Pov' Clarisse La Rue

Eu sei exatamente do que se trara essa amnésia do Percy, posso não saber como Annabeth fez isso, mas sei que fez. Provavelmente com a ajuda da vadia da mãe dela e do carente do Hermes.

Os dois me pagarão e farão com que Percy volte ao normal, que se lembre de mim. É muita egoísta e maldoso da parte deles fazer isso: apagar a memória do menino como se ele fosse apenas uma peça no jogo deles? Quanto mais conheço os Deuses do Olimpo mais me sinto enojada. A falta de escrúpulo e o egoísmo são provavelmente as exigências para se tornar um Deus.

Corro do apartamento sem perceber que os dois me seguem, Percy parece tão confuso, nem eu, nem ela estamos dispostas a explicá-lo o que está realmente acontecendo, sei que ele nunca acreditaria na verdade, não importa quem as diga. Não o culpo se fosse comigo também não acreditaria. Ver seu olhar perdido me tortura, contudo não há nada que eu possa fazer por enquanto.

Não muito depois estávamos em frente ao elevador do Empire State que nós levaria até o Olimpo. Sally quer passar, precisa passar, como uma mãe quer defender seu filho da loucura desses Deuses egoístas.

— Prometo, Sally! Que trarei a memória de Percy de volta, sou uma filha de Ares, nós não costumamos desistir com muita facilidade. Não importa o que eu tiver que fazer, aquela loira vadia vai pagar.- Digo antes de entrar no elevador, Sally parece arrasada.

— Acha que Annabeth tem algo a ver com isso? Apesar de tudo ela nunca me pareceu maldosa à esse ponto.- Suas palavras me fazem repensar em tudo, eu nunca pensei que Annabeth fosse capaz de algo desse tipo, porém essas reflexões logo somem dando lugar a velha certeza.

— Eu queria poder dizer que não.—Somente com um olhar me despeço e subo com o Percy ao meu encalço, não digo nada a ele, o que o deixa ainda mais confuso.

— O quê tem de errado comigo? O que de tão importante eu esqueci? Pelo amor dos Deuses me diga a verdade. Vocês duas me ignoraram o caminho todo, não aguento mais esse silêncio.- Fala ele assim que a porta do elevador se fecha.

—Você não acreditaria.- Digo com o máximo de frieza, não quero que ele descubra dessa maneira.

—No que eu não acreditaria?- Pergunta Percy irritado.

— Em tudo que aconteceu. Muita coisa mudou desde a sua última lembrança e eu não quero te deixar ainda mais confuso.

— Nada pode me deixar ainda mais confuso, Clarisse. O que aconteceu? Por um acaso nós nos tornamos amigos ou algo desse tipo?

—Já disse, Percy. Não posso dizer. Você não acreditaria.

— Só falta você dizer que nós somos amantes, e que Annabeth apagou minha memória por causa disso.- O moreno ri, porém para quando percebe o jeito que eu olho para ele.

— Meus Deuses.... Não me diga que eu e você?- Questiona Jackson sem acreditar.

— Isso.

— Mesmo que isso seja verdade Annabeth nunca faria algo assim. Ela é boa demais pra isso.

— Você acredita demais nela. Sua ex-namorada é uma verdadeira vadia.

— Até onde eu sei ela ainda é minha namorada e você não tem nenhum direito de falar assim dela. Logo, você que não trata nem um cachorro decentemente.

— Ok, ok. Você não acredita e é por isso que eu não queria te contar. Me deixa apenas resolver as coisas e você vai se lembrar. Eu prometo.

—Como posso saber que não é você a errada?

—Você terá suas lembranças de volta e entenderá. Eu prometo!

Saio do elevador e esqueço toda a calma que me apoderou naquele pequeno espaço de tempo. A única coisa que existe agora é minha fúria, estou cega dela.

Invado o templo de Zeus, com uma coragem que mesmo sendo uma filha de Ares é incomum de se ver. Dentro dele está acontecendo uma reunião, nem todos os Deuses estão ali, meu pai é um desses que não está presente. Olho os, de maneira desafiadora e antes que eu possa começar meu discurso Zeus me interrompe.

— Posso saber o que faz aqui, garotinha?- Diz num tom sarcástico demais para meu agrado.

