[Nico]

Depois de me despedir de minha irmã, Bianca, fui para a aula de física. Sinceramente, eu odiava as aulas de física, e de inglês, e de espanhol, enfim, eu não gosto muito de estudar. Cheguei à sala de aula e me sentei ao fundo, onde as pessoas não me notariam. Não sou próximo das pessoas. Sei lá, o jeito em que fazem qualquer coisa para manter suas vidinhas perfeitas, ou passam por cima dos outros, às vezes só pra se sentirem melhor. Sim, eu sei, deve ter alguém diferente. E tem sim. A minha irmã, por exemplo, ela é diferente.

Na maioria das vezes, eu sou um dos primeiros a chegar na sala. É quando ela está mais tranquila, para falar a verdade. Eu costumo pegar um dos papéis jogados, que tem dentro da minha mochila, e escrever bobagens. Textos quaisquer. Bem, faltam dez minutos para a aula começar e os alunos vão começar a chegar. A única coisa que eu gostaria, no mínimo, é que eu tivesse uma professora gostosa. Mas nem isso. Ela me lembrava a Fúria. O que não era nada, nada bom.

Enfim, a sala de aula estava cheia. De patricinhas, ao centro. Atletas, num canto. Nerds, bem à frente. E eu, ao fundo. A professora chegou, largou seus livros na mesa, e começou a tortura. Na boa, eu nunca quis e acho que nem vou querer saber o valor da droga do X. Mas por algum motivo, do qual eu não consigo compreender, a maldita professora acha que temos que saber disso.

Depois de longos 50 minutos de aula, o inferno acabou. As pessoas saiam da sala para seguir suas vidinhas inúteis. Menos eu, é claro. Finalmente um lugar silencioso para ficar. Sem o tormento de pessoas incômodas. Finalmente paz. Mas outra aula iria começar. E eu teria que ir embora. Alevantei-me e sai.

Comecei a andar pelos corredores, indo em direção ao ginásio. Aula de Ed. física. Para alegria dos atletas e tristeza dos nerds. E para mim, só mais um tormento. Entrei nos vestiários e me troquei rapidamente. Os garotos me olhavam estranho por causa da minha pele pálida. Grande coisa. Saí de lá rapidamente e fui para as arquibancadas. As líderes de torcida estavam ao canto, com certeza atormentando mais alguma garota nerd. Só mais um dia comum de aula.

O professor chegou. Era um velho inútil, baixinho e gorducho. Mas realmente bravo.O nome dele era Hedge. Para mim, aquele velho peludo era só mais um fanático por MMA. Como de costume, ele trouxe as bolas de borracha para o típico jogo de queimada. Que a diversão comece.

Clarisse La Rue, valentona nota A, e sua turminha de amiguinhas musculosas iriam decidir os times. Irei lhe falar um pouco sobre ela, só para a sua segurança. Não se aproxime dela. Mantenha distancia. Evite olhar em seus olhos. Com isso, sobreviverá, pelo menos, até o final do ano letivo.

Quem iria escolher o outro time seria Annabeth Chase, estudante nota A, e razoavelmente gostosa. Sabendo que Clarisse iria escolher o time de sempre, eu já sabia que iria ao de Annabeth. Nunca falei com ela se quer saber. Ela sempre estava na biblioteca ou arrumando alguma competição como de soletrar e blábláblá.

Como eu disse anteriormente, eu fui no time de Annabeth. Só uma dica para que você saia vivo contra o time de queimada de Clarisse: Corra. Apenas isso, e com um pouco de sorte, quem sabe, sairá ileso. Bem, pelo menos eu saí. Até hoje.

Todos estavam posicionados. Time da Clarisse de um lado, o de Annabeth de outro. Força contra sabedoria. Num jogo como esse, sabedoria não valia muita coisa. Bem, para mim, pouco importa, eu vou ficar no meu canto e tentar sair vivo. Apenas isso.

O professor apitou. Garotos e garotas correram para pegar as bolas. Uma porção de nerds e sem sorte morreram apenas nessa parte. Clarisse estava viva ainda. Annabeth também. Enfim, foi um jogando a bola contra o outro durante uns 20 minutos. No fim, sobrou apenas eu e Annabeth no jogo. Clarisse tinha a vantagem de uma pessoa. Eu peguei uma bola, que estava perto de mim e a joguei contra uma das oponentes que estava distraída tentando matar Annabeth, e a matei. Ela pareceu surpresa por eu estar no campo. Mas enfim, pouco importa, menos uma.

Annabeth deu uma rápida olhada para trás, e parecia surpresa por eu estar no jogo também. Enfim, Clarisse jogou uma bola contra Annabeth e tal desviou. Outra bola veio para perto de mim e eu a joguei contra outra das oponentes. Eu errei. E elas me perceberam.

Uma das amiguinhas de Clarisse pegou uma das bolas e a jogou contra mim. Eu desviei por um triz. Annabeth percebeu a distração da garota e jogou uma das bolas nela. Menos uma. Falta uma.

Clarisse percebeu que agora estava em desvantagem numérica. Ou ela ganhava sozinha, ou perdia sozinha. O professor apitou. A aula acabou. Clarisse pareceu um pouco irritada por ter empatado com Annabeth, mas para ela, pareceu não fazer muita diferença. Enfim, enquanto seguia para o vestiário para tomar um banho, ela veio falar comigo.

–Nada mau garoto, talvez eu possa começar a colocá-lo diariamente no meu time, o que acha? –Disse ela, enquanto arrumava o cabelo loiro.

–É, pode ser. –Eu virei de costas e continuei a andar.

–Qual é o seu nome? –disse ela, vindo atrás de mim. Haa, fala sério, o que ela quer comigo?

–Nico, Nico di Angelo. –Disse, ainda caminhando para o vestiário.

–Prazer Nico, sou Annabeth Chase, mas pode me chamar de Anne. –Disse ela, parando na minha frente, impedindo-me de prosseguir.

–Eu sei quem você é. –Disse, indo para o lado e continuando a andar.

–Hm, está bem. Até mais então. –Disse ela, um pouco confusa. Não entendi o porquê, todos sabiam quem ela era. Todos sabiam quem era a estudante mais “brilhante” da escola.

Enfim, entrei no vestiário e fui tomar um banho. Enrolei-me numa toalha e depois fui me vestir. Quando parei em frente ao meu armário, do nada, surge três líderes de torcida. Uma, eu já conhecia por boatos. Drew. A mais rodada entre elas.

–Olha só meninas, o irmão da esquisitinha até que tem um corpo bom. –Disse ela, colocando o dedo na boca e me olhando de cima a baixo, e deu para perceber, focalizando no meu abdômen. Eu a ignorei e abri meu armário. Suas amigas deram risada, até que uma delas falou.

–Bem que ele poderia ser o próximo da sua lista não é Drew? –Disse ela, com um sorriso malicioso no rosto. Eu, novamente, as ignorei.

–Podia né Kim? Ele só é um pouco pálido, fora isso... –disse, ainda olhando para meu corpo. Aquilo já estava me perturbando. Peguei minhas roupas e fui para um lugar mais calmo, para assim, poder me vestir. Eu só pude ouvir mais alguns risinhos atrás de mim. Que coisa mais estúpida.