O dia após isso ocorreu normalmente, sem algo "sobrenatural" em meu caminho. 

Acordei no dia seguinte bem cedo, fiz o de sempre como toda manhã e fui a caminho da escola, ela estava um pouco vazia já que como disse acordei cedo demais. Cheguei na sala de aula, onde estava o material de Hitomi e Yukki e mais 3 pessoas da nossa turma, me sentei e fiquei sem fazer absolutamente nada apenas observando a janela com o tempo nublado novamente. Nesse pequeno tempo, a escola foi tomada por um grito longo de dor, o reconheci imediatamente, era de Yukki. Sem pensar duas vezes corri para o lugar de onde vinha a voz dela, o pátio.

Chegando lá, observava de longe Yukki jogada no chão, seus olhos estavam fechados e ela parecia que estava se segurando para ter certeza que não ia desmaiar, na sua frente havia um garoto com roupas pretas que nem o seu cachecol, seu cabelo era preto e de lado e havia olhos vermelhos. Havia um sorriso largo e irônico no rosto dele enquanto observava Yukki.

-Por que não abre os olhos, Yukki? - Falou o garoto, mas Yukki não respondia, ela estava respirando rápido demais e permanecia com os olhos fechados. Eu ia até ela até chegar praticamente todos que estavam no colégio(até alguns professores) e rodaram em volta de dela tentando á ajudar, ignorando o garoto estranho na frente dela.

-Você está bem? Quer ajuda? - Falava uma garota de cabelos loiros e curtos tentando levanta-la mas Yukki empurrava a sua mão mesmo que não estivesse á vendo.

-Eu não...preciso de ajuda... - Respondeu Yukki ainda no chão.

-Você está com uma aparência péssima! Óbvio que precisa de ajuda! - Falou um garoto se aproximando dela, mas sem toca-la. Mas Yukki continuava negando ajuda, até que no meio do nada apareceu Hitomi pedindo passagem para chegar perto de Yukki, ela tampava os olhos de Yukki e a levantava de um jeito que ela ficasse apoiada nela para não cair.

-Ela está bem, não se preocupem. Eu a levarei a enfermaria. - Disse Hitomi indo para o caminho do lugar que falou, seu olhar era sério, algo que me surpreendia vindo da ruiva. Ela esbarrava no garoto de preto ainda com um sorriso e o olhava rapidamente com ódio. As pessoas foram embora e ignoravam o fato de um garoto estranho estar lá, que imediatamente saiu andando entre as pessoas sem elas perceberem até desaparecer.

Percebi que Yukki havia deixado um livro no chão, era o mesmo que ela estava lendo esses dias, e o peguei do chão e o abri. A primeira página tinha um desenho mal feito, parecia ser feito por uma pessoa com  5 anos, o desenho era de uma garota loira com olhos azuis e um vestido rosa, junto com duas pessoas bem mais altas, embaixo do desenho estava escrito "Diário". Imediatamente o fechei e agora entendia a razão de Yukki não ter deixado Hitomi o ler.

Provavelmente, as duas já estavam na enfermaria, então eu fui até lá para ver se Yukki já estava melhor. Aquilo realmente havia me assustado. Quando entrei lá, ela estava sentada na maca e Hitomi massageava seu olho direito, o esquerdo já estava aberto e mostrava seus olhos azuis e imediatamente olhando para mim.

-Viu? Melhor agora. - Falou Hitomi tirando as mãos de Yukki e olhando para ela. Yukki abria o outro olho e agora os dois olhavam para mim, Hitomi olhava para mim também parecia que havia acabado de me perceber. - Ah, você chegou cedo hoje.

-Sim, eu vim ver como está a Yukki. - Hitomi dava um sorriso estranho e  largo e botava a mão na frente tentando o esconder.

-Ok, ok. Eu vou deixar vocês a sós . - Disse saindo de lá e fechando a porta deixando eu e Yukki juntos, que agora não olhava mais para mim e sim para o chão. 

-Mas ent...

-Está se preocupando demais comigo. - Me interrompeu.

-Tem algo de errado nisso? - Ela ficou um tempo em silêncio.

-Não, nenhum. Fico grata.

-Não fale tão formalmente assim! - Disse dando uma pequena risada e afagando os seus cabelos, ela continuava encarando o chão. Mas do nada levantava o rosto e retirava a minha mão do seu cabelo.

-No momento, você fazendo isso me deixa desconfortável. - Disse. - Por enquanto só posso fazer isso. - Ela entendia sua mão para mim.

-O que é isso?

-Um aperto de mão, caso não tenha percebido seu idiota.

-Você só pode fazer isso?

