A Força De Uma Paixão. escrita por Kah


Capítulo 57
Meu Pior Pesadelo




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Estava escuro, silencioso, sombrio. Eu estava deitada em algum colchão velho com cheiro de mofo, meus pulsos doíam com uma pressão em volta deles, só então percebi que estavam amarrados, e o mesmo se passava com meus pés.

Com algum esforço me sentei e fixei os olhos no escuro, tentando enxergar algo além da penumbra, meu coração batia acelerado, e minha respiração estava pesada.

— Paola? – a chamei com a garganta seca e com o medo em minha voz.

O silêncio ainda predominava, mas o som de uma respiração agitada ecoou na escuridão, tinha mais alguém ali, talvez não fosse Paola... Mas havia alguém ali.

— Paola, é você? – perguntei com receio, sentindo cada musculo de meu corpo tencionar.

Um gemido surgiu no escuro, estreitei os olhos desejando enxergar algo, e foi então que uma chama fraca de um lampião surgiu seguida de um riso assustador.

— Finalmente acordou querida. - a voz que me respondeu me fez estremecer, o medo percorreu cada centímetro do meu corpo.

À medida que a chama crescia pude identificar uma sombra, e depois a forma de um homem alto se revelou. Ao seu lado estava Paola amarrada a uma cadeira e com a boca amordaçada, ela chorava.

— Cheque mate pra mim. – ele sorriu vitorioso - Tenho as gêmeas comigo e de brinde aquela doce e encantadora menininha de olhos azuis.

Meu coração saltou em meu peito, olhei ao redor a procura de Lizete.

— Onde esta Lizete? – perguntei com a garganta seca, sentindo medo do que escutaria.

— Ela esta em um lugar seguro. – ele sorriu.

— O que você quer? Quem é você? – perguntei desesperada, as lagrimas escorrendo por meu rosto.

— Acho realmente um absurdo você não se lembrar de mim. – ele respondeu.

O olhei sobre a fraca luz o avaliando, ele parecia ter uns 50 anos, seus cabelos eram grisalhos, e seu rosto marcante, um frio percorreu minha espinha, eu sabia que já o tinha visto antes, mas não me lembrava de onde.

— Quem é você? - perguntei com um fio de voz, com o pânico crescendo.

— Ora, sou eu… - ele sorriu - minha adorável cadelinha.

Uma onda de pânico me invadiu, minha respiração se tornou agitada, as lagrimas tomaram sem piedade meu rosto, minha mente girava enquanto me lembrava do tormento que senti quando tinha 5 anos… O meu pior pesadelo estava bem a minha frente.

— Você! – solucei chorando.

— Sentiu minha falta cadelinha? – ele sorriu ironicamente e veio em minha direção, e então segurou meu queixo fazendo-me olhar para ele.

Aquele olhar frio fez meu corpo arrepiar, meu coração batia freneticamente.

— O que você quer? - perguntei engolindo em seco, com as lagrimas rolando por meu rosto.

— Tenho alguns planos para nós. – ele disse sorrindo e olhou para Paola.

— Onde esta Lizete? – perguntei desesperada, eu temia pelo o que ele poderia fazer, ainda mais sabendo do que ele era capaz.

— Esta bem guardada, - ele respondeu calmamente soltando meu queixo e se sentando em uma velha cadeira entre mim e Paola - você sabe muito bem como sou paciente com crianças.

Olhei para Paola tentando entender tudo aquilo, ela me fitou, não parecia nem a sombra da Paola que conhecia, seus olhos estavam inchados, e em seu rosto havia marcas de suas lagrimas.

— Paola… - disse com um nó se formando em minha garganta.

— Sua irmã foi de grande ajuda pra mim. – ele sorriu alto.

Paola me olhava fixamente com os olhos vermelhos.

— O que você quer de mim?

— Tenho um acerto de contas com você.  Nunca ninguém me deu tanto trabalho assim... Paulina.

O olhei confusa e com medo, ele sorriu.

— Paulina Montaner, foi misteriosamente raptada quando tinha mais ou menos 5 anos,  adotada por Débora Albuquerque Martins e Luiz Fernando Martins, um juiz muito conceituado na Espanha. – o olhava assustada, com medo, “como ele sabia todas essas coisas?” – Perdeu os pais num atentado, e aconselhada por seu advogado, resolveu recomeçar a vida em outro lugar, e escolheu justamente seu país natal, aonde reencontrou sua família biológica, se casou com um dos donos da Bracho, e já desfruta da felicidade de ter seu primeiro filho... Otávio é nome dele não é?

