“Vamos dançar com estilo, vamos dançar um pouquinho

O paraíso pode esperar nós só estamos olhando o céu

Torcendo pelo melhor mas esperando o pior

Afinal, você vai nos detonar ou não?...”

Sara

No dia seguinte, eu estava dando uma organizada no meu closet quando o celular tocou.

– Oi amor! E aí como foi o julgamento? – perguntei pra Pedro que estava no julgamento do Daniel.

– Está sentada pra ouvir a bomba?

– Estou. Fala logo! – mentira, eu estava de pé.

– Ele foi absolvido! – Eu tive que me sentar com essa.

– O QUÊ? COMO ASSIM ABSOLVIDO PEDRO? – eu gritei e mamãe veio correndo pra descobrir porque eu gritava tanto.

– O advogado dele apresentou um laudo médico atestando que ele estava insano, e o juiz decidiu que ele é inimputável, ou seja, não tem culpa do crime.

– Isso é um absurdo! Ele sabia muito bem o que estava fazendo. Esse exame só pode ser frio!

– Eu sei. O promotor vai recorrer, mas até sair a revisão do caso ele vai ficar internado num hospital de custódia e vai receber tratamento psiquiátrico.

– E esse hospital é seguro?

– Deve ser como uma prisão, mas o tratamento é diferente... Não se preocupe querida, ele não vai escapar, nós vamos fazer de tudo pra impedir isso!

– E a Rosane? Deve ter ficado furiosa!

– Nem me fale! O juiz quase a expulsou do tribunal quando ela estava sendo ouvida porque começou a xingar o Daniel que começou a rir da cara dela! E depois quando ele deu a sentença final, nós tivemos que segurá-la pra não pular em cima do juiz!

– Imagino, até eu iria querer fazer isso. Eu devia ter ido, com o meu depoimento talvez o juiz mudasse de ideia...

– Não ia adiantar! O médico alegou que o Daniel ficou louco de tanto que apanhou e viu a mãe apanhar do pai. Ele viu a mãe dele se enforcar e isso pesou na hora da decisão dele.

– Eu não acredito que depois de tudo que aquele canalha fez, vai ficar por isso!

– Eu sei Sara, mas a lei é a lei e sempre tem quem se aproveita dela para o mal. Eu vou desligar agora, não posso dirigir no celular. Beijo e até amanhã.

– Até amanhã!

Eu desliguei o telefone e ainda não acreditava no que Pedro me dissera! Só podia ser mentira!

– Ele foi absolvido mãe! Alegaram insanidade mental.

– Que injustiça! Sempre assim, os inocentes pagam pelos criminosos!

– Eu tenho medo mãe! E se ele fugir? Nesse hospital a segurança não deve ser como nos presídios...

Minha mãe sentou-se do meu lado e pegou minhas mãos.

– Não se preocupe filha! Esses hospitais são especiais pra esse tipo de gente! Ele não vai fugir.

Apesar de minha mãe garantir que Daniel estava bem preso no hospital, eu não conseguia deixar de ficar preocupada. Algo me dizia que isso não ia funcionar! Não com gente da laia deles que tem informantes e até policial na folha de pagamento.

*

O dia do baile chegou. Eu havia passado o dia todo na casa da Mandy, juntamente com Rose, Ângela e Jess que concordou em ir com Eric depois de muito insistirmos que o baile não seria perfeito sem ela. E como Eric não havia convidado mais ninguém, ela acabou cedendo.

Mandy e Rose insistiram em fazer meu cabelo e maquiagem. Meu vestido era azul, com um decote em forma de coração e sem alças. O da Rosane era um cubinho vermelho, o de Ângela era rosa, o da Mandy lilás e o da Jess era um verde escuro.

Mandy passou um produto no meu cabelo que deixou meus cachos definidos, os deixei soltos.

Na hora marcada, descemos para esperar os garotos.

A campainha tocou e ela foi correndo atender. Adivinhe quem era? Os nossos gatinhos, claro!

Eu definitivamente BABEI quando vi o Pedro de Smoking. OMG!

