Uma Nova Dimensão escrita por JúMars


Capítulo 17
Confrontações


Notas iniciais do capítulo

e este é o último *.*



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Desci com Kyle a rir de algo que tinha dito. Já estávamos a fazê-lo á tanto tempo que já nem me lembrava do que era. Assim que dei por mim estava a cair nas escadas e a rir ainda mais. Não me tinha magoado, mas ele levou-me às cavalitas. Tínhamos o refeitório todo a olhar para nós, enquanto ambos gargalhávamos.

No Jantar continuamos, mas agora todos se juntaram. Esquecemos as mentiras escondidas de nós e vivemos o momento todos juntos. A meio do jantar, de tanto rir, não tinha espaço para mais comida. Levei logo um sermão de Kae e Kyle por não estar a comer, mas a risada toda tínhamos mesmo tirado e apetite. Apesar de tudo, Jack ainda conseguir fazer-me rir mais, gozando com os mus dois amigos.

Estávamos fora de nós, a dar nas vistas, o que não era nada nosso, das gargalhadas que dávamos. Até vi que Mary ria para nós, assim como outros professores. Não era normal, visto que Anthony tinha morrido á tão pouco tempo, mas… Era aquilo que tínhamos de fazer, deitar tudo cá para fora. Kae chorou ao lembrar-se dele, fizemos um brinde e tudo, onde todos se juntaram. Ela fez um discurso lindo, que esperava ter tido algum efeito na consciência dos professores no que toca aos segredinhos.

Assim que o jantar acabou, saí sem ninguém se aperceber, precisava de um tempo para mim, para pensar nisto tudo. Sabia que não devia entrar na floresta, corria bastante perigo, mas não tinha mais nenhum sítio sossegado para onde ir, e para além disto, era mesmo neste sítio que queria estar.

Parecia-se muito com a floresta onde Mary me tinha encontrado depois daquela noite, ela tinha-me salvo basicamente e ao mesmo tempo tinha feito muito mais que isso. Aqui sentia-me segura.

– Sabes que esta zona agora é proibida?- Perguntou Ian, atrás de mim.

– Hum Hum.- Gemi apenas. Ouvi um riso pequeno a sair-lhe da garganta.

– Então onde vamos?- Perguntou, pondo-se a meu lado e caminhando comigo.

– Não sei.- Respondi simplesmente.

– Estás pouco faladora hoje.- Apontou, quase estranhando.

– E tu estás demais.- Rematei. Ambos rimos. -Desculpa.- E rimos mais.- Estava só a pensar.

– A pensar em quê? – Questionou logo. Olhei para ele e suspirei.

– Em como este lugar me faz lembrar muita coisa.- Disse, sendo evasiva quanto á verdade. Resolvi desviar o assunto.- Costumas vir aqui?

– Sim…- Ele ia dizer mais alguma coisa, mas calou-se. - Anda!- Disse pegando-me na mão e fazendo-me andar mais depressa.

Finalmente chega-mos a um sítio lindo. Um pequeno jardim, fora do alcance de todos. Tinha relva verde e lindas flores espalhadas por todo o lado, mas o que o completava era a linda árvore ao centro. Devia ter anos! Tinha um tronco e ramos fortes. Conseguia ouvir as folhas a dançarem. Era deslumbrante!

Olhei para Ian que me observava, á espera da minha reação.

– É para aqui que venho quando quero fugir. Mas tem de ficar um segredo nosso!- Disse logo de olhos arregalados. Parecia mesmo uma criança. Sorri sob aquele olhar e assenti.

Espera aí… Se este era o nosso segredo, isso queria dizer que era a primeira a ir ali, pelo menos com ele! Olhei para ele, que percebeu que tinha descoberto o que ele quisera dizer.

– Obrigada.- Agradeci.

Subimos a árvore até ao primeiro ramo, que era largo o suficiente para dar com os dois. Começamos a falar do nada, sobre tudo, até que a conversa fico desagradável. Começamos a falar de relações, e sabia que isto não ia acabar bem.

– Porque é que nunca trouxeste aqui a tua namorada então?

– Nunca quis. Ela era sempre uma das coisas de que me queria afastar!

– Se sentes isso em relação a ela, porque não terminas logo tudo?

– Eleanor…

– É preferível fazer-lhes aquilo que lhe andas a fazer? Ela pode não ser a melhor pessoas, mas Ian…!

– Porque ela não era assim!- Rebentou ele.- Ela não fútil ou mimada. Era querida e doce, mas com o passar do ano, não sei…Ela foi-se perdendo e acho que ainda estou á espera que aquela rapariga volte.- Confessou. Fiquei surpresa com a revelação dele. Quem diria que a Mia já tinha sido aquela rapariga...!

– Mas traí-la?

– Achas que fui eu que comecei? Ela já dormiu com quase mais de metade da escola, eu apenas namorisco algumas raparigas… Não percebes pois não?

– O facto de ainda estares á espera da outra rapariga sim, mas o resto não. Isso deixou de ser um namoro á muito tempo.

