Coração Assombrado escrita por Mrs Crowesdell


Capítulo 14
Capítulo 14




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Eu não mais achava que a Lina ia voltar, mas Luccas insistia que mesmo assim era melhor termos cuidado.

Combinamos de não demonstrar muito afeto em público pois, de alguma maneira, achamos que isso poderia fazer com que a Lina voltasse de um forma ainda mais raivosa.

O dia na escola foi normal, só estranhei que Erick faltou mais uma vez.

Não que me importasse, mas era estranho.

Luccas também notou que ele estava faltando bastante às aulas e disse que isso não era normal dele, porque Erick nunca gostava de perder um treino de futebol. Ainda mais com as olimpíadas tão perto.

Pensamos na possibilidade dele e a Lina estarem tramando algo... isso nos assustou bastante. Faz muito sentido: Os dois estão sumidos, são irmão, os dois querem “acabar” com a gente.

Ficamos receosos o dia todo.

Conversamos mais sobre esse negócio de mediar e ser mediador com as garotas.

A Vivian ficou animada, dizendo que queria ser uma mediadora e blah, mas tentamos explicar que nós não escolhemos ser assim, apenas... éramos. Mas já a Layla ficou toda temerosa... tadinha, acho que traumatizamos a garota. Acho que nem deve mais dormir à noite por causa disso, porque segunda ela chegou com umas olheiras nada legais.

Até porque, quando olheiras são legais, né?

À tarde liguei para o Luccas para me ajudar com o dever de Matemática, claro. Mas ele ficou afirmando que era só para ouvir a sua voz. Bem... também, né.

Ficava imaginando quando nos casássemos... Jesus, me abençoe!

Enfim, liguei para ele, ok, e pedi se podia ir na casa dele para me explicar algumas coisa.

Ficamos horas estudando.

Tá, mentira, acho que foram apenas 20 minutos. Mas parecia a eternidade para quem não gosta de Matemática como eu. “...To share with you all eternity”

– Não aguento mais! - Estiquei as costas e pus as mãos na cabeça como um gesto de desespero.

– Aguenta sim. Vambora, falta só mais um exercício. - Ele puxou um dos meus pulsos de volta para a cama. Estávamos sentados no chão usando a cama do quarto dele como mesa.

– Faça você!

– Já fiz. Você me viu fazendo. - Ele me olhou com as duas sobrancelhas arqueadas, mostrando tédio estampado na sua cara enquanto a apoiava na mão.

– Luccas, não quero mais fazer nada disso. Chega de conta, por favor. - Bati a testa no caderno e ali fiquei de olho fechado.

– Quem mandou ser burrinha. - Ele esfregou as juntas dos dedos da mão no meu crânio... e doeu!

– Ai. - Levantei rapidamente fazendo cara de má.

– Bora, só mais um. E se você acertar eu te dou um prêmio. - Ele deu um sorriso cheio de malícia.

– Qual? Provoquei estreitando a distância, que já era pouca, entre nós. Percebendo o que eu queria ele se desapoiou do braço e chegou o rosto bem perto do meu.

– Uma coisa muito, muito boa. Que dá muito, muito prazer. - Huuuuum.... Sim, meninas. Isso aí que vocês estão pensando.

– Não posso receber o pagamento antes, não, meu namorado? Como uma garantia? - beijei de leve os lábios risonhos dele.

– E quem me garante que você fará o serviço, minha namorada? - Ele retribuiu os beijinhos e esquecemos dos estudos.

– Não confia em mim? - O convenci de transarmos quando me pus no seu colo e comecei o beijar sem parar. Eu sabia que, do jeito que eu o conheço, ele não resistiria. E deu certo.

Paramos os estudos e foi uma aventura fazer amor no chão. Estava geladinho.

Eu poderia dar os detalhes maravilhosos, mas você não querem isso, querem?

Bem, mesmo se quiserem, não vou dar esse gostinho à vocês! MUAHAHA! Ele é só meu na realidade e na imaginação!

