POV: Leo

Enquanto ela explicava o significado de cada pedaço da constelação, não pude deixar de lembrar a música de Renato Russo, Eduardo e Mônica: “A Mônica explicava pro Eduardo coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar...”. Nossa história tinha quase o mesmo contexto: Jennifer é sofisticada e inteligente como a Mônica, eu sou um mané como o Eduardo.

            Eu a olhei novamente. Droga, por que ela tinha que ser tão linda?! Ela passava autoconfiança para qualquer um que se aproximasse e isso me deixou louco. Mas tudo o que você precisa é de 20 segundos de coragem insana. 20 segundos. Apoiei-me no cotovelo, virei-me para ela e segurei levemente seu rosto, aproximando-me devagar. Eu estudava as reações de Jennifer, com medo de uma rejeição. Milhares de pensamentos voavam pela minha cabeça até que nossos lábios se tocaram. Nesse momento, tudo parou e só existia Jennifer. Seus lábios eram quentes e macios, como sua pele; seu gloss era de menta, mas eu sentia o gosto do refrigerante que ela tomara na festa. Jenny não bebia...

POV: Jennifer

            Você imagina que eu vá dizer que o beijo de Leo tinha gosto de chocolate, menta ou morango, mas o único gosto que eu sentia era o de vodca. Mesmo isso não deixava o beijo pior. Leo chegava mais perto e o ritmo do beijo era lento com um toque triunfante. Leo tinha razão ao dizer que existiam pessoas ainda mais bonitas que as estrelas. Ele era. Eu trocaria a visão das estrelas para poder ver Leo. O beijo me deixou totalmente sem fôlego, mas foi ele quem se afastou primeiro, ofegante. Assim que nos separamos, um pingo gelado atingiu meu rosto. Olhei para o céu e vi nuvens rosa cobrindo o céu negro. Sorri e olhei para Leo, que deu de ombros e aproximou-se novamente, colando os lábios aos meus num beijo mais urgente que durou até a chuva aumentar.

            Leo levantou-se, seguindo na frente para a portinha que dava para o corredor da casa. Ele parou antes de entrar e me estendeu a mão, para eu passar primeiro pela porta. Assim que eu a segurei, minha sapatilha escorregou no telhado molhado.

POV: Leo

 Eu tentei segurá-la com as duas mãos, mas a chuva nos deixara escorregadios demais e Jennifer escapou de meus dedos. Ela não conseguiu recuperar o equilíbrio antes que o telhado acabasse, nem eu consegui segurá-la novamente. Eu gritei seu nome inutilmente. Ao ouvir um baque no chão, fui para a beira do telhado e vi o corpo de Jenny imóvel lá em baixo.

Entrei correndo na casa, desci as escadas e acabei esbarrando com Percy na festa.

- Ei! Cara, o que foi que... – ele falou bem humorado até que viu meu olhar – Leo? O que aconteceu?

Seu olhar também passou a transmitir desespero. Eu o contornei correndo, me dirigi à porta com Percy me seguindo.