– Talvez tenhas razão…- Ficou a pensar nisto durante algum tempo e resolveu mudar de assunto.- Como era a tua vida, antes disto tudo?

– Boa, muito boa aliás.- Disse já com lágrima nos olhos.- Tinha tudo!

– Mas mesmo assim viste…?

– Sim, sabia que eles estariam em perigo comigo por perto. Antes eu que eles. O que eu sou, iria perseguir-me para o resto da minha vida e para além disto, estava a ser bastante egoísta se não viesse.

– Egoísta? Tinhas uma boa vida, eras feliz, acabas-te por magoá-los na mesma ao vir embora.

– Sim, mas dessa dor podem recuperar, agora da morte e bem mais complicado…

– Os teus pais nunca vão recuperar da dor de te ter perdido, eles preferiam o contrário…

– Ian, achas mesmo que ia deixar os meus pais morrerem, quando tinha outra hipótese?!- Disse, já irritada com ele.

– Eles estão a morrer por dentro, Eleanor!

– Para!- Disse, cheia de lagrimas nos olhos e descendo do ramo.- Para! – Disse vendo-o descer também.- Pelo menos sei que estão vivos e bem, e podem continuar a viver, que podem assistir ao casamento do meu irmão, podem ver os netos a crescer!

– Mas nunca serão perfeitamente felizes!

– Nem eu, mas nenhum de nós teve culpa do que está a acontecer! Esquece, um miúdo como tu nunca iria perceber o que é sacrificar a sua felicidade pelos outros…!- E dito isto virei costas e vim embora.

O caminho de volta foi o tempo suficiente para as lágrimas secarem. Entrei no meu quarto, e atirei-me para cima da cama. Chorei até não poder mais.

Ian tinha sido um idiota, como é que ele podia pensar que ia ficar, sabendo que toda a minha família estava em perigo?!

A minha mãe, o meu pai, Kaleb, Summer, Alexis, Mike, Leila e até Steve!

Não, claro que não ia ficar. Tinha tudo, e até demais, a minha mão. Seria sempre um problema junto deles, mas não aqui.

Aqui poderia ajudar a salvá-los e era isso que mais queria agora, era onde me ia concentrar agora. Só esperava que estivesse tudo bem com eles, queria que o facto de ter vindo embora ajudasse em alguma coisa.

Adora poder estar lá para Kaleb, ajudar Summer no casamento, mas haveria sempre algo a impedir, haveria sempre um vampiro ou um outro monstro qualquer a impedir-me de ser feliz.

**

Já estava pronta, mais que pronta, por isso desci. Kaylee ainda dormia, mas não podia esperar mais, tinha mesmo de falar com Mary.

Pensar que podia haver uma hipótese, saber que podia voltar a vê-los, mesmo sabendo que não podia passar disso, deixava-me nas nuvens, extasiada!

Aliás, estava tão feliz e distraída quando dei por mim estava a ir contra a alguém, que se não me tivesse agarrado tinha ido de rabo ao chão.

Olhei para cima e deparei-me com uns lindos olhos castanhos fixados nos meus. As suas mãos fortes seguravam-me pela cintura, evitando o meu encontro com o chão.

– Desculpa.- Disse, voltando a mim e ajeitando-me.

– Estavas distraída, certo?- Disse sorrindo.

– Sim.- Disse sorrindo também.- Desculpa, mais uma vez.

– Acredita que isso é escusado…- Fiquei confusa, mas assim que olhei para ele, percebi o que ele queria dizer.

Ele estava a meter-se comigo.

– Ryan.- Apresentou-se, esticando a mão. Apertei-a.

– Eleanor.- Disse também num enorme sorriso.

– Eleanor…Nome interessante. Lindo, mas acho que é normal.- Sorri, corada.

– Lela para os amigos.- Disse logo.- És do 2º ano, certo?

– Sim…Houve, se precisares de alguma coisa um dia, estou aqui.

– Tu e toda a escola…- Disse num suspiro.

– Pois, deves estar farta de ouvir o mesmo?- Disse arrumando as coisas no cacifo.- Mas não acredito que seja só por seres a salvadora…És uma rapariga linda, Lela.

– Aposto que dizes isso a todas as raparigas…

– Que chocam contra mim? Não, não costuma acontecer muitas vezes.- E rimos os dois, no preciso momento em que Ian chega. Olho friamente para ele.

– Bom dia, meu!- Diz Ryan cumprimentando-o. Só me faltava esta…

– Bom dia, tudo bem?- Perguntou olhando-me. Ryan também olhou para mim.

– Tudo mais que bem.- Disse sorrindo. Sorri também.

– Vemo-nos por aí, então… Vou tentar que se de outra maneira.

– Não me importo que seja assim, desde que sejas só tu!

E esta foi a minha deixa. Continuei a andar com um enorme sorriso na cara.

Entrei na sala e o meu sorriso caiu por completo. Nem queria acreditar no que tinha acabado de ver.


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Notas finais do capítulo

j.f.



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