Danilo

– Você tem alguma ideia do que a Fani quer conversa com a Ana? – falei, enquanto caminhávamos em direção à cafeteira.

– Eu não sei, talvez ela queira contar sobre o Guilherme – o Leo falou, despejando café no copo de isopor.

– E você está bem com isso? – perguntei, afinal o Leo sempre foi muito ciumento em relação à tudo que envolvia a Fani.

– Claro, tudo isso são águas passadas. Além do mais, o cara já está casado e com família. A Fani só está animada por ter reencontrado alguém que esteve com ela durante sua graduação.

– Se você diz... – concordei, vendo que ele mais tentava convencer a si mesmo do que a mim.

– Mas e você e a Ana, se resolveram?

– Sim, eu não poderia passar mais um minuto sem a minha garota.

– Você está sorrindo com um idiota apaixonado, meu amigo. – debochou, dando um tapa em meu ombro enquanto caminhávamos de volta para o quarto.

– Olha quem fala! Você largou tudo no Brasil para vir atrás da Fani e eu sou o idiota apaixonado?

– Você tem um ponto nisso.

– É claro que tenho!

– Mudando de assunto, - disse, sentando em uma das cadeiras do corredor – já tem data para o casório?

Desviei o olhar, envergonhado. Eu nem havia me lembrado disso. Não consegui encontrar o anel em lugar algum e estava muito preocupado em convencer a Ana de que eu sentia muito por tudo que disse do que em procurar o anel que provavelmente estava guardado em algumas das minhas gavetas.

Antes que eu pudesse responder, a Fani saiu do quarto.

– Já podemos ir, baby.

– Tudo bem, então. – o Leo disse, se levantando.

Eles se despediram de mim e a Fani sussurrou em meu ouvido, enquanto me abraçava:

– Boa sorte lá dentro, bonitão.

A encarei confuso, mas ela apenas deu de ombros sorrindo e virou as costas, seguindo abraçada com o meu melhor amigo pelo corredor.

Segui para o quarto e abri a porta devagar, sentindo meu coração acelerar. Droga, porque eu estava tão nervoso? Não é como se a Aninha não tivesse me perdoado, nem nada.

A minha garota olhava para a vista da janela quando eu entrei. Ela estava tão linda que não consegui resistir ao sorriso que se apoderou da minha boca. Eu a amava tanto.

– Queria me ver? – perguntei, fazendo-a virar-se em minha direção.

– Eu queria falar com você. - ela disse, batendo com a mão do lado da cama, indicando que eu deveria me sentar ali.

– Tudo bem.

– É importante. - especificou.

– Sou todo ouvidos. - falei, sentando e segurando suas mãos pequenas entre as minhas.

Não vou negar que todo esse mistério me deixou um pouco nervoso, mas não demonstro pois não quero que a Ana se sinta hesitante em dizer o que pensa, não mais.

– Eu tenho algo muito importante para te falar, mas eu não sei como então vou começar com algo mais simples e mais óbvio. Eu te amo, Dan. Te amo de verdade. Você tem sido a pessoa mais importante na minha vida há um bom tempo e a nossa briga naquele dia foi como uma facada em meu coração. Eu percebi que não consigo mais viver sem você, mas o mais importante de tudo é que eu não quero viver sem você. Eu quero acordar e te encontrar ao meu lado, eu quero chegar em casa e conversar com você sobre o meu dia e eu quero dormir ao seu lado. Eu sei que já fazemos isso, nós já moramos juntos e essa é a nossa rotina, mas eu quero algo mais. - respirou fundo, sem tentar conter as lágrimas que lhe cortavam a face.

– Ana, está tudo bem? - perguntei, preocupado, enquanto secava suas bochechas com meus polegares.

– Sim, é só que... Droga, tem um motivo pelo qual mulheres não fazem isso! - começou, pegando algo que estava embaixo do travesseiro e enxugando as benditas lágrimas que não paravam de cair.

Meus olhos arregalaram quando minha namorada repousou a bendita caixinha preta que eu revirei a casa procurando na sua barriga. Ela abriu a caixinha, revelando o anel que eu havia escolhido para ela.

– Aninha... - comecei, mas fui interrompido.

– Eu sei que você planejava me pedir em casamento naquela noite e eu sinto muito por não ter acontecido. A única forma de me redimir é fazendo o que você queria ter feito. - ela se endireitou na cama, ficando frente a frente comigo - Danilo, você aceita se casar com a gente?

Estava pronto para aceitar quando algo me veio à cabeça.

– Espera, o que você disse? 'Nós'?

Ela sorriu para mim, aquele sorriso. Ofeguei. Meus pensamentos corriam mais rápido do que eu conseguia alcançá-los e de repente me vi sem reação.

– Por favor diz alguma coisa, você está me deixando nervosa. - ela pediu, me encarando preocupada.

– Isso é sério? Um bebê? - perguntei, colocando a mão em seu ventre.

Ela balançou a cabeça afirmativamente, tentando controlar as lágrimas que escapavam de seus olhos.

– A Fani tinha suspeitas e pediu que o médico fizesse um exame que confirmasse e deu positivo. Ele não falou nada porque ela imaginou que eu quisesse te contar.

– Baby, isso é incrível!

– Você acha? Eu estava tão preocupada de que você surtasse e desistisse de tudo.

– De jeito nenhum! É um pedacinho nosso aqui dentro amor - falei, segurando nossas mãos sobre seu ventre - Eu nunca me senti tão feliz em toda a minha vida!

– Isso é bom saber, mas você não me respondeu. - observou

– É claro que eu aceito! Embora não esteja muito satisfeito com o fato de que eu não fiz o pedido, entendo que o mais importante é que nós estamos juntos e que vamos ter um bebê. Então, sim eu aceito, e sim eu te perdoo por não me deixar te pedir.

Ela riu e eu me deliciei com o som de sua risada. Era tudo bom demais para ser verdade e eu me peguei imaginando se tudo não seria um sonho, mas descartei essa opção quando a Ana juntou as mãos na minha nuca e me puxou para um beijo de tirar o fôlego.

Era real.