I'm Not Alone... escrita por Neith


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Bem... não gostei muito mas espero que não odeiem muito >



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Abri meus olhos e olhei em volta, novamente, na esperança de tudo ser um sonho... Mas como sempre, era infelizmente a realidade... Mas se fosse mesmo um sonho, daria tudo para acordar.

A solidão é minha única companhia... Estou sempre sozinho. Mas também, no lugar em que estou não era de se esperar ter companhias.

Agora, onde estou? Quando eu descobrir eu te respondo... Eu julgo ser uma espécie se prisão. Eu fico sempre neste quarto. Um espaço pequeno, mas o suficiente para uma pessoa. Ainda mais uma que não tem nada para fazer...

Estou sempre dentro destas quatro paredes brancas. Sozinho.

Porque estou aqui? Também não sei... Sou completamente inocente. Talvez eu tenha sido acusado de algo que não fiz e acabaram por me colocar aqui...

Quem sou eu? Bem, esta pergunta, eu sei responder parcialmente. Passei muito tempo sem que ninguém me chamasse, mas lembro que meu nome é Ace.

Quando vim para cá, eu ficava contando os dias, mas parei depois de uns dois anos... Não sei ao certo minha idade, eu chutaria uns 17 ou 18

Não olho meu reflexo desde que vim para cá. Então nem sei qual é o estado do meu rosto... Apenas sei pelo o que lembro.

Meu cabelo cresceu bastante, mas não sei por que, ele sempre teve um crescimento lento. Então com isto, ele ainda está um pouco abaixo dos ombros. E pelo fato de eu poder vê-lo, sei muito bem sua cor, que é ruivo.

Talvez eles tenham escurecido um pouco, mas lembro perfeitamente que meus olhos eram verdes.

Bem, agora vou tentar descrever como sou um pouco... Estou nessa merda de quarto há realmente muito tempo, sem nada para fazer, só eu e minha sombra. É obvio que estou entediado. E como dizem, muito tédio, resulta em depressão...

Nesse tempo todo, não saí deste quarto... Geralmente em prisões comuns, eles oferecem trabalhos para os prisioneiros, mas não é assim comigo. Fico aqui trancado, dia e noite. Sem ter nenhuma visão do mundo lá fora...

Não tenho noção de horário. Meu quarto é completamente fechado e as luzes estão sempre acessas.

Bem, eu geralmente fico andando pelo quarto, pensando em coisas diversas, para tentar me manter ocupado. Ou as vezes faço desafios um tanto que idiotas para mim mesmo...

Bom, eu já estava cansado de andar, então me sentei no chão, encostando-me na parede.

Eu poderia dizer que meu sonho era sair de lá... Poder sentir o vento novamente... Poder ver o sol...Ter um amigo.

Mas pelo visto, eu continuaria sozinho... Não importa o quanto eu gritasse por socorro, ninguém respondia. Afinal, não tinha ninguém para responder. Mas pelo menos, a tristeza me acompanha...

Eu, que me sentia triste e entediado como sempre, comecei a socar a parede. Eu apenas batia, ainda perdido em meus pensamentos.

“Como está o mundo lá fora, agora? Às vezes penso... talvez eu esteja mais seguro aqui...” pensei, parando com minha ação e olhando para minha mão, já meio vermelha.

Mas de repente, eu ouvi algo... Algo que mudou minha vida. Que me deu esperanças... Percebi que não estava tudo acabado... Eu ouvi... Uma resposta.

Ouvi algumas batidas, que vinham do outro lado da parede. Alguém... Respondeu a meu pedido de socorro...

Meu coração deu um pulo. Não era possível... Calafrios me percorriam. E uma enorme felicidade me dominava. Uma pessoa do quarto ao lado... bateu na parede de volta.

Eu sem acreditar na situação, soquei novamente aqueles tijolos. E para minha felicidade, ouvi de novo, outras batidas.

Isso era um sonho! Alguém finalmente me respondeu... Talvez fosse um novo prisioneiro do outro lado, mas não importava quem fosse.

Ouvi então, duas batidas. Percebi que essa pessoa também estava testando a situação, quem sabe ela se sentia como eu...

Eu bati na parede, também duas vezes. Dei três socos, e ouvi três de volta.

Definitivamente, havia alguém lá, que me respondia... Alguém, para me fazer companhia...

E assim o dia passou. Um de nós batia na parede e o outro respondia. Parece ser até entediante... Mas este foi o único dia desde que tinha chegado naquele quarto, que não me senti entediado.

Minha mão doía, mas isso não importava, porque meu coração, não estava mais doendo...