O resto do dia passamos deitados no sofá vendo um filme, até que adormeci e ele achou que era melhor que me levasse para a casa.

Terça.

1º dia das Olimpíadas.

Estranhamente eu estava feliz mesmo com o tempo acinzentado e pelo fato da Lina querer voltar a qualquer momento para me matar

Ah, que dia feliz!

Só que não...

Advinha!

O Luccas, foi me buscar de manha para irmos à escola.

Quando eu abri a porta ele estava com uma calça jeans escura e o casaco de um dos times de football das Olimpíadas em que ele participava. Ele esticou os braços e deu um rodada, eu tive que rir. Ele correu ao meu encontro enquanto eu fechava porta e quando eu virei me deu um beijo que me aqueceu no dia frio que fazia.

Estava com um sneaker preto, uma calça jeans escura também, uma blusa meia manga por baixo do meu sobretudo preto de algodão acompanhado de um arco com um laço preto na cabeça.

– Oi gente! - Layla chegou com um cachorro quente - Nossa estou me sentindo em um jogo de Baseball! - E sentou do lado da Vivian que já estava do meu lado.

Com um tempo, a arquibancada foi se enchendo mais de gente. E eu aguardava o time do Luccas entrar em campo.

– Layla! Você não sabe da maior! - A Vivian não conseguiu conter a ansiedade.

– Fala...! - Falou Layla com a boca cheia de cachorro quente.

– Acaba de comer, mulher... Se não você vai se engasgar! - Vivian pôs um sorriso malicioso no rosto. Maliciosamente feliz.

– Fala logo! - Disse Layla pondo outro pedaço na boca. - Eu tô com fome. Não vou parar de comer.

– Tá bom. Mas depois você vai ver que eu te avisei.

– Ai, como vocês são bobas! - Disse rindo e a Vivian se virou para mim.

– Boba tá você, Deb, agora que está namorando oficialmente com o Luc – Ouvimos uma tocida forte.

– O que?! - Era a Layla.

– Ah, é. Era isso que eu ia contar. Foi mal. Ah, não disse que você ia se engasgar! Ha-ha, toma! - Eu comecei a rir delas.

O jogo começou e eu ri muito com os comentários delas.

Numa parte tensa do jogo o Luccas estava livre perto do gol, mas ninguém havia passado para ele.. até aquela hora.

Erick não estava jogando nem na arquibancada, então quem passou a bola para o Luc foi um garoto aí da sala.

O Luccas fez o gol, a torcida foi ao delírio, e eu, óbvio, gritei muito!

Quando me sentei de novo pude ver que alguns garotos do time esfregavam a cabeça dele e o abraçavam sem ter medo e ele sorria. E ver a felicidade dele ali com todos que achavam que ele era maluco o abraçando era bom de mais.

– Won, Deb. Chora não. - Disse Layla.

Realmente quando percebi estava chorando e chorei mais ainda quando ele fez um gesto para mim...: Ele apontou para ele mesmo, - “Eu”...– depois apontou para mim fazendo um coração - “te amo”...– e por fim coçou os braços e fez uma cara feia como se tivesse sentindo frio ou medo.... - “medrosa.”– Dei um sorriso e acho que ele viu depois voltou a correr pelo campo.

– É, pelo visto ele não é tão mal assim no futebol. - Disse Vivian

– Imagina se seu namorado vira um astro do futebol, Deb?!

Depois que o jogo terminou e a arquibancada esvaziou completamente fiquei lá esperando ele.

Quando eu o avistei vindo na minha direção, desci correndo arquibancada abaixo pulando as cadeiras. Quase chegando tropessei em uma cadeira e ele me segurou.

– Cuidado! Você pode cair!

– Jura?! Nem percebi! - Sorri e me ajeitei nos braços dele e o beijei de leve, mas parece que ele queria mais e continuou me beijando.

