Apaixonada Pela Serpente 3 - Estressada Com O Dest escrita por Angy Black


Capítulo 12
O Duelo das Serpentes parte I




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Capitulo 11: O Duelo das Serpentes




Daniel terminara a curva com apenas uma das mãos agarrada a vassoura, enquanto a outra para trás sentia o vento entre seus dedos e o ajudava a manter o equilíbrio. Estava a mais de quinze metros do chão e sua gravata batia com violência contra seu rosto por causa do vento. Ele a retirara com impaciência, jogando-a fora.

Seu cenho continuava franzido ao avistar os outros jogadores em suas vassouras mais abaixo. Luke e Roger faziam uma demonstração ridícula de como aniquilar um grifinório usando os dois bastões de uma vez, e o mais ridículo é que se tratava de um grifinório imaginário.


Sonserinos prepotentes. Sempre achando que estão por cima. Pelo menos no que diz respeito à Quadribol, ele sempre mantivera a cabeça no lugar. Estavam perdendo, Grifinória vencera Lufa-Lufa e Corvinal enquanto a Sonserina só vencera a Corvinal. Não podiam se dar ao luxo de perderem aquela partida, e o ego absurdo da Sonserina acabaria por causar isso. Daniel balançava a cabeça negativamente. Aqueles idiotas tinham que levar a porcaria do treino a sério.

Fora então que sentira algo bater contra seu estômago com força, agarrara a goles depressa. Notara então que era Draco quem havia lhe lançado e estava estacionado com sua vassoura a uns dois metros dele com um sorriso debochado, cabelos claros ao vento e as mangas de sua camisa branca dobradas até o cotovelo.


– Vai precisar. – Draco dissera brutalmente, mas com um ligeiro sorriso debochado ainda nos lábios.


– Obrigado. – dissera Daniel engolindo em seco disfarçadamente. – Eu podia ter pegado.


– Sem problemas... Amigão. – respondera Draco deixando o deboche escorrer ainda mais em todas as sílabas. Daniel respirara fundo virando sua vassoura para Draco, que apenas levantara uma sobrancelha divertido. O vento quase arrancava as camisas de seus corpos conforme a sua força.


– Olha, Draco. Se quiser que eu não jogue terá que me pedir.


– Por que eu faria isso? Eu só sou o capitão do time... – ele debochara mais uma vez, fazendo Daniel se exaltar.


– É, e eu só sou quem vai salvar esse time. Porque vai ser necessário mais do que 150 pontos para ultrapassarmos a Grifinória. Então se quiser brigar comigo, faça isso lá embaixo, mas enquanto estivermos nas alturas, vamos jogar como um time de verdade!


– Faça o que quiser, Dan.


– Só estou tentando ajudar o time.


– Como ajudou a Hermione? – Draco sorrira maldosamente ao ver o estresse correr nas veias de Daniel fazendo-o respirar pesado e lentamente, sem desviar o olhar de Draco.


– Tudo bem. Se quiser ficar com raiva, fique com raiva. Pelo menos não está mais descontando na pessoa errada.


– Por favor, Daniel. Pode ter gente que caia nessa encenação de auto-censura, mas eu não. Uma esquiva de sete curvas, uma rasgada horizontal, três gols laterais e um vertical... Agora! – dissera Draco com superioridade dando às costas para ele.

Daniel ainda olhara para o nada amargurado dando um sorrisinho sarcástico antes de seguir a ordem de Draco. “Será um treino exaustivo...”, pensara ele.


Assim como ordenado, ele rasgara o céu em alta velocidade com sete curvas confundindo os demais jogadores, dando uma última rasgada horizontal em Luke que quase caíra da vassoura. Fizera um gol fronteiro, outro passando a goles pelas costas e outro batendo com a vassoura. Finalizara com um gol de cima, saído por cima do aro tirando aplausos dos demais jogadores da Sonserina. Daniel parara sua vassoura a frente da de Draco que mantinha um olhar sério nada impressionado e o olhara desafiador como que dizendo: “Satisfeito?”.


– Horrível. De novo. – dissera Draco simplesmente. Fazendo Daniel olhá-lo revoltado, ele nunca reclamara de seu vôo antes. Contrariado, Daniel fizera a série mais uma vez, mas ainda assim não impressionara Draco. Obrigando-o assim a refazê-la várias vezes, sendo que suas reclamações não terminavam:
– Gols fáceis de serem abatidos.


– O que? Nem um dragão seguraria esse tiro!– reclamara Daniel enfurecido.


– De novo! – ordenara Draco o ignorando. Daniel com raiva refizera a série ainda mais perfeitamente.– Será que devo te informar de que o goleiro enxerga? – reclamara Draco fazendo anotações num bloco. – De novo! – apesar de cansado Daniel fizera a séria mais uma vez, rasgando o céu com tanta ferocidade que podia ser confundido com um dragão. – Chama isso de Horizontal? Precisa de um transferidor? Gina Weasley rasga o céu melhor do que você!


– É isso então? – brigava Daniel exausto e lavado em suor. – Vai ficar descontando sua raiva em mim nos treinos. Eu já disse porquê fiz aquilo!

– Agora estou pensando seriamente em convocar Gina Weasley para o time. – dissera Draco indiferente. – De novo!– Daniel dera um rugido histérico e refizera a série mais uma vez.


– Draco, pega leve com o cara. Daqui a pouco ele vai cair da vassoura. – dissera Luke. Mas Draco o ignorara gritando ainda mais alto.


– Você sabe contar? Eu disse sete rasgadas! – Luke e Roger se entreolharam derrotados e voltaram a treinar com o resto do time. Daniel terminara sua série e estacionara novamente de frente para Draco. – Você está jogando contra borboletas ou grifinórios?


– E você? Está jogando contra quem? – dissera Dan acusadoramente.


– Contra a Grifinória. De novo!– Daniel respirara novamente com raiva e obedecera. – Está difícil, Daniel. Nem para Quadribol você está prestando mais...


– Já faz uma semana! Foi só um beijo! Põe essa merda na sua cabeça!

– De novo!


– Het, Draco! Visita! – gritara Luke para Draco antes que ele fizesse mais uma reclamação.


– Tudo bem! Chamem a Weasley para uma entrevista! – dissera Draco finalizando o treino.

Fora então que notara Hermione no campo olhando para o céu em sua direção com um carinhoso sorriso em seus lábios. Sorrira de canto com uma vontade absurda de voar em alta velocidade até ela. Fora quando notara que ela também pousara os olhos num ponto atrás dele. Olhara para trás e vira que Daniel se distraíra também ao notar a presença da castanha e voara rápido até ele.

Draco puxara Daniel e sua vassoura pelo cabo para baixo um segundo antes de um balaço passar como um tiro no exato local onde a cabeça de Daniel se encontrava. E então se posicionara a frente de um Daniel ainda atônito dizendo com raiva.

– Como você pretender salvar o time se nem consegue salvar o próprio pescoço?

E então voara em direção ao chão indo de encontro a Hermione, que notara a cena e ainda via a expressão séria e meio humilhada de Daniel. Daniel novamente encontrara sério o olhar da castanha, mas logo desviara o olhar voando pro chão também, mas direto para o vestiário. Hermione ao estar há poucos metros de Draco quis chamar-lhe atenção, não agüentava mais toda aquela raiva de Draco para com seu melhor amigo e os olhares magoados de Daniel naquela semana, mas nada conseguira dizer. Pois antes de qualquer ação fora capturada pelos lábios sonserinos de Draco Malfoy, que a beijavam com uma ternura e possessão de igual tamanho que pareciam duelar entre si naquele beijo.


– Você não sabe o quanto é delicioso te tomar nos braços sempre que te avisto. – sussurrara Draco ainda sem desgrudar seus lábios dos dela, causando ainda mais arrepios. – Não faz idéia de quantas vezes, por todos esses anos, eu desejei isso.

Draco fechara a porta da Monitoria-Chefe de Hogwarts com agilidade, pressionando Hermione contra ele e a beijando de forma feroz e tensa. Suas mãos pressionavam sua cintura marcando o corpo da garota a ferro. Ele descera até seu pescoço sugando-lhe, causando arrepios no corpo da garota. Hermione deixara um sorriso escorregar por seus lábios, Draco sorrira também, beijando-a ainda mais carinhosamente.


– Imagina o que McGonnagal pensaria se te visse aqui comigo... – dissera Draco acariciando perigosamente a barriga da castanha por baixo da blusa.


– Eu não sou mais monitora da Grifinória... Então não me importo mais. – dissera ela em deboche. – E sinceramente, eu não sirvo mesmo para monitorar... Daqui a pouco, com tudo que anda me acontecendo eles vão me convidar a me retirar da escola, por acharem que eu possa ser uma ameaça aos estudantes de Hogwarts... Não sei como ainda não fizeram isso, com o tanto que tenho aparecido no Profeta de Hogwarts.


– Hum... Falou a voz do otimismo. – debochara Draco entre um beijo e outro. – Veja pelo lado bom, agora eu posso sempre te pôr de detenção aqui comigo...


– Ah, claro... Arriscando meu futuro acadêmico. Imagino eu o quão cruel você seria nessas detenções. – dizia Hermione sarcástica, Draco abrira um sorriso divertido de orelha a orelha. – Sorte eu terei se você aplicar o mesmo tipo de detenção que você aplicaria um ano atrás.


– Já disse alguma coisa sem esse tom de sarcasmo hoje? – ele brincara, logo a beijando arduamente. Um beijo dessa vez mais demorado, pressionando mais ainda o corpo dela ao seu. – Sabe, é melhor pararmos de nos encontrarmos assim... Todas as horas... Posso acabar enjoando de você. – ele dissera irônico e com fingida impaciência.


– Ah, claro. Também acho... Já estou começando, sabe... A sentir saudades de quando você apenas me xingava de sujeitinha de sangue-ruim e discutíamos por horas sobre o quanto nosso orgulho e ódio mútuo são um milhão de vezes mais forte do que esse sentimentozinho medíocre que a gente adotou por hora pelo outro. – Draco rira gostosamente e beijara a castanha mais arduamente, ela agarrava-lhe a nuca de forma tensa, sentindo entre seus dedos os finos fios loiros de Draco que se arrepiavam ao toque.


– Bons tempos... Quando você apenas tinha de relatar no seu querido diário o quanto você me amava secretamente e eu apenas olhava feio suas caminhadas entediantes com os dois pela-sacos.


– Ou quando você na sua trabalhada sutileza de um elefante num aquário me arrancava de perto deles deixando claro que eu era su... – Draco puxara Hermione contra seu corpo antes que ela pudesse terminar dando passos lentos até caírem no sofá. Ambos caíram deitados se beijavam perigosamente, Draco pressionava mais as coxas de Hermione, que não conseguira segurar uma exclamação fazendo-o beijá-la ainda mais possessivamente.


