Safe & Sound escrita por Gistar
Notas iniciais do capítulo
Estou postando mais um capítulo, mas não esqueça de comentar ok?
“Todas as outras crianças com sapatos caros
É melhor vocês correrem, correrem mais rápido que a minha arma
Todas as outras crianças com sapatos caros
É melhor vocês correrem, correrem mais rápido que a minha bala.”
Sara
Eles entraram de repente, um deles deu três tiros para o alto e o caos foi total. Num reflexo inconsciente, todos se atiraram no chão e foram para debaixo das mesas para se protegerem. Um deles gritou:
— Ninguém se mexe! Se nos obedecerem ninguém vai se machucar e tudo ficará bem.
Algumas pessoas ficaram em pânico e começaram a gritar, percebi que Jess era uma delas.
— Todo mundo quieto se ninguém quiser levar bala! – o cara que dera os tiros gritou. Parecia ser o líder deles.
As pessoas pararam de gritar. Ouvi Miguel tentando acalmar Jess, que agora estava chorando, enquanto Bruno cuidava de Ângela. Eric, Jared e eu estávamos imóveis, como naqueles pesadelos que você observa e ouve tudo o que acontece, mas não consegue se mexer nem dizer nada.
— Nós vamos chamar alguns nomes, quem eu chamar levanta e vem até mim.
Ele pegou alguns papéis na mão que pareciam as nossas fichas de matrícula e chamou Emerson. Ele se levantou e caminhou até o homem, parecia nervoso, mas seguro de si. Ele era alto e musculoso, certamente se o cara não tivesse uma arma e não estivesse rodeado de cinco companheiros também armados, ele o derrubaria com uma direita.
— Você é filho de um senador correto? – perguntou o homem.
— Correto! – ele respondeu.
Outro homem o levou para um canto do refeitório enquanto o que estava chamando pegava a próxima ficha.
— Rosane Harrisson! – era a loira. Ela demorou um pouco para levantar e ir até o homem, percebia que ela tremia dos pés a cabeça, embora continuasse numa pose arrogante.
— Seu pai é dono de uma companhia de aviação?
— Sim. – o outro homem a levou até onde estava Emerson que a abraçou.
— Pedro Bittencourt! – droga, era ele. Eu comecei a tentar adivinhar qual era o padrão que o homem estava utilizando para chamar as pessoas enquanto Pedro caminhava até o homem.
— Seu pai é dono de uma empresa multinacional de automóveis?
— É. – ele foi levado também.
O homem chamou Amanda, que confirmou que o pai era ministro e depois chamou Jacson, cujo pai era arquiteto e projetara todos os prédios do governo do país e também as famosas torres gêmeas.
— Miguel O’Brian! – meu coração deu um salto! Ele se dirigiu até o homem, seu pai era um dos diretores de uma grande empresa no ramo da informática.
Foi aí que eu entendi o padrão que eles estavam usando para chamar os alunos. Eles estavam chamando os filhos das pessoas mais poderosas, então se eu estivesse certa a próxima pessoa a ser chamada seria...
— Jéssica Stanford!
Claro, o pai dela era dono de uma rede de hotéis de luxo. Vi que Jared xingava baixinho os caras. Vi Jess se levantar e tremia tanto que parecia que ia desabar a qualquer momento.
O homem pegou o que parecia ser a última ficha.
— Sara Samers!
Não pode ser! Eu ouvi direito? Ele me chamou? Eu continuei no lugar, eu devia ter ouvido errado. Ele chamou de novo e Jared me cutucou.
— Sara, estão chamando você! – falou com voz esganiçada.
Por que me chamariam? Eu sou bolsista não sei nem quem é meu pai e eles é que não vão saber. Eu finalmente me levantei e percebi que minhas pernas tremiam, caminhei até o homem e senti que todos me olhavam curiosos, se perguntando a mesma coisa que eu: Por que haviam me chamado? Eu era bolsista, só podia ser engano!
De perto eu pude analisar melhor o homem, ele estava bem vestido e aparentava ter vinte e poucos anos. Seus cabelos loiros e compridos estavam presos num rabo de cavalo.
— Não consta na ficha o nome de seu pai, mas nós sabemos quem é. – ele começou a explicar – você deve estar se perguntando como sabemos se nem você sabe. O fato é que ficamos curiosos ao ver que a sua ficha era a única que não constava o nome do pai e resolvemos investigar a vida da sua mãe para descobrir.
