O moreno sentiu algo mexer em seu estomago e seu coração acelerou. Sensações claras de nervosismo e, até mesmo, comum para aquela situação surgiram. Tony umedeceu os lábios com a ponta da língua e forçou um sorriso.

— Claro.

— Então...? — Pepper o incentivou a continuar, com a sobrancelha arqueada, causando nele apenas mais náuseas de inquietação.

— Eu... — Ele foi interrompido pelos primeiros milésimos do toque do celular da loura.

— Ah! Espera. — Ela pediu levantando um dedo e rapidamente pegando sua bolsa e recolhendo seu celular. Ao olhar para o viso do aparelho notou que se tratava de Aldrich. — É o Aldrich.

Tony, infelizmente, não conseguiu evitar um pensamento de baixo calão em relação ao Killer.

— Oi? — Atendeu o celular e esperou por uma resposta. — Sim e como ela está? — Aguardou novamente. — O que é? — Tony estudou cada semblante que transcorreu pela face de Potts enquanto ela ouvia o motivo da ligação de Aldrich. — Mas... — Ela suspirou. — Tudo bem, então. — De repente ela sorriu. — Oi bebê! Está se divertindo? — Passou a mão pelos fios de cabelo. — Estou bem, estou com o Tony. — Mas alguns segundos. — Aham. Certo, acho que nos vemos amanha então. — Assentiu. — Eu também te amo amor. Beijos. — Pepper desligou o celular.

— O que houve?

— Aldrich vai ter que voltar antes para Luisiana.

— Que dia?

— Amanha. Ele vai deixar a Rachel na escola e mais tarde eu a busco lá. — Guardou o celular e se voltou novamente para o moreno.

— Você pareceu bem chateada.

— Aldrich é um bom pai, ele se esforça e isso é nítido, mas às vezes eu sinto que ele... sei lá. — Sorriu sem humor.

— O que?

— Ele costuma cancelar programas com a Rachel por causa do trabalho e eu sei que Rachel ficar chateada com isso também, ela entende, mas ela é só uma criança e como se já não fosse difícil o bastante ela não ter uma família bem estruturada ainda há esse... sentimento. — Antes que Tony perguntasse qual sentimento Pepper respondeu. — Esse sentimento de, segundo Rachel, “substituível”.

— Idiota. — Tony disse mais para si mesmo.

— Eu sei que ele a ama, só queria que ele se tocasse — se corrigiu —, só queria que pelo menos uma vez ele desse mais prioridade a Rachel ao invés do trabalho, entende?

— Sei. — Ele assentiu pegando sua bebida.

— Mas vamos deixar de falar do Aldrich, o que é que você tem para falar comigo?

Tony sentia que não ia conseguir falar, não depois de eles terem conversado sobre Aldrich, simplesmente acabou com o clima para ele.

— Depois conversamos sobre isso.

— Ah, qual é? — Indignou-se.

— Sabe de uma coisa? Veja isso como algo bom.

— Como assim?

— Você terá mais uma razão para aceitar jantar comigo hoje à noite.

— Mais uma?

— A razão numero um é obvio e eu não quero te constranger. — Ele lhe direcionou uma piscadela.

— Do que você está falando? — Perguntou rindo.

— Você me ama e não consegue dizer não para mim.

— São duas razões. Além de metido é burro e não sabe contar. — Disse rindo novamente.

— Ei! Eu sou seu chefe, posso te demitir. Respeito é bom e eu gosto. — Fingiu-se de sério.

— O que foi? Ficou magoado?

Tony semicerrou os olhos e arqueou uma sobrancelha, ficando incrivelmente charmoso e fazendo o coração de Pepper acelerar.

— Na verdade bastante. Você vai ter que se redimir.

— Co-como? — Chegou a gaguejar.

— Eu já disse. — Ele segurou a mão dela firmemente. — Você vai ter que jantar hoje à noite na minha casa. — Sorriu.

— Não gosto de você tão misterioso senhor Stark. — Se inclinou sobre a mesa assim como Tony havia feito e os dois ficaram bem próximos.

— Aposto que gosta senhorita Potts. — Pepper sentiu um arrepio em sua espinha e Tony finalmente conseguiu tomar a rédea dos seus sentimentos e da situação, ele poderia falar o que queria para ela exatamente naquele momento, mas estava gostando de atiçar cada vez mais a curiosidade dela.

Howard e Maria haviam saído e Tony estava em casa sozinho, aguardando sua visita que não tardou a chegar. Ao abrir a porta para Pepper Tony sorriu. Ela estava linda usando uma calça jeans, blusa de manga longa com o ombro caído cinza, salto rosa claro, o cabelo amarrado de uma maneira perfeita e com um lenço da bandeira dos EUA na cabeça, como se fosse uma tiara.

— Você está deslumbrante. — A abraçou e depositou um beijo na bochecha dela. Pepper sorriu pelo elogio e pelo cavanhaque dele ter feito cócegas em sua maça do rosto.

— Eu sei. — Entrou na casa assim que ele deu passagem para que ela assim o fizesse.

— Depois eu é que sou metido. — Disse fechando a porta e a guiando até a sala, onde no meio dela, dentro do circulo que os sofás brancos faziam, havia duas almofadas e uma mesa de vidro baixa, de centro, onde pratos vazios esperavam por eles, assim como uma garrafa de, segundo Pepper, vinho.

Pepper não pôde deixar de pensar durante a tarde toda no assunto pelo qual Tony queria tratar com ela, ela tinha opções, na verdade uma e essa opção a fazia se sentir sem ar, então ao chegar ali e encontrar a sala organizada daquela maneira foi apenas mais um motivo para que ela chegasse à conclusão de que talvez seus pensamentos estivessem corretos e aquilo a fez se sentir mais vacilante ainda quanto ao moreno que a estudava com aqueles olhos intimidadores.

De repente gotas d’água começaram a cair e automaticamente Tony e Pepper olharam a janela de vidro, a cortina estava aberta, então era possível enxergar o céu escuro que começava a derramar gotículas de água cada vez mais forte. O céu negro foi cortado por um raio e um trovão soou logo em seguida.

— Chuva. — Tony sorriu e caminhou até a janela, fechando a cortina e por fim se sentando na almofada. — Sente-se. — Ele gesticulou para a almofada ao lado da dele e sorriu convidativamente para ela.

Depois daquele almoço Tony sentia-se mais confiante do que nunca e jogaria todo o seu charme contra a garota dos seus sonhos, contra a mulher dos seus sonhos.

Pepper não compreendia o porquê de seu nervosismo, mas sabia que aquele jantar poderia acarretar mudanças drásticas em sua vida, mudanças que deveriam ter ocorrido há muitos anos, ela apenas não quis abrir os olhos para ter enxergado isso.