– Sempre foi... Mesmo que você custasse tanto a aceitar. – ele dissera entre beijos, Hermione voltara no seu tom brincalhão.


– Verdade. Mas era só uma questão de tempo, até eu me acostumar com o seu cinismo e arrogância e relevar isso a ponto de estar disposta a prestar mais atenção nas outras coisas boas...


– É mesmo? E que coisas são essas?


– Não sei. Até agora só conheci o cinismo e a arrogância. – ela dissera rindo divertida e beijando-o.


– Tá bom... Tá bom... Eu posso fazer isso: oscilar entre o carinho e o sarcasmo.


– Que bom. Porque você sabe que nosso relacionamento se resume a isso.


– Unicamente nisso. – ele concordara beijando-a mais arduamente. – Eu amo você... – ele dissera roucamente olhando-a nos olhos, Hermione sorrira de leve. – Não posso passar pelo desespero de te perder, não de novo. – ela o olhara então sem entender com o cenho franzindo sem saber o porquê daquilo.


– Não vai perder, Draco. Por que acha isso?


– Essa guerra... – ele dissera abaixando a cabeça preocupado. – Por isso que... – Hermione sentira seu peito se partir e antes que Draco terminasse o beijara novamente, de forma avassaladora.

Ele logo a enlaçara pela cintura com força, beijando-a ainda mais arduamente. Ambos se beijavam com paixão e desejo quando alguém batera na porta. Ambos ignoraram aquelas batidas, até que elas se repetiram e Draco gritara com raiva para a porta. – Vai embora!


– Draco, é o Snape, está mandando você monitorar a prova do quarto ano agora. – era Luke, Draco continuava a ignorá-lo. – Draco!


– Que é?


– Foi o Snape que me mandou aqui!


– Grr! – rugira Draco socando o sofá.


– Vai lá, o Snape está te esperando. É o seu trabalho. – dissera Hermione carinhosa se levantando logo depois de um Draco contrariado.


– Eu vou matar o Luke. – murmurara Draco.


– Coitado, ele não tem culpa. O culpado é unicamente você, por ter insistido em ganhar de mim o cargo de monitor-chefe. – dissera Hermione sapecamente.


– Obrigado, Hermione. – agradecera Luke do outro lado da porta, fazendo Draco olhar sarcástico pra porta, abrindo-a com agressividade em seguida, enquanto Hermione prendia o riso. Luke se surpreendera. – Oi... Casal feliz, como vai? É que o Snape, sabe, me fez garantir que você não ignoraria meu recado para ficar se agarrando com a Hermione na sua sala. – ele terminara em defesa, com um sorriso amarelo. Draco continuava a olhá-lo de forma ameaçadora.


– Tchau. – dissera Hermione rindo dando um estalinho em Draco. – Tchau, Luke. – Luke acenara com a mão e encontrara novamente o olhar de Draco.


– Por Merlin, Draco. Pára de ficar olhando os outros assim, parece até que vai conjurar a Marca Negra a qualquer momento... Credo.

**


Querido Diário,

Que saudade... Sei que fiquei um tempo sem escrever, mas é que... Bem, já me disseram uma vez que quem escreve não vive. Agora eu entendo mais ou menos o que isso significa. Tem me acontecido tanta coisa ultimamente que mal tem me restado tempo para escrever. O ano está quase no fim e é claro que eu já fui convocada para o fechamento do ano. Cantar... Aff. Sabe, antes eles valorizavam um pouco meu potencial acadêmico e meus discursos de fim de ano, agora não estão nem aí se eu passar de ano ou não, desde que eu suba num palco e cante alguma música sem graça.

Não serei hipócrita, é claro que eu gosto um pouco da atenção, mas é que... Bem, é tanta coisa de uma vez que parece que daqui a pouco meu cérebro vai pedir demissão. Quero dizer, provas finais, fechamento do ano e Magia Elemental que tem que ser controlada por uma poção realmente nojenta até que Dumbledore consiga uma brecha em toda essa guerra para realmente dar alguma atenção para esse assunto e decida o que tem que fazer comigo.

Ainda tem a porcaria dessa guerra, onde agora temos até horários de recolhimento em Hogwarts, já que ficou mais do que claro esse ano que andar pelos pátios da escola pode ser fatal. Ah, e para completar... Essa birra infantil do Draco com Daniel. Já faz uma semana, uma semana que Draco ignora Daniel pelos corredores ou o olha com profundo ódio. E o pior é que não tenho tido tempo pra falar com Daniel também, não apenas por causa das aulas e toneladas de deveres, mas porque são praticamente nulos os momentos que encontro Daniel sem estar acompanhada de Draco, e eu sei que uma tentativa de contato é só o que Draco precisa para avançar em Daniel. Grr! E tudo por culpa de quem? Minha, claro... Já que culpar os Deuses é a mesma coisa que nada, uma vez que eles estão pouco se importando para minha opinião sobre eles!

Sério! O que mais precisa acontecer? O que? Sempre tem um conflito idiota na minha vida, eu nunca tenho paz nessa merda! Se eu estou mal com Draco, o mundo está contra mim! Se eu estou bem com Draco, eu sou caçada por Comensais que querem o meu pescoço. E se eu estou bem com Daniel, Draco quer matá-lo. Agora, se eu estou mal com Daniel, eu tenho que aturar minha consciência martelando na minha cabeça me lembrando o egoísta eu sou... E ela, acredite, é a amiga mais cruel que possuo. Gina compete com ela, mas perde por uma diferença considerável, já que minha consciência possui uma imaginação nazista-torturadora e quinhentas vezes mais estupidamente moralista que Gina, por isso Gina nunca conseguiria se igualar. Mesmo que ela fizesse uma faculdade para isso.


Tudo bem, deixa eu parar de ser dramática. Gina tem me dito para eu praticar mais isso, sabe? Já que ficou claro que minha dramaticidade acaba por contribuir para minha falta de sanidade nos momentos críticos, o que resulta em ações idiotas das quais passo vinte cinco páginas relatando como desabafo.

Eu não entendi muito bem isso, mas, resumindo, tenho uma vaga impressão de que ela me chamou de maluca. Não sei muito bem qual foi minha última insanidade a qual ela se referia, preferi por não perguntar já que Gina anda com um humor estranho. Preferi por seguir seu conselho. Então como vê, não ando mais tão dramática assim. Afinal, que culpa tem o Universo, não é mesmo?! E eu prefiro me jogar da Torre de Astronomia do que ter esse dom do inferno dentro de mim, que me obriga a respirar fundo e me acalmar antes de andar, piscar, balançar as mãos, pensar... Já que se eu não fizer isso posso, sei lá, quem sabe... Matar alguém?! Realmente Dumbledore sabe como tranqüilizar as pessoas...


Tudo bem, deve haver um jeito de fazer Draco e Dan voltarem a ser o que eram antes, quero dizer... Tem que haver um jeito. Afinal, por que eu sou sempre a culpada? Sempre? Tudo bem, é sempre assim em filmes, livros... Sempre assim. A mulher sempre é a culpada. Ela sempre separa dois irmãos, dois melhores amigos...

**


– Normalmente essas histórias são escritas por homens...


Hermione saltara ao ouvir uma voz em cima do seu ombro. Era Gina, que parecia bastante interessada em sua escrita.


– Gina! Se importa? Eu estou escrevendo no meu diário.


– Você não está escrevendo. Você está se lamentando como sempre. Já disse que tem que parar de ser tão dramática. – dissera a ruiva se sentando em outra poltrona do Salão Comunal. Hermione suspirara em deboche, fazendo pouco caso do comentário.


–Eu não sou dramática...


– Não, Snape é. – respondera a ruiva foliando uma revista. Hermione franzira o cenho mal humorada e voltara sua atenção para o seu diário.

**


É incrível como Gina consegue respostas para tudo ultimamente. Quero dizer, esse papel era o meu. Agora eu sou só a perdida na vida, desesperada por soluções que normalmente saem da melhor amiga super inteligente. Quando foi que eu desci do cargo de coadjuvante melhor amiga dessa história e virei a principal? Eu não tenho pique pra ser a principal, é complicado demais, principalmente porque eu sempre me ferro.


Grr! Ok... Vamos nos focar em Draco e Dan.


Bem, O Clube de Duelos já chegou na sua terceira etapa... E agora, adivinha? Aprendemos esgrima. Não, não se anime. É uma arte muito bonita de ser apreciada visualmente, mas não muito agradável de ser praticada. Já pode ver minha cara de decepção, não é?


– Esgrima? Pra quê esgrima? São os feitiços de defesa e ataque que são realmente importantes! – eu reclamava.


– Que feitiço falta ainda aprender, Hermione? Você já conhece todos. – dissera Gina ao meu lado.


– Claro que não. Nem chegamos ao nível dos Comensais.


– Ok. Mas nem todos aqui estão planejando entrar na Guerra, Hermione. E ninguém realmente espera que o façamos se quer saber. – dissera Harry. – Pra falar a verdade, acho que só nós quatro mesmo entraremos.


– Ah, por favor, não tire minhas esperanças de encontrar o Balazer nas linhas inimigas... – dissera Ron de forma sádica.


– Isso é um absurdo! Como se alguém aqui tivesse escolha. – eu fingi não notar que Harry, Ron e Gina se entreolharam de forma incrédula quando eu disse isso. O que eles pensam que eu sou? Eu só quero me defender, não é como se eu realmente tivesse sede de sangue Comensal... – Ninguém vai fazer nada? Que poder tem uma espada contra uma varinha, afinal?


– Na verdade uma varinha pode ser transfigurada numa espada, tendo assim ambas funções. – dissera uma voz arrastada atrás de mim ao mesmo tempo em que me abraçava pela cintura, dando um sedutor beijo ao pé do meu ouvido. Eu não pude deixar de sorrir, é vergonhoso o modo como Malfoy tem efeito sob meu estado de humor. – Os Comensais usam bastante isso hoje em dia. Acreditem...


– Acreditamos. – responderam os três nos olhando com nojo e com um pingo de sarcasmo.

Afinal, quem melhor para saber o que os Comensais usam ou não hoje em dia do que um Malfoy? Mas tudo bem, ainda bem que ninguém ali era expert em Legilimência ou poderiam ver a ridícula imagem que se passara pela minha cabeça, de Comensais dando beijos nos pés dos ouvidos de suas vítimas. Como eu sou idiota! Ele estava falando das espadas!


– Vá se vestir. Vai ser divertido. – dissera ele me entregando minhas vestes brancas com direito a elmo e tudo.