Eu estava perplexa! Eles andaram investigando a vida da minha mãe só para descobrir quem era meu pai?
— Então, você não está curiosa?
É claro que eu estava, mas ainda não conseguia falar. Juntei todas as minhas forças e respirei fundo.
— Estou – consegui dizer num murmúrio e não tinha certeza se ele havia ouvido.
— Seu pai é Steven Samers, ele é secretário da segurança nacional. Não me admira que ele tenha querido esconder sua paternidade, provavelmente queria protegê-la de ameaças.
Eu ouvi um murmúrio por todo o refeitório, os outros pareciam tão incrédulos quanto eu.
Não podia ser, devia ser um engano de sobrenomes, muita gente tinha o mesmo sobrenome e não era parente.
— Você tem certeza? – consegui finalmente soltar de uma vez só.
— Claro, - ele respondeu – a nossa fonte conseguiu essa informação da sua própria mãe!
— Como? – Não pude deixar de perguntar, eu estava curiosa.
— É incrível o que alguns drinks e uma boa conversa fazem uma pessoa dizer. Conhece aquele ditado “A bebida entra e a verdade sai”? Pois saiba que é verdadeiro.
Ele sorriu e não disse mais nada, apenas me encaminhou até onde estavam os outros chamados.
— Agora prestem atenção! - O homem que estava fazendo a chamada começou a falar - Nós estamos aqui para libertar um colega nosso que está preso e se as autoridades responsáveis colaborarem, logo vocês todos retornarão à sua vida normal. Mas enquanto nós estivermos aqui, vocês seguirão as nossas regras. Vocês irão até seus dormitórios e pegarão suas coisas, pois nós iremos redistribuir vocês. Vocês continuarão tendo aulas normalmente, não queremos prejudicar o seu aprendizado. Nós ficaremos de olho em vocês, temos sentinelas por toda a escola e estaremos vigiando dia e noite. De quatro em quatro horas iremos contar todos os alunos e professores e para cada um que estiver ausente no horário da contagem, quatro morrerão. Seremos pontuais e inflexíveis, por isso não se atrasem! A contagem será feita às oito da manhã, meio-dia, quatro da tarde e oito da noite. Vocês terão horários estipulados para tomar banho, meninas de manhã e meninos à noite. Terão toque de recolher às oito, depois da última contagem e quem for pego fora do dormitório neste horário será castigado. Sigam as regras e tudo ficará bem. Agora, quero que todos se encostem nas paredes para fazermos a primeira contagem.
Nós assistimos parados enquanto os outros alunos se encostavam nas paredes do refeitório. O homem nos contou e continuou contando os outros.
— Anote aí, - disse para o outro cara – dez professores, vinte funcionários e cento e cinqüenta e dois alunos. - Vão para seus dormitórios, peguem suas coisas e voltem para que nós possamos fazer a redistribuição.
Os alunos começaram a sair e nós ficamos esperando ordem para sair também. O homem veio até nós e disse.
— Vocês ficarão no mesmo quarto, as meninas em um e os meninos em outro. As meninas podem escolher quem vai mudar de quarto e as outras podem ficar no mesmo. Os meninos ficarão no quarto ao lado das meninas, vai facilitar encontrá-los quando precisarmos de vocês.
Isso significava que eu teria que dividir o quarto com a loira. Vi que ela também não gostara da idéia. Tínhamos que decidir se eu e Jess íamos para o quarto de Rosane e Amanda ou se elas iriam para o nosso.
— Eu não vou para o quarto dela! – Rosane parecia irredutível mesmo na situação em que estávamos e nem eu nem Jéssica tínhamos ânimo para discutir, então concordamos e fomos pegar nossas coisas.
Quando chegamos ao nosso quarto, Ângela já estava arrumando suas coisas. Quando nos viu, abraçou a mim e a Jess e começou a chorar.
— Ângela, calma - falei, mas Jess já estava chorando também.
— O que vai acontecer com a gente? O que eles vão fazer com vocês? – perguntava Ângela. Eu tinha que acalmá-las, alguém aqui precisava manter o controle.
— Eles não vão fazer nada Angie, o cara disse que se cooperarmos ninguém vai se machucar. Nós vamos trocar de quarto apenas para ficar mais fácil deles nos encontrarem se precisarem de nós, sei lá pra quê.
