A Força De Uma Paixão. escrita por Kah


Capítulo 59
Tormento




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/409055/chapter/59

A cabana outra vez se via cercada pela escuridão, a noite estava fria, minha garganta seca, meus lábios ásperos, me sentia fraca e minha boca tinha um gosto amargo.

Já fazia algum tempo que Paola e eu estávamos em silencio, cada uma perdida em milhões de pensamentos e incertezas.

Pensei em Otávio, meu bebezinho, já fazia tanto tempo que estava longe dele... Se eu morresse ali, será que meu filhinho ficaria a salvo? E se aquele bandido fosse atrás dele? E Lizete? Minha princesinha, o que aquele canalha faria com ela? Como ficaria Carlos Daniel? Minha mente rondava em pensamentos, enquanto as lagrimas tomavam meu rosto, a angustia e aquele tormento de não poder fazer nada estava me consumindo.

Já era tarde quando aquele bandido entrou na cabana com uma lanterna, ele assoviava despreocupado e jogou a luz no rosto de Paola e logo depois no meu.

— Cadê minha filha? – Paola perguntou em desespero, a voz fraca, seca.

— Provavelmente esta com o papai agora. – ele disse acendendo o lampião que iluminou o cômodo que estávamos.

O olhei espantada, meu coração saltou em meu peito, minha filhinha estava à salva, ou será que era alguma mentira?

— O que você fez seu canalha? – Paola perguntou movida de fúria.

— Achei que ficaria feliz em saber que a garotinha esta com o papai dela querida, - ele caminhou ate Paola e segurou seu queixo forçando-a a olhar para ele – peguei a recompensa e devolvi a menina, não era o que queriam?

— O que você pretende? – ela perguntou encarando-o, os olhos vermelhos e em fúria.

— Tenho ótimos planos pra vocês. - ele sorriu olhando pra mim e Paola.

— Onde esta Lizete? – perguntei não acreditando no que ele falara – O QUE FEZ COM ELA DESGRAÇADO?

O olhei cheia de ódio, o medo de que ele houvesse feito algum mal a minha filhinha me dominando.

Ele não me respondeu nada, apenas me olhou fixamente com o semblante frio, e então se aproximou de mim e se ajoelhou ao meu lado, meu corpo inteiro gelou e meu coração disparou.

— Se tornou uma mulher muito linda Paulina. – ele disse deslizando um dedo por minha bochecha, contornando meus lábios, tentei me afastar, mas ele me impediu segurando com força meu queixo, prendi a respiração quando aproximou mais de mim e fechei os olhos com forças. Ele beijou meu pescoço, senti ânsia, nojo.

— Me solta... – disse com a voz abafada, ele inspirou profundamente em meu cabelo.

— Vai ser maravilhoso te sentir. – sua voz sussurrada em meu ouvido fez com que as lagrimas brotassem em meus olhos.

— Não toque nela! – Paola disse com os dentes cerrados, tentando inutilmente se soltar.

— Não fique com ciúmes meu amor, - ele se afastou ficando de pé – quero apenas dar um pouco de diversão a vocês antes de manda-las ao encontro de seus pais.

Olhei para Paola, ela se esforçava para se soltar e olhava com fúria para aquele homem. Meu peito estava apertado, morreríamos ali, não veria meu bebê crescer, não veria Lizete virar uma mocinha, nunca mais veria Carlos Daniel.

— Achei que iriam gritar por suas vidas, - ele disse nos avaliando – me decepcionaram queridas, esperei por mais emoção, sofrimento.

— Você é louco. – disse encarando-o, ele sorriu e pegou o celular em seu bolso.

— Não me trate assim querida, - disse discando um numero no aparelho – você quer saber se a menina esta com o pai não é? Pois bem, fale com seu maridinho e tire suas duvidas... E aproveita e já se despeça dele.

Ele foi ate mim com o celular nas mãos e o encostou em meu ouvido, prendi a respiração quando ouvi o som da chamada, e então uma voz desesperada atendeu do outro lado da linha.

— Carlos Daniel... – falei seu nome com certa dificuldade, segurando o choro em minha garganta, meu coração sangrou, aquela seria a ultima vez que ouviria sua voz.

— Meu Deus... Lina... Meu amor, onde voce esta? Como você esta? – ele perguntava desesperado, engolindo as palavras.

— Carlos Daniel eu... – engoli em seco respirando fundo – a Lizete, ela esta com voce?

— Sim meu amor, ela esta. – ele chorava – O que este desgraçado fez com você Paulina? O combinado era dele entregar você e Paola junto com Lizete...

— Cuide de nossos filhos Carlos Daniel.