Ele já estava pronto com espada em mão e tudo, eu o vi se afastar indo em direção a equipe da Sonserina. Como ele estava lindo, cheguei a suspirar. “Mas peraí. Divertido? Não me parecia nada divertido um sujeito qualquer ficar me nocauteando enquanto eu vou engatinhando pelo chão implorando para que ele pare.”, eu pensara. Pois era o que ia acontecer.


– Ai Merlin... O drama de novo. Eu tenho que parar com isso. – eu murmurara para mim mesma.


Quando eu ia em direção ao provador me vestir eu avistara longe Daniel já todo vestido com as vestes brancas de esgrimista colocando suas luvas de couro. Também estava lindo, me dera um aperto no coração. Fazia dias que eu não falava com ele. Olhei pra Draco que rasgava o ar com sua espada em aquecimento, respirei pesadamente e fui me vestir. Aquele não era o local exato para uma conversa com Daniel. Não com tantos objetos cortantes ali, a mercê de Draco. Eu conheço o namorado que tenho.


Era incrível! Realmente os Sonserinos tinham uma experiência de esgrima muito mais avançada do que a dos demais. Sei o que deve ser isso. Afinal, a Sonserina se baseia em alunos ricos de famílias antigas, nobres e sangues-puros que tem entre outros costumes a Esgrima. Admito que senti uma ponta de inveja ao ver Parkinson derrubando facilmente uma aluna da Lufa-Lufa, pois eu adoraria deixá-la de fuça no chão. Bem, Harry e Gina parecem estar pegando o negócio da esgrima rápido depois de umas aulas, Ron sempre joga a espada no chão com raiva e ameaça seus pobres adversários magrelos com os punhos, que depois acabam por sair correndo. Na maioria das vezes se trata de Balazer.

E eu? Já era de se esperar... Sou horrível. Uma vergonha para a esgrima. E eu pensava nisso naquela quarta-feira quando Jonathan Glive da Corvinal dera uma investida que fizera minha espada voar pelo Salão e me fizera cair para trás de forma dolorosa, mas antes de qualquer outra reação sentira uma sombra sobre mim e notei que Draco se encontrava na minha frente de espada em punho em posição de ataque com o porte de um príncipe olhando ameaçadoramente para Jonathan. Me vi suspirando novamente e tentei disfarçar isso.


– O duelo acabou aqui pra você, Glive. E pra sua sorte espero que Hermione não esteja machucada. – dissera Draco. Pude vir Glive engolir em seco, e eu rapidamente me levantei.


– Estou bem, Draco. Eu só tropecei. – Draco imediatamente dera as costas para Glive, segurando meu rosto com carinho.


– Tem certeza que não se machucou?


– Tenho. Eu... – ele aproximara seu rosto do meu e eu o empurrara de leve. – Estamos em aula, Draco. – eu censurara. Pra que? Draco me olhara irritado e me agarrara pela cintura num beijo sufocador e inebriante. Tudo bem... Eu nem queria me formar em Hogwarts mesmo, na verdade sempre achei que meus talentos estavam além das funções acadêmicas.


E que beijo... É complicado falar disso, sabe. Me perco na espessura daqueles lábios que pressionam os meus de forma tensa e arrasadora. Explora minha boca como explora meus sentidos, agarrando firme os cabelos da minha nuca como se eu pudesse ouvi-lo gritar “É minha!”, e isso só me dava mais vontade de beijá-lo. Eu me agarrava cada vez mais ao corpo dele que me prendia também sem pestanejar, como se nós houvéssemos esquecido que estávamos em aula.


Fora então que Draco me largara do nada se defendendo prontamente de dois discos de cerâmica que voavam em sua direção, que acabaram partidos ao meio no chão. Sério, às vezes o sentido canino dele me assusta. “Uau” eu deixara escapar e não fora a única surpresa naquela sala.


– Era só pra ver se você estava atento, Draquinho. – dissera Pansy. Vadia! Ele a olhara com desdém e nojo e se voltara para mim.


– Não ligue para ela. Rejeição não é fácil pra ninguém. – ele dissera sapeca. Eu rira maldosamente ao tom de voz dele. Parece que não consigo parar de rir quando estou com ele. Isso é normal? – Quer sair daqui?


– Como assim sair daqui? Matar aula? – eu disse atônita.


– Não seria a primeira vez...


– Exato, é por isso mesmo que não podemos. Sabe, eu quero passar de ano.


– Hermione, por favor... – ele dissera em deboche. – Você já se formou em Hogwarts desde o primeiro ano.


– Ahh, quem dera! Não sei se percebeu, mas minhas notas têm abaixado consideravelmente.


– Têm? E por que será? – ele perguntara com cinismo, me prendendo mais ao seu corpo. Eu rira sarcasticamente.


– E você é monitor de Hogwarts! Tenha responsabilidade.


– Eu tenho responsabilidade. É por isso que nos tirarei daqui sem que ninguém perceba...


– Senhor Malfoy! – chamara o professor francês de esgrima, Sr. Pierre Borjè. Draco se virara para ele com a cara amarrada e eu prendera o riso.


– Sim.


– Devo pedir que pare de incomodar a Srta. Granger e volte ao seu treinamento. – pedira ele com seu sotaque.


– Treinamento? Não há uma alma viva nesse Salão que eu já não tenha derrotado. Já derrotei até você! – eu olhei com sarcasmo, como ele era prepotente. – Arranje alguém à minha altura que talvez assim chame a minha atenção.


– Eu já arranjei. – dissera o professor sem se afetar com o tom arrogante de Draco. Draco franzira o cenho irritado. – Daniel Conl, venha até aqui.


Pronto eu gelara. Todos pareceram respirar ao mesmo tempo naquela sala e darem uma considerável distância de Draco e Dan.


– Só pode ser brincadeira. – murmurara Draco enquanto me largava e ia na direção do outro. Daniel também parecia contrariado, mas não dizia nada.


– Professor, por favor. Não há razão para os dois duelarem. Coloque outra pessoa, menos Daniel! – eu implorava discretamente.


– Está brincando? Conl e Malfoy são os melhores esgrimistas da turma, senão de Hogwarts. Preciso ver isso. Hangar!


Foi tenso, desesperador... Ambos duelavam muito bem, era como se... Como se... “Eles tivessem aprendido juntos...”, eu finalizara de forma óbvia. É lógico! Melhores amigos a vida toda... Eles aprenderam juntos... O duelo estava chegando na sua hora crítica, num exato empate quando o sinal tocara e eu dera meu suspiro aliviado.


– Salvo pelo gongo, Daniel. – eu ouvira Draco dizer entre dentes, conforme eu me aproximava às pressas dos dois, ambos ainda com as espadas erguidas.

Eu colocara a mão no ombro de Draco que baixara a guarda. Encontrara o olhar de Daniel apreensiva, ele apenas fizera o mesmo e se afastara. Uma vez que ele fora embora me colocara na frente de Draco.


– Até quando isso? Ele é seu melhor amigo! – eu reclamara.


– Daniel é a última pessoa de quem quero falar, acredite. – dissera Draco indiferente, indo guardar sua espada. Eu o seguira.


– Precisamos dar um jeito nisso, Draco. Não pode ficar assim!


– O estrago já está feito. Ele me traiu!


– Não! Foi só um beijo. E ele já explicou o porquê disso. Eu já expliquei! – ele me olhara mal humorado, enquanto arrancava a jaqueta de couro branca.


– Chega, Hermione!


– Tudo bem, então... Pense assim: Nós erramos. Ok. Errar é humano, perdoar é divino. – e dera um sorriso maroto esperançosa para ele. Ele rira de lado se aproximando perigosamente de mim... Estava sem camisa.


– Hermione minha querida, nós sabemos que de divino eu só tenho a aparência. – GRR! Ele é impossível! Eu respirara histérica e dera as costas indo embora. Não valia a pena discutir com ele uma vez que o assunto pousara na sua inatingível auto-estima.


É isso o que eu venho passando. Draco nem sequer me escuta, no fundo ele sabe que toda a nossa história é verdade, mas ele não consegue perdoar o fato do Dan ter me beijado, de novo. Ele não perdoa isso. Grr! Como se perdoar fosse fácil pra ele, não é? A palavra perdão não existe no vocabulário de Draco Malfoy. E acho que responsabilidade também não, já que ele vem praticamente me seqüestrando das aulas. É sério, vamos repetir o ano.


Eu estava sentada em dupla com Draco naquela aula de História da Magia, enquanto tinha a vaga impressão de que éramos os únicos que não dormíamos. Dei uma olhada para as carteiras de Harry e Ron que quase babavam em seus pergaminhos; mais atrás Daniel, com as pernas em cima da mesa e de braços cruzados, roncava para o alto.


– Eu imploro, vamos sair daqui. – suplicava Draco baixo, parecendo que ia explodir de tédio.


– Pare de suplicar. – eu dissera sem parar com minhas anotações.


– Sério, Hermione. Eu estou com vontade de matar esse cara. – ele dissera apontando para o professor.


– Ele já está morto, Draco... – ele resmungara um “pelo menos isso” e continuou me encarando. – Você está me atrapalhando... – eu resmungara. Draco suspirara derrotado e virara-se pra frente com a cara amarrada. Fora então que eu começara a sentir algo roçar nos meus joelhos. Me virei pra ele ameaçadoramente. – O que está fazendo?


– Eu? Nada. Pode continuar com suas anotações. – ele dissera prendendo o riso divertido. Ele estava acariciando minha perna e me mandava prestar atenção nas minhas anotações? Mas o que é isso?

– Mas o que é isso? – eu optei por perguntar. – Daqui a pouco eu vou ter que denunciar você. Isso já é assédio sexual! – eu brigava baixo com ele. Ele continuava por alisar minha perna, me olhando com fingido interesse. – Eu já perdi a conta de quantas aulas eu já matei por sua causa essa semana, Draco! Me deixe assistir pelo menos esta!


– Pode assistir. Você só não espera que eu preste atenção nela também, não é? Tenho coisas mais interessantes para fazer.


– Ficar me alisando, por exemplo? – eu dissera revoltada.


– É... Mais ou menos isso... Mas se preferir podemos apenas sair da sala. – ele dissera rindo maroto.


– Não!


– Ok, então. Eu tentei. – ele dissera se virando pra frente, mas ainda alisando minha coxa. Eu continuei o olhando sarcástica, mas ele me ignorara. Tentei três vezes tirar sua mão da minha perna, sem sucesso. Então optei por continuar minhas anotações.


Era impossível... Eu sentia sua pele roçar a minha com carícias repetitivas que me marcavam a ferro. Sentia-o segurar minha coxa levantando de leve minha saia, segurava com possessão e desejo. Arranhava de leve minha pele com suas unhas curtas e com a aspereza de sua pele. Não tinha como prestar atenção, e agora Draco me olhava sério, prestando atenção na minha reação. Eu tentava ser forte. Mas era muito transparente, não parava de ficar arrepiada e desviar minha perna de seu contato. Mas ele a prendera em seu poder e continuara com as carícias. Respirei fundo, nem sabia mais o que estava anotando. O que estava lendo. O que tinha que copiar.


