A idéia de Sai era simplesmente brilhante. Eu não pensei antes de lhe dar o meu consentimento para os preparativos mais logo depois, minha mente começou a criar obstáculos. Não desejei e nem havia imaginado deixar Yoichi e Arashi sozinhos. Sabia que eles ficariam sobre os cuidados de Moegi e Ino mais isso não facilitava em nada as coisas. Eram meus filhos que ficavam para trás enquanto eu ia atrás do meu amor. Mais a promessa de fazer de tudo para que eles fossem felizes me fez escolher. Eles ficaram felizes ao conhecer o pai. Agora que já o conheciam, precisavam da presença dele. E quanto a mim, faria de tudo para manter ele conosco.

Preparei-me durante àquelas horas antecedentes da partida. Não me pertence contar às vezes que Naruto me procurou para deixar as coisas claras antes de sua partida.  A única certeza que tinha deixava-me claro de que esse encontro tão desejado por ele não deveria acontecer. Certamente se o dito encontro acontecesse, com certeza duas coisas que eram inevitáveis aconteceriam: ou outra briga, que eu não queria que ocorresse, ou como eu não conseguiria esconder, acabaria por deixar as claras o meu plano com Sai e complicaria não só a mim como o meu amigo. Como nenhuma das duas opções me era desejável, optei por não vê-lo por mais dolorido que isso me fosse.

Logo de manhã, Sai me encontrou na saída do país. Eu estava escondida por uma armadura pesada e mal cheirosa. Sabia que não seria fácil partir como um soldado bem preparado. Mais não imaginei que teria de sacrificar meu olfato para isso.

- Fiquei calada Sakura! Em momento algum deve dizer uma palavra a ninguém ou teremos que retornar ao país da Areia de imediato.  _ me alertou Sai.

- Não sou tola de por tudo em risco! Vejo a todos os soldados de ambos os países aqui. Mais onde está o Naruto?

- Até onde sei, foi despedir-se de você e das crianças. Mais não precisa ficar inquieta com isso! Avisei Ino de que se isso ocorresse, ela deveria dizê-lo que você previu isso e preferiu evitá-lo por que não queria que partisse.

Senti uma pontada a peito.

- Ainda há tempo para desistir. Se assim o desejar, essa seria uma boa hora para ir aos seus aposentos e se despedir dele.

- Não o desejo! _ Menti. – Meu único desejo agora é lutar contra os nossos inimigos e tomar o que nos pertence.

- Ou em palavras simples e mais sinceras, proteger Naruto e devolvê-lo são e salvo a seus filhos. Sei que seu amor a ele a as crianças a única razão que a compele a seguir em frente com esse plano.

- Sua percepção às vezes me intriga Sai. Outras vezes me assusta. Espero que te ajude com sua relação com Ino por que ira necessitar.

- Nem toda sabedoria existente ou que deverá ser descoberta com decorrer das eras poderia me servir de precaução contra meus sentimentos para com ela.  Necessitarei sim de percepção e sabedoria mais não contra ela. Meu maior inimigo é o sentimento que me corroem quando meus pensamentos se direcionam a beleza que nela existe.

- Espero que suas palavras não estejam apenas tentando mostrar-me um sentimento que espero ser direcionado a uma amiga muito querida como considero a Ino. Por que se não o for, terei que cobrar mais tarde as mentiras que me disseste.

- Não pretendo ainda perder minha cabeça literalmente Sakura. Basta-me perde-la pelos sentimentos que estou lhe confessando.

- Sendo assim, fico feliz por vocês dois.

Minutos depois, Naruto surgiu na frente do batalhão que o aguardava. Sua aparência demonstrava exaustão e um cansaço que nunca antes o havia visto em sua expressão. Era certo que assim como eu, ela não tinha uma boa noite de sono.

- Vamos à batalha! Pelos nossos filhos e nossas esposas, vamos seguir em frente. _ Disse ele engasgando na palavra “esposas”.

Todos gritaram e Sai me manteve atrás dele. Todos estavam apreensivos por conta do modo como Naruto estava. Eu ficava a cada passo mais ansiosa por dar uns sopapos nele. Já não bastavam as apreensões que todos passávamos por ter nosso futuro incerto e ele ainda às piorava com uma expressão sombria?

- Sabe que tem sua parcela de culpa nisso não? _ perguntou-me Sai.

- O que? _ Disse saindo de meus devaneios.