— Oh meu Deus, Paulina, minha vida, vai ficar tudo bem, vou tirar você daí... Paulina... – ele estava desesperado, chorava, não consegui me conter e deixei que o choro também me dominasse.

— Eu te amo, vou te amar pra sempre... – disse entre soluços.

— Eu também te amo, você é minha vida... 

Antes que percebesse o celular foi afastado de mim.

— Foi um prazer negociar com o senhor, Carlos Daniel Bracho, e não se preocupe que vou proporcionar a sua mulher uma noite espetacular.

O celular foi arremessado com força na parede, quebrando em pedaços, eu chorava amargamente.

Com um sorriso aterrorizante ele se ajoelhou ao meu lado, me encolhi com medo, certamente ele iriar nos torturar até a morte.

— Quero aproveitar de você... –disse deslizando sua mão imunda por minha face e logo depois beijou meus ombros – Uma pena eu ter que te matar.

— Canalha... – disse e cuspi em seu rosto, ele limpou com força e apertou meu rosto com brutalidade, seus olhos queimando.

— Não deveria ter feito isso querida, posso tornar suas ultimas horas aterrorizantes...

 Com violência me encostou contra a parede e apertou meu pescoço, me asfixiando, me debati contra ele, mas só consegui com que apertasse ainda mais forte minha garganta, Paola gritava para ele parar, meus pulmões imploravam por ar, e quando percebi ele estava sobre mim, me apertando com suas mãos imundas, enquanto eu tossia tentando respirar.

— É realmente uma pena não poder aproveitar de voce por mais tempo... – tentei o empurrar mais foi em vão – terei que ser rápido.

Ele me tocava enquanto beijava meu pescoço, meu coração acelerado, minha mente conturbada, sentia ânsia, nojo, me debatia contra ele, minha cabeça girando. Com uma faca ele cortou as cordas que prendiam meus pés, e afastando minhas pernas, se acomodou em mim.

Me debati enquanto tinha forças, minhas visão embaçada, ameaçando a perder a consciência a qualquer momento, numa mistura de confusão e terror.

Com uma força bruta ele rasgou minha camisa, juntei toda força que havia em mim e o chutei no meio de suas pernas, o que descobri pouco depois que foi um grande erro.

— SUA DESGRAÇADA... – ele gritou quando o empurrei de cima de mim, mas antes que conseguisse me levantar ele segurou minha perna, e logo depois senti o impacto de uma madeira em meu tornozelo.

Quase desfaleci com a dor que senti, um grito saiu rouco de minha garganta, e em questão de meio segundo ele a estava sobre mim outra vez.

— Vai pagar caro por ter me chutado sua cadela... – ele deu um tapa forte em meu rosto, doeu, mas nada comparado a dor que se intensificava em minha perna.

Tudo estava tão confuso e conturbado que mal percebi quando o peso de seu corpo saiu de cima de mim.

— Paulina... – Paola apareceu a minha frente com uma faca em mãos que ela usou para me soltar – Temos que sair daqui, ele vai nos matar...

— Paola... eu não consigo, minha perna... – falei gemendo de dor enquanto sentia minha perna latejar.

— Por favor Lina, temos que fugir... – ela limpou minha face – ele vai acordar a qualquer a momento.

Seus braços logo envolveram meu corpo e ela me ajudou a levantar, apoiei meu peso na minha perna boa, e com dificuldade começamos a caminhar até porta.

Ouvimos sons de sirenes, e meu peito se encheu de esperanças.

— Estamos salvas, Paulina. – Paola me olhou e sorriu.

O som das sirenes ecoava pela noite, e enquanto tentávamos desesperadamente abrir a porta ouvi um barulho, ele havia ficado de pé e caminhava em nossa direção.

— SUA DESGRAÇADA... –disse com a mão na cabeça que sangrava – Vai pagar muito caro por isso.

— Você perdeu seu cretino, - Paola o encarou – não tem como fugir.

Dezenas de policias cercaram a cabana, as luzes vermelhas e azuis giravam entrando pelas frestas na cabana, ele olhou pela pequena abertura da janela e apontou a arma em nossa direção.

“- A CASA ESTA CERCADA... SAIA COM AS MÃOS NA CABEÇA.”

— Vocês não vão sair daqui vivas. – ele disse nos encarando com a arma apontada para nós.

— Se nos matar não vai ter saída para você. – disse me apoiando a parede.

— Ao menos você quero ter o gosto de matar sua cadelinha. – ele disse apontando a arma diretamente para mim, e antes de pensar em qualquer coisa, ouvi o disparo e Paola se jogando em minha frente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!