Dia De Tanabata escrita por Lakali


Capítulo 7
Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Nota da Autora: Oies! Nossa, desculpem, desculpem, desculpem! Eu sei que tem muiiiitooo tempo que não atualizo a fic. Apesar de ter o enredo já pronto, não tava conseguindo escrever, e depois surgiram outras idéias de outras fics, e eu simplesmente não conseguia dar continuidade nessa. Peço desculpas, por tem muito tempo mesmo! Espero que ainda estejam acompanhando a fic (please!!) e que gostem desse capítulo. Beijoss!

P.S.: Lembrando que:

Em itálico: pensamento da pessoa
— Texto depois do travessão: fala do personagem
Texto normal: narração da história



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O lugar estava como ele se lembrava, exceto por pequenos detalhes. Além de parecer ter havido uma reforma na pintura, também haviam mais flores, e uma horta de ervas medicinais, pelo que ele podia deduzir. Passara bons momentos ali. Era uma pena que naquela época ele fosse tão imaturo. Se pudesse voltar atrás jamais teria tomado a decisão que mudou completamente sua vida, transformando-a em uma eternidade de dias sombrios. Se ele tivesse percebido a tempo, se tivesse dado valor ao que realmente importava, ele estaria ali agora, mas de uma outra forma.

Balançando a cabeça ele foi na direção onde imaginou que ela estivesse. Pelo que investigara de sua rotina ela provavelmente estaria se preparando para aula que daria dali a alguns minutos. Sempre fora dedicada, sempre dava o máximo de si em tudo. E ele era um idiota por ter deixado tudo aquilo para trás. Mas agora não era hora de arrependimentos. As escolhas já haviam sido feitas e suas consequências haviam sido carregadas durante todo aquele tempo. Agora ele estava ali para ter aquilo que sempre quis, e nada iria impedi-lo de pegar de volta.

Ao entrar no lugar onde as aulas eram ministradas ele notou que ali também estava diferente de como era em sua memória. O piso velho do qual ele se lembrava havia sido trocado por um de uma madeira de uma tonalidade marrom clara. A mesma madeira cobria boa parte da parede e o teto.

Kaoru não o viu entrar. Ela estava de costas para ele praticando alguns golpes do estilo Kamiya Kashin enquanto murmurava algumas palavras, pensando em voz alta. Ela continuava linda, ele pensou. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo com uma fita azul, sua favorita. Ele já havia lhe presenteado com uma fita azul a muito tempo atrás. Ele ficou em silêncio mais alguns instantes enquanto observava o corpo a sua frente flexionando e dando golpes no ar com a espada de madeira.

Ela estava mais perfeita do que antes, se ele alguma vez tivesse imaginado que isso fosse possível. Todo seu corpo fluía em uma harmonia incrível, executando os golpes com precisão. Poderia se perder só a observando. O tempo poderia passar que ele não se importaria com mais nada desde que pudesse ficar ali, olhando uma das pessoas que ele mais amara nessa vida. E a quem mais magoara.

Mas ele não tinha muito tempo. Não queria ser interrompido enquanto conversava com ela. Tomou fôlego e a chamou, Sua voz saiu um pouco rouca, devido a emoção de finalmente ver o objeto de tanta saudade e desejo bem a sua frente, ao alcance de suas mãos.

– Olá Kaoru.

Ao ouvir aquela voz Kaoru congelou. A espada que segurava se desprendeu de sua mão, caindo de encontro ao chão provocando um barulho. Ela havia interrompido o movimento que estava fazendo assim que o som daquela voz alcançou seus ouvidos. Ela deveria estar ficando louca, só poderia ser. Não podia estar ouvindo aquela voz, não depois de tanto tempo.

Depois que ele havia ido embora nunca mais tivera notícias suas, nunca soubera de nada relacionado a ele. E depois de algum tempo, ela aprendera na marra a esquecer da pessoa responsável por grande parte de sua tristeza. Ele sequer era uma lembrança agora. Não podia acreditar que depois desses anos ele estava ali no dojo.

Saindo não sabia como de seu estado de torpor, ela endireitou seu corpo. Seus movimentos estavam lentos, sem nenhuma sombra da vitalidade que existia minutos atrás. Ao ficar completamente ereta, ela se virou e deu de cara com um dos homens que mais odiara em sua vida.

Ele estava parado a poucos metros dela, olhando-a com um leve sorriso no rosto. Seu rosto apresentava traços mais maduros do que quando ela o vira pela última vez. Os olhos castanhos claros continuavam com o brilho característico que a havia encantado anos atrás. Os cabelos lisos e também castanhos, mas em um tom um pouco mais escuro do que os olhos, caíam até a altura do ombro. Ela se lembrava de ter passeado suas mãos por eles inúmeras vezes. Ele havia ficado mais forte o que o favorecia em muito devido a sua alta estatura, e era realçado pela calça preta e blusa cinza que estava vestindo. O tempo podia ter passado mas sua aparência continuava sendo cativante, Kaoru pensou. Na verdade, muito mais que cativante. Ele foi e sempre seria extremamente atraente.