-Já é um progresso para você. - Eu estendi minha mão e apertei a dela, ela se levantava da maca e olhava imediatamente a minha outra mão  com seu livro, com a mão livre ela o pegava de mim. - Espero que não tenha lido.

-Não o li. - Falei. - Vamos voltar para a sala? Daqui a pouco vai ter aula.

-Está bem. - Fomos até a sala de aula. Os outros olhavam para a gente de forma estranha, até Hitomi se aproximar.

-Hu hu, que clima o de vocês! - Falou, dando uma pequena risada.

-Isso é coisa da sua mente, pare de ler romances e os imaginar com seus amigos. - Falou Yukki séria como sempre.

-Então pode me explicar isso? - Ela disse apontando para as nossas mãos que ainda estavam juntas e eu não havia percebido. Yukki a largou imediatamente.

-Tsc, não abra a boca para fazer comentários desagradáveis. - Falou deixando eu e Hitomi sozinhos a caminho de sua carteira e abrindo a mochila guardando o seu diário e pegando outro livro.

-Não se preocupe, esse é o jeito dela de mostrar que gosta de alguém. - Eu corava.

-H-Hey! Somos só amigos!

-Eu nunca disse que me referia ao segundo sentido. - Falou Hitomi rindo novamente. - Vou guardar segredo, não se preocupe!

-Eu não gosto dela nesse sentido, não pense besteiras. - Eu me senti a Yukki nesse momento, sei lá porque.

O professor entrou e todos tiveram que voltar as suas carteiras, teve uma aula chata e interminável como sempre. Aquilo me cansava, eu podia estar em casa descansando mas nããão, estava lá morrendo de sono tendo que aprender coisas que talvez eu nunca use na minha vida. Felizmente, depois de muito tempo o sinal tocou anunciando o recreio, eu me levantei e dessa vez eu entendi a mão a Yukki, ela ficava a fitando.

-Por que isso?

-Eu não esqueci que vamos passar o recreio juntos hoje. - Falei. - Eu definitivamente não quero perder muito tempo dele. - Ela pegava a minha mão.

-Vou comprar o meu lanche na cantina hoje, e você vai comigo, estou me lixando para quanto tempo você perder. - Falou. Nós fomos a cantina comprar o lanche dela o que realmente não demorou muito.  Nós fomos ao pátio e Yukki aconselhou a nos sentarmos em baixo da árvore onde tudo aconteceu nessa manhã, nós fomos até lá e ficamos sentados. Ela pegava o seu livro e o lia, mas seus olhos piscavam rapidamente. 

-Você está de fato melhor? - Perguntei.

-Sinceramente, não muito. - Disse. - Eu estou tendo que usar lentes no momento já que meus olhos continuam vermelhos e não voltaram aos azuis até eu de certa forma, "relaxar". - Seus olhos estavam vermelhos? Eu não sabia...

-Você quer ajuda para isso?

-Você não saberia como, na realidade, nem eu sei.

Novamente, sem pensar duas vezes eu peguei o seu rosto e o coloquei em meu ombro, ela ficava com os olhos um tanto arregalados, mas depois os fechava.

-Você é gentil, apesar de tudo. Você é um humano que me surpreende. - Falou Yukki.

-A-Ah, de nada. - Respondi.

Ficamos assim um tempo, em silêncio, o sol apareceu de repente e Yukki abria os seus olhos. Ela retirava as lentes e as guardava. Obrigando-a á tirar o seu rosto do meu ombro. Olhava para ele e seus olhos estavam azuis claros como sempre, agora eu entendia que usava lentes já que o azul estava mais escuro. Quando fez isso, um garoto de nossa sala que era o representante, tinha os cabelos castanhos claros e olhos verdes. Seu nome era Hideki, e seu sobrenome eu não lembrava

-Olá! Desculpa interromper. Eu soube o que aconteceu de manhã e vim ver se a novata está melhor. - Ele ia pegar a mão dela, mas Yukki usa a mesma para empurrar a mão dele.

-Estou muito obrigada, obrigada por se preocupar. - Falou com um tom de raiva.

-De qualquer forma, você precisava falar com seus pais sobre o ocorrido, onde eles estão? - Respondeu. Yukki ainda parecia com raiva, mas olhava para o chão. Me lembrava do que minha mãe havia dito. Aquela pequena frase deve ter mexido um pouco com ela. Ele continuava. - ...Entendo. Sinto muito. Precisamos ligar ao seu responsável, melhor? - Ela se levantava.

-Eu irei...para casa. Tenho permissão para sair quando quero. - Falou. Indo para a sala provavelmente ir pegar o seu material.