— Eu não quero me separar de vocês... – Ângela me abraçou e não me soltava de jeito nenhum, Jess parecia mais calma.
— Nós não vamos nos separar Angie, nós vamos continuar tendo aulas juntas e sentando juntas no refeitório, só vamos ter que dormir em quartos separados. Logo tudo vai acabar e vamos ficar bem.
Finalmente Ângela me soltou e se acalmou, terminou de arrumar suas coisas e se despediu.
— Não esquece Angie, - lembrou Jess – Temos que estar no refeitório às quatro. Não se atrasa pelo amor de Deus!
Depois que Ângela saiu, Jess e eu arrumamos nossas coisas e fomos para o quarto de Amanda e Rosane, Amanda havia nos explicado onde era e não foi difícil achar.
Quando chegamos, Laura estava saindo do quarto.
— Quem for ficar na minha cama e com o meu guarda-roupa, por favor, deixe tudo limpo e organizado quando sair, tá?
Eu e Jess nos olhamos boquiabertas. Tanta coisa pra se preocupar e ela estava preocupada em como ficaria seu quarto quando isso terminasse.
Nós entramos no quarto depois que ela saiu.
— Meninas, fiquem à vontade. – Amanda disse.
— Obrigada – respondi, Rosane estava olhando pela janela e ignorou nossa chegada. Eu vi que só havia uma cama e um colchão no chão sobrando.
— Pode ficar com a cama Jess, eu não me importo de dormir no chão.
Jess concordou e não disse nada, parece que Amanda não gostou da atitude dela, pois provavelmente esperava que ficássemos oferecendo a cama uma para outra até alguém desistir. Mas nenhuma de nós tinha saco pra isso.
— Não se preocupe Sara, nós podemos revezar e cada dia uma dorme na cama.
— Não precisa Amanda...
— Precisa sim, eu não vou permitir que você tenha problemas de coluna, além do mais, esse colchão está horrível. E por favor me chama de Mandy.
Mandy nos indicou o lugar para guardar nossas roupas, as minhas couberam todas, mas as de Jess não, ela teve que deixar algumas na mala.
— Então, você acha que eles estavam falando sério daquele lance de matar quatro se faltar um? – perguntei a Mandy, aquilo não me saia da cabeça e me deixara assustada.
— Eu não duvido! Eles são terroristas, já devem estar condenados e não tem nada a perder. Percebeu que eles nem sequer escondem os rostos?
Era verdade, eles pareciam muito seguros de si e não temiam nada.
— Se alguém fugir dessa escola, eu mesmo mato a criatura quando sair daqui! Não vou morrer por causa de um infeliz...
Era a primeira vez que eu ouvia Rosane dizer algo sobre o assunto e só podia ser merda!
— Ninguém vai morrer aqui Rose! - Mandy a repreendeu.
— Eu não teria tanta certeza – começou Jessica – nem todos estão mantendo a calma, tem muitas pessoas em pânico e podem acabar fazendo alguma besteira.
— Assim mesmo, não creio que alguém vá tentar, eles são muitos e estão em todo o lugar. – respondeu Mandy.
Nós seguimos conversando até que chegou perto das quatro horas e tivemos que ir.
— Faltam quinze minutos – disse Mandy – vamos agora para garantir que ninguém vai se atrasar.
Nós saímos e descemos rápido, afinal o refeitório era dois andares abaixo. Nós chegamos e o pessoal já estava em fila. Emerson, Jacson, Miguel e Pedro estavam no final da fila e nós tivemos que ficar atrás deles. Rosane parou ao lado do Emerson, enquanto Mandy e Jess ficaram ao lado de Jacson e Miguel. Eu fiquei no fim, com Pedro na minha frente.
— Bom te ver de novo. – disse.
— Não começa garoto, não estou com saco pra te agüentar.
Ele ia me dizer algo, mas o líder que mais tarde eu descobri que se chamava Daniel chegou e começou a contar as pessoas. Ele terminou de contar e felizmente não faltava ninguém. Foi um alívio geral.
Já estavam servindo o jantar e nós fomos pegar nosso prato. Encontrei Ângela na fila e vi que ela estava melhor, estava com Bruno, ele parecia equilibrado e deve ter dado uma força a ela. Nós nos servimos e fomos para a nossa mesa de costume. Logo chegaram Eric, Jared, Miguel e Jess. Depois Mandy chegou com o namorado e para minha decepção, a loira com o namorado e Pedro. Agora a nossa mesa definitivamente estava lotada, de modo que mal dava para mexer os braços para comer. Para piorar Pedro sentou-se ao meu lado e eu fiquei entre ele e Jared.