– Merda, Draco! Já li a mesma frase quinze vezes! – eu brigara com ele que não conseguira segurar o riso.


– Vamos embora, você não está se agüentando aí. – eu ficara roxa de vergonha e indignação.


– Como assim não estou me agüentando? Do que é que você está falando?


– Disso. – ele dissera ao mesmo tempo que sua mão novamente subira pela minha coxa me fazendo dar um salto de susto e tirando risadas dele.


– Não teve graça. – eu dissera de leve agradecendo a Merlin por ninguém estar prestando atenção naquele espetáculo.


– Vamos... E eu prometo que paro de te torturar. – tá bom, como se eu confiasse nele.


– Sabe, Draco, apesar de eu gostar de você, eu realmente aprecio a arte do aprendizado. – eu dissera sem desviar a atenção do professor. Mas eu notara com irritação que ele sorria perigosamente ao meu lado, eu me recusei a encará-lo.


– Posso te ensinar umas coisas se quiser. – ele dissera roucamente ao meu ouvido.


– Ótimo! Preciso mesmo que me ensine uma coisa. – vi os olhos dele brilhando de espanto e animação. – Quero que me prepare...


– Com certeza!


– Fisicamente e espiritualmente.


– Vamos! – dissera ele decidido na mesma hora me puxando pela mão, mas eu o puxara de volta.


– Quero ser animaga.


– O que? – ele perguntara completamente decepcionado, preferi por não imaginar o que estava se passando na cabeça dele. – Não!


– Como assim não? Você tem que me ensinar.


– Eu não tenho que te ensinar nada, além do mais... Isso é doloroso, ilegal, perigoso e eu sei que você está doidinha para usar na guerra.


– Vai ser muito útil, sim. – eu dissera ligeiramente constrangida. Como aquele filho da mãe me conhecia tão bem?


– Minha resposta continua sendo não. Já disse que não quero você nessa guerra.


– E eu já disse que estarei nela. – então ele batera com força na minha carteira, se virando ameaçador pra mim.


– Você não está entendendo. Eu não estou te pedindo. Você simplesmente não vai participar dessa guerra! – pra quê, não é? Eu me revoltara.


– Você não pode me dizer o que fazer!


– Não posso? – ele dissera perigosamente como num desafio.


– Eu já estou envolvida nessa guerra!


– Você está envolvida comigo, então faça o que eu disser!


– Grr! – eu o olhava com raiva, tentando ignorar os pergaminhos e penas que flutuavam pela sala de forma raivosa envolta de Draco. Com certeza essa Poção de Dumbledore não tem dado muito certo. Então eu recolhera todo meu material e ignorando os muitos acordados e o professor que exigia explicação daquilo, eu saíra da sala com passos nervosos e decididos para longe de Draco.


Como assim “Faça como eu disser?” Quem ele pensa que é? Merlin? Ai como eu o odeio! Se ele estava pensando que aquele namoro servia para ele mandar em mim, então ele estava muito enganado! Prepotente! Arrogante! Grr! Sabe, eu vou abrir uma instituição contra namoros. Pelo menos antes de namorarmos ele me escutava, mesmo que discordasse da maioria dos meus discursos e fizesse enormes palestras contrárias a eles, mas pelo menos me escutava. Agora ele acha que pode mandar em mim. Como foi que ele chegou a essa absurda conclusão eu não sei, mas eu estou com uma estúpida vontade de arrancar os olhos cinza dele fora.


Precisava fazer algo, precisava de alguém... Gina! Onde estava aquele projeto de melhor amiga? Olhei no relógio, eram seis e meia da noite, Gina estava na aula de Poções. Ótimo! Não podia estar numa aula mais impossível de ser raptada, não?


Corri para as masmorras, ótimo sem janelas! O universo estava mesmo contribuindo para aquele plano dar errado. Sim, o universo! Dane-se a terapia anti-drama. Eu quero que o universo se exploda e leve esses Deuses gozadores com ele. Andei em frente da porta das masmorras de um lado para o outro com certa agonia, até que tive uma idéia.


Arranquei um pedaço de pergaminho da mochila e escrevi “Saia imediatamente desse presídio! H.G.”, dobrei várias vezes e o enfeiticei passando por baixo da porta. “Encontre Gina Weasley” eu murmurara. Eu aprendi essa anormalidade no primeiro ano, quando via Harry passar cola para Ron em Poções. Demorou um pouco até que o pergaminho voltara por baixo da porta e parara magicamente em minhas mãos. Imagine a cena, eu sentada ao pé da porta no meio do corredor... Ainda bem que estavam todos em aula.


“Estou lendo bem? Hermione Granger me intimando a matar aula? O que houve? Harry foi seqüestrado de novo? Hogwarts está sendo atacada? G.W.”.


“Não engraçadinha, apenas preciso pôr para fora meu estresse. Gritar com alguém. Saí logo daí! H.G.”.


“Meu amado irmão já tinha compromisso? É necessário mesmo que eu saia? Porque sabe, eu pretendo mesmo tirar uma nota boa em poções... G.W.”.


“O que? Vai me trocar por esse urubu velho? Pensei que meus sentimentos fossem mais importantes que uma mísera aula de poções! H.G”.

“Ainda bem que você parou de ser dramática. Estou saindo. G.W.”.


Então eu ouvira um barulho de coisa se quebrando e gente reclamando, e logo uma Gina Weasley com a cara meio suja aparecera sorridente na porta com a mochila nas costas. Eu a olhei interrogativa e censuradamente.


– O que foi? Eu estou aqui fora, não estou? – ela se defendera e começamos a andar em direção ao lago. – O que houve dessa vez?


– Primeiro: Ele ainda continua com essa ridícula birra com Daniel! Como se Dan tivesse matado o cachorro dele, mas não... ele apenas me beijou!

– Quem? – perguntara um intruso e interessado Balazer em cima da árvore. Na boa, ainda mato esse garoto. Eu respondera prontamente assustando o pobre-coitado.


– Merlin!


– Some daqui, Balazer! Some! – ordenara Gina enquanto enfeitiçava o infeliz, que se jogara da árvore e agora corria para dentro do castelo. – Continue...


– E agora ele pensa que pode mandar em mim! Me proibiu de entrar na guerra! Que planos ele pensa que eu tenho para o final do ano? Entrar em um Spa? Ficar me embelezando enquanto você lutam por suas vidas?

– Hermione, você não está obsessiva demais com essa guerra, não? Faltam dois meses ainda para o ano acabar.

O que era aquilo? Uma rebelião contra mim? Que revolta era aquela, afinal? Minha melhor amiga e meu namorado contra mim! Será que só eu quero a vadia da Lestrange em Azkaban? Gina parecera ler toda a minha revolta porque começou a falar atônita pondo as mãos na frente como se quisesse me acalmar ou eu fosse explodir.

– Calma, calma, eu sei o que é isso. Você está tendo de novo, a revolta dramática dentro de você está gritando dentro do seu peito de novo, respira... Devagar... Respira...


– Não me mande respirar! – eu gritara enquanto éramos atacadas por uma ventania raivosa, fazendo eu me perguntar o porquê de eu ainda tomar aquele troço que Dumbledore me obrigava.


– Se controla, Hermione! – então aquela ruiva abusada dera dois tapas na minha cara tentando recuperar minha lucidez. Eu a olhei de queixo caído, completamente perplexa, não acreditando no que ela estava fazendo. Ela me olhara receosa dando passos para trás. – Calma...


– Você quer morrer. – eu dissera e então o inacreditável aconteceu. Ela caíra na gargalhada. Bom, é reconfortante saber que posso realmente parecer ameaçadora, sabe? Realmente assustar Bellatrix Lestrange não seria muito difícil. Eu olhara para os lados não acreditando no que estava acontecendo e me sentara ao pé da árvore mal humorada, enquanto aos poucos ela ia saindo do seu ataque. E então me olhara compreensivamente e se sentara de frente pra mim.


– Hermione, não estou entendendo exatamente o que se passa com você. – ela dissera carinhosa.


– Percebe-se.


– Seja mais clara então. – eu olhara emburrada pro lago engolindo em seco, começava a sentir novamente uma leve percepção dele dentro de mim. Ele, aquele que não se encontrava dentro de mim há tanto tempo e de quem eu já começava a sentir uma saudade: meu orgulho. Ele estava dando sinais de vida dentro de mim, ainda estava vivo em algum lugar.


É claro que eu não estava aborrecida só pelo fato de Draco não querer me ensinar animagalia ou se mostrar autoritário. Isso eu sempre soube que ele era. Nem apenas pela briga dele com Dan ou a saudade que eu estava dele. Eu sabia que de um jeito ou de outro aquilo ainda ia se resolver, aqueles dois se amavam demais para se manterem afastados por muito tempo.


– O que você tem, Mione? – perguntara Gina novamente, eu a olhara engolindo em seco novamente.


– Nada, eu não tenho nada. Desculpe ter te tirado da sua aula. – eu dissera seca me levantando e deixando-a para trás, indo às pressas pro castelo como uma fugitiva. E não me pergunte o que eu tenho, ok? Eu sou maluca.

**

Daniel entrara calmamente na direção da Sonserina, onde encontrara Snape, que apontara a cadeira a sua frente para ele. Daniel sentara-se de forma desleixada enquanto Snape terminava suas anotações. Daniel olhava em volta notando então o quanto era desagradável aquela sala escura, tentando se distrair enquanto o diretor de sua casa não lhe dava a devida atenção.


– Então? Por que me chamou, professor? – perguntara Dan naturalmente, mas fora ignorado por Snape que continuava com suas anotações. Depois de um tempo Snape falara.


– Temos de decidir seu castigo. – Daniel franzira o cenho não entendendo o que o professor dissera.


– Meu castigo?


– Sim, Sr. Conl. Seu castigo. O senhor pode ter escapado da acusação de animago, mas não está livre do meu castigo. Afinal, eu ainda sou o diretor da sua casa e você ainda estava na Floresta Proibida na noite do ataque.


– Sim, mas... Os outros não foram castigados.


– Eu infelizmente não tenho poder para interferir na Grifinória, e o Sr. Malfoy... Bem, ele já pagou tudo o que devia levando uma suspeita maldição da morte e ficando em coma. Ou o senhor acha que ele merecia mais? – ele perguntara olhando cinicamente para Daniel, com fingido interesse. Dan gaguejara confuso antes de responder.


