— Nossa, que cara é essa Sakura?

Foi assim que fui recepcionada assim que entrei no apartamento.

— Oi pra você também, Ino.— Respondi fechando a porta.

— Dia difícil?— Hinata perguntou e foi então que reparei que as duas estavam na sala, vendo tv.

— Pela sua cara horrível a resposta só pode ser sim.— Ino respondeu por mim.

— Ele estava insuportável hoje, acreditam?— Falei tirando o casaco que estava usando.

— Ele não é insuportável todo dia?— Ino perguntou.

Sim, eu conto tudo para elas desde que voltei da minha entrevista naquele fatídico dia.

— Hoje ele estava excepcionalmente insuportável. — Agora eu me jogava na poltrona.

— O que aconteceu hoje?— Hina perguntou colocando o pote de pipoca que estava segurando em cima do sofá.

Contei tudo para elas, desde a hora em que falei com ele na recepção até a hora da saída.

— Às vezes me pergunto se você não está exagerando porque eu realmente não acredito que alguém possa ser tão mal-humorado quanto seu chefe me parece ser pelas suas descrições.— Hina falou.

Pobrezinha, tão inocente. Mal-humorado? Sasuke Uchiha faz jus a expressão "cão chupando manga".

— Eu também não acredito. Tão gato e tão....

— Ino. Pelo amor de deus, não vai começar a babar pelo meu chefe, vai? Porque, se for, eu trago um babador. — A interrompi ou ela ia começar a dizer como sonhava em ir pra cama com ele e eu não precisava ouvir sobre suas fantasias.

— Estraga prazeres. Mas sério, Saky, alguma chance de eu e Hina conhecermos ele? Porque de tanto que você fala dele parece que já o conhecemos, o que é estranho considerando que nunca o vimos. — Claro que ela queria conhecê-lo.

— Vai por mim, é melhor ficar só nas fantasias porque depois que você o conhecer a mágica vai acabar.— Disse me levantando.

Tinha que tomar banho, estava exausta.

— Pode até ser, mas Hina? Não acha que eu tenho razão quando digo que Sasori Akasuna está a fim da nossa querida amiga?

E eu achando que não iam falar disso... Doce ilusão.

— Ah não, Ino, não começa. Da próxima vez eu pulo qualquer parte em que ele aparecer pra não ter que ouvir você falando besteira. Ele só me ofereceu uma carona, é algum crime?— Voltei a sentar.

Hinata apenas ria.

— Tanto faz, mas bem que você podia tentar alguma coisa com ele, né? Vai dizer que ele não é um bom partido? 

Ela não ouviu nenhuma das outras vezes em que eu disse que éramos amigos?

— Ele é, mas não pra mim.

— Porque você não quer. Imagino que ele seja bom de cama. Por tudo o que eu já ouvi... Você bem que podia descobrir e então me contar, né? 

Ela estava mesmo sugerindo que eu transasse com o Sasori?

— Eu vou fingir que não ouvi isso. — Falei. — Olha só, ele eu posso apresentar a vocês, daí então você pode descobrir por si mesma.

— Não sou amiga fura-olho. — Ela disse na mesma hora e eu me pus a rir.

— Você é um caso perdido, Ino. Mas e você, Hina? Está tão quietinha... Aconteceu alguma coisa na escola? 

Tática infalível. Mudar o foco da conversa.

Hina pareceu se tocar de que estávamos falando com ela e corou.

— Mais ou menos. Sabem o Konohamaru?— Concordamos com a cabeça. — Não sei mais o que fazer com ele. Marquei uma reunião com o avô dele. Estou meio preocupada.

Konohamaru é aluno dela. Um dos muitos pestinhas que ela ensina por livre e espontânea vontade. Não que eu não goste de crianças, eu gosto, mas vamos ser sinceros, criança só é aquela coisa linda quando não é nossa.

— Não precisa se preocupar. É apenas uma fase, você sabe. Os pais morreram e ele está tentando se adaptar a uma nova vida sem eles. Tenha paciência. — Eu disse.

— É meio difícil. Ele é tão talentoso... — Hina suspirou. — Mas não posso desistir, não é?

— Olha só, Saky, nossa menina cresceu tão rápido.— Ino comentou e eu comecei a rir acompanhando-a.

— Ok, ok, chega. Vamos falar de uma coisa séria agora. Eu estou morrendo de fome! Podemos pedir uma pizza?— Desabafei, mas eu tinha direito não tinha? Não havia comido nada o dia todo, e, por mais que esteja com sono, a fome está começando a se destacar.

— Eu ia sugerir que saíssemos, mas já que o dia foi ruim pra vocês duas não tenho nada contra uma noite da pizza. — Ino falou pegando o celular. Hina concordou com a cabeça.

— Ótimo. Sabe qual sabor quero, certo?— Eu perguntei e ela acenou já pedindo a pizza.— Eu vou tomar um banho então. Não ousem comer tudo!

Hinata riu e concordou enquanto eu fui em direção ao quarto pegar uma roupa. Assim que peguei a primeira camisola que encontrei fui em direção ao banheiro.

Quando saí, o cheiro de pizza se fez presente e pude ouvir minha barriga roncar. Deixei meus cabelos molhados mesmo e fui em direção a sala. As meninas estavam sentadas no sofá com a caixa de pizza aberta em cima da mesa.

— Lembraram de deixar algum pedaço pra mim? — Perguntei me aproximando e me sentando ao lado de Hinata.

— Sim. Come logo, antes que eu mude de ideia e coma seu pedaço também.— Ino disse mastigando seu pedaço.

Comemos tudo enquanto conversávamos e ríamos. Era tudo o que eu precisava depois de um dia cheio e estressante como aquele, mas eu não poderia ficar acordada por mais tempo.

— Meninas, estou indo dormir. Amanhã ainda é terça e algo me diz que será um dia muito longo.— Disse me levantando.

— Ok. E Saky? Pergunta pro Sasori se ele não quer vir jantar com a gente depois de amanhã. Quero conhecê-lo.— Ino falou e eu considerei sua ideia.

Jantar numa quarta-feira? Que mal teria chama-lo?

— Tudo bem.— Eu concordei e fui em direção ao meu quarto, mas antes de fechar a porta a ouvir comentar com a Hina.

— Foi mais fácil do que eu pensei que seria, não acha?— Provavelmente Hina deve ter concordado, mas não me importei.

No dia seguinte, quando acordei, estava mais exausta do que ontem. Por que quando dormimos muito acordamos com mais sono? Tem alguma lógica nisso? Me arrumei e fui até a cozinha onde apenas Hina estava acordada, me despedi e saí. Iria tomar café no caminho para a empresa.

Saí do apartamento e fui andando em direção ao ponto de ônibus quando, do nada, tenho a sensação de estar sendo seguida. Decido ignorar, porém, quando atravesso a avenida e começo a andar pela calçada, um carro com vidros escuros começa a me seguir. Começo a ficar nervosa e acelero o passo para atravessar a rua quando o carro acelera e entra na minha frente.