Nós nos separamos e ele me deu a mão para que pudéssemos descer o ultimo degrau de mãos dadas.

– E aí? Gostou do jogo?

– Uhum, até que jogou bem.

– Jogou bem?! Fui o melhor ali! - Dei uma gargalhada enquanto caminhávamos lado a lado pelo campo

– Aham, tá.

– Tá duvidando?! Pergunta a qualquer um.

– Tá bom...

– Então tá, Eu e você, aqui e agora. Uma de 5 que tal?

– Ah, isso é injusto!

– Tá com medo é?!

– E vou lá ter medo de você?!

– Ah é?! - Ele me pegou no colo e me colocou no ombro como e saiu andando me carregando assim pelo campo. Fiquei me debatendo para ele me soltar até que senti que ele havia parado de andar.

– O-o que foi? - Peguntei ainda no seu ombro.

– Nada de mais. - Quando ele me pôs no chão de volta, virei para frente e a poucos centímetros do portãozinho da ponte que íamos passar para sair do campo, Erick estava parado nos olhando. - O que foi dessa vez?

– Só quero conversar com você. Soube que está namorando com ela.

– Nossa, a fofoca corre solta por essa escola, eim. Foi rápido.

– Nossa conversa vai ser rápida também! - De repente um soco atinge o rosto de Luccas e o que fiz foi gritar e por as mãos na boca.

– Erick!

– Desculpa, Deborah, é pro seu bem.

– Meu bem? Não venha me dizendo o qu.... - Só vi outro soco só que agora atingindo em cheio a cara do Erick. Levei outro susto.

– Luccas!

Por mais que eu gritasse não adiantava. Eles estavam se comendo na porrada.

O Luccas chegou a encurralar o Erick no chão em cima dele e enche-lo de socos.

– Luccas, por favor, pare!

– Ele não está te ouvindo, ele não quer te ouvir e ele não vai te ouvir. - Um arrepio percorreu por todo meu corpo.

Quando eu virei para atrás vi Lina mais perto de mim do que eu pensava.

O que me assustou muito além de ver sua boca rasgada de perto, foi que ela havia recuperado a faca.

Merda!

Ela tentou me furar com a faca mas deu tempo de eu pular para trás.

– Deborah! - Luccas gritou do outro lado vendo que eu corria da Lina. Ele balançava algo branco sendo que ele estava debaixo de Erick que estava segurando sua cabeça no chão– O exorcismo!

É o papel do trecho em latim da bíblia!

Ó Deus!

Mas como vou pega-lo? O Erick ainda está espancando o Luc e a Lina me perseguindo!

Foi então que eu vi que o Luccas fez força e conseguiu virar para cima se livrando de Erick que correu atrás dele.

Nossos caminhos se cruzaram e ele me passou o papel até que todos pararam quando ouvimos o grito de Erick.

– Espera!... Lina...

– O que foi?! Idiota, está me atrasando! - Eu e o Luccas nos olhamos, nós estávamos cansados o Luccas principalmente, que estava com a boca sangrando.

Fantasmas não ficam cansados...nem vampiros...

– Lina... - Erick continuou, respirando forte – Por que... por que está correndo atrás da Deborah?

– Não está claro?! Quero mata-la!

– Nem pensar! Você disse que ela ficaria bem, que era só distrair o Luccas que você os separariam!

– Vocês realmente armaram contra nós! - Tive que me intrometer.

– Desculpa, Deborah, mas não consegui ver você junto com esse carinha. Quando soube que vocês estavam namorando...

– Quis me matar?!

– Não! Claro que não!

– Ah, pelo amor de Deus, gente... - Lina se meteu...

– Você não tem o direito de falar de Deus! - e eu a enfrentei

– Cala boca sua vadiasinha!

– Como é que é?! - Se não fosse pelo Luccas ter segurado meu braço eu teria avançado nela.