– Me deixa ver se eu entendi: serei punido só porque os Comensais não me puniram o suficiente? – Daniel começara uma risada nervosa. – Já comentei aqui que Draco Malfoy está querendo me matar?


– O senhor quebrou inúmeras regras de Hogwarts naquela noite. Ou estou enganado? – Daniel gaguejara ao tentar achar uma resposta. – Pois bem, incluirei o senhor numa atividade extra-classe.


– Como? Não... Eu não...


– O senhor participará do grupo de Dança em Hogwarts. Soube que Trelawney está formando uma turma.


– Trelawney?! Aquela maluca?! – murmurara Daniel.


– Se preferir posso apenas te tirar do Quadribol.


– Se eu sair, perdemos a taça. – dissera Daniel sentindo seu rosto soar em fúria.


– E não queremos isso, queremos, Sr. Conl? – dissera Snape na sua voz arrastada de forma cínica.

“Nunca entrarei nessa sala e receberei boas notícias? Grupo de Dança, ótimo.”, pensara Daniel.


Daniel andava mal humorado pelos corredores xingando mentalmente o universo por aquela vida que ele possuía. Lembrara-se então de Hermione e do quanto era engraçado vê-la xingar o universo e desabafar com ele. Sentia saudade dessa maluca. Mas Hermione Granger estava ocupada demais namorando o Sr. Draco Estupidamente Orgulhoso e Rancoroso e Escroto Malfoy.

Ouvira então à frente alguém chamar pelo seu nome “Hey, Daniel Conl?!” reconhecera na hora aquele forte sotaque francês familiar e sem pensar duas vezes dera meia volta indo na direção contrária, mas então ouvira outra voz a sua frente.


– Conl, não está ouvindo? O professor Pierre está te chamando. – ele olhara com um sorriso raivoso para a caçula Weasley sentindo uma vontade absurda de amaldiçoá-la.


– Obrigado. – dissera ele entre dentes e girando novamente nos calcanhares indo em direção ao professor com um falso sorriso na cara. – Professor Pierre, olá.


– Precisava falar com você. Hogwarts vai promover um torneio de esgrima e... – “ah não...” pensara Daniel. – Sabe... Você é um dos meus melhores alunos e... – “por favor, não...” – Eu gostaria muito que você competisse.


– Ahh, que honra, mas eu... Já estou com a agenda cheia e... Muitas tarefas extracurriculares...


– Se ganhar o torneio consigo te livrar de todas elas, aposto que o Snape ficaria feliz com a vitória da sua casa. – Daniel parara no mesmo instante para considerar aquela informação.


– É, isso é... Muito... Muito interessante.


– Que bom! – dissera o professor feliz. – Sei que se sairá muito bem no torneio.


– Aham... – respondera Daniel ainda pensativo, parado no meio do corredor enquanto o professor se afastava.


– Recebeu boas notícias? – perguntara uma voz ao seu lado, Daniel já estava preparado para responder quando notara de quem se tratava: a ruiva Weasley. A encarara com o cenho franzido e óbvia incompreensão e irritação.


– Está falando comigo?


– Com quem você acha que eu estou falando? Estou de frente pra você.


– É, está. E isso está começando a me assustar... – dissera ele continuando seu caminho.


– HEY! – ele parara no meio do corredor ao ouvir o chamado dela novamente. – Estou falando com você! – ele se virara contrariado a encarando com irritação e com as mãos nos bolsos dera calmos passos até ela. – Sabe onde posso encontrar a Hermione?


– Você por um acaso não é da Grifinória? – ele perguntara sarcástico.


– Quero dizer agora. Você a viu em algum lugar?


– Não, não vi. – ele respondera seco.


– É sério, ela não anda bem. – Daniel respirava com irritação, quanto tempo ainda teria de aturar a presença daquela Weasley, estando sujeito a ser visto com ela por aí?


– Olha! Eu não sei onde ela está, ok? Pode me revistar se quiser. – ele dissera de braços abertos e terminando com um sorriso canalha de forma debochada. – Aposto que ia gostar. – a garota respirara estressada, indo embora pisando no chão com toda a irritação que sentia. Daniel voltara ao seu humor anterior dizendo pra si mesmo – Se eu parar mais uma vez no corredor para ouvir o que essa Weasley tem a dizer, eu juro que viro trouxa. – e andando, levantara as mãos pra cima olhando pro teto. – Maldita educação que me rasga as veias!



**

Eu sei que já fiz muito essa pergunta aqui nesse diário, mas...

O que pelo amor de Merlin, está acontecendo comigo? Porque definitivamente tem um santo estranho se apossando de minhas forças vitais. Pelo menos foi o que eu pensei naquela noite insuportável de quinta-feira quando eu caíra mais uma vez de crânio no chão jogando minha espada para sete metros longe do meu corpo, pondo a vida de cinqüenta jovens bruxos em perigo pela milésima vez àquela semana.


Isso porque eu realmente sou muito eficiente com armas de guerra não-mágicas. Sinceramente... Se o objetivo desse clube era colocar os alunos de Hogwarts longe de perigo, então devo dizer que eles estão sob uma ameaça muito maior dividindo esse Salão comigo todas as noites. Mas se o objetivo era prepará-los para o perigo, então tenho que concordar que Hogwarts está fazendo um ótimo trabalho. Afinal, que melhor preparo do que esse de um Clube de Duelos, usufruindo de uma esgrimista absurdamente sem coordenação motora para o uso de uma espada e de brinde ataques semanais de Comensais da Morte? Fale a verdade, que jovem bruxo não sai de Hogwarts preparado? Podíamos construir um novo país com o nosso preparo.

Não, eu não estou sendo sarcástica. Essa foi só uma idéia que me surgiu quando eu ouvi aquele desocupado do Pierre gritar o meu nome pela nonagésima vez àquela noite. Eu realmente necessitaria construir um país só pra mim quando sair de Hogwarts. Com o estado emocional em que me encontrarei não serei capaz de boa convivência com nenhum ser humano.


Acho que Draco também sofre desse problema, duvido que ele queira dividir o mesmo continente comigo, e isso porque eu sou a namorada dele. Ou pelo menos era há cinco horas atrás. Mas tudo bem, com o dinheiro que ele possui ele compra um continente para ele, com direito a um dos oceanos e tudo.


– Não, Granger! Sem Condições! – dizia aquele professor com aquele sotaque irritantemente francês, me fazendo lembrar o porquê Daniel me irritava tanto, apontando aquele dedinho boiola pra mim. – Você definitivamente não tem o dom... Não tem a coisa...


– A coisa... – eu repetira.

Como assim eu não tinha a coisa? Alguém devia comunicar àquele esgrimista de quinta que a última professora que me disse não possuir a coisa acabou com a bola de cristal rolando escada à baixo. “O-ou” eu ouvira de Ron em algum lugar daquela sala.


– Sim, querida... A coisa... Você pode ser muito inteligente para uma série de coisas, mas de fato não possui a coordenação motora suficientemente trabalhada para o uso da esgrima. Você não tem, sabe... A coisa.


O salão se apossou de um silêncio súbito do qual eu apenas encarava aquele bruxo de insano. Ainda ouvi ao longe e baixo a voz de Ron “Harry, faça alguma coisa... Ela está com aquele olhar...”. Não sei a quê olhar ele se referia, mas todos sabiam a conseqüência de se fazer pouco caso da minha capacidade para com usufruir a “coisa” ou de me dizer que “de fato não a possuo”. “De fato”... De fato eu ia meter aquela varinha no olho dele.


Agora eu sei o que você está pensando: mas você mesmo, Hermione Granger, a poucos parágrafos atrás já havia admitido não possuir “a coisa” no que diz respeito à esgrima. Sim! Verdade! Mas uma coisa sou EU me passar atestado de realidade, outra coisa é alguém totalmente de fora da minha roda de seres com permissão pra julgamento tentar me esculachar dizendo do que eu posso ou não ser capaz.


– Entendo... – eu começara deixando meu orgulho ferido falar mais alto do que meu respeito para com a autoridade.

Eu olhei para os lados e pude ver os olhares apreensivos de Harry e Gina. Ron escondia o rosto nas mãos. Olhei também rapidamente para Dan que parecia se divertir com a cena, que na verdade devia estar sendo para os não envolvidos uma incrível atração cômica, porque já fazia tempo que eu não via um sorriso na cara do Conl.

– O que está querendo me dizer é que eu não sou boa o suficiente para ter aula com o senhor. – Ron gemera, mas eu continuava no meu tom audaciosamente calmo. – Ou melhor, que eu não tenho capacidade para a arte essencial da esgrima. É isso, não é? É isso o que está me dizendo.


Fiquei impressionada com a capacidade que a minha mão tinha para produzir suor. Como aquela bicha ousava? Eu não tenho “a coisa” ? Eu ia mostrar “a coisa” para ele! Eu acho que a minha capacidade de ocultar minhas verdadeiras reações com a face anda cada vez mais retardada, pois logo ouvi a voz censurada de Draco atrás de mim.


– Hermione... – bem, acho que isso prova que eu ainda sou a namorada dele, não é?


– Entendo que esteja chateada – entende é? – Ou até mesmo magoada... – dizia o professor. Ron gemera novamente. Ele disse “magoada”? – Mas com certeza encontraremos outra utilidade para a senhorita.


Olhei para o lado. Daniel abrira um sorriso ainda mais divertido. “Merlin... Ele disse...” dissera Ron receoso. O que? Uma utilidade para mim? Ahh!

– E que utilidade seria... Professor? – eu perguntara entre dentes. Então o cachorro me chamara até o seu escritório e bem, resumindo toda aquela ladainha cansativa que ele disse: ele queria que eu organizasse o Torneiro de Esgrima.


Você tinha que ver a minha cara. Daqueles momentos em que eu dou uma risada sarcástica e seca, olho para os lados de forma revoltada, ou melhor, com a revolta estampada no meu sorriso. Acenando afirmativamente com a cabeça pensando “Eu mereço!” ou “Valeu, universo. Dessa vez você foi criativo.”, com a raiva estalando no meu maxilar como só Draco sabe fazer tão bem, olhando por último para o teto como se eu pudesse ver as estrelas e cobrar do universo filho da mãe por mais essa infelicidade na minha vida.

O querido do Pierre, aquele francês metido, estava me pedindo para fazer o trabalho dele. Ok, não me refiro ao de lecionar esgrima, mas o de organizar o Torneio de Esgrima de Hogwarts. É claro que eu neguei, mas já deve ter ficado claro aqui a facilidade que os professores dessa escola têm para nos obrigar às tarefas antes recusadas.