Parece estranho, mas isso se seguiu por muito tempo. Conversávamos por batidas na parede. Não inventamos códigos ou coisa do tipo. As batidas não tinham significado algum... Mas só de sabermos que não estávamos sozinhos... era uma sensação maravilhosa.

Eu me sentia ótimo, ao saber que, quando eu socasse aquela parede, ouviria uma resposta. Ao saber que teria uma pessoa do outro lado, que estaria ali quando eu precisasse...

Ficava imaginado como seria o rosto dessa pessoa e que personalidade ela teria... Bem, Seja lá quem fosse, essa pessoa mudou a minha vida. Não. Ela me devolveu uma...

Me tirou da solidão... Com uma coisa simples... Apenas batendo em sua parede.

Nós tínhamos uma forma de “chamar para conversar”. Que era dar três socos na parede, um a casa um segundo. Toda vez que eu escutava isso, me sentia feliz. E então, respondia. Pois sabia que a pessoa do outro lado, também se sentia feliz.

E como citei antes, essa rotina se passou por muito tempo. Mas eu nem mais o via passar...

Entretanto, aconteceu uma coisa. Eu tinha acabado de acordar, e já ia dar os três socos na parede, quando a porta do meu quarto abriu.

Meu coração pulsou e senti um enorme calafrio. Um homem armado estava ali parado, me olhando.

– Prisioneiro 526, está liberado. – disse ele – Levante-se

O que?! Eu tinha sido liberado?!! Depois de anos... eu poderia sair dali?!! Me senti muito feliz, mas parte de mim, se sentiu triste. Por que não me tiraram dali há um tempo antes?!! E se quando eu saísse de lá... Aquela pessoa se sentisse sozinha?

– Certo... – respondi.

Já tinha até esquecido como é conversar com alguém... Me levantei e o segui.

Ele ia andando pelo corredor, com eu indo atrás. Mas eu então parei de andar. O homem olhou para mim com uma expressão de desentendido e de raiva ao mesmo tempo.

– E-eu... posso fazer uma coisa antes? – perguntei, abaixando a cabeça

– Depende.

– Bem... Eu poderia... visitar uma cela?

Ele suspirou e revirou os olhos e logo respondeu:

– Tudo bem... Mas só tem cinco minutos.

Eu sorri e fui correndo pelo corredor, até chegar ao meu destino. Fiquei parado, olhando para aquela porta fechada. Quem estaria por trás dela? O homem então destrancou a porta.

Engoli em seco. Eu veria aquela pessoa... o meu único amigo...

– Você tem visita. – disse o policial, enquanto entrava no quarto.

Mais uma vez senti meu coração pulsar... Eu então, entrei no local.

Me deparei com um garoto, sentado no chão, com o ouvido na parede assim como sua mão. Eu chutaria uns 16 anos para ele... Este tinha uma expressão levemente assustada e de desentendimento. Com o rosto corado de leve. Possuía lindos olhos azuis e cabelos negros.

Nós nos encarávamos. O silêncio predominava, mas era como se nós conversássemos apenas com os olhos...

Eu andei um pouco, me aproximando dele. E então, fui até a parede, onde eu dei três socos... Um a cada um segundo...

Ele arregalou os olhos, que marejaram. E sorriu... Um sorriso alegre e incrédulo... E depois se levantou.

Íamos nos aproximando um do outro e quando estávamos frente a frente, ele levantou sua mão que tremia de leve. Sorri e então, encostei minha mão na dele, como se fossemos reflexos.

– Eu vou voltar para te buscar... – sussurrei para ele

Lágrimas saíram de seus olhos, mas seu sorriso permanecia. Ele então fez que sim.

Sorri mais uma vez e então, separei nossas mãos. Me virei de costas e fui andando até a saída do quarto. Mas cessei meus passos ao o ouvir falando:

– Vamos... Conversar daquele jeito outra vez...

Olhei para ele e soltei um sorriso sutil

– Sim... Obrigado por tudo. Adeus...

E com isso, me retirei do quarto. Percebi que uma lágrima escorria pelo meu rosto. Engraçado, nesse tempo todo eu não tinha chorado...

O policial que não entendera nada apenas me levou para fora. Eu então, pisei no lado de fora daquela prisão.

Olhei em volta, sorrindo. Me sentia tão feliz... Como se não houvesse mais problemas... Fechei meus olhos e senti o vento que batia em minha face, levando as lágrimas para longe...

Abri meus olhos, e olhei para o sol. Brilhante e quente... como sempre.

“Nós vamos ver este sol juntos um dia...” pensei sorrindo, olhando para trás, vendo aquela prisão.

“Obrigado... por não ter me deixado sozinho...”


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Notas finais do capítulo

E aí? ficou um K00 eu sei... Mas digam o que acharam em um review XD É isso, kissus