- Que Naruto esta preso em devaneios e seu mundo de encantos nos quais existe apenas você e seus filhos. Nenhum homem tem realmente um momento de sossego sabendo que a mulher aquém entregou o coração tem algo contra ele. Não é necessário palavras ou nada em especial para ver que com Naruto não é diferente.

- Em parte, sei que ele não é culpado por estar à frente de uma grande nação. Mais sua teimosia ao mesmo tempo em que me fascina me deixa completamente fora de mim. Meus nervos simplesmente explodem contrariando minha razão.

- Os encantos de quem amamos muitas vezes nos trazem a mais arrebatadora paixão e o mais triste ódio. Embora tenha um sentimento sincero por ele esse mesmo se tornou egoísta depois de tanto tempo longe dele. O que era para ser totalmente altruísta se transformou depois que notou que dividi-lo com um reino inteiro poderia arrancá-lo sem piedade de você. O medo acabou se tornando seu cúmplice e a insegurança sua aliada.

- Assim como disse, meu altruísmo partiu quando vi que perderia quem mais amo além de meus filhos. Por favor, sigamos em silencio pois temo que possa por meu disfarce em risco.

- Eu dei a idéia do seu disfarce. Por que agora o colocaria em risco?

- Não me refiro a você Sai. Refiro a mim mesma.

- Por mais que seja custoso crer, eu não acredito que seja realmente você a quem Sai protege tanto. _ Disse Neji surgindo quando menos esperava. Eu fiquei simplesmente sem reação.

- Sabe que não deve revelar isso não é verdade? _ Disse Sai antecipando palavras que deveriam ser minhas.

- Sei o suficiente para ajudar minha rainha e preservar a vida de um amigo. Nada direi! Mais deve haver mais discrição da parte de vocês dois. Todos notam suas conversas constantes e logo assim como chamou a atenção dos outros soldados chamará a de Naruto e ele desejara conhecer o mais novo amigo.

- Não desejo ser descoberta! _ Murmurei em um volume de voz audível a meus amigos.

- Perdão Sakura! Pode ser difícil mais terá que se fazer invisível perante os olhos de todos. Eu e Sai somos amigos do rei e considerados seus confidentes. Andar conosco e estar sempre a nossa presença é como um indicador para que todos olhem para você e seu disfarce caia por terra.

- Compreendo!_ Sussurrei. – Procurarei afastar-me de vocês e procurá-los somente quando possível. 

Afastei-me de imediato. O ultimo que queria era por Sai em problemas por conta de minha teimosia. Notei porem que ele censurou Neji e ainda tentou vir falar comigo. Mais fiz um sinal para que ele não se aproximasse. A partir daquele momento, teria de reencontrar uma velha companheira por mais dois dias, a solidão.

Sozinha a viagem de dois dias pareceram mais dois anos. Ao longe observava cada passo dado por Naruto que parecia às vezes seguro outras, contrariado. As palavras de Sai se fizeram verazes. Ele permanecia em devaneios que eu lhe havia causado. Isso por vezes me animava e por ouras, me deixava sentindo-me culpada. Desejava aproximar-me e ampará-lo. Mais se o fizesse, não poderia ampará-lo quando mais desejava fazê-lo.

Ao chegarmos próximos de Konoha já era noite. Naruto mandou que todos descalçassem, pois no dia seguinte teria a invasão. Naquela noite, eu não dormi.

Senti um frio tremendo invadindo meu corpo. Um frio que sempre sentia quando não tinha Naruto por perto.  Eu não podia recorrer a ele naquela noite para acalmar-me. A minha única opção naquele dia era simplesmente desejar que todo o meu pesadelo acabasse no dia que estava para chegar.

O dia amanheceu e todos se unira para entrar. Naruto uniu a todos e nos dividiu em dois grupos. Sai pediu pra ficar no mesmo grupo que eu e Neji afirmando estar treinando um grupo jovem na guerra. Assim que ele deu consentimento, escutamos um gemido.

- Olha por onde anda! _ Disse uma voz conhecida a um soldado atrás de mim. Tentei me convencer de que ouvia demais só que logo descobri que isso apenas sanaria uma parte de mim que queria esquecer.

- O que você está fazendo aqui? _ Gritou um jovem do outro grupo tirando o seu capacete.

- Konohamaru! Moegi! O que fazem aqui? _ Perguntou Naruto inconformado.