— NÃO ME CHAME DE GAROTINHA, ESTOU LONGE DE SER ISSO, TIO. ODEIO ESSE LUGAR E NÃO ESTARIA AQUI SE NÃO FOSSE ESTRITAMENTE NECESSÁRIO. ANNABETH APAGOU A MEMÓRIA DE PERCY, EU NÃO FAÇO A MENOR IDEIA DE COMO O FEZ, MAS CONSIGO APOSTAR QUE TEVE AJUDA DE ALGUNS DE VOCÊS. SOU OUSADA EM DIZER QUE O DEDO DE ATENA E DE HERMES PROVAVELMENTE ESTÃO ENVOLVIDOS. TALVEZ ME MATEM PELA MINHA CORAGEM E BRAVURA, MAS EU REALMENTE NÃO ME IMPORTO. POSSO LUTAR COM CADA UM DE VOCÊS ATÉ A MORTE SE FOR NECESSÁRIO PARA QUE PERCY TENHA O QUE É DELE DE DIREITO. ELE NÃO É UMA PEÇA. ANNABETH NÃO PODE CONTROLAR A MENTE DELE, COMO SE O MENINO FIZESSE PARTE DE UM JOGO.

— O que exatamente você não se lembra, Percy? —Pergunta Hera que por incrível que pareça aparentemente está do nosso lado.

— A última coisa que me recordo é de brigar com Annabeth no Acampamento Meio Sangue, tudo depois é confuso, não consigo me lembrar com clareza.

— Quando foi isso, Clarisse?- É Hera quem questiona mais uma vez e a vontade que eu tenho é a de perguntar quem comeu a língua os outros Deuses.

— Há mais de uma semana atrás, Hera. Não estou me comportando como uma namorada enciumada.

— Namorada?- Fala o moreno cada vez mais confuso, o que me faz perceber que se quero realmente protegê-lo de tudo isso, preciso tomar mais cuidado com as coisas que digo.

— Desculpe, Percy. Não quero te deixar ainda mais confuso.

— Você é muito ousada de vir até aqui e me acusar. Saiba que eu não gasto minha saliva com problemas de semideuses.- Diz Atena pela primeira vez depois de muito tempo de análise.

— Mas você me ameaçou.- Percy fala do nada, como se a lembrança tivesse apenas estalado em sua mente.

— O quê?- Pergunta Atena impressionada.

— Não sei quando foi, as lembranças estão embaralhadas na minha mente, mas você disse que a sua ira recairia sobre mim.

— Nunca disse isso, menino. Sua mente está brincando com você.

— Não posso dizer com clareza, porém parece tão real.

— Você acha que pode vir até aqui e desrespeitar a todos nós. Você não é bem-vinda aqui e o que esse menino tem precisa ser tratado com remédios.- Diz Zeus interrompendo diálogo entre Percy e Atena.

—Zeus, eu conversei com essa menina e duvido que ela esteja fazendo isso se não tivesse certeza do que está falando.- Hera me defende.

— Além do mais o que ela sente pelo garoto é bem claro. Não nos custa nada verificar, Apolo poderia examiná-lo.- Fala Afrodite que por algum motivo também parece a nosso favor.

— Não é necessário. É perda de tempo.- Diz Zeus mais uma vez.

— Você sabe muito bem o quanto sua filha pode ser engenhosa, inclusive a frase que ele disse é quase um bordão de Atena. O que custa fazer ao menos uma coisa da forma que eu quero? O que custa examinar o garoto?

— Lá vem você com esse papo.

— Lá vem eu o caramba. Você está se comportando como uma criança e como um péssimo marido. Custa fazer minhas vontades uma vez?

— Tudo bem, tudo bem, Hera. Apolo o examinará.- Zeus diz terminando a discussão dos dois.

— Como ousa dizer que eu possa ter feito algo dessa magnitude?—Pergunta Atena depois do silêncio ter tomado a sala por mais uma vez.

— Se tem certeza que não fez nada de errado. Acredito que o exame não será problema. Se não se incomodam, posso saber aonde está a vadia da Annabeth?

— Não ouse falar assim da minha filha….—Antes que Atena terminasse sua fala eu já tinha saído dali, procuro Annabeth por todos os templos e a encontro no de Ares, o que confesso me surpreende.

Sem pensar me jogo para cima dela, puxando seus cabelos e lutando com a mesma gana que eu dediquei a Mark, essa vadia pagará pelo que fez.

— Você rouba meu namorado, me faz ser humilhada por todo o Acampamento e ainda me bate. O que foi que eu te fiz agora? Me diga, Clarisse! — Fala Annabeth quando em um momento consegue se desvencilhar dos meus golpes, a mesma tem lágrimas nos olhos e o cabelo todo desarrumado. Seu olhar é de pura confusão e por mais que eu não goste dela sei que seu dedo não está envolvido nessa vingança, mas a testo mesmo assim.

— Isso é pelo Percy, pelo que você fez com ele.

— O quê? Por eu tê-lo feito trabalhar com seu pai? Não vou dizer que não tive prazer em fazer isso, mas... Mas…. Não sei o que de tão ruim tem nisso.

— Meus Deuses…. Você não sabe!

— Não sei o quê? Do que está falando Clarisse? Você está começando me assustar.

— Percy perdeu a memória. Não se lembra do que aconteceu entre nós.

— Eu não fiz isso. Juro, é baixo demais.

— Se não foi você, quem foi?