— Como sabe tudo isso? – perguntei com a voz rouca, as lagrimas rolando sem piedade por meu rosto, o medo me dominando.

— Ora querida, - ele se levantou – eu sou o responsável por essas “reviravoltas” em sua vida.

— Você!?.. – disse com os dentes cerrados, chorando.

— Eu te sequestrei quando era criança, - ele dizia enquanto caminhava de um lado a outro – se lembra dos momentos que passamos? Foi emocionante... Depois tivemos que te manter dopada, você nos dava muito trabalho, chorava o tempo todo, gritava... Era uma criança insuportável.

Outra vez ele caminhou ate mim, e com brutalidade me puxou para cima, me colando de pé, uma de suas mãos me apertou contra a parede e a outra segurou novamente meu rosto, gemi de dor.

— Havia um comprador na Espanha que pagaria um bom preço por você... Sabe o que ele fazia Paulina? – ele perguntou sorrindo – Ele leiloava lindas meninas para homens podres e cheios de dinheiros, velhos barrigudos que compram menininhas para se divertirem, para serem o “brinquedinho” pessoal deles.. É horrível não é?

Um grito abafado saiu de minha garganta, chorei horrorizada, e minha mente só gritava por Lizete. O que aquele desgraçado havia feito com minha filha?

Tentei gritar, lutar, mas ele me prendeu mais forte contra a parede e tapou minha boca com a mão, seus olhar frio percorreu meu corpo.

— Infelizmente caímos numa armadilha na Espanha. Um juiz investigava o trafico de crianças, e acabou nos pegando. – com força ele me empurrou de volta ao velho colchão, olhei para Paola, ela tinha os olhos assustados e inchados, parecia estar em choque tanto quanto eu - Luiz Fernando Martins, ele foi o responsável por nos pegar, e nos jogar na cadeia por muitos anos. Fiquei sabendo enquanto estava preso que haviam te adotado, já que voce não se lembrava de nada, e pelo que me disseram o “excelentíssimo juiz” e a esposa se encantaram pela pobre menininha de cabelos claros e olhos verdes.

— Seu canalha... – cuspi as palavras com raiva, ódio, mas apenas motivei mais um riso alto do homem a minha frente.

— Ainda nem cheguei à melhor parte e já me trata assim querida.

Ele se sentou novamente e tirou um cigarro do bolso, Paola não tirava os olhos de mim, ela estava destruída.

— Consegui fugir daquela prisão alguns anos atrás, e com o gosto da vingança na boca busquei pelo desgraçado que me colocou na cadeia. – ele tragou lentamente o cigarro antes de continuar - Saiu em todos os jornais o terrível atentado que a família Martins sofreu, deixando a pobre filha, órfã e milionária.

— SEU DESGRAÇADO... – gritei chorando, horrorizada com o que ele havia feito, e ainda mais por saber que Lizete estava em perigo.

— Ora querida, - ele sorriu ironicamente – me custou muito para descobrir onde você estava, e é assim que me trata?

Ele caminhou ate Paola e com brutalidade puxou a mordaça de sua boca.

— Paola... – ele deslizou os dedos por seu rosto, ela fechou os olhos com força – você não tem uma relação muito amigável com sua irmãzinha não é? À culpa por tudo que aconteceu em sua vida, por não ter uma família normal...

— POR SUA CULPA, POR VOCÊ SEU CANALHA A MINHA FAMÍLIA SE DESTRUIU, EU NÃO TIVE O CONVÍVIO DEVIDO COM MINHA IRMÃ, COM MINHA FAMÍLIA, VOCÊ É O CULPADO DE TODAS AS DESGRAÇAS DA MINHA VIDA. VOCÊ MATOU OS MEUS PAIS. ASSASSINO! - gritei as últimas palavras já sem forças pelo choro que me consumia quando senti a força de sua mão golpear o meu rosto.

— NÃO TOCA NELA SEU IMUNDO. - ouvi Paola gritar em meio ao seu choro.

— Que cena mais linda, as irmãzinhas adoradas se defendendo. - ainda com meu rosto ardendo e um pouco tonta pelo golpe que recebi, o ouvi - Mas chega desse amor todo, hora de darmos a notícia ao papai da linda garotinha que tenho a mulher e a filhinha comigo, e de brinde a cunhada irresponsável.


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