- Você não pode me impedir de vir. Tenho dezenove anos! Já posso participar em uma guerra. Moegi o que faz aqui?

- O que você acha? _ Perguntou ela. – Meu cunhado cabeça de vento e meu..._ Ela parou para pensar. Alguém tinha que medir as palavras. – Não importa! Quero certificar-me de que nem eu nem minha irmã e sobrinhos choraremos novamente a perde de quem tem tanto valor aos nossos olhos.

- Não terá que chorar tanto assim. Konohamaru ficara aqui junto a Moegi cuidando dela. _ Ordenou Naruto.

- Por que? Não fui eu quem esteve do seu lado quando mais necessitava?

- Então, Moegi ficara conosco! _ Concluiu Naruto.

- Onde devo esperar? _ Naruto sorriu e Moegi cruzou os braços em demonstração de descontentamento.

- Eu não quero ficar aqui! _ Esbravejou ela.

- Ficara comigo! Não importa o que queira. Não permitirei que a violência e maldade que ronda meus pesadelos façam parte dos seus. _ Disse ele decidido. Fiquei feliz por Moegi. A partir dali, ela teria a chance de quem sabe se entender com ele depois de tanto tempo.

- Konohamaru nos aguarde, por favor, na lareira a um quilometro daqui. Se não aparecer nenhum de nós até o entardecer, retorne ao país da Areia e cuide de Sakura e das crianças. Encontrarei com vocês lá assim que possível.

As palavras de Naruto mais uma vez me feriram. Como poderia ser tão frio com respeito a sua família?

Como tudo certo, nós unimos cada um a os nossos respectivos grupos. Não sei se foi por ironia ou se realmente tudo deveria ser exatamente assim mais Neji, Sai, Naruto e eu ficamos em um mesmo grupo: o primeiro. Exatamente aquele que deveria entrar para chamar atenção e abrir espaço sobre o perigo de estar em menor número. Meu estomago revirava a cada passo que dávamos. E a cada passo mais perto do portão, os olhos de Naruto pareciam ter mais certeza do que fazia. E eu tinha mais medo do que aconteceria naquele dia do que tive em toda a minha vida.

Entramos em silencio. Como o dia ainda amanhecia, entramos devagar e separadamente em vários grupos de pessoas com carroças e nossos rostos cobertos com mantos ou capuz. Fingimo-nos de comerciantes. Eu fiquei dentro de uma das carroças com Sai e Neji enquanto Naruto conduzia outra. A idéia era que entrássemos todos e depois, quando estivéssemos no centro do povoado, atacar ao sinal de uma buzina tocada por Kiba. Mais não pudemos esperar. Uma das carruagens foi parada por oficiais do rei. Naruto gritou e ouvimos apesar de estarmos a uma distancia um tanto considerável. Neji e sai abriram a porta com um chute e saíram gritando. Eu os segui em silencio e a bagunça fez com que Kiba desse o sinal antes de chegarmos ao centro do povoado. Logo, tudo começou mais rápido do que esperamos e bem longe do nosso principal alvo: o castelo.

Eu juntei-me ao grupo que apoiava e protegia Naruto bem rápido. Como estava com a armadura, outros soldados me colocaram para abrir o caminho enquanto eles me apoiavam.

- Um homem não pode dar sua vida por outros apenas por aparentar estar mais preparado. Todos terão sua parcela de culpa se tal homem estiver enganado no que diz respeito a sua proteção. _ Disse Naruto inconformado com a atitude dos outros. Imagina se ele desconfiasse que na verdade o tal ‘homem’ era na verdade sua esposa.

Cerca de meia hora que iniciamos a invasão, Shikamaru nos alcançou. 

- A entrada da aldeia está totalmente tomada por nossos homens juntamente com aldeões que estão ao seu dispor. Muitos ao saber do seu retorno comemoram e se unem a nosso propósito. Acredito que é questão de minutos até termos a aldeia completa em nossas mãos e o castelo sobre nosso domínio. _ Analisa o nosso amigo.

- Ótimo! Agora nosso principal objetivo é encontrar e destronar Sasuke. _ Acrescentou Naruto. – Vamos homens! Devemos entrar antes que Sasuke se tranque nele.

Assim avançamos. Ao chegar ao castelo, seus portões estavam sendo fechados. Mais alguns de nós conseguiram entrar antes que isso acontecesse. Lutamos com alguns oficiais por segundos até reconhecerem Naruto.

