Inferno Na Terra escrita por Melanie


Capítulo 5
Capítulo 5




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— Eu vou ser direto, srta. Haruno. — Ele começou a falar e eu prendi a respiração. — Quero que se afaste de Sasori Akasuna.

...

Espera aí.

Ele falou o que eu acho que falou? Me virei para ficar cara a cara com ele já que ele ainda estava próximo à porta e acho que minha expressão demonstrava o espanto que eu estava sentindo.

— O sr. quer o quê?

— Quero que se afaste de Sasori. — Ele repetiu com a mesma voz firme.

Não pude evitar ficar com raiva. Quem ele pensava que era para mandar eu fazer algo fora da empresa? Eu tenho que suportar ele me dando ordens aqui porque ele é meu chefe, mas fora daqui? E ainda por cima envolvendo Sasori?

— Sinto muito, senhor, mas eu não tenho motivos pra me afastar de Sasori e com certeza o fato de o senhor querer que eu me afaste dele não é motivo suficiente para mim.

Eu não podia jogar na cara dele a monstruosidade que ele fez com Sasori nesse momento, embora quisesse muito, porque isso só pioraria as coisas nessa sala e provavelmente entre os dois.

Ele sorriu.

— Acho que ainda não entendeu, então vou tentar ser mais claro. — Ele fez uma pausa. — Estou mandando você se afastar dele ou...

— Ou o quê?— O interrompi. — O senhor irá me despedir? — Consigo perguntar tirando coragem sabe-se Deus de onde.

Ele parece surpreso com a minha atitude, mas agora que eu estava bancando a corajosa era melhor ir até o fim.

— Se quiser me mandar embora pode fazer isso agora mesmo, aproveite que já estou na sua sala então assim já poupamos tempo porque eu não vou me afastar dele, não importa o que o senhor me disser.

— É óbvio que não sabe o que está falando. Sasori não é uma pessoa confiável para se ter por perto, ele...

Aí sim perdi a paciência de vez. Quem ele pensava que era pra insinuar coisas sobre Sasori na minha frente?

— É óbvio que é o senhor quem não sabe o que está falando.— Fiz uma pausa e me aproximei mais dele. Dá-lhe coragem divina.— Está claro que nós dois temos ideias diferentes no que se diz respeito à pessoas confiáveis.

Droga, droga, droga.

Pelo modo como ele arregalou ligeiramente os olhos ficou na cara que ele entendeu do que eu estava falando. Como você é burra, Sakura! Você precisa desse emprego, idiota.

A expressão de surpresa em seu rosto desapareceu, dando lugar a uma expressão de raiva mal contida.

— Saia da minha sala. Agora. 

Não falei nada, provavelmente minha expressão de surpresa denunciava que nem eu conseguia acreditar no que tinha dito. Apenas comecei a andar rapidamente para fora, me controlando para não correr. Assim que abri a porta e me virei para fechá-la pude vê-lo andando em direção à mesa, mas, quando fechei a porta, pude ouvir o barulho de algo se quebrando e, em seguida, o ouvi socando a mesa.

— Meu Deus, Saky, você não foi demitida, foi? — Temari perguntou assim que me viu.

— Não sei. — Respondi tentando recuperar minha compostura e esconder o meu medo de perder esse emprego que, mesmo sendo difícil, pagava muito bem.

De repente, o sr. Uchiha abriu a porta violentamente, nos assustando, e saiu andando a passos firmes em direção ao elevador.

Caramba, ele estava com muita raiva. Mas, espera aí, ele saiu daqui sem falar nada sobre a minha demissão. Será que isso significa que ainda estou na empresa? Bom, melhor não arriscar. Quem sabe se ele voltar e vir que estou trabalhando ele esquece? Me sentei em frente ao computador e comecei a digitar. Olhava para o relógio várias vezes e constantemente me peguei pensando em onde ele estaria, tentando entender a conversa que tivemos.

 

Quando chegou a hora do almoço, ele ainda não havia voltado. Estava me preparando para sair quando me lembrei que tinha que telefonar para minha mãe já que era hora do almoço e ontem eu não tinha ligado.

— Tema, você viu meu celular? — Perguntei já que não estava conseguindo acha-lo e já tinha revirado toda a minha bolsa.

— Não Saky, procurou direito na sua bolsa? 

— Já revirei tudo. Eu não acredito que perdi meu celular. — Falei começando a ficar nervosa. Eu não podia perder meu celular.

— Calma, vai ver você nem perdeu, apenas esqueceu em algum lugar. — Sugeriu e uma luz se acendeu na minha mente.

— É claro, deve estar com Sasori. Obrigada, Tema. — Respondi correndo em direção ao elevador.

Quando o elevador para no andar de Sasori, saio apressada e começo a praticamente correr, mas muito civilizadamente, em direção a sala dele. Já próxima de sua sala começo a ouvir vozes bem altas, como se fosse uma discussão. Me aproximo mais e congelo exatamente onde estou.

Na sala de Sasori estava o sr. Uchiha.

