Ace's Pov

BEP BEEP BEEEP

–Aff, Barulho irritante! - Praguejei esticando o meu braço, ainda com os olhos cerrados, a fim de impedir que a luz solar entre em contato com os meus olhos diretamente sem interferência das pálpebras, em direção do meu despertador, na tentativa de desligar o alarme barulhento, que diariamente me arrancava do meu sono profundo, sempre no mesmo horário "Você de vez em quando poderia dar defeito né?" Desejei mentalmente, me referendo ao aparelho negro sobre o criado mudo, tentando lembrar qual fora a minha última noite bem dormida.

Meu nome é Portgas D. Ace, tenho 20 anos, e estou no 3º ano do Ensino médio. Sim, eu sei, estou um pouco atrasado, mas isso foi pelo fato de que eu tenha repetido a escola três vezes, mas esse não é o caso, não estamos falando sobre o passado.

Quando finalmente senti a minha mão tocar em um objeto pequeno e frio, e que constantemente vibrava feito louco, devido ao som que emitia sem cansar, logo deduzi sobre o que se tratava. Somente usando o meu tato, passei os dedos pelo eletrônico a procura de algum botão, que por sorte fora quase imediatamente localizado.

Não demorou muito e o despertador já havia parado de apitar e o cômodo voltou a ficar silencioso como eu adorava, perfeito para dormir, ou quase, se não fosse a luz do sol da manhã que atravessava a cortina dando um pouco de claridade ao ambiente, mas eu estava ciente que eu não poderia voltar à cama, de forma alguma, era prova de geometria, e eu não poderia faltar. Sendo que eu nem fazia a menor ideia do que poderia cair na prova, eu estava na expectativa que caísse perguntas como:

O que é um Triângulo?

Quantos lados tem um quadrado?

Qual é a diferença entre os catetos e a hipotenusa?

E eu temia não saber a resposta da terceira pergunta.

Com bastante dificuldade e má vontade, levanto-me da minha cama enquanto resolvo abrir os meus olhos castanhos escuros, deixando a luz solar ultrapassar pelas minhas pupilas, contraindo-as a fim de controlar a entrada de luz.

Toco a sola do meu pé no piso de madeira gelado, causando-me um pouco de receio para continuar a minha "jornada" dura até o banheiro, que ficava próximo do meu quarto

–Aff, ninguém merece acordar ás 6 da manhã para ir para escola! - Grunhi completamente irritado. Acordar cedo faz com que o meu humor ficasse péssimo. Eu detestava com todas as minhas forças, mas não poderia fazer nada, não havia aulas do 3º ano do Ensino médio à tarde, somente ao turno diurno.

Fui ao banheiro, fiz a minha higiene matinal e logo após fui tomar banho, para ver se eu conseguia acordar por completo, pois no dia anterior eu havia dormido muito tarde, então acordar cedo com certeza era uma droga.

Ainda tropeçando de sono, procurei rapidamente pelo meu uniforme, que estava separado em cima de minha cama. Nada mais era que uma blusa com o símbolo da escola, uma calça jeans e um sapato qualquer. Estava um pouco arrependido por não ter tomado um banho frio e me acordado de uma vez.

Logo antes de sair de casa, peguei uma barra de cereal para comer no caminho para a escola e segui até o local com a minha bicicleta. Ao chegar, prendi-a com um cadeado num lugar que a escola reservava somente para isso. Eu não podia deixar de deixá-la segura, se alguém roubasse minha bicicleta ou mesmo a quebrasse, eu não tinha como voltar pra casa.

Passei pelo amontoado de alunos, enquanto comia minha barra de cereal com calma. Alguns deles lançavam olhares surpresos para mim, talvez por causa de minha idade, mas eu já me acostumara. Logo em frente à minha sala de aula, estava Marco, um loiro de cabelos estranhamente semelhantes a um abacaxi. Parei ao seu lado e vi-o lançar um pequeno sorriso desanimado em minha direção.

–E aí, Marco. – Cumprimentei em resposta ao seu “entusiasmo”. Ele acenou com a cabeça. – Ei, você poderia me explicar a matéria, acho que não entendi muito bem?

–Qual parte você não entendeu, Ace?

–Bem... Sabe aquela parte que a gente aprendeu na oitava série? – Vi-o bater sua mão com um pouco de força na própria testa, soltei um sorriso sacana e continuei. – Então, pode começar por aí.

–Ah, Ace... Vá pro inferno, você! Se for assim, quero que você tire um zero bonito pra aprender a matéria.

“É isso que chamamos de amigos” Pensei e expliquei a ele as partes em que realmente eu tinha dúvida, ouvindo uma breve explicação e assimilando melhor o conteúdo, mas no final, iria sentar atrás de alguém inteligente só para garantir. Enquanto ele falava, terminei a minha barra de cereais e sem querer deixei sua embalagem cair no chão e ser arrastada pelos pés dos alunos que andavam por ali.

Segui seu caminho até que vi um garoto estranho caminhando pelo corredor. Cabelos negros, olheiras escuras, olhos negros sem expressão com somente uma cicatriz de aparência antiga de baixo do esquerdo, usava jeans escuros e rasgados em alguns pontos. Eu não conhecia o garoto e eu estava naquele lugar a tanto tempo que cheguei a me interessar por alguém desconhecido. Quem seria?

–Ei, Ace! Tá me ouvindo? To aqui pagando de professor particular de GRAÇA e você nem vai me ouvir?!

–Marco, quem é aquele cara? – Perguntei me referindo ao garoto estranho, que passava perto de nós.

–Ah, ele? Ele é o-

Marco foi interrompido pelo barulho gritante do sinal e eu muito a contragosto entrei na sala e sentei-me em algum lugar “estratégico”, por assim dizer. Marco? Ele estudava na sala ao lado infelizmente. O sinal tinha um toque longo e toda vez que eu o escutava em dia de prova parecia que ele me dizia uma coisa: “Ace, você vai se dar tão mal nessa prova”... Olha, de vez em quando ele acertava. Vi o professor adentrar a sala e respirei fundo, preparando-me mentalmente pelo que estava por vir.