- Vossa majestade! _ Dizendo isso, um oficial se curvou e os demais olharam e fizeram o mesmo. – Perdão majestade. Imaginávamos que eram soldados da Akatsuki.

- Não importa! Akatsuki não constitui mais um perigo. Onde está Sasuke?

- Lorde Sasuke ordenou  que resolvêssemos os problemas e se retirou.

- Ele esta destituído do titulo de lorde. Tramou contra o rei e sua coroa e deve ser imediatamente capturado e entre ao rei para o seu julgamento! _ Informou Neji.

- Sim senhor! Vamos! _ Ordenou o oficial aos seus subordinados.

- Acabou! Todos estão subordinados novamente a você Naruto. _ Disse Kiba.

- Não! Somente acabara com a morte de Sasuke. Vamos todos procurar por ele e por possíveis aliados dele. _ Disse Naruto.

- Vamos com calma Naruto! Os aliados de Sasuke não estão somente dentro do castelo. Estão lhe dando um falso senso de vitoria. Sasuke esperava por isso. _ Disse Kakashi aparecendo.

Meu sangue ferveu na veia. Nada mais poderia impedir de Naruto voltar ao trono. Foi pensando nisso que comecei a caminha devagar e silenciosamente para uma passagem secreta de fuga que havia atrás de uma parede falca que existia próximo a nós. Assim que entrei, pude escutar a voz de Neji.

- Onde está Sai? _ Aparentemente, a pergunta dele chamou a atenção de todos.

- Estava junto a nós. Deve estar planejando encontrar Sasuke sozinha.

Não ouvi mais nada por uns instantes. Acredito que durante eles, Naruto exigiu uma explicação dos amigos que lhe foi dada logo após.

- Sakura!_ Escutei a voz de quem tanto amo após estes segundos. Ficou claro que meu disfarce agora tinha caído por terra. Mais para mim havia apenas um caminho a seguir. Impedir que Naruto e Sasuke se encontrassem e finalmente poupar minha família de mais uma desgraça. 

Não havia mais nada que pudesse realmente me impedir. Depois de uma longa subida por uma escadaria tenebrosa e incerta, minhas pernas estavam tremulas e cansadas daquele tortuoso dia. Minha cabeça pedia por descanso mais meu coração insistia para que eu desse um fim em tudo com minhas próprias mãos.

Cheguei onde mais queria a parede que levaria aos aposentos de Sasuke! Respirei fundo e pus minhas mãos na saída do meu protegido esconderijo.

- Tenho que fazê-lo. Perdão Naruto! Eu jamais mataria seu melhor amigo se isso não fosse realmente necessário. Mais sei que se não o fizer, jamais teremos paz, pois você não o poderá fazê-lo por seu coração sempre doce e gentil não permitir. Como detesto ter que feri-lo! Mais o farei por nós. _ Disse para mim mesma encostando minha cabeça sobre minhas mãos. Lago após, respirei fundo e entrei.

Devagar, medi meus passos pelos aposentos. Cada passo que dei parecia fazer com que o silencio nesses aposentos tornavam ainda mais torturantes. A certeza que Sasuke estava ali era lógica e única. Mais sua demora a se revelar angustiava-me. Isso deixava obvio que ele tinha um plano. Conhecia-o bem demais para saber que não daria um ponto sem nó. Com poucos passos mais, senti alguém atrás de mim. Era lógico de que ele finalmente se revelará.

- Um simples soldado? Estou surpreso! Esperava o próprio rei ou um de seus subordinados mais achegados.

- Não me subestime._ Eu disse tirando o capacete. Ele sorriu com deboche. Eu não me importei. – Serei eu a cobrar sua vida por todos seus pecados.

- Vossa majestade! _ Disse ele curvando-se com desdém.  – Honra-me ter sua presença nesse dia tão sublime. Desejo sinceramente que hoje seja finalmente o dia em que destruirei Naruto de uma fez por todas e a farei minha para todo o sempre.

- Desgraçado! Isso jamais acontecerá. Eu mesma me certificarei disso! – Disse-lhe deixando claro o que acreditava.

- Então, devo dizer-lhe simplesmente: tente! _ Dizendo isso, ele retirou sua espada da bainha e veio correndo a meu encontro. Estava na hora! Só tinha uma chance de derrotá-lo. E essa chance estava em minhas mãos.