– Sara! – Ângela começou a me cutucar até que eu acordei. Pedro estava parado na minha frente e sorrindo. Como eu poderia ficar consciente com um Deus Grego em pessoa diante de meus olhos?

– Você está linda, amor! – ele disse beijando minha mão como um perfeito cavalheiro.

Por favor! Não faz assim que eu morro...

– Vamos? – ele falou.

– Vamos.

Só então eu enxerguei o resto do pessoal. Todos os garotos estavam muito bonitos e as meninas com certeza também iriam arrasar.

Quando saímos eu congelei um momento. Peraí! Aquilo era uma.... uma limusine?

– Pedro, é uma limusine? – perguntei. Ele riu da minha cara.

– Meu pai a emprestou pra hoje à noite.

Nós todos entramos e ela era bem espaçosa, mas duas pessoas teriam que sentar no colo de alguém...

Rosane nem piscou ao sentar no colo do Emerson. Eu olhei pra Mandy e fiz uma cara tipo: “Eu não vou fazer isso”. Mas ela foi mais rápida que eu e acabou sentando no último lugar que sobrou e me deu um olhar de “se deu bem amiga!”.

Eu sentei no colo do Pedro e cruzei as pernas pra não aparecer a calcinha. Emerson não podia ser mais discreto.

– Se deu brother! – ele disse e piscou pro Pedro. – Tá confortável aí Sara?

Eu corei. Fiquei rosa, vermelha, roxa...

– Cala a boca Emerson! Tá deixando a guria sem graça... – xingou Jacson.

O motorista deu a partida e eu me abracei no Pedro pra me segurar, mas ele já estava me segurando pela cintura.

– Não vou te deixar cair amor!

– Eu sei! – respondi.

– Dá pra vocês esperarem até a gente chegar? – perguntou Bruno, ao ver que Rose já estava se agarrando com Emerson ali mesmo.

– Deixa de ser estraga prazeres cara! – Emerson disse bravo.

– Ele tem razão, não quero sujeira no meu carro! Meu pai me mata se sujar alguma coisa... – avisou Pedro.

Por fim, chegamos ao salão onde seria o Baile. Quando entramos todos pararam ao nos ver. Eu estava de braço dado com Pedro e não pude deixar de me sentir orgulhosa por estar com o cara mais gato e disputado da escola.

Nós fomos até a copa pegar as bebidas e nos sentamos em uma mesa. Começou a tocar uma música romântica e Pedro me convidou pra dançar.

Ele me abraçou pela cintura e eu coloquei os braços ao redor do seu pescoço.

– Lembra da primeira vez que nos beijamos? – ele perguntou sério.

– Claro! Você nem me conhecia e eu me odiei por ter entrado no seu joguinho...

– Lembra do que eu te falei na escada?

– Que nossos destinos estavam entrelaçados e era inevitável que ficássemos juntos.

– E você duvidou do que eu falei.

– Sim, mas eu via algo em seus olhos que me dizia que você falava sério.

– Eu disse a verdade! Embora eu tivesse te visto várias vezes na escola, aquele dia quando eu te beijei e eu confesso que eu só estava te provocando, eu senti algo muito forte em relação a nós. Era como se eu tivesse encontrado algo que estava procurando há muito tempo. Nunca uma garota havia mexido tanto comigo.

– Eu já estava gostando de você e depois do que você fez pra me salvar do Daniel quando ele tentou me agarrar, eu percebi que você estava sendo verdadeiro. Mas você não prestava, admita!

Ele começou a rir.

– É, eu era um pouco... escorregadio. Mas depois que eu te conheci, eu mudei.

Era verdade o que ele estava dizendo. Ele havia mudado muito. Como dizem, um homem só toma jeito quando conhece a mulher certa, ou não...

– Mas agora eu sou só seu, e você é só minha! Minha Sara...

– Meu Pedro! – eu falei e o beijei.

Aquela foi sem dúvida a melhor noite da minha vida. Eu percebi que não importava o que havia acontecido ou o que aconteceria em nossas vidas de agora em diante. Pedro estava comigo e isso me dava forças para enfrentar tudo.