– Todos foram enganados aqui! Não estão vendo?! Eu enganei o Erick para eu poder matar a Deborah, a Deborah enganou o Luccas para tirar nota boa, o Luccas me enganou para me chifrar e o Erick... bem... não enganou ninguém.

– Você é uma completa louca. - Luccas ainda segurando meu braço disse a olhando com desprezo.

– Luccas, você me ama, já sei disso! Não precisa mais ficar com ela para me fazer ciúme! Eu também te amo! Foi ela que...

– Cala boca, merda! AH! Eu simplesmente não aguento mais a sua voz!

– Luccas... - O semblante dela se transformou de um sorriso consolador, que estava mais para macabro por causa do rasgo pegando do lábio, para um triste e choroso

– Escuta bem e vê se dessa vez entende: Eu – não – te – amo! Eu – amo – a – Deborah! Foi?! - Ela abaixou a cabeça e começou a chorar. O Luccas chegou perto do meu ouvido e me disse: - Essa seria uma boa hora para ler o papel do exorcismo.

Então o peguei. Estava amaçado na minha mão, mas estava legível.

E comecei com a ajuda do Luccas. Eu e ele lemos juntos.

Ela começou a gritar e se ajoelhou pedindo, implorando para que parasse. Uma nevoa vermelha ia se formando atrás dela.

– Ela está resistindo! - Gritou Erick

E então ela se levantou e começou a dar passos, lerdos, mas eram passos, na nossa direção.

– Por que não está funcionando?!

– Acho... acho que ela está a muito tempo aqui na Terra grudada a mim. Será difícil - Luccas me respondeu. - Mas não pare de ler.

– Certo. - Quando olhei para o papel para continuar lendo, vi uma sombra na minha frente e em seguida senti o peso do Luccas sobre mim, me derrubando no chão.

Quando me levantei e fiquei ajoelhada ao seu lado vi que ele estava com a faca cravada em sua barriga

– Deborah... continue lendo... - Ele fazia uma cara de dor

– Luccas! - A mancha de sangue aumentava e o meu desespero também. Eu não consegui impedir minhas lágrimas. Ouvi a Lina gritando e chorando também. Retirei a faca da barriga dele, a joguei para qualquer lugar longe dali e segurei fortemente a mão dele. - Luccas.... por favor...!

– Deborah... desculpa não poder ficar mas... - com um esforço ele deu um sorriso... aquele sorriso. - não se preocupe... - ele passou a mão pelo meu rosto – vou voltar para te assombrar.

– Luccas... seu ridículo!

– ...Medrosa... - a voz dele saiu rouca

– Não! Luc... - Eu gritaria 'Luccas' se não tivesse a má sorte de sentir uma faca de cozinha sendo cravada nas minhas costas.

– Você... - A Lina falava chorando atrás de mim – Você me fez mata-lo! Sua vaca!

Eu abri a boca lentamente e vi pingar sangue. Sangue junto com lágrima.

– Luccas... sinto muito... parece que eu também não durei muito. - Ai. Levar uma facada nas costas dói mais do que eu pensava. E num susto a mão do Luccas voltou a tocar o meu rosto

– Shhhh...não fale... eu te amo.

– Eu também... - ele puxou minha cabeça para o ombro dele, me fazendo deitar, e senti que com suas ultimas forças tirou a faca demoníaca de minhas costas. Doeu.

– Olha... está nevando...

Não era bem desse jeito que eu pretendia ver a neve pela primeira e ultima vez.

Depois que vi um pequeno e solitário floco de neve caindo no peito dele e desaparecer no vermelho do sangue, fechei os olhos e o resto do que vi foi escuridão...

Bem, nem tudo.

Advinha quem nós encontramos...: A avó do Luccas. É, ela nos disse que provavelmente foi dela que ele puxou o dom de mediar!

O que aconteceu com a Lina? Sei lá! Eu morri se esqueceu?! Eueim.

E o que importa saber agora? Ela não vai vir pra cá, para nos assombrar mesmo.

“...To share with you all eternity”


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