Soquei a parede, grato pela dor que recebi de volta. Isso destraitia minha cabeça dela.

Que garotinha petulante! Como ela pode dizer não a mim? Será que ela não percebe que pertencemos um ao outro?

– Eu agradeceria se você não socasse a parede, querido.

Virei-me para a voz e olhei para a garota ruiva esparramada pelos lençóis da cama.

– E eu – comecei acidamente – agradeceria se você saisse da minha cama e tomasse seu rumo.

Ela piscou os olhos azuis, surpresa, e puxou mais o lençol contra si.

– Mas, querido...

– Saia da minha casa! – vociferei. – Agora!

Ela levantou-se rapidamente, sem se preocupar em cobrir o corpo nu e começou a pegar as roupas pelo chão.

Fui até a cômoda e peguei o dinheiro. Voltei-me novamente para ela, que já estava completamente vestida ou, mais de acordo, tampava o que devia.

– Aqui – empurrei o dinheiro na mão dela e fui abrir a porta. – É mais do que você merece, vadia. Já sabe o caminho de volta.

Ela pegou o dinheiro e enfiou no meio dos seios.

– Tudo bem, já vou sair. Mas posso fazer uma pergunta antes?

Suspirei desanimado. Ela tomou isso como um sim.

– Por que me chamou de Clary quando estávamos na cama?

Com um grunhido, agarrei-a pelo braço e a arrastei escada abaixo em direção a porta de entrada enquanto ela resmungava.

– Eu paguei, posso chamá-la como quiser. – Abri a porta e empurrei-a para fora. – Eu disse para sair, vadia.

Ela me olhou, furiosa, e deu meia volta, andando com o nariz empinado, com as roupas curtas demais e os saltos altos demais, querendo ter a dignidade que não possuía.

Fechei a porta e me arrastei em direção ao sofá, largando-me nele. Já era a décima primeira. Ou a garota era alta demais, ou o tom de vermelho não batia, ou tinha tantas sardas que eu nem conseguia ver a pele.

Já estava farto de procurar em todos os lugares o que eu sabia que só encontraria em um. A dona do ruivo perfeito, dos olhos verdes incomparáveis e da altura ideal. A pessoa que está destinada a ser minha desde que nasceu.

Mas, no momento, Clary me odeia.