– Fiquei sabendo que suas notas andam baixando consideravelmente nesse fim de ano letivo, por causa dessa série de ataques, sua estadia na Ala Hospitalar... É de tirar a concentração de qualquer um. Sabe também que o Clube de Duelos é praticamente um curso extracurricular que pode interferir nas suas notas. Como vê, esse Torneio veio muito a calhar... – ele dissera com um sorriso francês na cara. Sabe? Aquele sorriso canalha e galanteador que Daniel esboçava todos os dias nos corredores... Pode dizer... Convincente, não?
Hogwarts anda mesmo se revelando cada vez mais um poço de oportunistas...


Sexta. Ok... O destino realmente não está contribuindo. Ficou claro ontem que Draco não havia desistido de ser meu namorado só por causa do pequeno escândalo que eu fizera com ele na aula de História da Magia, foi um alívio. Um alívio momentâneo porque o pior ainda estava por vir. Depois de eu contar sobre minha nova missão, Draco concordou em me deixar trabalhando nesse novo projeto na sala dele (que na verdade devia ser minha, mas tudo bem) hoje à noite, já que ele teria mesmo mais treinamento de Quadribol com a Sonserina. Isso me animou um pouco, já que se Draco estivesse naquela sala comigo não me deixaria trabalhar um minuto sequer, então eu abrira um sorriso sabendo que as intenções deles eram mesmo puras. Mas... Logo essa idéia me deixara atormentada. Draco não é de ter idéias puras. Por Merlin, ele é da Sonserina... E é um Malfoy. De fato não estava tudo tão bem como ele dissera.


Ele ainda estava chateado. Draco não é de apenas aceitar tranqüilamente o fato de eu ter de trabalhar sozinha no meio da noite na sala dele. Muito menos ele é de oferecer a sala pra mim de tão bom grado. No mínimo em seu estado normal ele se aproveitaria disso para me amarrar mais uma vez em seus beijos e abraços. Ele não queria ficar lá comigo... Ele, Draco Malfoy, não queria passar a noite lá comigo, me encarando com seu olhar canino sedutor enquanto eu finjo ainda prestar atenção no meu trabalho. Ele queria ficar longe de mim... Ele ainda estava chateado. E isso... Bem, não melhorou em nada meu humor.


E me atrevo a afirmar (rindo)... Que o destino não anda nada disposto a ajudar, sabe? Uma vez que eu abrira a lista de candidatos ao Torneio, onde os alunos terão de assinar para competir, uma lista que devia estar em branco primeiramente, mas que por uma jocosa sapequinha do destino, o desgraçado continha um pronome próprio no topo.

Ai céus, por quê? Eu fechei aquele maldito pergaminho e abri novamente umas cinco vezes na esperança de não encontrar aquele nome francês ali. Ainda ouvi a voz de Draco em meus ouvidos “Ah, esse torneio é ridículo, eu que não perco meu tempo nessa palhaçada...”, pensava em como ele mudaria completamente de idéia depois de ver aquele nome ali e correria para assinar o seu também.


Daniel Gerard Conl.


– Me mata logo. – eu gemera para o universo, já prevendo a guerra sangrenta que aquilo ia causar.


Eram quase quatro da manhã e eu me jogara para trás na cadeira exausta, me perguntava se Draco ainda estava no suposto treino, se ele voltaria para o seu quarto. Ahh Draco... Por que ele não conseguia entender? É verdade que somos de lados opostos e que ele fez sacrifícios até demais para que nosso namoro desse certo, mas... A idéia de abandonar Harry, Ron e Gina no campo de batalha... Principalmente Harry... Quem sempre cuidou de mim, meu melhor amigo... Mesmo que estivéssemos um pouco afastados... Era torturante. Eu nunca me perdoaria se acontecesse algo a ele. Por que Draco não podia simplesmente entender isso? Se Dan pelo menos ainda estivesse com a gente... Talvez Draco não estivesse tão perturbado...


Fora então que eu notara uma luz vindo do andar de cima, uma luz prateada que iluminava de leve a escadaria. Eu subira intrigada para o quarto de Draco e dera de cara com a penseira que eu lhe dera de aniversário (com o dinheiro dele) em cima da escrivaninha. E uma surpresa maior... Estava cheia.

Que lembranças Draco depositara ali era a pergunta, e eu me virei pronta pra descer de novo sabendo que a resposta para aquela pergunta definitivamente não era da minha conta. Eu parei. Ai, mas o que afinal de tão perturbadora tinha aquela lembrança que fora necessário ele retirá-la de suas memórias. Ai merda, fui vencida pela curiosidade. Destino do inferno, se você não queria que eu entrasse nas lembranças dele nunca me devia ter feito encontrar aquela maldita penseira. E afinal... Ele já invadiu o meu diário uma vez... Isso nos deixaria quites, não é mesmo? Já era. Entrei.


Primeiro eu sentira tudo rodar a minha volta. Parecia estar sendo sugada pelo umbigo para dentro de um poço de quinze metros de profundidade, mas inacreditavelmente minha queda não fora assim tão dolorosa. Eu caíra num piso escuro e frio, olhara a minha volta, estava num grande salão sombrio, iluminado por poucas velas, as paredes repletas de quadros com bruxos antigos e grandes emblemas e brasões da Família Malfoy.

Eu estava na Mansão Malfoy. Essa informação não me deixou muito feliz. Logo ouvi uns passos a minha frente, alguém se aproximava, eu me levantei e vi um homem alto e loiro que segurava uma espada de esgrima de qualquer jeito com as duas mãos, uma em cada ponta, como se não fosse afiada. Achei que era Lucius, mas não era. Conforme o homem se aproximava eu notava cada vez mais tensa que se tratava do tio do Draco: Ephram.


– Levante-se, Draco. Você consegue lutar bem melhor que isso. – dissera ele normalmente, olhando em minha direção.

Por um momento achei que ele pudesse me ver. Mas logo ouvi uma respiração atrás de mim e notei com um salto no coração ao me virar que se tratava de um Draco mais jovem. De mais ou menos treze anos, o Draco que eu vira na Torre das Gárgulas quando o Draco atual estava em coma.


Ele se levantara olhando fixo para o tio, eu já de pé notara que mesmo com treze anos Draco já era um pouco mais alto do que eu, um centímetro pelo menos. Realmente ele crescera desde os treze. Ele estava com uma blusa branca de manga de linho toda aberta deixando a vista seu corpo já definido. Mais magro, porém definido. Seus cabelos claros jogados no rosto, quase escondendo seu olhar cinza zangado. Parecia um jovem príncipe da antiguidade empunhando aquela espada. Céus... Como eu não me apaixonara por ele antes? Sempre soubera que ele era bonito, mas meu ódio por ele sempre gritava mais alto que qualquer outro sentimento que eu pudesse vir a sentir por ele. Tantos anos perdidos...


– Vamos. De novo. Hangar. – ordenara Ephram.

Draco enxugara o suor da testa e ficara em guarda também. Eu logo saíra do meio dos dois para observar melhor o magnífico duelo. Draco desde jovem lutava muitíssimo bem, mas não tinha a força e tamanha elegância que ele possuía no Clube de Duelos. Esse lutava de forma mais raivosa, de fato era difícil lutar contra Ephram. Esse sim mantinha a serenidade, agilidade e confiança que Draco possuia agora. Parecia que eu estava vendo um duelo entre os dois Dracos. Mas o jovem Draco era esperto e saltava como um lobo em volta do tio, só parando mesmo quando o próprio arrancara-lhe sua espada e apontara a própria para o peito de Draco que estava contra a parede. Draco olhara em deboche para a espada do tio em seu peito levantando uma sobrancelha. Ephram abrira um meio sorriso que novamente parecera ter saído de Draco e abaixara a espada.

– Não é à toa que o Lord te quer com a gente. Daqui a pouco estará melhor do que eu e mais em breve o próprio Lord. – Draco sorrira ainda mais. Logo batidas fortes na porta do salão ecoaram dentro daquelas paredes quase me deixando surda.


– Entre. – dissera Draco alto e logo as portas se abriram e um Dan mais jovem também aparecera. Esse quase irreconhecível com os cabelos um pouco abaixo da orelha.


– Hey Draco, Tio Ephram. – dissera Daniel da sua forma sempre contagiante.


– Está atrasado, Daniel. – dissera Ephram de forma severa. – Estou treinando com Draco há mais de uma hora.


– Foi mal, minha mãe ficou me perturbando para terminar minha mala de Hogwarts logo, sabe?


– É por isso, Daniel, por causa da sua falta de empenho que você sempre vai parar no chão e eu com a espada apontando para o seu pescoço. – dissera Draco de forma debochada.


– Uns são bons com a espada, outros com as mulheres. – respondera Dan de forma sarcástica tirando gargalhadas de Ephram, Draco apenas respondera com um olhar sarcástico.


– Não me faça rir, Daniel, seu sucesso se baseia na minha companhia. – dissera Draco.


– As garotas que só te aturam por minha causa, você é muito antipático. – brincara Daniel fazendo Draco levantar uma sobrancelha em desdém.


– Chega, chega. Os dois no centro, agora. – dissera Ephram. Draco e Dan obedeceram enquanto eu continuava apenas observando tudo empolgada. Ficaram um de frente para o outro com as espadas em punho em posição de ataque.


– Vai ficar até quando? – perguntara Draco.


– Tenho que passar no beco na sexta. Então devo ficar até sexta de manhã.


– Hangar. – dissera Ephram e os dois começaram a duelar lindamente, praticamente os mesmos passos que eu vira no Clube de Duelos, mas com bruxos mais jovens e rindo divertidos da investida do outro ao invés de olhares frios e raivosos.


Depois de um duelo incrível com o som forte das espadas se cruzando no ar e o do vento sendo cortado, com direito a comentários de Ephram: “Bela investida, Draco.” “Perfeita dianteira, Dan,... Defesa mais alta.”, “Draco, cuidado com sua lateral.”. Então eu me surpreendera, Draco e Dan ao mesmo tempo gritaram “Sortia!” e da espada de cada um saíra uma serpente que trocavam ameaças entre si.

Como assim Sortia? Eu conheço o feitiço como Serpensótia... Ok, eu nunca havia visto feitiços serem feitos por espadas antes. A serpente de Draco era negra enquanto a de Dan era vermelha, eu inconscientemente me afastara mais dos dois me esquecendo que eu não fazia parte daquela realidade.


– Chega! – dissera Ephram se aproximando e transformando com sua “varinha-espada” as duas serpentes em cinzas. – Vocês precisam controlar esse impulso sonserino de vocês de atiçarem serpentes no meio de duelos. Vocês estão aqui para treinar esgrima, deixem a magia para Hogwarts, ok? – dissera Ephram um pouco irritado e voltando para organizar os materiais de esgrima.