Eles estavam discutindo, eu podia perceber isso pelo modo como suas bocas se mexiam, mas não podia entender o que diziam. Embora as paredes da sala de Sasori fossem de vidro, o som saia abafado. Fiquei parada mais alguns segundos quando vejo algo que me deixa estática.

O sr. Uchiha sorriu.

 

Tá, ele não estava sorrindo, sorrindo. Era um sorriso sarcástico, mas meu Deus, ainda era um sorriso de fazer qualquer pessoa parar para olhar duas vezes.

SAKURA!

No que você está pensando? Ele é o chefe que você odeia, o chefe que inferniza sua vida e a de milhares de outros funcionários, o chefe que fez uma monstruosidade com uma pessoa boa como Sasori, o chefe que pensa que tem o mundo nas mãos, o chefe que acha que pode mandar em você fora dessa empresa e, o mais importante, o chefe que você odeia. Então não, você não pode começar a pensar em como o sorriso sarcástico dele é bonito e nem no quanto ele deve ficar bonito sorrindo de verdade. O que deu em você hoje? Há algumas horas você o teria matado se tivesse uma arma na mão. O que mudou de lá pra cá? Nada. N-A-D-A. Nada mudou, então foco. Você veio aqui pegar o seu celular e não tentar ouvir a discussão dos outros.

Devo ter ficado parada por mais tempo do que imaginei porque, no momento em que os dois olharam para mim ao mesmo tempo, senti que acabei corando.

Respiro fundo e ando em direção à porta e a abro. Tento não olhar para o sr. Uchiha.

— Ér.. Sasori? Você por acaso está com meu celular? — Consegui perguntar.

Eu sinto que estou suando frio, agora o motivo? Totalmente desconhecido pra mim, mas talvez devesse ter algo a ver com o fato de eu sentir os olhos do sr. Uchiha sobre mim.

— Estou. Nossa, tinha me esquecido. Aqui. — Disse colocando meu celular em cima da mesa.

Respiro fundo, outra vez, e caminho em direção à sua mesa.

— Era só isso?— Ele estava me expulsando? Uau.

— Sim. Obrigada. — Agradeci sorrindo. Ele não sorri de volta. Ele queria mesmo que eu saísse. Ok, se era o que ele queria.  — Eu já estou indo. Até mais, Sasori.

— Sakura?— Sasori me chamou quando estava prestes a sair correndo daquele clima tenso. — A carona de hoje ainda está de pé? 

 

— Se estiver tudo bem pra você.— Respondi e juro que pensei ter visto o sr. Uchiha franzir o cenho com a minha resposta à Sasori.

Sasori balança a cabeça concordando e eu enfim saio de sua sala.

Poderia ser mais embaraçoso?

Ao sair na rua, respirei o ar fundo e suspirei. O dia hoje estava sendo repleto de revelações. Então foi até a sala de Sasori que o sr. Uchiha foi quando saiu nervoso do seu escritório? Não, isso significaria que ele ficou bastante tempo lá, tempo demais para os dois estarem apenas discutindo e não brigando.

Mas o que eu estou fazendo? Não é da minha conta o que ele fez e onde ele estava!

Pego o celular e ligo para minha casa enquanto ando até o restaurante. Precisava pensar em outra coisa. Urgentemente.

— Alô?

— Como vai, maçãzinha?— Pergunto sorrindo.

Apenas ouvir a voz de minha irmã já me faz esquecer um pouco tudo o que aconteceu até agora.

— Saky! Que saudades de você. Como pôde ficar tanto tempo sem ligar? — Sorrio ainda mais.

Como senti falta dela.

— Me desculpe, maçãzinha. As coisas estão bastantes corridas ultimamente, mas me conte como estão as coisas por aí, agora mesmo e não me esconda nada.

— Está tudo ótimo. Ontem, eu e mamãe plantamos mais flores no jardim. Saky, o jardim está tão lindo, você vai amar quando vier nos visitar.

Paro de andar. Não queria chegar tão rápido ao restaurante, eu teria que desligar.

— Eu aposto que sim. E a escola?

— Ah... Boa.

Estranho sua reação.

— Como assim boa? Você sempre gostou da escola, o que foi que eu perdi?

— Não é nada, é que eu apenas não estou indo tão bem assim em matemática. 

Se isso fosse verdade poderia imagina-la envergonhada do outro lado me contando , mas eu acredito que tenha mais.

— Não se preocupe, eu era péssima em matemática.

— Você era boa em tudo. Ainda é.

— Claro que não. Sabe que eu sou péssima em tricô. — Ela riu do outro lado da linha.

— Isso porque você nunca tentou. — Minha vez de rir.

— Então quando eu for até aí vamos tentar juntas, que tal?

— Promete?

— Alguma vez já quebrei uma promessa?

— Não. Ah, Saky, mamãe está aqui do meu lado querendo falar com você. — Pude ouvir a voz de minha mãe pedindo o telefone.— Nos falamos outro dia?

— Claro que sim. Vou tentar ligar mais rápido. Prometo. Agora vá estudar.— Ela gargalhou. É sempre tão bom ouvi-la feliz.

— Tchau, Saky. Te amo.

