Talvez meu namorado queira te matar se você mencionar que teve uma queda por mim, então é melhor você fazer o Dan calar a boca, ok?

–Namorado? Bem que o Dan disse que o seu coração pertencia a...

–CALADO. Estamos combinados?

–Pode apostar. Mas porque ele iria querer me matar?

–Meu irmão é um pouco vingativo. – ele olhou questionador para ela, que se apresentou. – Natalie Kabra. Namorada do Dan e conhecida como irmã do Ian.

–Então é esse o nome dele? Não gostei. - respondeu Kurt, pensativo.

–Você não tem que gostar ou desgostar de nada – ralhou Madison, irritada. Ele andou até ela e a abraçou.

–Eu escutei ciúmes aí?

–Escutou.

–De mim? Amiga, já tenho o meu – respondi piscando. Ela riu e eu completei: - Kurt, você nos atrasou muito. Vamos meninas, para a piscina.

–Amy, a piscina é pra lá – disse Ian, vindo de um carro que parou atrás do nosso e apontando para a lateral da casa.

–Não é dessa piscina que eu estou falando, piscina é um apelido que a gente deu para o lugar. Só é permitida a entrada de meninas.

Ele riu e revirou os olhos, mas quando os abriu se concentrou em Kurt.

–E você, quem é?

–É meu namorado. – apressou-se em dizer Madison.

–KURT!

–DAN!

Ferrou.


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Notas finais do capítulo

Gatinhas, se quiserem dar sugestões de casais ou para qualquer coisa da história, podem dar!
"Nunca deixe ninguém te dizer que não pode fazer alguma coisa". Xoxo