— Como você está? – Jared estava me perguntando, eu fiquei feliz em poder conversar com ele e ignorar Pedro.
— Eu estou bem.
— E aquele lance do seu pai, sinistro né?
— É, mas...
— Você enganou a gente direitinho! Quem diria que seu pai é um dos caras mais importantes do país, hein! – Emerson falou mais alto do que devia e agora todos da mesa me encaravam.
— Eu não sabia! – disse – Fiquei tão surpresa quanto vocês.
Emerson pareceu não acreditar em mim, começou a rir. Só ele para achar graça em algo numa situação dessas.
— Nós sabemos Sara. – respondeu Mandy, - não liga pro Emerson, ele só estava brincando, ele é assim mesmo.
— Tá. – respondi e fiquei na minha, o cara era louco mesmo.
— O que vocês acham que eles querem com a gente? – Miguel perguntou.
— Não percebeu? - Perguntou Jacson – Nossos pais são pessoas importantes e eles estão contando que vão ajudar a libertar o tal amigo deles em troca da nossa liberdade. – ele olhou para mim – principalmente da dela.
— Minha? Por quê? – perguntei.
— Seu pai é secretário de segurança, ele comanda todos os presídios do país.
Nisso ele tinha razão.
— Mas não acho que ele vai se incomodar em fazer isso por mim, - disse – ele nem me conhece...
— Pelo menos o seu tem motivos – disse Emerson – pior é o meu que me criou e nem liga para o que eu faço, simplesmente me largou aqui. Nada do que eu faço está bom para ele! Sou o capitão e melhor jogador do time da escola e ele nunca me viu jogar. Duvido que faça algo pra me tirar daqui.
— Meu pai é parecido com o seu Emerson – Miguel disse – vive me repreendendo e me colocando de castigo, é capaz de me deixar aqui só pra eu aprender.
Eu não sabia que Miguel era do tipo que aprontava tanto. Me surpreendi mais ainda quando Pedro começou a falar:
— Eu não tenho mais mãe – disse – e meu pai está sempre viajando, cada vez que o vejo está com uma namorada nova e poucos anos mais velha que eu. Duvido que ele fique sabendo de algo, nem deve estar no país.
Eu fiquei com pena deles. Não sabia que a vida deles era assim. Deviam ser aquele tipo de filhos que os pais para preencher sua ausência, enchem de cartões de crédito e carros de luxo. Tá certo que minha mãe não era a melhor mãe do mundo, mas eu sabia que ela me amava apesar de ser tão desligada e infantil.
— É, mas deve estar passando algo na TV, - Bruno comentou – se eles já entraram em contato com alguém para fazer as exigências.
— Não tem como a gente saber, – falou Rosane – mas se eles não proibissem os celulares, essa hora alguém já teria chamado a polícia e esses canalhas estariam na cadeia que é o lugar deles.
Bem na hora que ela falou isso, um deles passou e a olhou carrancudo.
— Ficou maluca Ro. – cochichou Mandy – fala mais baixo, eles estão de olho em tudo o que a gente faz e fala, morde essa língua!
— Não precisa xingá-la Mandy, ela só disse a verdade – repreendeu Emerson – é idiotice proibirem os celulares.
— Não a defenda Emerson, - Jacson falou – ela precisa tomar cuidado, esses caras não estão usando armas de brinquedo e não adianta ficar se lamentando por causa dos celulares agora, não vai resolver nada.
— É, - concordou Jared – o jeito agora é a gente esperar pra ver no que isso vai dar.
— Não acho que eles vão conseguir alguma coisa – Pedro disse - esse negócio de seqüestro nunca dá certo, eles nunca cedem.
— Não sei – discordou Eric que abria a boca pela primeira vez – nunca deu certo porque eles pegavam as pessoas erradas, agora, esses caras parecem que sabem o que estão fazendo e devem ter planejado isso durante muito tempo. Não ouviu o que ele disse sobre a mãe da Sara? Eles investigaram a vida dela pra descobrir quem era seu pai.
— Tem razão Eric, – disse Mandy – eles devem ser muito inteligentes para ter descoberto algo sobre a Sara que nem ela sabia. Sem contar que devem ter algum informante aqui na escola que forneceu a cópia das nossas fichas a eles e assim...