Draco e Dan, eu notara, riam baixo um pro outro. Dan ainda fizera uma imitação cômica de como Ephram andava com a espada em punho apontada pro chão de forma firme e com o outro punho contra a cintura lembrando vagamente o zorro, nem eu conseguira prender o riso. Depois eu vira Draco passando por Dan deixando um baixo comentário debochado pro amigo.


– Com o seu fracasso com as garotas eu esperava que pelo menos na esgrima você se desse bem.

Dan aos risos respondera apenas com um “Vai se ferrar” e então tudo voltara a rodar e quando eu abrira os olhos eu estava numa espécie de bosque.


Eu estranhara, não identificava aquele lugar... Andando eu dera de frente com uma estátua de um bruxo de olhar superior, muito parecido com o Lucius. “Hector Malfoy” estava intitulado, o que significava que eu ainda estava nos domínios dos Malfoy, devia estar num Jardim da Mansão ou sei lá.

Fora então que eu começara a ouvir um som... Aquele som que eu tanto gostava... Aquele violão que tocava uma melodia sofredora, porém corajosa... Uma melodia que parecia me chamar cada vez para mais perto. Notei com surpresa que eu já ouvira aquela canção antes, uma canção que eu já até mesmo havia me esquecido que existia. Fora a mesma canção que eu ouvira Draco tocar na sala de teatro no dia em que eu fui me despedir dele antes do Halloween. Logo revi aquele momento como um flash em minha cabeça...

FlashBack


“– Boa pergunta... Você perguntou quando eu mudei. Eu não mudei... Nenhum de nós. Continuamos a ser quem sempre fomos e continuaremos assim. O nosso ódio Granger...É o mais saudável para nós. Mudar foi uma idéia tola. Não tente gostar de mim... E eu não tentarei o mesmo. Foram apenas situações, Granger... Que nos uniu um pouco.. Mas o ódio continua. Eu continuo sendo um Malfoy e você... Uma sangue-ruim. Não posso me dar ao luxo de ser seu amigo... Só porque te machuquei, e me arrependi.


– Quem disse que eu queria ser sua amiga? Eu desprezo você, Malfoy! Você pediu desculpas, e eu aceitei... Só, isso não muda nada! Nada do que eu disse no dia que enterramos Norra eu retiro.


– Ótimo. Antes de eu ir... Tome. Talvez isso te ajude um pouco, a me odiar.


– Não preciso de ajuda pra isso.”


Fim do FlashBack...


Eu balançara a cabeça irritada tentando afastar aquelas lembranças enquanto andava em direção a melodia. Logo dera de frente com um galpão velho onde o jovem Draco se encontrava sentado de forma desleixada em cima de um banco, tocando o violão. Ele murmurava uma canção junto da melodia que eu não conseguia ouvir, uma pequena estrofe e logo parara para anotá-la em um pergaminho. Céus como eu queria ouvir aquela música.


Logo, tanto eu quanto ele, ouvimos o barulho de passos rápidos se aproximando. Draco dobrara as pressas aquele pergaminho e o escondera em baixo de algumas pastas. Cinco segundos depois Daniel chegara sorrindo eufórico, colocando seu cabelo atrás da orelha. Ele parecia se irritar tanto com aquele cabelo que ficara claro o porquê dele cortá-lo tão radicalmente mais tarde. Ele trazia um violão também e eu me surpreendera mais ainda. Não era possível, aqueles dois tinham mais talentos ocultados que o normal...


– Draco, olha, eu fiz uma nova estrofe. Acho que essa ficou mais interessante que a primeira, se encaixa mais na melodia. – dizia Dan se sentando no banco também, de frente para Draco.

Graças a Merlin eu ouviria a música, mas ao começar a tocar eu notara que não se tratava da mesma melodia que Draco tocava anteriormente. Droga! Mas era bonita também, Draco mantinha os braços jogados sobre o próprio violão e prestava atenção no que Daniel tocava. E eu também prestava, mas mais bonita que o próprio som que ele fazia no violão era a sua voz. Daniel cantava incrivelmente bem, tinha uma voz romântica e moleca ao mesmo tempo, dava arrepios.

I'm a lover I'm not a fighter,
(Eu sou um amante, não sou um lutador)
Hold me close and I'll take you higher than you've
(Abrace-me e eu te levarei ao lugar mais alto que você)
Ever been
(Já esteve)
Raise your hands and lay down your weapons,
(Levante suas mãos e abaixe suas armas)
We could turn this around in seconds flat,
(Nós poderíamos reverter isso em segundos,)
If you believe
(Se você acreditar)



– Então? O que achou? – ele perguntara animado depois de tocar o trecho.

“Lindo!” eu dissera emocionada, mas não era bem à mim a quem ele fizera a pergunta. Draco dera uma curta risada divertida que ele tentou segurar fazendo Daniel o olhar emburrado.

– Que foi?


– Combina mesmo com você a nova versão: “Eu sou um amante, não sou um lutador”. – ele dissera rindo.


– Ah, cala a boca! – reclamara Daniel dando um soco no braço de Draco que rira mais divertido. – Sério... O que achou?


– Ficou muito bom. Bem melhor. – Daniel abrira um sorriso de orelha a orelha.


– Ahh, sabia que ia gostar. Sério, Draco, eu tenho um talento nato e você também não fica atrás não. Devíamos nos apresentar em Hogwarts. Íamos fazer mais sucesso que a cicatriz do Potter. – ele dissera rindo.


– Aham, e meu pai me mandaria para Durmstrang na mesma hora. – Draco dissera emburrado. – Ele só precisa de um motivo.


– Hey, o que é isso? – perguntara Daniel puxando um pedaço de pergaminho de baixo das pastas. Tanto eu quanto Draco, notamos que se tratava do pergaminho em que ele anotara anteriormente. Draco se desesperara tentando pegar o pergaminho dele.


– Não é nada! Me devolva, Daniel! – dizia Draco com raiva, mas Daniel já fugira de Draco dando uma distância considerável dele e começara a ler, seu cenho se franzira em interesse e ele lera baixo, mas de forma que se pudesse ouvir.

And I don't want the world to see me
(E eu não quero que o mundo me veja)
Cause I don't think that they'd understand
(Porque eu não acho que eles entenderiam)
When everything's made to be broken
(Enquanto tudo é feito para ser destruído)
I just want you to know who I am
(Eu só quero que você saiba quem eu sou)



Eu registrava aqueles versos em minha mente sentindo meu peito inflar, não acreditando que algo daquela profundidade pudesse sair de Draco Malfoy, muito menos daquele Draco Malfoy de treze anos que eu conhecia por sua arrogância e insensibilidade. O mesmo Draco Malfoy que eu batera por praticamente condenar o Bicuço naquele ano. Daniel olhara para Draco com o cenho franzido de forma séria e firme.


– É muito bom... É incrível, Draco. – dissera ele. Draco com a irritação e vergonha estampada em seu semblante arrancara o pergaminho das mãos de Dan e guardara-o dentro de uma mochila de forma agressiva.


– Não é nada. Nem está pronto.


– Ora, mas toca para eu ouvir... – pedira Dan animado.


– Não, esquece isso. Nem me lembro mais da melodia. – Daniel fizera então um sorriso perigoso para o amigo. – O que?


– E quem é afinal, que você quer que saiba quem realmente você é? Digo... Como se o mundo inteiro não conhecesse a famosa família Malfoy...


– Vai se ferrar...


– Qual é, não vai responder pra mim? Seu melhor amigo? É a Pansy, não é? – Draco fizera uma cara de repugnância igual a minha.


– O que? Não. Mas que merda, não é ninguém... – eu mesma já começara achar a situação engraçada e ria sozinha.


– Ah pára, Draco. Não seja tímido. Os Malfoy também amam... – debochara Daniel. Draco ficara sério com um olhar perigosamente Comensal, o que fizera tanto eu quanto Daniel pararmos de rir.


– Não eu. Deixe as baboseiras românticas para as músicas, Daniel. Eu não amarei nunca... E gosto que seja assim.

Dan respirara pesadamente enquanto Draco se sentava no banco novamente pegando seu violão, aquelas palavras ainda me cortavam profundamente, tão fortes e decididas que eu quase me convencera. Quase não acreditava que aquele Draco agora estava comigo e me amava.


– Eu não acredito nisso. – dissera Dan nada intimidado com o tom dele. Draco e eu o olhamos com surpresa. – Você com certeza vai encontrar aquela garota que vai fazer seu mundo girar de cabeça para o ar e te fazer questionar tudo do qual você tinha certeza. É claro que você não vai notá-la de imediato porque você é idiota, mas eu estarei do seu lado pra te lembrar que aquela realmente é a mulher da sua vida... – Draco apenas continuou por um bom tempo encarando-o como se ele fosse maluco. – Pois ela existe, Draco... A mulher da sua vida realmente existe, todos têm uma perdida em algum lugar... A minha mesmo deve estar me procurando em algum bairro de Londres nesse momento. – Draco rira sarcástico.


– Supondo que isso seja verdade, Daniel, o que te faz pensar que ela realmente esteja me procurando ou me esperando? Talvez a mulher da minha vida não me veja necessariamente como o homem da vida dela. Ou... – ele parecera sombrio e eu senti meu peito inflar novamente de forma mais dolorosa. – Talvez minhas condições ou tradições não permitam que isso seja verdade. – ele olhara então para um Daniel confuso de forma violenta. – Talvez eu não queira que seja. Talvez eu goste do meu mundo e do jeito como as coisas realmente são... E despreze o dela.


– Não importa. Ela continuará sendo a mulher da sua vida. – dissera Dan ainda sem se afetar. Draco dera uma curta risada seca.


– E como mulher da vida de um Malfoy, ela vai sofrer, é a sina de todas elas. Eu a farei sofrer antes mesmo de aceitar o fato de que ela é minha.


– Tudo bem, eu cuidarei dela pra você, eu prometo... Segurarei as lágrimas dela até você estar pronto, não a deixarei desistir de você. Por que eu sei que você vai se empenhar bastante para isso. Você está acostumado em ver as pessoas desistindo de você, e isso te conforta.

Draco o olhava com o cenho franzido de forma descrente, não acreditando exatamente que Daniel Conl havia dito aquilo, nem eu tinha estômago preparado para tudo aquilo.


– O que é você, afinal? Meu psicólogo? – dissera Draco ligeiramente agressivo.


– Não, cara. Sou seu amigo. – respondera Dan e ambos continuaram se encarando por um tempo.

Eu sentira um sorriso comovido se espalhar pelos meus lábios enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas. Eu acompanhara perfeitamente o ritmo de Draco engolindo em seco, tentando esconder seu ar comovido. E Daniel começara a falar no seu tom animado de sempre.

– Tudo bem, agora vamos logo tocar violão, antes que a gente comece a chorar. Somos Sonserinos e bem... Sonserinos não choram. Certo? – Draco rira.