Houve um tempo depois que ele foi embora que ela desejara ardentemente que ele voltasse, que aparecesse para ela dizendo que tudo era uma brincadeira de mau gosto. Depois sua ficha caiu e ela entendeu que ele não voltaria nunca mais. Então tudo que ela passou a desejar era encontrar com ele por acaso, para que então pudesse bater nele até não ter mais forças, socá-lo até que não conseguisse mais levantar o braço, e então despachá-lo para o inferno de onde ele havia saído. Mas agora, vendo-o ali em sua frente ela queria que ele simplesmente não tivesse voltado.

Apesar de conseguir observá-lo, registrando todas as informações que seus olhos captavam, ela não conseguiu emitir nenhum som. Queria gritar com ele, expulsá-lo daquele lugar, mas tudo que conseguia fazer era olhar para ele e lembrar... lembrar de tudo que ele a fizera passar. Todas as lembranças passaram por sua cabeça por segundos. Todo o passado no qual ele estava envolvido e que ela achara que conseguira esquecer ao longo desses anos. Tudo de volta em segundos.

Início Flashback

Ela estava feliz, correndo pela vila em direção a casa onde seu noivo morava. Queria contar sobre a primeira aula que havia ministrado no dojo de seu pai. Ela se sentia realizada, pela primeira vez em muito tempo as coisas estavam dando certo.

Ao chegar na casa ela bateu na porta mas ninguém abriu.

– Hayato, você está ai? – Ela perguntou em voz alta, mas ninguém respondeu. – Hayato?

– Ele não está moça. Viajou. – Respondeu um senhor que estava em frente à casa, do outro lado da rua, vendendo bolinhos em uma banca.

– Viajou? Desculpe senhor, mas acho que está enganado.

– Não. Eu tenho certeza. Era um rapaz alto e jovem, de cabelos castanhos e um rosto retangular. Me lembro bem porque ele comprou alguns bolinhos e pediu para embrulhar para viagem. Disse que iria viajar com a namorada.

Kaoru ficou em choque por alguns instantes, mas depois meneou a cabeça em sinal negativo como a discordar do que estavam lhe dizendo.

– Isso não é possível senhor. Eu sou a noiva dele e não estou sabendo de nenhuma viagem. Como disse, o senhor deve ter se confundido. Talvez tenha sido alguém parecido com ele.

O senhor olhou para ela com um semblante de pena. Ele não havia se confundido. Já havia vendido bolinhos para aquele rapaz mais de uma vez, e até conversado com ele algumas vezes. E já havia vivido muito para saber muito bem que tipo de homem era aquele. Ou melhor, garoto. Pois se ele estivesse certo como sabia que estava, um homem não faria aquilo com uma mulher. Ainda mais uma tão linda e inocente como a que estava em sua frente. Ele soltou o ar antes de falar o que fatalmente mudaria a vida daquela jovem.

– É possível que eu tenha me confundido, minha jovem. Afinal, não fico sempre aqui, e devido a minha idade minha visão não está lá muito boa. – Ele percebeu o alívio imediato no rosto da moça. – Mas, porque não vai à estação? Assim você tira essa dúvida e pode esquecer o que este velho vendedor de bolinhos lhe disse. Ele saiu tem pouco tempo, então ainda deve estar na estação.

Kaoru ficou olhando o senhor a sua frente sem saber o que dizer. Era impossível que fosse Hayato. Ele jamais a trairia, ainda mais fugir com outra. Eles estavam noivos, planejando o casamento. Eles se amavam. Ela olhou para a porta da casa novamente, ninguém havia aberto a porta. Seu olhar se voltou para o chão enquanto tentava decidir o que iria fazer.

– Tome, fique com isso.

Ela olhou para o senhor e ele estava lhe dando um de seus bolinhos.

– Há, não precisa...

– Eu insisto.

– Mas eu não tenho dinheiro aqui comigo.

– Não tem problema. Considere um pedido de desculpas de um velho falador. – antes que ela argumentasse ele continuou – porque não fazemos uma aposta? Você vai até a estação e quando confirmar que o rapaz não é quem procura, então você pode voltar aqui com ele e darei bolinhos aos dois.

– E se for? Ela não resistiu em perguntar, a dúvida já estava plantada em seu coração.

– Se for... bom, se for então você volta depois e paga o bolinho que estou lhe dando. É justo não?