— Tchau, maçãzinha. Também te amo. Se cuida. — Sempre vou odiar as despedidas.

— Alô? Sakura?

 

— Mamãe..

— Que saudades de você, minha filha. Como estão as coisas aí em Tókio?

— Também senti saudades e está tudo bem, na medida do possível.

—Problemas com seu chefe? — Ela me conhecia tão bem... Mas eu não poderia contar tudo o que estava acontecendo para ela.

— Ele vem se tornando cada vez pior, mas nada que eu não dê conta. — Uma omissãozinha básica.

— Fico feliz em ouvir isso. E quanto à Hinata e Ino? As duas estão bem?— Ela sempre gostou muito das duas.

— Sim. Hina está adorando dar aulas e sabemos como é a Ino. — Sorrio.

— Claro que sim, mande um oi para as duas por mim.

— Pode deixar. Agora, mãe, o que aconteceu com a Sayuri? — Eu tinha certeza de que era mais do que umas simples notas de matemática.

— Ela não te contou? Não me admira. São algumas crianças da turma dela. Sabe como crianças podem ser cruéis.

Começo a ficar com raiva.

— O quê? Por que ela não me contou? Mãe, a senhora já falou com a professora?

— Ela não te falou porque provavelmente sabia que você ia ficar assim e é claro que já fale. A professora me garantiu que não ia permitir que isso continuasse.

— Diga à Sayuri que ela não tem do que se envergonhar. Crianças estúpidas. 

— Já disse, não se preocupe querida. Olhe, Sakura, odeio ter que ser a primeira a desligar, mas tenho um monte de encomendas para fazer. Sinto muito mesmo, querida, nos falamos amanhã?

Tento me acalmar. Não podia ocupar tanto tempo assim da minha mãe, ela realmente tinha bastante encomendas de bolos para fazer. Ela era a melhor confeiteira da cidade.

— Não sei. Eu ligo se der. Até logo, mamãe. — Me despeço voltando a andar.

— Até, querida.— Então ela desliga.

Guardei o celular e entrei no restaurante. Vi Ten-Ten acenando para mim e acenei de volta. Na mesa apenas ela e Temari estavam, sem Lee e sem Sasori, o que é uma grande surpresa. Elas provavelmente queriam que eu contasse tudo o que aconteceu hoje no meu café com Sasori, em detalhes, mas eu rezaria para que Temari não me perguntasse sobre o que aconteceu na sala do sr. Uchiha.

Sento-me na mesa e logo começam a me bombardear com perguntas do tipo "sobre o que você conversaram"? Ou, "ele pagou a conta?". Respondi à todas, inventando alguns fatos para responder sobre o que conversamos já que eu não poderia contar a verdade.Quase perdemos a hora, mas voltamos correndo e conseguimos chegar a tempo.

Quando Temari e eu voltamos, o sr. Uchiha já estava em sua sala e não saiu para mais nada. Às vezes telefonava para Temari para pedir algumas coisas, mas apenas para ela. Fala sério, se iria ser assim por que ele precisava de duas secretárias? Aparentemente, Temari era o suficiente!

— Não precisa ficar com ciúmes, Saky. — Ela falou quando, após mais uma ligação do sr. Uchiha para ela, eu demonstrava irritação.

Isso me fez engasgar com o ar.

— Não seja ridícula, Temari. Não estou com ciúmes. Apenas irritada por ele achar que não sou boa o suficiente para ajudá-lo. Até porque é pra isso que estou aqui, não é?

Ela apenas balançou a cabeça negativamente enquanto sorria.

Isso me fez bufar.

Eu? Com ciúmes? Eu? De quê? Patético. Temari estava ficando muito abusada para o meu gosto.

Os telefonemas continuaram e, eu juro, parece que se tornaram ainda mais frequentes e de propósito, o que é impossível. Quando finalmente deu o horário da saída, juntei minhas coisas, me despedi rápido de Temari e entrei correndo no elevador. Já na recepção me despedi de Ten-Ten e de Lee e, quando saí, Sasori já me esperava do lado de fora. Sorri ao avista-lo e acenei de volta quando ele acenou para mim.

— Então finalmente vou poder te dar essa carona, não é? — Perguntou quando me aproximei.

— Aham.— Concordei e ele abriu a porta para que eu entrasse.

— Como foi o resto do dia? — Perguntou quando entrou.

— Normal e o seu? 

— Também. — Ele respondeu e um silêncio estranho se espalhou pelo carro.

Silêncio que foi quebrado apenas quando chegamos até a parte em que ele não sabia mais para onde ir e me perguntou. Foi aí que respirei fundo e tomei coragem para lhe fazer uma pergunta.

— Sasori? O que você e o sr. Uchiha discutiam quando fui até a sua sala pegar o meu celular?


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Notas finais do capítulo

Então? Perdoada pela demora? Foi um capítulo pra insinuar algumas coisinhas sobre o Sasori que podem vir a ter algum fundo de verdade, não sei, posso mudar de ideia novamente e pra "iniciar" o SasuSaku.Espero que tenham gostado... Mereço comentários?