– Sonserinos nem tem glândulas lacrimais.


– E principalmente: Sonserinos não têm sentimentos. – dissera Dan.


– É. Exatamente.


– Deixemos os sentimentos para as músicas.


– Com certeza. De idiota sentimentalista em Hogwarts já basta o Potter. – dissera Draco rindo e eu me censurei por ter rido também. Credo.


– É! Afinal, o psicótico perseguido é ele e não nós. – dissera Daniel alto e ambos caíram na gargalhada por um bom tempo. Céus... Aquela amizade, como pudera ter se acabado assim? Não era possível.


– Ok... Vamos tocar. Substitua só a primeira estrofe pela sua nova. – dissera Draco enquanto cada um entrava em suas posições e seus violões.


– Ok.


– Um... Dois... Um, dois, três e quatro... – e ambos começaram juntos a tocar aquela melodia e eu, já sentada no pé de uma árvore, assistia aquilo animada, como se fosse um show particular. Daniel começara a cantar:

"Ouvir Musica"

I'm a lover I'm not a fighter,
(Eu sou um amante, não sou um lutador)
Hold me close and I'll take you higher than you've
(Abrace-me e eu te levarei ao lugar mais alto que você)
Ever been
(Já esteve)
Raise your hands and lay down your weapons,
(Levante suas mãos e abaixe suas armas)
We could turn this around in seconds flat,
(Nós poderíamos reverter isso em segundos,)
If you believe.
(Se você acreditar)

Home is where the heart is,
(Lar é onde o coração está,)
It's where we started,
(É onde nós começamos,)
Where we belong, singing.
(Onde é nosso lugar, cantando)



Os dois começaram juntos então o refrão combinando perfeitamente as vozes, a romântica e sapeca de Daniel com a desafiadora e firme de Draco. Lindo. Daniel finalizando a última frase.

Home is where the heart is,
(Lar é onde o coração está,)
It's where we started,
(É onde começamos)
Where we belong.
(Onde é nosso lugar)



Eles continuavam no solo do violão e então a voz cortante e arrepiantemente linda de Draco, um pouco mais grossa, entrara na música, no seu solo. Na segunda estrofe Daniel ainda fazendo uma segunda voz ao fundo.

Light a fire and write a sonnet,
(Acenda uma fogueira e escreva um soneto,)
Pin your hopes and your dreams upon it, now
(Prenda suas esperanças e seus sonhos sobre ele, agora)
Come and sing with us
(Venha e cante conosco,)

Yeah, Callin' out to your children's children,
(Chamando os filhos dos seus filhos)
Let there be love and let them scream it loud
(Deixa que haja amor e deixe-os gritar alto)
Before we bite the dust
(Antes que nós morramos)



E então cantaram novamente o refrão mais alto, onde até eu já acompanhava como uma verdadeira fã, não me lembro de já ter estado mais emocionada do que naquele momento. A última frase do refrão fora cantada dessa vez por Draco deixando sua voz desafiadora preencher todo aquele galpão como meu peito.

Singing
(Cantando)
Home is where the heart is,
(Lar é onde o coração está,)
It's where we started,
(É onde nós começamos,)
Where we belong
(Onde é nosso lugar)
Come on and sing it
(Venha e cante)
Home is where the heart is,
(Lar é onde o coração está,)
It's where we started,
(É onde começamos)
Where we belong.
(Onde é nosso lugar)



Então eles apressaram mais o ritmo e começaram um rápido dueto.

Dan: In these troubled days of anger,
(Nesses dias problemáticos de raiva,)

Draco: We're afraid of every stranger,
(Nós temos medo de qualquer estranho,)

Dan: But today we're making history,
(Mas hoje nós estamos fazendo história)

Draco: it's ok just sing it with me,
(Está tudo bem, simplesmente cante comigo)

Dan: Now's you chance think of your lovers,
(Agora é sua chance, pense nos seus amores,)
We are all sisters and brothers.
(Somos todos irmãs e irmãos,)

Draco e Dan: Now's you chance think of your lovers,
(Agora é sua chance, pense nos seus amores,)
We are all sisters and brothers.
(Somos todos irmãs e irmãos,)



Voltaram para o solo até que Daniel começara o refrão mais baixo e lentamente.

Home is where the heart is,
(Lar é onde o coração está,)
It's where we started,
(É onde nós começamos,)
We're England.
(Nós somos a Inglaterra)



E finalmente voltaram juntos para o refrão de forma divertida do qual eu já cantava junto.

Home is where the heart is,
(Lar é onde o coração está,)
It's where we started,
(É onde nós começamos,)
Where we belong
(Onde é nosso lugar )



Eu ria com eles, como se fizesse parte daquela realidade já esquecendo a minha verdadeira vida, quando senti novamente tudo rodar a minha volta e fechei os olhos pra não ficar tonta, quando eu os abrira novamente estava num salão ainda mais escuro e congelante que o primeiro.


Não consegui reconhecer o lugar, mas senti um desespero e um medo dentro de mim que eu não sabia existir, era um lugar ruim... Maligno, eu podia sentir. Logo minha informação fora confirmada ao ouvir um grito desesperador vindo dos fundos, alguém estava sendo torturado, logo eu ouvira outros gritos e minha respiração se acelerara conforme meu desespero. Então eu notara uma respiração sofrida atrás de mim e vi que o jovem Draco agora se levantava com dificuldade, continha muitos machucados pelo corpo e sua varinha tremia em sua mão. Eu senti uma agonia ainda maior vendo-o daquele jeito. O que estava acontecendo?


– Você entendeu o significado da sua existência, Draco? – dissera uma voz fria e autoritária naquele salão, me virei temendo encontrar Voldemort, mas era Lucius que não parecia nem um pouco afetado pelo estado do filho. – Entendeu tudo o que o Lord impôs a você?


– Sim, pa... Senhor. – dissera Draco com a voz rouca e ligeiramente tremida levantando seus olhos cinza semi-abertos para o homem que nem ao menos podia chamar de pai àquela noite.


– Essa é a sua missão, Draco! Você está preparado para cumpri-la? – perguntara Lucius de forma ainda mais autoritária e firme. Draco fungara fundo não por causa de lágrima, mas sim por sua dificuldade para respirar e engolira em seco como se aquela resposta o condenasse pelo resto de sua vida.


– Sim. – eu me via perguntando idiotamente para o Draco a minha frente como se ele pudesse me ver ou ouvir, de forma desesperada: “Do que é que ele está falando?”, “O que ele está fazendo com você Draco? O que? Você me disse que era só espionar o Harry...”

Eu chorava... Sentia que tinha algo ruim, muito pior ali... “Draco... Com que é que você concordou? O que você terá que fazer... Draco..”. Então eu fora surpreendida com um puxão forte e fora arrancada de forma violenta daquela lembrança e caíra com brutalidade no chão frio do quarto da Monitoria-Chefe de Draco. E me surpreendera mais ainda com o Inácio voltando a vida dentro do meu estômago e saltando de um lado para o outro em desespero ao encarar aqueles frios e acusadores olhos cinza de um Draco de dezessete anos a menos de um metro de mim.


– O que pensa que está fazendo? – ele perguntara secamente, mas ainda com aquele ar acusador. Era um olhar Comensal... Eu sentia como se o houvesse traído e agora fosse sujeita a tortura

.
– Eu... – eu gaguejara enxugando minhas lágrimas, que não pareceram o comover nem um pouco. Eu perdera a voz.


– O que estava fazendo, Hermione? – ele perguntara novamente de forma mais agressiva. Eu gaguejara me levantando, mas não conseguira responder. Ele andava em minha direção de forma ameaçadora. – São minhas lembranças... Minhas... Você não tinha o direito de invadi-las.


– Foi... Foi sem querer... – eu dissera, mas ele batera com brutalidade na iluminaria em cima da cômoda que caíra no chão destruída. Eu nunca o vira com tanta raiva de mim antes, eu me assustara.– Me... Me desculpe. – eu me apressara a dizer.

Ele fechara os punhos com raiva me olhando com ódio, tentando prender toda a raiva no maxilar, ele me dera as costas como um lobo enfurecido como se quisesse manter uma distância entre nós dois, não confiando muito no seu autocontrole. Empurrara uma cadeira com violência tirando-a do seu caminho e se jogara pra frente da escrivaninha, apoiado nas duas mãos em cima da mesa com a cabeça jogada pra frente, seus fios claros a alguns centímetros da penseira. Eu só conseguia ver suas costas largas subindo e descendo em raiva. Eu me mantinha encolhida onde estava me odiando por meu atrevimento.


– Eu nunca lhe dei o direito de invadir meus pensamentos. Minhas lembranças são muito mais sombrias e assustadoras do que essas que estão aqui. – ele dizia calmamente, mas ainda com a raiva contida em cada sílaba. – Eu não quero dividi-las com ninguém. Nem com você. – eu engolira em seco sentindo o sofrimento dele se arranhar naquelas palavras.


– Eu não tive a intenção... Me desculpe. – eu dissera séria. Ele continuara de costas pra mim. – Mas você não precisa guardar as lembranças ruins só pra você, Draco... Você pode desaba...


– Eu não tenho nada para desabafar! – ele dissera brutalmente se virando pra mim e vindo em minha direção até parar muito perto. – Meu carma pertence unicamente a mim!

– Eu só quero ajudar...


– Você não tinha esse direito! Não tinha o direito de invadir minhas memórias, Hermione!

– Eu já pedi desculpas. – eu dissera ainda controlada, mas já começando a ficar aborrecida. – Não precisa explodir comigo.


– Você quer ser desculpada? Então faça por onde...


– Como assim?


– Quero você longe de qualquer coisa referente a essa guerra. Quero que pare de ir sempre atrás do Potter e de se meter nas rixas alheias, longe da Ordem da Fênix, longe de ataques em Hogsmeade, longe de penseiras e pelo amor de Merlin, Hermione: Pare de procurar pela minha tia! Ahh... E fique longe de Conl também!


– Conl? Mas o que...


– Já está mais do que na hora de você entender que eu e Conl não voltaremos a ser amigos nunca mais.


– Isso é ridículo! Um dia você terá de esquecer tudo isso...


– Ainda falta muito pra esse dia chegar... E se você não quiser que eu termine com você é melhor prestar bem atenção nas minhas condições!

E dizendo isso desceu as escadas e saiu da sala batendo a porta me deixando lá de queixo caído. Tipo... Ele ameaçou terminar comigo! Como... Como ele se atrevia? GRR!!


Tudo bem... Tudo bem... Ele está nervoso, é só. Ele está zangado porque eu invadi a privacidade dele, nada demais. Ele falou da boca pra fora... Foi só... Eu sei que foi só.

Continua...


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