Tudo bem. Respira.

Era o mantra que Rachel vinha dizendo a si mesma ao longo daquela noite, todas as contrações deveriam ser alarmes falsos, afinal o parto estava marcado para dali duas semanas. Mas aquela última contração havia superado qualquer uma, e então ela sentiu um liquido escorrer por entre as pernas. E não, não era xixi.

Quando ela gritou, Finn parecia em choque. Abraçava-a com tanta força que ela teve que bater no braço dele para ele solta-la, parecia em transe ou alguma coisa assim. Ok, não era lá um bom momento pra ele ficar em choque. Rachel bateu mais uma vez nele, se segurando para não gritar mais uma vez de dor.

– Finn! - ela guinchou com ele, ok, não dava de não gritar - Faz. Alguma. Coisa. - implorou, e só então ele pareceu voltar do transe.

– An... Tá, vou ligar pro hospital. - ele tremia as mãos quando foi pegar o telefone, no caso o fixo, já que com a chuva torrencial que caia do lado de fora era impossivel achar rede de celular.

Depois de dois toques a recepcionista atendeu, e com um golpe de sorte, a obstetra de Rachel estava de plantão na maternidade aquela noite. A recepcionista passou a ligação pra ela, e Annabelle disse que já estava indo arrumar a sala de parto, e que eles se apressassem para chegar ali, já que os bebes deviam estar quase nascendo.

Bom, era verdade, se tivessem uma hora ainda, era muito.

– Amor, vamos. - Finn pegou a esposa no colo e agradeceu por eles terem se mudado para um quarto no primeiro andar. Rachel ainda gritava de dor, xingava absolutamente todos os palavrões que conhecia para o marido e alguns até em espanhol.

– Finn Hudson, eu vou te MATAR! E cortar seu parquinho! Tá me ouvindo??? - ela gritou enquanto ele abria a porta do carro e a colocava no banco de trás, sorte que o banco era espaçoso, e Rachel pequena.

– Amor, desculpa, mas é para algo melhor a dor... Não é? - perguntou apreensivo, recebendo um olhar fuzilante da mulher - Ok. - ele entrou no banco da frente e deu partida no carro, com Rachel ainda gritando de dor, só então ele percebeu que não ia conseguir levar Rachel até lá sozinho, o hospital era um pouco distante, e com ela nesse estado era quase impossivel larga-la no banco de tras sozinha por muito tempo.

Então parou na frente da casa de Frannie, onde Quinn estava e buzinou tantas vezes que os gritos de Rachel foram entrecortados. A loira apareceu na porta da casa junto do marido e da irmã, os três pareciam muito confusos, mas logo que ouviu os gritos de Rachel, Quinn entendeu. Sabia muito bem como era essa dor. Então falou para Frannie cuidar da filha, e arrastou Puck até o carro.

– Noah, senta no banco da frente. Alias, dirige, o Finn tá parecendo um louco. - instruiu a loira. Finn liga pra todos os amigos, familiares, afinal, tem duas pequenas bençãos chegando - ela sorriu enquanto se sentava no banco de trás e colocava a cabeça de Rachel em seu colo. - Fica calma amiga, logo logo tudo isso vai valer a pena, te garanto.

– QUINN TEM DOIS FILHOTES DE URSO DENTRO DE MIM, QUERENDO ME RASGAR, VOCÊ QUER DIZER QUE VAI FICAR TUDO BEM? EU VOU TE MATAAAAR FINN! - a morena gritou com vontade e o marido apenas a olhou compreensivo, mas com um certo medo da mulher.

– Amor, calma. - Finn segurou a mão da mulher que a mordeu com força - Ai! - ele tirou a mão de pressa de perto dela - Para de canibalismo.

– Quando ela já tiver parindo mesmo só piora - avisou Puck rindo da cara do amigo

– VÃO SE FUDER - gritou em resposta. O suor já descia pelo rosto de Rachel, e Quinn pegou um paninho que tinha no carro para secar, mas não adiantava mais.

Finn ligou para todos que conhecia, e eles já notavam o que estava acontecendo logo ao ouvir os gritos no fundo da ligação, Shelby e Carole quase infartaram quando receberam a ligação.

Pouco mais de vinte minutos depois, estacionaram no hospital. Puck foi até a recepção e chamou a médica. Dois enfermeiros chegaram a porta do hospital com a maca, mas quando foram pegar Rachel, Finn se entrepôs e disse que ele mesmo iria pegar a mulher no colo. Com a ajuda de Puck e Quinn claro.

Eles colocaram Rachel na maca (ela ainda não tinha parado de gritar palavrões) e se dirigiram para a sala de parto. A médica já estava lá, assim que ela chegou mandou todos irem para a sala de espera enquanto a médica fazia o pré-operatório.

Quando chegaram lá, encontraram pelo menos umas dez pessoas aflitas. Shelby, Hiram, Carole, Burt, Santana e Brittany se encontravam entre eles. Então, uma enfermeira que aparentava ter uns cinquenta anos apareceu na sala, sem ao menos dar tempo de alguma conversa.

– Quem vai entrar na sala de parto? - perguntou, sem a minima simpatia.

– Bom, eu não tinha pensado nisso - Finn admitiu envergonhado. - Acho que todos compreenderiam se eu levasse Quinn, Santana, Shelby e mamãe, não é mesmo?

Todos assentiram.

– Bom, então eu acho melhor irmos logo - Santana falou.

Todos colocaram a roupa cirurgica e Santana pegou sua camera, estava pronta pra filmar cada palavrão que a amiga dissesse. Eles entraram na sala de parto e se depararam com Rachel um pouco mais calma, porém ainda gritando e xingando a cada segundo. O maior alvo, claro, era Finn.

– Rachel Berry, falando palavrões assim, quem diria! - Santana fez piada ao chegar perto da amiga com a camera e ela a fuzilou.

– Rachel, a dilatação está muito grande. Acho que agora já podemos começar - a médica afirmou e Rachel concordou.

– Amor, força ok? - Finn tentou ser o mais carinhoso possivel com a esposa que o olhou ironica.

– Você acha que eu não to fazendo força pra suportar essa dor? AGRADEÇA POR NÃO TER QUE UM DIA TER UM FILHOTE DE ORCA SAINDO DE VOCÊ! - gritou com ele.

– Rachel, calma. É sério - Quinn parecia estar se divertindo com a situação - Respiração cachorrinho como a médica mandou, anda!

– Isso mesmo - concordou a médica - e faça força que eles não vão sair daqui sozinhos!

Rachel passou uma certa dificuldade, afinal eram dois bebês. Porém quinze minutos depois Emma nasceu, e seu choro cortou o ar. Rachel podia dizer sem sombra de duvidas que aquele era o melhor som que já havia ouvido em toda a vida. Pouco mais de três minutos depois, outro choro cortou o ar. Ethan havia nascido.

Por mais que tivesse xingado Deus e o mundo, agora ela via que tudo tinha valido a pena. Aqueles dois anjinhos.

– Olha meu amor - Finn colocou cada um em um dos braços da esposa depois de terem cortado o cordão umbilical. - Nossos dois bebês. - o grandão, assim como todos os outros já se derretia em lágrimas.

Rachel era a que mais chorava, ela beijou o topo da cabeça de cada um. E Finn podia afirmar, aquela era a cena mais bonita que já havia visto em toda a sua vida.

– Meus amores, mamãe ama muito vocês tá? - Rachel praticamente gargalhou.

Agora tudo estava completo.

[...]

Continua...