— Eles puderam planejar tudo! – terminou Jacson.
Eu estava cada vez com mais medo deles...
Perdemos a noção de quando tempo ficamos ali, quando nos demos conta já eram quase oito da noite e o pessoal entrava na fila novamente. Nós entramos na fila e o cara veio para fazer a contagem.
Novamente graças a Deus, não faltou ninguém e pudemos ir para os nossos dormitórios. Mandy, Rosane e Jess pararam na porta para se despedir dos meninos e eu entrei no quarto.
Me deitei no colchão, mas duvidava que fosse conseguir dormir. Os acontecimentos daquele dia estavam me atordoando e agora que eu sabia quem era o meu pai, pensava que poderia haver algum motivo por trás do abandono da minha mãe. Queria poder conhecê-lo e perguntar a ele se foi para nos proteger que nos abandonou. Ele era o secretário de segurança e devia receber muitas ameaças de criminosos.
Depois de muito pensar, adormeci, mas tive um sono inquieto e pesadelos. Sonhei com Jared, ele estava indo embora e eu tentava falar, dizer para ele ficar, mas minha voz não saia, até que eu consegui falar e me assustei com o grito que saiu.
— NÂO!!!!
As meninas deram um pulo da cama, Jess caiu no chão. Elas olharam ao redor, procurando saber quem dera o grito.
— Quem gritou? – Mandy perguntou. – Foi você Jess?
— Eu não! – respondeu voltando para a cama.
— Fui eu! Estava tendo um pesadelo, desculpe se acordei vocês...
— Você não precisa se desculpar flor, - Mandy falou e me abraçou – não é a única que tem tido pesadelos ultimamente...
— Já que você acordou a gente com o seu berro, vou tomar um banho. – Rosane disse e saiu pegando as roupas.
— Não liga pra Rose, ignore-a como todos fazem. Nós também precisamos tomar um banho, ainda teremos aula hoje. – Mandy disse e foi pegar seu uniforme também.
— Nem me fale! – Jess comentou – Com tudo isso acontecendo, quem é que vai ter cabeça para estudar?
Eu concordei com Jess, eu era uma que não iria conseguir me concentrar nas aulas de jeito nenhum.
— Mas é bom termos aula – Mandy defendeu – pelo menos vamos ter algo para ocupar a cabeça e não passar o dia todo pensando nisso.
Depois que terminamos de nos arrumar, as meninas foram no quarto ao lado para esperar pelos meninos.
— Vocês se importam se eu for descendo? – perguntei. – é que eu estou morrendo de fome.
— Não, pode ir. A gente se vê lá. – Mandy respondeu. Eu ouvi Rosane resmungar algo como “não faço questão”, mas resolvi fazer o que Mandy disse e ignorar.
Quando estava descendo as escadas encontrei o tal Daniel.
— Bom dia! – ele disse e me olhou de cima a baixo. – Bom te ver, estava procurando um de vocês e felizmente foi você.
Não entendi a piada e nem fiz questão de saber.
— O que você quer? – perguntei e comecei a olhar em volta procurando algum conhecido, aquele cara me dava calafrios...
— Só pedir pra você entregar o horário novo dos seus amiguinhos. – ele me estendeu os novos horários.
— Novos? – eu disse pegando os horários – por quê?
— Porque vocês terão todas as aulas juntos agora. Isso vai facilitar quando – ele veio pra cima de mim e me empurrou contra a parede – precisarmos de vocês.
Ele apoiou os braços na parede, um de cada lado do meu corpo. Eu comecei a tremer.
— Bom dia! – eu virei e vi que era Jared que havia chegado, Daniel saiu de perto de mim quando o viu.
— Bom dia! – ele respondeu fitando Jared carrancudo, como uma criança de que quem foi roubado o brinquedinho e voltou-se pra mim – te vejo mais tarde.
Ele saiu e eu continuei encostada na parede sem me mexer.
— Sara você está bem? – ele me sacudiu até que eu voltei do transe e olhei para ele – ele te machucou?
— Não – respondi – que bom que você chegou, eu fiquei com medo...
Ele me abraçou.
— Não pode andar por aí sozinha, com esses caras armados em todo o lugar. Me promete que não vai sair sozinha por aí de novo?
— Tá, não vou mais fazer isso.
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