Ela o encarou nos olhos. Seu coração estava pesado. Não teria paz enquanto não fosse naquela maldita estação e ver que não era Hayato.

– Será que pode embrulhar para viagem, por favor?

Quando chegou a estação Kaoru olhou para todos os lados. Não haviam muitas pessoas pois a maioria dos trens já haviam saído. Ela percorreu as plataformas e não encontrou Hayato em nenhum lugar. Com alívio, ela iria voltar para casa e no dia seguinte apareceria com ele na banca daquele senhor para apresentar seu noivo e dizer que estava errado.

Com um suspiro de alívio ela se virou para ir embora, foi quando avistou dentro do trem que estava quase partindo um rapaz sentado próximo à janela. Era possível ver que ele estava beijando uma moça. Ela não conseguia ver seu rosto mas seu coração parou mesmo assim. Seus cabelos eram idênticos. Ela se aproximou um pouco mais da janela.

– Hayato. – Ela chamou.

O rapaz no trem virou o rosto imediatamente. E então ela viu o que tanto queria que não fosse verdade. Ele estava ali na cabine aos beijos com outra mulher, e viajando para um lugar qualquer. Longe de Tóquio, longe dela. Ele a estava abandonando. Sua visão começou a embaçar devido às lágrimas que já molhavam seu rosto. Ela não percebeu, mas enquanto o trem partia ela havia esmagado o bolinho com sua mão.

Fim Flashback

– Kaoru. Ele tornou a dizer seu nome, trazendo-a de volta a realidade.

– Hayato.Kaoru consegui dizer.

– Há quanto tempo.

– Não o suficiente.

– Pois para mim pareceu uma eternidade...

– O que faz aqui?

– Tenho alguns negócios na cidade e passei aqui para te ver.

– Não precisava.

– Depende do ponto de vista. Para mim era vital eu estar aqui agora.

– Pois pra mim é vital você sumir e não voltar mais.

– Kaoru... por favor. Você tem todo o direito, eu sei melhor que ninguém. Mas já passou tanto tempo. Eu gostaria muito, se você concordar, de conversar um pouco com você.

– Para que?

– Para lhe explicar algumas coisas. Para saber como você está.

– A explicação não é mais necessária. Quanto à como estou, eu estou ótima. Pronto. Já conversamos. Pode cair fora.

– Kaoru, por favor. É apenas uma conversa.

– Eu disse não.

– Só uma conversa. Não é possível que depois de tanto tempo ainda guarde tanto ódio de mim que não possamos conversar. Entenderia indiferença, mas ódio é como se você tivesse pensado todo esse tempo em mim... foi o que você fez?

Ele havia jogado a isca e sabia que ela iria morder. Ao menos se seu temperamento continuava como antes ela jamais daria o braço a torcer para falar que tinha pensado nele esse tempo todo.

– Não seja ridículo. É obvio que não pensei em você.

Touché, ele pensou.

– Então está combinado. Depois de amanhã, as quatorze horas em um café que tem na saída da cidade. Você conhece?

– Sim, mas não disse que vou.

– Ora vamos. Você não é mais criança, conversar não vai te matar.

– Isso não é da sua conta seu idiota. Eu não vou.

– Bom, eu vou estar lá. Espero que você apareça. Se não vou ter que voltar aqui.

– Você não vai voltar.

– Então você não precisa se preocupar, não é?

– Porque você está fazendo isso? Porque depois de tanto tempo vem aqui me atormentar? Me deixe em paz.

– Vá ao encontro e você vai descobrir.

– Nunca.

– Vou te esperar de qualquer forma. Até lá, Kaoru.

Quando terminar de falar ele se virou e saiu. Iria deixá-la com seus pensamentos. Tinha quase certeza que ela iria ao encontro dele, mas se não fosse, ele apareceria novamente. E quantas vezes fossem necessárias. Havia sido um fraco no passado só que dessa vez seria diferente.

Kaoru o viu sair do dojo. Seus pensamentos em um turbilhão, como se uma tempestade a estivesse açoitando. Ela se deixou cair de joelhos pensando em tudo que ele lhe dissera. Foi então que ela percebeu que suas feridas não haviam cicatrizado como imaginou. Elas estavam ali. E estavam sangrando.


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Notas finais do capítulo

Oies! Realmente espero que tenham gostado desse capítulo, tentarei não demorar em postar o próximo. Espero que tenham gostado. Por favor comentem!!!

Galera, também estou escrevendo outras duas fics, uma do Naruto (A Espera) e outra das Guerreiras Mágicas de Rayearth (Um Novo Lar). Quem puder dar uma força e ir lá ler, criticar, elogiar, e tudo o mais que quiserem eu ficarei hiper feliz!

No mais, sem mais
Até o próximo capítulo.

Beijos!



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